✧ Fogo Contido ✧
O som da chuva na vidraça finalmente o despertou. Daniel abriu os olhos na escuridão quase completa de seu quarto, a mente ainda nebulosa de sono. Por um momento, ele não soube o que o havia acordado. Então, ele sentiu. Uma ereção potente e dolorida, pressionada contra o colchão. Um resquício de um sonho que já se dissipava, mas cujas sensações ainda ecoavam em seu corpo.
Ele se virou de costas, suspirando. Não era a primeira vez que isso acontecia desde que Tiago chegara. Seus sonhos estavam sendo invadidos por seu primo. Imagens de Tiago na piscina, a pele branca e lisa reluzindo sob o sol, as gotas de água presas em seus cílios longos. O jeito como seus olhos castanhos, tão parecidos com os seus, o observavam quando ele achava que Daniel não estava olhando. O jeito como sua barriga macia se movia quando ele ria.
Daniel passou a mão pelo cabelo curto, frustrado consigo mesmo. Era Tiago. Seu primo mais novo. O garoto sonhador que ele sempre sentiu uma necessidade de proteger. E agora, ele estava tendo sonhos eróticos com ele. Sonhos onde suas mãos grandes exploravam aquele corpo macio, onde sua boca encontrava a de Tiago em beijos que eram tudo menos fraternos.
Ele se sentou na cama, o lençol caindo em sua cintura. A luz fraca da lua filtrava pela janela, iluminando os pelos escuros em seu peito e braços. Ele era um homem de apetites simples. Mulheres, cerveja, trabalho. Sua vida era descomplicada. Mas Tiago... Tiago estava complicando tudo.
O incidente no sofá mais cedo não fora totalmente acidental. Daniel estava ciente, a cada segundo, de seu braço tocando o de Tiago. Estava ciente da tensão no corpo do primo. E quando ele colocou a mão em sua coxa, foi um teste. Um impulso que ele não conseguiu controlar. A maneira como Tiago congelou, a respiração presa, foi uma resposta em si. Uma resposta que enviou uma onda de calor diretamente para a virilha de Daniel. Ele retirou a mão e fugiu para o quarto antes que fizesse algo de que pudesse se arrepender.
Mas agora, sozinho na escuridão, o arrependimento parecia uma ideia distante. O que restava era o desejo. Um fogo que ele vinha tentando conter, mas que ameaçava queimar fora de controle. Ele olhou para o volume em sua boxer. Ignorá-lo seria impossível.
Com um suspiro resignado, ele se levantou. Não acendeu a luz. Caminhou até a janela e olhou para o jardim escuro e molhado de chuva. A casa estava silenciosa. Ele se perguntou se Tiago estaria dormindo. Se estaria sonhando. Se, em algum universo paralelo, estaria sonhando com ele.
A ideia era excitante. Ele se afastou da janela, a necessidade se tornando urgente. Ele não voltou para a cama. Ficou de pé, no meio do quarto, a figura grande e forte envolta em sombras. Sua mão desceu, espelhando o ato de Tiago no quarto ao lado, embora ele não soubesse disso. Ele libertou seu pênis da cueca. Estava grosso e pesado em sua mão, a pele esticada e sensível.
Ele fechou os olhos, mas a imagem que veio não foi de uma mulher anônima, como de costume. Foi Tiago.
Ele imaginou Tiago deitado na cama, como o vira mais cedo, com os lençóis embolados na cintura. Imaginou-se entrando no quarto dele, não de forma agressiva, mas silenciosa. Tiago o olharia com aqueles olhos grandes e sonhadores, uma mistura de medo e desejo. Daniel se aproximaria, suas mãos encontrando a maciez da pele de Tiago. Ele adorava a ideia daquela suavidade. Seu próprio corpo era duro, musculoso, com pelos. O corpo de Tiago era o oposto. Liso, macio, convidativo. Um contraste que o enlouquecia.
O ritmo de sua mão se tornou mais firme, mais rápido. Ele imaginou beijar o pescoço de Tiago, sentir a pulsação sob sua pele. Imaginou lamber o peitoral cheio, provar o sabor de sua pele. Tiago gemeria, um som suave e rendido que Daniel ansiava por ouvir na realidade. Ele exploraria cada centímetro daquele corpo, cada curva, cada reentrância. Faria Tiago se sentir desejado, adorado. Faria aquele corpo macio tremer sob seu toque.
O desejo era surpreendente em sua intensidade. Não era apenas luxúria. Havia algo mais, uma ternura inesperada misturada à fome. Ele queria ver a expressão no rosto de Tiago quando ele gozasse. Queria ser a causa daquela perda de controle.
Em sua fantasia, ele virava Tiago de bruços. As nádegas de Tiago eram cheias e redondas, perfeitamente brancas na penumbra. Ele imaginou passar a mão por elas, apertá-las, separá-las. Imaginou usar sua língua ali, provocando, preparando. O pensamento fez seu próprio pau latejar com mais força. Ele se sentiu primitivo, possessivo.
O prazer subiu por sua espinha, uma onda de calor que o consumiu. Sua respiração ficou presa em sua garganta. Ele se imaginou se posicionando atrás de Tiago, seu corpo grande cobrindo o menor. Ele se viu entrando em Tiago, lento e profundo, o aperto quente e apertado ao seu redor. A imagem foi tão poderosa, tão avassaladora, que quebrou suas barreiras.
Ele se curvou para a frente, apoiando a mão livre na parede, a cabeça baixa. Com um grunhido baixo e gutural, um som que foi abafado pela noite, ele gozou. A sensação foi violenta, quase dolorosa em sua intensidade. Seu sêmen quente jorrou em sua mão e em seu abdômen, e seu corpo tremeu com a força do orgasmo.
Por um longo momento, ele permaneceu ali, ofegante, a testa pressionada contra a parede fria. O cheiro de seu gozo encheu o ar. Quando a pulsação diminuiu, ele se endireitou. Sentia-se esgotado, vazio. Mas o fogo não havia se apagado. A masturbação não fora um alívio, fora um catalisador.
Ele agora sabia, sem sombra de dúvida, que o que sentia por Tiago era real e poderoso. Não era uma curiosidade passageira. Era uma fome. E ele não tinha certeza por quanto tempo mais conseguiria mantê-la contida. O verão ainda tinha muitas noites pela frente, e a parede que separava seus quartos parecia, a cada momento que passava, mais fina e mais frágil. A questão não era mais se algo aconteceria, mas quando. E Daniel, pela primeira vez em muito tempo, não se sentia no controle da situação. A ideia era, ao mesmo tempo, aterrorizante e incrivelmente excitante.
Continua...