Passada uma hora e meia, Daniela acordou em um solavanco. Ela olhou para as horas em seu celular, e já eram 19h30. Samuel poderia chegar a qualquer momento. Daniela levantou-se, tirou o lençol da cama, e logo percebeu que o colchão havia molhado um pouco, mas não era tão preocupante naquele momento. Daniela colocou o lençol na máquina de lavar, e saiu correndo até o guarda-roupa para pegar um novo lençol e colocar na cama. Ela precisou novamente tomar um banho, pois seu corpo estava extremamente grudento.
— Que merda, o que aconteceu comigo? Parecia que eu estava fora de mim — balbuciou Daniela, enquanto a água percorria sua pele lisa e macia, tirando o odor não só do suor, mas também da culpa. — Eu nunca fiz algo assim na minha vida. Parecia que eu estava drogada, dopada ou sei lá.
Daniela esfregava sua pele repetidamente, ela se sentia suja. Aqueles pensamentos obscenos, aquela sensação promíscua, aquela mente poluída não eram dela. Ela sabia quem ela era, e aquilo nem beirava o que ela sentia ou pensava de verdade. “Alguma coisa diferente aconteceu, hoje, mas o quê?” — pensou Daniela.
— O chocolate…, foi depois de comer aquela bosta pela primeira vez que eu passei mal no trabalho, e depois a Emily me deu mais um pedaço quando eu estava para entrar em casa…, sem contar que isso aconteceu no mesmo dia que ela me deu aquela coisa escrota. Mas por quê?
Daniela desligou o chuveiro, se enrolou na toalha e foi em direção ao quarto, lá ela pegou o celular para mandar uma mensagem para Emily, porém quando ela foi abrir o chat da amiga, foi aí que ela lembrou que não havia apagado a última foto enviada por Emily. A foto de Lucio mostrando sua rola estava à frente dos olhos de Daniela. Por um instante, ela sentou na cama e olhou fixamente para a rola do colega, mas logo, algo a tirou do transe… a porta da frente tinha sido aberta. Samuel havia chegado.
Daniela fechou o chat, e desligou a tela do celular, e logo foi ao encontro de seu esposo.
— Oi, amor. Finalmente você chegou. Estava com saudade — disse Daniela, abraçando-o.
— Oi, meu mozão. Estava com saudade também. — Samuel deu um selinho na esposa e a olhou com bastante atenção. — Você é o amor da minha vida. Te amo muito.
— Eu também — disse Daniela, com uma voz manhosa.
— Tem comida para mim?
Daniela havia esquecido de fazer a janta. Não havia nada para eles comerem que estivesse pronto. E, o pior, o estômago dela estava roncando. — Amor, você acredita que eu cai no sono e acabei acordando agora a pouco… mas já vou preparar algo para a gente.
— Deixa, amor. Eu peço algo para a gente comer. Ah, e falando em comer, eu trouxe as camisinhas.
Daniela olhou para as camisinhas como alguém que olha para um chuchu. Ela não estava nem um pouco disposta a fazer mais sexo naquela noite, e sem contar, que os lábios vaginais dela estavam queimando. — Legal… mas vamos deixar para amanhã? Não estou muito bem, hoje.
— Você quer que eu a leve ao hospital? — perguntou Samuel, colocando as costas da mão na testa e na bochecha de Daniela.
Daniela afastou a mão do marido. — Não estou com febre, é só desconforto no corpo, mas é só dormir que passa.
— Faz o seguinte, vai para o quarto e dá uma deitada. Quando a comida chegar, eu te chamo. Tudo bem?
— Obrigada, amor. Te amo. — Daniela deu um selinho no marido e foi ao quarto. Ela deitou na cama, fechou os olhos e colocou o braço na testa. “Que droga. Aquela garota estragou meu momento com meu marido. Mas ela vai ver” — pensou Daniela, enquanto respirava com calma para desestressar. Ela resolveu pegar novamente o celular, e abriu novamente o chat com a amiga. Novamente, aquela foto estava lá para atormentá-la. Daniela pressionou o dedo na foto, e apareceu a opção de apagar. Daniela ficou paralisada por alguns segundos. Ela queria apagar a foto, mas ao mesmo tempo, algo dentro dela queria mantê-la no celular. Ela começou a sentir um fogo tímido crescendo abaixo de seu baixo-ventre. Em sua cabeça veio a sensação do consolo penetrando cada centímetro de sua buceta, e por reflexo, Daniela afastou um pouco a toalha e viu seus lábios carnudos vermelhos e um pouco inchados, mas antes que esse fogo queimasse ela de vez, ela cobriu-se novamente e apertou em apagar a foto. Ela acabou desistindo de mandar alguma mensagem para Emily. Estava sem vontade de discutir algo naquele momento.
Na manhã seguinte, percebe-se que o caminhão de lixo, inusitadamente, não havia passado na rua de Daniela à noite, porém o saco no qual estava a caixa do consolo não estava mais lá…
Daniela chegou na empresa, e percebeu que Emily não estava lá, mas Lucio estava. Ela foi caminhando lentamente para sua cadeira, ela estava um pouco envergonhada pelo que aconteceu na tarde anterior entre ela e o colega. Daniela sentou-se na cadeira, e de forma gentil, Lucio deu bom dia à ela, e ela correspondeu à saudação. Daniela olhou para o outro lado e viu a cadeira vazia de Emily. E, perguntou timidamente ao Lucio se ele sabia o motivo da Emily ter faltado. Ele educadamente disse que não sabia. Daniela se ajeitou na cadeira e colocou o headset, antes de começar a trabalhar, ela sentiu um leve cheiro de cigarro vindo da roupa de Lucio. Aquele cheiro que outrora incomodava as narinas de Daniela, hoje, incomodava sua libido. Ela sentiu sua buceta um pouco molhada e sua barriga aparentava estar infestada de borboletas inquietantes. Mas ela respirou fundo, e se concentrou no trabalho.
Na hora do descanso, Daniela saiu sozinha, e caminhou alguns segundo sem rumo, com sua maçã na mão. Ela deu uma mordida, e infelizmente, aquela maçã não estava muito boa, já estava um pouco passada. Ainda dava para comer, mas não estava suculenta. Daniela continuou comendo mesmo assim. Daniela sentou-se em um banco, com o olhar sem rumo e com sua mente vazia. O corpo dela estava no automático. Não estava animada para fazer mais nada naquele momento, porém uma sombra quebrou o efeito hipnótico daquele momento atípico, era Lucio.
— Oi, eu posso sentar do seu lado? — indagou Lucio, de forma gentil. E antes de esperar a resposta, já se sentou. — Olha, eu fiquei sabendo que a Emily havia te dado uma parada para você comer, ontem. Você está bem?
— Tô, sim.
— Olha, fique sabendo, que eu achei aquilo uma merda. Até briguei com ela por causa daquilo. Acho babaquice fazer aquilo com alguém. — Lucio pegou o maço de cigarros do bolso, colocou um cigarro na boca e o acendeu.
— Você achou? Mas você levou minha mão… bem… você sabe…
— Olha, eu não sabia que você estava daquele jeito, se eu soubesse, nunca teria feito. Gosto de pegar mulher, isso é fato, mas não do modo que você estava. As mulheres têm que quererem de fato, e não de forma forçada. — Lucio deu uma tragada no cigarro e ao soltar a fumaça, virou-se para o outro lado e abanou um pouco para que o cheiro não chegasse tão forte as narinas de Daniela. — Desculpa por isso, é um vicio.
— Tudo bem. O cheiro não me perturba tanto quanto antes. Mas… você sabe o motivo da Emily ter feito aquilo comigo? — Daniela deu mais uma mordida em sua maçã.
— Eu tenho uma ideia, mas não sei se é isso de fato. — Lucio tragou novamente. — Acho que ela tem ciúmes de você. Sabe, de você ter uma boa vida, ser uma boa moça, ter um marido que te ama. E, bem, acho que ela se sentiria menos vadia se a amiga dela que é quase santa caísse no pecado.
— Você acha que é isso? — Daniela abaixou a cabeça, pensativa.
— Bem, é uma boa aposta. Acredito que estou certo sobre isso, mas também pode ser outra coisa… alguma coisa idiota da cabeça dela.
— Hum… entendi. Sabe, no fundo, você é um cara legal, sabe. Me precipitei pensando coisas erradas sobre você.
Lucio deu uma leve risada. — Eu não sou um cara legal. Sou um cara honesto. Não me aproveitaria de alguém que não estivesse bem, mas isso não quer dizer que não tenho desejo de te possuir, e colocar você em minha coleção…
— O quê? — Daniela levantou-se e se afastou de Lucio, um pouco incrédula. — Como você ousa falar uma coisa dessas? Sou casada, seu idiota.
— Como eu te falei, não sou um cara legal. Sou honesto. E não te comeria sem que você quisesse isso. — Lucio tragou mais uma vez seu cigarro que já estava no fim. — Ah, dona Daniela, na minha coleção tem muitas casadas. Muitas negaram no começo, mas no fim, cederam à tentação. — Lucio levantou-se e foi em direção à Daniela, encostou a boca na orelha dela e disse: “E uma boa casada para mim é aquela que carrega a minha semente dentro do útero”. Lucio voltou para dentro, e Daniela sentou-se incrédula.