Engano ou Pecado?

Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 5289 palavras
Data: 20/09/2025 12:09:26

Meu nome é Mariana, mas todos me chamam de Mari. Tenho 25 anos e, naquela noite, nada em mim carregava dúvida ou peso: eu estava exatamente onde queria estar. Ao lado de Rafael, meu namorado. Rafa era meu porto seguro. Sempre calmo, sempre com aquele jeito tranquilo que equilibrava o meu riso fácil e minha mania de falar demais.

Chegamos juntos à casa de praia de Diego, carregando sacolas de cerveja e salgadinhos. Quando empurramos a porta, já ouvimos o barulho das caixas de som no andar de cima. A casa era grande, clara, toda aberta para o mar — mas bastaram algumas horas para virar uma bagunça deliciosa.

— Finalmente! — Diego veio nos receber com um sorriso escancarado e uma garrafa já pela metade na mão. — A realeza chegou. Entrem, entrem, a casa é de vocês.

Rafa riu e apertou a mão dele. Eu dei um beijo rápido em Diego, já sentindo o cheiro forte do perfume misturado ao álcool.

— Realeza nada, a gente trouxe os mantimentos — respondi, erguendo a sacola.

Lucas apareceu logo atrás, sempre no jeito íntimo de quem faz parte de tudo desde o início.

— Eu já avisei, se a Mari não vier, nem vale a pena ligar a música. — Ele piscou para mim, rindo.

— Para de graça — Rafa falou, mas sem peso, acostumado àquele tom de Lucas. — Ajuda a guardar isso, vai.

Henrique estava mais atrás, encostado na parede, uma lata de cerveja na mão. Me cumprimentou com um aceno discreto. Eu sorri de volta, já adivinhando que passaria a noite quieto, só observando.

Dentro da casa, a sala se transformara numa pista improvisada. Almofadas, cadeiras empurradas, o som estourando músicas de verão. Duda, a namorada de Lucas, veio correndo me abraçar.

— Até que enfim! Achei que vocês não iam chegar nunca.

— Trânsito, você sabe como é. — Olhei para ela e ri. — Já começaram sem a gente, né?

— Óbvio! — Ela me puxou para o meio da roda.

E assim a noite deslanchou. Copos cheios passavam de mão em mão, as risadas estouravam mais alto que a música. Eu dançava com Duda, rodava de mãos dadas com ela, até Rafa me puxar pela cintura e colar seu peito quente nas minhas costas.

— Tá linda hoje — ele disse no meu ouvido, baixo o suficiente para ser só meu.

Sorri, sentindo aquela mistura de cerveja e maresia no ar.

— E você tá suado já, nem começou a festa.

— É o preço de ficar cuidando de você. — Ele me beijou de leve, rindo.

Diego não perdia a chance de interromper.

— Ei, casal! Larga essa melação e vem beber. — Ele ergueu um copo térmico cheio de cerveja até a borda.

— Não dá pra dizer não pro anfitrião — respondi, pegando o copo e brindando com ele.

Lucas, sempre espalhafatoso, puxava todos para a roda de dança. — Vem, Rafa, mostra esse gingado!

— Gingado nada, eu só sei passar vergonha — Rafa respondeu, mas mesmo assim foi arrastado, arrancando gargalhadas de todos.

A cada música, a sala esquentava mais. O chão já estava grudento de cerveja derramada, e o ar parecia grosso, pesado, com cheiro de suor e praia. Eu girava entre um e outro, bebendo goles rápidos, sem perceber quanto tempo passava. Henrique permanecia encostado, bebendo em silêncio, mas quando nossos olhos se cruzavam, ele levantava o copo em saudação tímida.

— Você não vai dançar, não? — gritei para ele, passando ao lado.

— Tô bem assim — respondeu, com um sorriso pequeno, quase tímido.

— Tá perdendo — provoquei, já voltando para o meio.

Ele apenas levantou os ombros, mas vi um brilho diferente em seus olhos quando tomou outro gole.

A noite foi um turbilhão. Diego fazia piadas indecentes, Lucas gargalhava de tudo, Duda tentava equilibrar a cerveja enquanto dançava. Rafa, sempre perto, me segurava pelo braço quando eu tropeçava, ou me puxava para mais um beijo rápido. Eu estava leve, feliz, entregue ao caos.

Em algum momento, parei na varanda para respirar o vento do mar. O ar fresco contrastava com o calor lá dentro, e eu senti o corpo inteiro pulsar. Rafa veio logo atrás, colocando as mãos grandes sobre os meus ombros.

— Quer descansar?

— Ainda não. Só precisava de ar.

Ele riu, baixinho.

— Então vamos voltar, antes que o Diego invente mais uma rodada de tequila.

Voltamos, e a festa continuou até que os corpos começaram a ceder. Alguns se jogaram no sofá, outros se arrastaram pelos colchões espalhados no chão. A música ainda batia, mas já em volume menor, e as risadas agora eram arrastadas, embriagadas. O suor grudava na pele, a cerveja tinha deixado um gosto amargo na boca, e eu já sentia o peso do sono caindo.

A festa tinha engolido todo mundo, e eu já não sabia mais que horas eram quando alguém desligou o som. Um silêncio estranho ficou no ar, cortado só por risadas arrastadas e vozes baixas, cada uma buscando um canto para cair. A casa parecia pequena demais para doze pessoas cambaleando de sono e álcool.

— Colchão tem de sobra, mas vocês que se virem pra achar espaço — Diego anunciou, tropeçando na própria sombra enquanto levava um travesseiro embaixo do braço. — Aqui é república, não hotel cinco estrelas.

— Você fala como se fosse novidade — Lucas retrucou, rindo. — Ano passado já dormi abraçado na porta do banheiro por sua causa.

— Melhor que dormir com você roncando no meu ouvido — Rafa devolveu, empurrando o amigo de leve.

Eu ria junto, tentando equilibrar o corpo que já pesava. Duda ajeitava o cabelo preso e falava qualquer coisa sobre não querer dividir colchão com bêbado. Henrique passou por nós em silêncio, carregando uma almofada, o rosto sério mesmo depois de litros de cerveja.

— Alguém ainda tá vivo pra mais uma? — Diego ergueu a garrafa, mas ninguém respondeu. O coro coletivo foi de resmungos, pedidos de água e de paz.

— Acabou pra vocês, hein? — eu brinquei.

— Acabou nada — Diego falou, mas largou a garrafa em cima da mesa e saiu em busca de um canto.

Rafa segurou minha mão.

— Vem, Mari, antes que só sobre espaço no quintal.

Seguimos para um dos quartos. A porta já estava aberta, e lá dentro o calor parecia multiplicado. Dois colchões ocupavam quase todo o chão, outro encostado na parede, travesseiros jogados, lençóis amassados. Uma lâmpada fraca ainda iluminava, mostrando rostos cansados se acomodando como podiam. O cheiro era de maresia misturado a cerveja, suor e protetor solar.

— Parece acampamento — falei, rindo.

— Falta a fogueira — Lucas comentou, passando por nós com um colchão dobrado.

— Se fizer fogo aqui, a gente morre derretido — Duda reclamou, abanando o rosto. — Meu Deus, que calor.

Rafa me puxou para um colchão no canto. — Esse é nosso. Antes que alguém roube.

— Ah, pronto, o casal já marcando território — Diego apareceu na porta, os olhos semicerrados de sono e álcool. — Nem pensem em trancar, viu. Essa casa é democrática.

— Fecha a boca e acha o seu lugar — Rafa respondeu, já tirando a camiseta.

Eu me sentei no colchão, ainda rindo da troca de farpas. Estava com um short leve de algodão e uma blusa fina de alça, roupa de dormir improvisada. Tirei os brincos e deixei ao lado, sentindo a pele grudada pelo calor. O ar parecia não circular ali dentro.

Um a um, todos foram se ajeitando. Risadas baixas, cochichos, o som de zíperes e roupas sendo trocadas às pressas. A luz foi apagada, e o quarto mergulhou na penumbra, só o barulho do ventilador velho na parede rodando preguiçoso.

Deitei ao lado de Rafa, que em poucos minutos já respirava pesado. O peito dele subia e descia num ritmo calmo, como sempre. Eu ainda estava desperta, olhos abertos, ouvindo os sussurros espaçados que iam se dissolvendo até virar silêncio.

Então ouvi passos. Um tropeço leve na porta, o ranger do piso. Alguém ainda perambulava, cambaleando. Respiração forte, arrastada, misturada com o cheiro de cerveja que invadiu o ar já pesado.

O colchão ao nosso lado afundou. Ou talvez fosse parte do nosso, porque de repente senti o peso atrás de mim. Não olhei, não me mexi. Fiquei imóvel, deitada de lado, o rosto virado para Rafa, tentando decifrar no escuro se aquilo era normal.

A respiração dele — não do meu namorado, mas do corpo atrás de mim — vinha quente, próxima demais. Senti o ar bater na minha nuca, úmido, carregado de álcool e mar. O colchão rangia sob movimentos lentos, como se ele estivesse se ajeitando, buscando espaço.

Meu coração acelerou. Não de medo ainda, mas de surpresa. Estava claro que alguém tinha se deitado rente às minhas costas, como se não houvesse outro lugar.

Do outro lado do quarto, ouvi alguém resmungar algo ininteligível antes de se calar. Alguém roncava leve, talvez Lucas. Duda pediu silêncio em voz baixa. Depois, nada mais. Só as respirações se sobrepunham, como um coral abafado.

Atrás de mim, o corpo se estabilizou. O calor aumentou, como se a pele dele emanasse fogo. O colchão cedeu mais, aproximando-nos sem pedir licença. Eu fechei os olhos, mesmo sem dormir. Rafa continuava em sono profundo, alheio a tudo.

Um pensamento rápido me atravessou: deveria me afastar, abrir espaço, deixar claro que havia alguém entre nós. Mas não me movi. Fiquei ali, imóvel, atenta a cada detalhe.

O braço dele — ou talvez só um reflexo sonolento — se moveu e roçou de leve minhas costas. Um contato rápido, quase inocente, mas que fez meu corpo inteiro despertar como se tivesse sido atingido por corrente elétrica.

Não respirei fundo, não reagi. Apenas esperei.

O toque não se repetiu de imediato. Só o calor permanecia, aquele peso inegável atrás de mim, a respiração próxima demais. Cada segundo arrastava como uma eternidade. Eu não sabia se era descuido, se era sono, ou se havia intenção escondida ali.

Mas percebi que não precisava olhar para trás. Saber quem era… talvez estragasse o momento.

E então fechei os olhos mais forte, o corpo desperto demais para dormir. O risco estava plantado, latejando, e a madrugada mal tinha começado.

Eu ainda tentava me convencer de que não havia nada estranho ali. A casa estava cheia, os colchões eram poucos, era normal alguém acabar colado demais. Só que não parecia tão simples. Porque o corpo atrás de mim não estava apenas perto. Ele se encaixava. O colchão tinha espaço, mas ele estava ali, rente às minhas costas, como se fosse o único lugar que lhe restava.

Fechei os olhos mais forte. Se eu não olhasse, se não confirmasse, talvez tudo não passasse de um acidente.

De repente, o braço dele se moveu. Um gesto lento, sonolento talvez. A ponta dos dedos encontrou o tecido fino da minha blusa, quase nada, mas suficiente para arrepiar minha pele de cima a baixo.

Meu coração disparou, batendo tão alto que eu tive certeza de que Rafa poderia acordar só de ouvi-lo. Congelei, sem respirar, esperando que o movimento fosse só reflexo de quem dormia embriagado. Mas o calor da mão ainda estava ali, mesmo depois que o toque cessou.

Fiquei imóvel, como se qualquer reação pudesse revelar algo. O quarto seguia mergulhado no silêncio, interrompido apenas por um ronco distante. Ninguém mais parecia acordado. Só eu, o corpo que dormia ao meu lado, e o corpo que respirava rente atrás de mim.

Então arrisquei. Muito devagar, quase imperceptível, deslizei um pouco mais de costas, como se estivesse buscando posição para dormir melhor. Meu quadril se encostou no dele. O calor me atravessou de novo, um choque involuntário.

Não houve recuo. Nenhum afastamento. Ele permaneceu.

Meu peito se apertou, misto de medo e… outra coisa que eu não queria nomear. Talvez fosse só adrenalina. Ou talvez não.

“É acidente”, repeti para mim mesma, como quem tenta se convencer. Mas ao sentir o corpo firme atrás de mim, a maneira como parecia acompanhar meu movimento, percebi que não acreditava nisso de verdade.

A respiração dele mudou. Ficou mais pesada, mais próxima, quase um sopro quente contra minha nuca. E eu, mesmo imóvel, senti minhas costas se curvarem de leve, aceitando aquele encaixe que não deveria existir.

Um roçar sutil de novo: os dedos dele se moveram, agora na altura da minha cintura, deslizando sem força, como quem procura espaço para se acomodar. Foi rápido, mas não deixava dúvidas de que era um gesto. Não parecia mais acidente.

Engoli em seco. Rafa estava ali, a centímetros de mim, entregue ao sono. O risco me fazia tremer, mas a sensação… ah, a sensação era outra. Minha pele queimava, como se cada parte do meu corpo tivesse se tornado um nervo exposto, pronto para reagir.

— Mari…? — ouvi Rafa murmurar, sonolento, virando de lado.

Congelei.

— Hum? — minha voz saiu baixa, quase um sussurro.

— Nada… só… dorme — ele disse, já afundando de novo no sono.

Atrás de mim, o corpo não se mexeu. Nem um milímetro. Era como se aguardasse, atento, para não ser descoberto.

Minha mente gritava que eu precisava me afastar, criar espaço, deixar claro que não havia malícia nenhuma. Mas meu corpo não obedeceu. Ao contrário, arrisquei mais: movi os quadris de leve, um gesto mínimo, como se estivesse me ajeitando outra vez.

E ele… ele se moldou a mim.

Senti o calor inteiro dele contra minhas costas, firme, inegável. O ar ficou mais pesado, como se a madrugada tivesse parado só para testemunhar aquilo.

Eu deveria ter aberto os olhos, virado, encarado, confirmado quem era. Mas não fiz. Não queria estragar o disfarce que ainda me protegia: o de que podia ser acidente. O de que talvez eu nem tivesse certeza.

Na penumbra, deixei os segundos se arrastarem. O braço dele ainda pairava sobre minha cintura, sem pressão, mas próximo o suficiente para me deixar em chamas. Cada respiração dele parecia se misturar à minha, quente, úmida, um convite mudo.

Não sei quanto tempo fiquei ali, imóvel, ouvindo o barulho do ventilador rodando na parede. Talvez minutos, talvez horas. Mas a cada instante, a tensão crescia, preenchendo todo o espaço do quarto.

O toque dele ainda era inocente o bastante para ser negado, mas malicioso o suficiente para me corroer por dentro. E eu, de olhos fechados, sentia o corpo inteiro clamar por mais.

Não havia volta. Algo dentro de mim já tinha despertado.

Eu já não tinha certeza se estava sonhando acordada ou vivendo algo real demais. O braço atrás de mim parecia flutuar, quase sem me tocar, mas o calor era inegável. E quando movi o quadril outra vez, mais um pouquinho, não havia mais como negar: ele estava ali.

O corpo dele se encaixou no meu com firmeza, como se tivesse esperado só o meu sinal. Não era mais um roçar sonolento. Era presença. Peso. O quadril dele encontrou as minhas curvas, e senti o colchão ceder sob nós dois.

Minha respiração travou. O quarto inteiro parecia escutar comigo. Rafa dormia ao meu lado, tão perto que o braço dele quase tocava meu peito. Eu virei levemente o rosto, só o suficiente para ver sua expressão adormecida, a boca entreaberta, o peito subindo e descendo num ritmo tranquilo. Nada nele denunciava que algo estava acontecendo a centímetros de distância.

Atrás de mim, no entanto, cada respiração era outra história. Mais forte, mais quente, soprando contra minha nuca como uma confissão muda.

Senti o quadril dele pressionar de novo, agora mais firme. O choque atravessou meu corpo como corrente elétrica. Eu sabia que deveria me afastar, criar espaço, encostar mais em Rafa para cortar o contato. Mas minhas pernas permaneceram imóveis, tensas, e minha cintura se curvou ainda mais, aceitando o encaixe.

O coração martelava no meu peito, tão alto que parecia vibrar dentro do colchão.

O braço dele, até então parado, arriscou um movimento mais ousado: desceu pela lateral do meu corpo, roçando de leve sobre o tecido fino do meu short. Não chegou a apertar, não chegou a reivindicar, mas estava ali, testando, procurando.

Fechei os olhos com força. “É acidente”, eu quis acreditar. Mas como poderia ser, se o corpo dele respondia ao meu, se cada toque vinha na medida exata para me incendiar?

Atrás de mim, ele suspirou. Não foi um ronco, não foi som de quem dorme — foi suspiro carregado, quente, prolongado.

O ar ficou mais espesso. O risco mais vivo.

A cena inteira tinha sabor de perigo. Eu estava espremida entre dois mundos: Rafa, sólido, confiável, dormindo como sempre, e o amigo — seja ele quem fosse — queimando atrás de mim, consciente demais, próximo demais.

Meu corpo reagia sem pedir permissão. As mãos suavam, os lábios tremiam, a pele parecia feita de faíscas. A tensão não me deixava mover nem para trás, nem para frente. Eu estava presa, mas presa por escolha.

Um ronco alto ecoou do outro lado do quarto, quebrando por um instante o feitiço. Alguém se mexeu, colchão rangendo, depois voltou ao silêncio. Eu prendi o fôlego, esperando que qualquer barulho acordasse Rafa. Mas ele continuou imóvel, tranquilo, alheio.

Atrás de mim, como se aproveitasse a cobertura do barulho, o corpo colou ainda mais. O quadril dele empurrou contra o meu, descarado. Minha pele ardeu inteira.

Eu não sabia se queria fugir ou ceder. Mas não fugi.

Em vez disso, mexi de novo. Um movimento quase imperceptível, como quem busca posição para dormir. Mas foi suficiente para que o atrito aumentasse, para que o contato se tornasse inevitável.

O braço dele agora descansava de vez sobre minha cintura, sem peso excessivo, mas firme. Não havia mais inocência no gesto. Era escolha. Era risco.

Minha boca se abriu em silêncio, o ar quente escapando devagar. O medo de ser descoberta e o desejo proibido misturavam-se até que eu já não sabia distinguir um do outro.

Atrás de mim, ele não falou, não se moveu além do necessário. Mas o silêncio gritava, carregado de intenções.

Se Rafa acordasse naquele instante, encontraria minha expressão entregue, o corpo encaixado a outro. Bastaria abrir os olhos. A simples possibilidade me fazia tremer mais do que qualquer toque.

Mas Rafa não acordava.

E o amigo atrás de mim parecia saber disso.

Eu já não podia mais fingir que era acidente. O braço dele não repousava: explorava. Os dedos mapeavam cada centímetro do meu corpo com uma calma cruel, como quem sabia que o risco me manteria paralisada.

E foi então que ele deixou de testar e começou a exigir. A mão subiu de novo, sem hesitar dessa vez, e encontrou meu seio por baixo do tecido fino da blusa. Não foi toque breve — foi toque inteiro, cheio, a palma cobrindo, os dedos apertando devagar.

O ar escapou da minha boca num suspiro que eu não consegui controlar. Abri os olhos por um instante, assustada com o som, e virei o rosto rápido para Rafa. Ele continuava dormindo, alheio, o braço solto entre nós dois.

Atrás de mim, o toque não recuou. Ao contrário: ficou mais firme, massageando devagar, o polegar passando sobre o bico endurecido por baixo da blusa. Eu estremeci inteira, a pele queimando.

Meu quadril respondeu sozinho, empurrando-se contra ele. A pressão ali já não era sutil: senti claramente a rigidez dele encaixada em mim, latejando, pedindo mais.

Era descarado. Era impossível negar.

E eu não recuei.

Deixei o corpo dizer o que minha boca jamais ousaria. Curvei-me mais, o bumbum pressionando contra o quadril dele, enquanto minha respiração se tornava irregular. A mão dele, encorajada, desceu outra vez, passando pela minha barriga, até encontrar a barra do short.

Meu coração disparou.

Os dedos deslizaram por dentro do tecido, lentos, cuidadosos, como se sondassem um território sagrado. A pele arrepiou inteira.

Eu fechei os olhos com força, os lábios abertos em silêncio, mordendo o lençol para não deixar escapar nada.

E então senti: os dedos encontraram o caminho entre minhas pernas. Um toque suave, mas firme, atravessando a calcinha fina, pressionando o ponto exato que já pulsava de desejo.

Meu corpo inteiro arqueou. A explosão veio em silêncio, contida, mas devastadora. Rafa respirava fundo ao meu lado, ignorante.

Atrás de mim, ele não parava. Movia os dedos em círculos lentos, controlados, como se quisesse me enlouquecer. O calor se espalhava, e eu já não tinha forças para fingir que aquilo não acontecia.

Soltei um gemido baixo, abafado, rápido. Imediatamente, segurei a respiração, apavorada que alguém tivesse ouvido. O quarto permaneceu imóvel, só o ronco distante preenchendo o ar.

Ele aproveitou. Os dedos entraram mais fundo, atravessando a barreira da calcinha, tocando diretamente minha pele molhada.

Arfei em silêncio, a boca aberta, o corpo inteiro respondendo. Minhas pernas se abriram um pouco, sem que eu percebesse. Era rendição.

O quadril dele empurrou outra vez, e eu senti a rigidez latejante pressionar minhas curvas. Não era mais só toque — era promessa.

O medo e o desejo se misturavam, indistintos. Eu podia ser descoberta a qualquer instante. Bastava Rafa virar para o lado, abrir os olhos. Bastava um amigo acordar e notar o movimento no colchão. Mas nada acontecia. O mundo dormia, e nós dois queimávamos.

A mão dele agora se movia em ritmo certo, firme, explorando cada detalhe meu. Meu corpo já não fingia. Minhas pernas se contraíam, meus quadris se moviam de encontro ao toque, minha respiração denunciava.

Eu não queria parar. Não podia parar.

E foi ali, naquele momento, que entendi: não havia mais volta. Eu tinha atravessado o ponto de não retorno.

A mão dele afastou de vez o tecido do meu short, e a calcinha seguiu pelo mesmo caminho, puxada de lado com precisão. Senti o ar quente da madrugada tocar minha pele molhada, exposta. Arfei alto, levando a mão à boca, desesperada para conter o som.

Rafa continuava dormindo, respirando lento, tranquilo, como se fosse dono do mundo. A centímetros dali, eu já não era só namorada dele: eu era presa, eu era cúmplice, eu era fogo.

Atrás de mim, a rigidez dele se encaixou nua na minha pele. Não mais através de tecido. Pele contra pele. A pressão era avassaladora, inegável. Meu corpo inteiro gritou em silêncio.

Ele roçou devagar, como se me testasse, como se quisesse arrancar de mim o pedido mudo. E meu quadril respondeu sem hesitar, empurrando-se contra ele, implorando sem voz.

Foi então que ele me segurou firme pela cintura, o aperto decidindo por nós dois, e me penetrou de uma vez.

O choque arrancou um gemido abafado que engoli no travesseiro, os dentes cravados no tecido para não me trair. As pernas se contraíram, o corpo arqueou inteiro, e a invasão quente, funda, me rasgou em prazer proibido.

Atrás de mim, ele arfava na minha nuca, respiração entrecortada, cada estocada abafada pelo esforço de não produzir som demais. A cada investida, o colchão rangia baixo, e eu me encolhia de medo que acordasse alguém, mas ao mesmo tempo me abria mais para ele.

Rafa dormia a centímetros, a mão dele caída sobre o lençol, quase tocando meu braço. Eu podia sentir o calor da respiração dele no meu rosto. Essa proximidade transformava tudo em dinamite: qualquer movimento errado e o mundo explodiria.

E mesmo assim eu não parava.

Meus quadris buscavam o ritmo, empurrando de volta, aceitando cada invasão. O prazer vinha em ondas, mais rápido, mais intenso, e eu já não sabia se tremia de medo ou de desejo.

A mão dele escorregou do meu quadril para meu seio, apertando com força, o polegar brincando com meu bico ereto, enquanto continuava a me preencher fundo. Minha boca se abriu em silêncio, as unhas cravadas no lençol.

O quarto parecia conspirar conosco. Roncos distantes, respirações pesadas, o ventilador rodando preguiçoso. Ninguém acordava. Ninguém via. Só nós dois, queimando num segredo irreparável.

Ele acelerou, o corpo colado ao meu, estocadas curtas e firmes que faziam minha pele arder. Eu mordia o travesseiro, abafando cada grito que ameaçava escapar.

E então veio. O orgasmo me atravessou inteira, brutal, impossível de conter. Minhas pernas tremeram, meu quadril se empinou, e o corpo inteiro se contraiu em torno dele. Mordi o tecido até quase rasgar, abafando um grito que teria acordado a casa inteira.

Ele me segurou mais forte, enterrado em mim, o peito suado colado às minhas costas. A respiração dele explodiu na minha nuca, quente, desesperada, e eu soube que ele também se deixava levar. O ritmo ficou irregular, urgente, até que ele também se perdeu, pressionando-se contra mim em espasmos contidos.

Ficamos ali, colados, ainda dentro um do outro, a respiração em uníssono, tentando recuperar o fôlego sem despertar o mundo.

Rafa virou de leve ao meu lado, resmungando algo incompreensível, antes de voltar ao sono profundo. O medo me congelou por um segundo, mas ele não abriu os olhos.

Atrás de mim, ele recuou devagar, puxando o short e a calcinha de volta para o lugar, como se pudesse apagar o crime. Mas o calor entre minhas pernas, o cheiro no ar, a marca em mim gritavam a verdade.

Eu não ousei virar. Não queria confirmar quem era. O disfarce ainda era meu refúgio.

De olhos fechados, ofegante, suada, destruída, percebi: não havia mais volta. Eu tinha me rendido por completo.

Ele recuou de dentro de mim devagar, como quem sabia que qualquer movimento brusco poderia quebrar o feitiço. Senti o vazio quente que deixou, o ar entrando onde antes havia só invasão, e minha pele inteira se arrepiou com o contraste.

Ajustou o tecido do meu short e da calcinha de volta ao lugar com um cuidado quase delicado, como se quisesse me devolver intacta. Mas era inútil: meu corpo inteiro denunciava. A respiração ofegante, o cheiro denso entre minhas pernas, o suor grudando nas costas, os tremores que ainda percorriam minhas coxas — tudo me gritava o que havia acontecido.

Atrás de mim, o calor dele ainda estava lá. Não se afastou de imediato. Permanecia colado às minhas costas, o peito arfando no mesmo ritmo que o meu. Por um instante achei que ele fosse dizer algo, um sussurro, um nome, qualquer coisa. Mas não houve palavra. Só silêncio.

E esse silêncio era mais pesado que qualquer confissão.

Meu coração ainda martelava alto, como se pudesse acordar Rafa. Virei o rosto de leve para espiar meu namorado. Continuava mergulhado no sono, o braço solto entre nós dois, a boca entreaberta, sereno como sempre. Ver aquela calma me despedaçava e incendiava ao mesmo tempo.

Atrás, senti um último suspiro quente na minha nuca. E então, devagar, o corpo se afastou. O colchão rangeu, o calor desapareceu pouco a pouco, como se tivesse se dissolvido na escuridão.

Por um segundo, pensei que ele tivesse saído do quarto. Mas não. A respiração pesada, mais distante, denunciava que só havia rolado para trás, retomando a máscara do sono.

Eu fiquei no meio. Entre Rafa, alheio, e o amigo — quem quer que fosse — escondido atrás da cortina do anonimato.

Meu corpo ainda tremia. Os músculos das pernas se contraíam em espasmos involuntários, o ventre pulsava como se cada fibra minha estivesse marcada pelo que acabara de acontecer. Fechei os olhos com força, tentando engolir a realidade.

Mas não havia como apagar.

Aos poucos, a exaustão venceu a adrenalina. O calor abafado do quarto, o cheiro de maresia, suor e sexo misturado me entorpeciam. Minha respiração foi desacelerando, o coração ainda acelerado, mas cedendo espaço ao cansaço brutal.

O último pensamento que me atravessou antes de o sono me engolir foi uma pergunta que latejava: quem?

E então me rendi à escuridão, o segredo colado à pele, como tatuagem invisível.

O primeiro clarão atravessou a janela sem cortina, cortando direto meus olhos fechados. Eu acordei devagar, como quem sobe das profundezas do mar. Minha boca seca, a língua amarga de álcool, a cabeça latejando com a ressaca.

Por um instante, esqueci onde estava. Depois, a memória voltou como ondas quebrando: a casa de Diego, a festa, o calor sufocante do quarto, Rafa adormecido ao meu lado. E então, como uma lâmina fria atravessando meu peito, a lembrança da madrugada.

Não me mexi. Permaneci deitada de lado, de frente para Rafa. Ele ainda dormia, o rosto sereno, a barba rala sombreando a mandíbula, os lábios entreabertos num sopro leve. Tão calmo. Tão alheio.

Atrás de mim, nada. O colchão estava vazio. O calor que me consumia algumas horas antes tinha desaparecido, levado com a escuridão. Quem quer que tivesse estado ali já não estava mais.

Meu corpo, no entanto, denunciava. Entre minhas pernas, uma umidade persistente. Na pele, o cheiro de suor, de cerveja, de sexo abafado. O travesseiro ainda guardava a marca dos meus dentes. Eu não precisava de provas para saber. O segredo estava impregnado em mim.

Levantei com cuidado, para não acordar Rafa. Estiquei o short amarrotado, ajeitei a blusa amassada e cruzei o quarto na ponta dos pés. Alguns ainda dormiam espalhados em colchões pelo chão: Diego roncava alto, boca aberta; Duda estava encolhida num canto, cabelos soltos caindo no rosto; Henrique estava virado de costas, imóvel; Lucas não estava mais lá.

O corredor me levou até o banheiro. Fechei a porta devagar, como se o mundo inteiro pudesse ouvir. Liguei a torneira e lavei o rosto com água gelada. O reflexo no espelho me encarava com olhos vermelhos, borrados de maquiagem, mas vivos, latejantes. Como se dentro deles ainda houvesse fagulhas da noite.

“Foi real.”

O pensamento martelou dentro de mim. Não era sonho, não era ilusão. Eu tinha me rendido, de corpo inteiro, a um desejo proibido. E agora carregava isso sozinha.

Quando voltei para a cozinha, o barulho já começava. A casa já havia acordado. Copos sendo arrastados, vozes arrastadas de ressaca. Diego estava de pé, com o cabelo desgrenhado, preparando café como se fosse milagre.

— Bom dia, princesa — ele disse, a voz rouca de quem fumou e bebeu demais. — Dormiu bem?

Engoli em seco.

— O quanto dá pra chamar isso de dormir.

Ele riu e me estendeu uma caneca.

— Cura de ressaca oficial da casa.

Peguei, agradeci, e me sentei à mesa. Logo Duda apareceu, ainda de pijama, amarrando o cabelo num coque malfeito.

— Eu juro que nunca mais bebo tanto.

— Você sempre fala isso — Lucas surgiu logo atrás dela, sorridente demais para quem tinha bebido tanto quanto nós.

Meu estômago revirou. Olhei para ele rápido, tentando decifrar algo. Mas ele parecia natural, como sempre, pegando pão, beijando de leve a testa de Duda, rindo de alguma piada que só ele entendia.

Henrique apareceu depois, sério, com os olhos semicerrados, pedindo café em silêncio. Seu rosto estava impassível, mas havia algo diferente no jeito como desviava o olhar quando eu o encarava.

E eu ali, no meio deles, tentando respirar sem deixar transparecer.

Rafa entrou por último, espreguiçando-se, a camiseta amarrotada. Beijou meu ombro ao passar, pegando café também.

— Dormi como uma pedra — disse, sorrindo.

Meu coração apertou.

— Eu percebi.

O dia avançava devagar, entre piadas, queixas de dor de cabeça e promessas de nunca mais repetir. Todos falavam da festa, rindo de quem caiu primeiro, zombando dos que dançaram até suar. Mas ninguém, absolutamente ninguém, mencionava a madrugada.

E eu escutava cada palavra como se fossem camadas de silêncio por cima do meu segredo.

Enquanto mastigava devagar, ergui os olhos para Lucas. Ele conversava com Rafa, rindo de algo banal, mas num instante, apenas num instante, seu olhar encontrou o meu. Um olhar rápido, fugaz. Talvez nada, talvez tudo.

Afastei o olhar, o coração disparado.

E Diego, sempre espalhafatoso, me lançou um sorriso torto quando pegou mais café. Um sorriso comum, talvez. Ou talvez não.

Mais tarde, Henrique passou por mim. Não disse palavra, mas o braço roçou o meu sem querer. O contato foi breve, frio, talvez banal. Mas ficou ecoando em mim.

Mas talvez fosse só paranoia. Talvez fosse só meu desejo inventando provas.

Podia ter sido qualquer um deles. Ou nenhum deles. Talvez minha mente, embriagada, tivesse inventado, confundido. Talvez o corpo que me incendiou nunca tenha existido.

Mas a sensação era real. Tão real quanto o sol que queimava pela janela.

O segredo ficou preso na pele, silencioso, ardendo.

E eu sabia que ninguém nunca diria nada.

FIM

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Foto de perfil de Fabio N.MFabio N.MContos: 143Seguidores: 162Seguindo: 52Mensagem Segredos para uma boa história: 1) Personagens bem construídos com papéis e personalidades bem definidas qualidades e defeitos (ninguém gosta de Mary Sue ou Gary Stu); 2) Conflitos: "A quer B, mas C o impede" sendo aplicado a conflitos internos e externos; 3) Ambientação sensorial, descrevendo onde estão seus personagens, o que estão vendo ou sentindo.

Comentários

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Olá, Fábio. Muito obrigada pela visita na minha escrivaninha. Li este conto e achei muito bala! Primeiro criando o ensejo da bebedeira. Depois, ah, depois, a melhor parte. Um sonho pornográfico? Ou uma inesquecível experiência real? Com quem? Para mim, no lugar Mari, tanto fazia. Rsrs. Merecia bem mais que só 3 estrelas. Bezitos.

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Caraca, esse conto foi de prender a respiração e de deixar vidrado do começo até o fim.

Ultimamente, os contos envolvendo pessoas com nome de Mariana têm me deixado com sentimentos mistos e conflitantes kkkk

Eu acredito que quem comeu foi o Henrique. Agora ela, convenhamos, se tornou uma adúltera. O dia seguinte lá e o comedor misterioso rindo no seu subconsciente do corno dorminhoco que não viu a mulher ser praticamente violada...

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Verdade como uma pessoa assim consegue deitar tranquila no travesseiro e ainda como consegue encarar o namorado que sempre demostrou amar e cuidar dela

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