A sexta-feira amanheceu com a promessa de um fim de semana que Júnior, em sua vida "normal", aguardaria com ansiedade. Mas para o contador, o dia trazia consigo um misto de alívio por mais um dia de pagamentos diários cumpridos e a tensão da espera pela próxima ordem de seu Dono. A chácara, após a partida de Gabriel no último sábado, parecia um túmulo de ecos de risadas e zombarias, e o corpo de Júnior ainda latejava, um lembrete físico e constante das marcas de sua submissão. Os quatrocentos reais enviados pontualmente às oito da manhã para a conta de Gabriel eram o selo de sua lealdade, a garantia de que a "mensalidade" de sua "escola de obediência" estava em dia.
Do outro lado da cidade, Gabriel saboreava o sucesso do espetáculo do último sábado na chácara. Os amigos ainda comentavam o "show" daquela vez, e a prova incontestável de seu poder sobre Júnior havia elevado seu status a um novo patamar. Ele passara a manhã na concessionária, fechando algumas vendas, contemplando a presença imponente da BMW de Júnior em sua garagem, um lembrete silencioso da potência e do luxo que agora estavam sob seu controle, como uma trilha sonora de sua vida de conquistas. No início da tarde, uma mensagem no grupo de futebol com os amigos.
Thiago: Galera, futebol hoje? No campo do Zé, umas 19h? A gente precisa queimar umas calorias e esfriar a cabeça depois dessa semana insana!
João Victor: Topo! Tô dentro!
João Guilherme: Bora! Gabriel, você vem?
Gabriel sorriu. Perfeito. Uma nova oportunidade para ostentar seu poder e, de quebra, resolver a vida de uma forma divertida. Pegou o celular e digitou para Júnior, sem sequer pensar em perguntar se ele estava disponível.
Gabriel: Cadela! Hoje à noite, 19h. Campo do Zé. Futebol com os amigos. Você vai vir. Quero você lá para me servir. Trazer água, toalhas, massagens se eu precisar. E arrumar minhas chuteiras. Não me faça esperar. Estarei lá de carro.
Júnior sentiu o celular vibrar. Ao ler a mensagem de Gabriel, um arrepio percorreu sua espinha. Futebol. À noite. Ele, que já estava com a coxa dolorida, as bochechas ainda sensíveis e os músculos doendo pela tortura da sinuca, sentiu um misto de pavor e a inevitável excitação que sempre acompanhava as ordens do Mestre. Como esconderia mais marcas da esposa? Como explicaria a exaustão? Ele respirou fundo. Não importava. Gabriel mandava, ele obedecia.
Júnior: Sim, Mestre! Estarei lá para servi-lo. Suas ordens serão cumpridas.
Júnior passou o restante da tarde em um turbilhão. Tentou adiantar o máximo de trabalho possível, sabendo que a noite seria longa e exaustiva. Escolheu uma roupa escura e discreta, para disfarçar a sujeira e o suor, e pegou uma mochila com toalhas extras e algumas garrafas de água. Chegou ao campo do Zé por volta das 18h45, o coração batendo forte, sentindo-se um peixe fora d'água no ambiente descontraído e masculino do futebol.
Gabriel já estava lá com os amigos, rindo e conversando, alheio à ansiedade de Júnior. Ao ver o contador se aproximar, Gabriel o chamou com um aceno, os olhos brilhando com um divertimento sádico.
— E aí, cadela! Pontual. Bom. — disse Gabriel, observando Júnior, que parecia ainda mais pálido sob a iluminação do campo. — Meus amigos, aqui está ele de novo, pronto para o serviço. Ele veio nos servir hoje.
Thiago, João Victor e João Guilherme lançaram olhares zombeteiros para Júnior, que se encolheu levemente, baixando o olhar para o chão, como Gabriel havia ensinado.
— Então ele está pronto para o serviço de campo, Gabriel? Não vai decepcionar a plateia? — perguntou João Victor, com um sorriso malicioso e provocador.
— Excelente. Obedece a tudo. — Gabriel respondeu, com um ar de orgulho perverso. — Agora, cadela, pegue minhas chuteiras. Estão no carro. Limpe-as bem. Quero-as brilhando. E traga água gelada para todos.
Júnior se apressou em buscar as chuteiras de Gabriel, que estavam em uma sacola suja no porta-malas do BMW. Ele as levou para um canto, tirando um pano úmido da mochila. Com movimentos meticulosos, limpou cada resquício de terra e grama das chuteiras, polindo-as até que o couro sintético reluzisse sob as luzes do campo. Enquanto limpava, sentia a dor em suas mãos e pulsos, um pequeno preço pelo privilégio de tocar nos pertences do Mestre.
Ele retornou com as chuteiras impecáveis e as garrafas de água. Ajoelhou-se aos pés de Gabriel, apresentando o calçado.
— Estão prontas, Mestre. Limpas e brilhantes. E a água.
Gabriel calçou as chuteiras com um ar de superioridade, ignorando Júnior por um momento. Pegou a garrafa de água e bebeu um longo gole.
— Muito bem, cadela. Agora, para o aquecimento. Fique atento.
A partida começou. Gabriel, ágil e forte, dominava o campo. Júnior, vestido com suas roupas comuns, corria pela lateral do campo, uma figura patética em meio aos atletas.
— Cadela! Minha água! — gritava Gabriel, e Júnior disparava, segurando a garrafa para que o Mestre bebesse sem precisar encostar.
— A bola! Cadela, pegue a bola! Rápido! — João Guilherme berrava, quando a bola saía pela lateral, forçando Júnior a uma corrida exaustiva.
A cada gol de Gabriel, ou de seu time, o ritual se repetia.
— Cadela! Meus pés estão suados! — Gabriel ordenava, e Júnior se ajoelhava, tirando as chuteiras e, com um pedaço de pano, secou cuidadosamente o suor dos pés do Mestre, e massageando-os ali mesmo na lateral do campo, sob os olhares divertidos dos outros jogadores e de alguns curiosos na arquibancada.
O cansaço de Júnior era visível. Seu rosto estava corado, o suor escorria em abundância, encharcando sua camisa. As dores em seu corpo se intensificavam a cada corrida, a cada movimento brusco. Mas ele não ousava falhar.
Em um determinado momento, durante um breve intervalo, Gabriel sentou-se exausto.
— Cadela! Minhas costas! — Gabriel disse, apontando para sua lombar. — Uma massagem. Forte.
Júnior, de joelhos, começou a massagear as costas de Gabriel, aplicando pressão com os polegares, sentindo os músculos tensos sob suas mãos. O suor de Gabriel era quente e salgado.
A partida recomeçou. Júnior continuou a servir, sua exaustão aumentando a cada minuto. Quando o jogo finalmente terminou, o placar estava a favor do time de Gabriel.
— Cadela! — chamou Gabriel, com um sorriso vitorioso. — Minhas pernas doem. E eu mereço uma recompensa pela vitória. Quero você de joelhos. E quero que me agradeça por ter te permitido servir. E por essa vitória.
Júnior cambaleou até Gabriel, os joelhos doloridos por tantas vezes se ajoelhar. Ele caiu de joelhos diante do Mestre, o rosto úmido de suor e cansaço.
— Mestre... Mestre Gabriel... Sua vitória... é a minha alegria... Obrigado, Mestre... por me permitir servi-lo... por... por me deixar fazer parte da sua glória...
Gabriel riu, balançando a cabeça.
— Você é uma cadela patética, Júnior. Mas uma cadela útil. Agora, vá. Vá para casa. Amanhã é o dia do último pagamento da semana e, finalmente, será o nosso sábado na chácara.
Júnior se arrastou para fora do campo, deixando Gabriel e seus amigos comemorando a vitória. A dor em seu corpo era intensa, mas em meio à escuridão da noite, uma estranha sensação de paz o preencheu. Ele havia servido. Ele havia obedecido. E Gabriel estava satisfeito. Aquele era o seu propósito. Ele mal podia esperar pelo próximo sábado.