O silêncio de uma noite

Um conto erótico de Pil.lo
Categoria: Gay
Contém 835 palavras
Data: 16/09/2025 22:18:31
Última revisão: 17/09/2025 05:05:26

O quarto de Lucas era envolto por uma luz âmbar suave, projetada por uma luminária no canto. As sombras dançavam nas paredes como se soubessem que aquela noite guardava segredos.

Gabriel entrou devagar, pés nos chão, procurando saber onde pisava, os olhos escuros, como a noite lá fora, percorrendo o espaço com reverência — não pelo ambiente, mas pelo homem, desnudo, que o aguardava.

A porta foi fechada com um clique sutil, como quem sela um pacto. O silêncio entre eles não era vazio. Era denso, carregado de lembranças, de vontades antigas, de tudo o que foi contido por tempo demais.

Eles se encararam. O ar parecia vibrar entre os dois. Gabriel se aproximou, os olhos fixos nos de Lucas, e tocou seu rosto com as costas da mão, deslizando os dedos pela mandíbula até o pescoço. Lucas fechou os olhos, absorvendo o calor daquele toque como quem recebe uma confissão.

O beijo veio como uma promessa — lento, profundo, cheio de urgência contida. As mãos se encontraram e começaram a explorar com delicadeza, como quem decifra um mapa antigo.

Gabriel, como numa dança lenta e sensual, calça e cueca deixadas ao chão. Então, abriu a própria camisa, botão por botão, como quem revela segredos guardados no peito. O outro passou os dedos por ali, sentindo o coração pulsar forte, como o seu.

Deitaram-se na cama, lado a lado, os rostos próximos, os olhos fixos. Lucas passou a mão pela cintura de Gabriel, puxando-o com firmeza, mas com ternura. Cada toque era uma entrega.

— Esperei por isso mais do que deveria — sussurrou Lucas, com a voz rouca.

— E desejei mais do que admiti — respondeu Gabriel, com um sorriso que misturava vulnerabilidade e desejo.

Agora foi Gabriel que puxou Lucas para mais perto, e os corpos se encontraram como peças de um quebra-cabeça que finalmente se encaixam. A luz desenhava contornos nos ombros e nas intenções. Os dedos de Lucas percorriam o rosto, o peito, como quem memoriza cada centímetro. Gabriel retribuía com carícias nos braços, no pescoço, nos lábios. Os corpos se ajustavam, buscando encaixes antigos, esquecidos, mas ainda familiares. As linguas se gradiavam e se fundiam, em batalha e fome, mostrando urgência e desespero.

A tensão era palpável. O desejo, ardente. Mas não havia pressa, ainda que urgência. Era um ritual de descoberta, de conexão, de entrega. Cada gesto dizia: “eu estou aqui, e quero te sentir por inteiro.”

O tempo se dissolveu. O mundo lá fora deixou de existir. E ali, entre lençóis e suspiros, dois corpos se tornaram um só — não apenas pela proximidade, mas pela intensidade do que compartilhavam.

Posse e entrega, centímetro por centímetro, guerra de lanças em corpos entregues. Profundidade e distensão, ainda que ardor. Dois machos em corpos retorcidos, suados e desejosos. Viris e frágeis ao mesmo tempo.

E na penumbra do quarto, onde os corpos se encontravam como versos que finalmente rimam, o tempo deixou de existir. Cada toque era uma estrofe, cada suspiro, uma pausa carregada de significado.

O calor entre eles crescia como uma chama que não queima, mas ilumina. Os olhos diziam o que a voz não ousava: “quero te sentir inteiro, sem reservas, sem medo.”

E então, no ápice da entrega, quando o desejo se tornou inevitável e se derramou em jatos incontroláveis, Lucas se deixou levar — em êxtase e poder - como quem derrama não apenas o corpo, mas a alma.

Gabriel sentiu — não apenas o toque profundo de sua entranha, mas o gesto cheio de tensão, tesão e confiança. Como uma espada em brasa, a sua vulnerabilidade foi tocada. Sentiu a beleza de ser escolhido e possuído naquele instante, como desejo e destino se encontrando num só movimento.

Ali, entre lençóis, o amor não foi silêncio. Foi sentido. Tornou-se líquido. Derramado em calor, em presença e beijos.

Restou primeiro afagos mecânicos e, depois, o sono em abraços, acolhimento. Nudez completa, sensação úmida de intimidade e conforto, numa suave dor.

O sol entrou tímido pelas frestas da cortina, desenhando linhas douradas sobre os lençóis amassados. Gabriel acordou primeiro, observando Lucas dormir com o rosto sereno, os lábios entreabertos e o peito subindo e descendo num ritmo tranquilo. A luz tocava a clavícula dele, e Gabriel passou os dedos ali, como quem confirma que o sonho era real.

Na cozinha, o café foi preparado com calma. O cheiro se espalhou pelo apartamento, e logo Lucas apareceu, com o cabelo bagunçado e um sorriso preguiçoso.

— Achei que ia acordar sozinho — disse ele, encostando no batente.

— Eu pensei em te deixar dormir mais... mas o café venceu — respondeu Gabriel, estendendo uma xícara.

Lucas se aproximou, pegou a xícara e, em vez de se afastar, encostou a testa na de Gabriel. Ficaram ali, em silêncio, sentindo o calor do café e o peso leve da intimidade recém-descoberta.

Sentaram-se à mesa. Não havia planos, nem promessas, mas havia uma certeza: algo tinha mudado. E não era só entre eles — era dentro deles.

— Ontem foi mais do que eu esperava — murmurou novamente Lucas.

— E menos do que eu quero — respondeu-lhe Gabriel.

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