Entregador da shoppe

Um conto erótico de Taradenhum
Categoria: Gay
Contém 1495 palavras
Data: 16/09/2025 20:44:46
Assuntos: Gay

O dia estava quente, abafado, o ar parado dentro do meu apartamento. O ventilador só movia o calor de um lado para o outro, e eu, apenas de shorts, sentia o suor escorrer pelas minhas costas. A espera por um pacote da Shopee era a única coisa que quebrava a monotonia daquela tarde preguiçosa.

Quando a campainha finalmente soou, foi um alívio. Atendi a porta, e lá estava ele. O entregador. Não era a primeira vez que ele vinha, mas naquela semana era a terceira. E em cada visita, aquela troca de olhares tinha ficado mais pesada, mais carregada de um silêncio eloquente.

Ele estava com a mesma camisa da empresa, um pouco marcada de suor no peito e nas costas. Seus braços, expostos, eram fortes, veios salientes desenhando mapas de esforço sob a pele morena. Seus olhos escuros me encontraram, e não houve o habitual "boa tarde" ou "assine aqui". Houve apenas um olhar fixo, intenso, que parecia consumir o ar já rarefeito entre nós.

Ele segurava a pequena caixa, mas não a estendeu. Seus dedos apertavam o papelão levemente.

"Quente hoje", ele disse, a voz mais grave do que eu lembrava, um rascante que ecoou diretamente na minha base da espinha.

"Muito", respondi, minha própria voz saiu mais suave do que o normal.

Ele deu um passo à frente, não um passo de entrega, mas um passo de invasão. Um passo de quem toma posse. O umbral da minha porta não foi mais uma barreira, mas um convite. Ele cruzou, e eu recuei instintivamente, deixando-o entrar. A porta fechou-se com um clique baixo, o som final de um mundo lá fora que tinha deixado de existir.

Dentro do meu apartamento, a atmosfera mudou. O ar não estava mais apenas quente, estava eletrizado, pesado com o cheiro dele: suor limpo, o aroma terroso do calor do dia e algo profundamente, intoxicantemente masculino.

Ele jogou a caixa em cima da mesinha da entrada, sem nunca desviar os olhos de mim. O ato foi tão deliberado, tão desnecessário, que foi como um murro no meu estômago. Aquilo era sobre algo totalmente diferente.

"Você fica me olhando", ele disse, outro passo à frente. "Toda vez. Seus olhos comem tudo."

Eu não consegui negar. Minha boca estava seca. Meu coração batia tão forte que eu temia que ele ouvisse.

"E você não olha?" consegui retrucar, um fio de desafio na voz.

Um sorriso lento, predatório, surgiu em seus lábios. "Olho. E quero mais do que olhar."

Foi então que ele fechou a distância final. Sua mão, áspera e quente, agarrou a nuca do meu pescoço, puxando minha face para a dele. O beijo não foi gentil. Foi uma conquista. Sua língua invadiu minha boca com uma fúria possessiva, um sabor salgado e selvagem que era tudo dele. Eu me rendi instantaneamente, meu corpo contra o seu, minhas mãos encontrando o tecido molhado de suor de suas costas, sentindo os músculos duros se contraindo sob meus dedos.

Ele me guiou, sem quebrar o beijo, para o sofá. Suas mãos percorreram meu torso, dedos calejados traçando linhas de fogo na minha pele, até os cordões do meu shorts. Um puxão, e a peça caiu aos meus pés. Eu estava nu, exposto, vulnerável sob seu olhar voraz.

Ele se afastou por um segundo, apenas para despir a camisa suada. Seu torso era uma escultura de trabalho braçal, definido, forte, coberto por uma leve camada de suor que o fazia brilhar na penumbra do apartamento. Ele desabotoou o próprio shorts, libertando uma ereção grossa e impaciente que fez minha boca água e meu estômago embrulhar de desejo e uma pontada de nervosismo. A decisão estava tomada naquele olhar, naquela postura dominadora.

Ele não disse uma palavra. Empurrou-me suavemente para deitar de bruços no sofá. Seu peso sobre as minhas costas era esmagador e, ao mesmo tempo, a coisa mais segura que eu já sentira. Suas mãos abriram minhas nádegas, e eu ouvi o som de um cuspe, seguido pela sensação úmida e quente de seus dedos se preparando, se lubrificando. Foi rápido, prático, primal.

A pressão na minha entrada foi abrupta e avassaladora. Eu gritei no tecido do sofá, meus dedos se contraindo nas almofadas. Era uma dor aguda, dilacerante, que queimou como fogo por um instante eterno. Ele parou, completamente dentro, seu corpo tremendo de esforço para se conter.

"Relaxa", ele sussurrou, e sua voz era um rosnado contra meu ouvido. "Aceita."

E eu aceitei. Minha mente desligou, e meu corpo assumiu o controle. A dor começou a se transformar, a se fundir com uma sensação de preenchimento tão profundo, tão completo, que era quase espiritual. Ele começou a se mover, e foi como ser atingido por uma série de ondas de choque. Cada investida era metódica, poderosa, inexorável. Ele me usava com uma intensidade crua, animal. Suas mãos seguravam meus quadris com força, os dedos marcando minha pele. Eu estava perdido em uma tempestade de sensações, possuído, invadido. A fricção dentro de mim acertava um ponto que fazia luzes explodirem atrás das minhas pálpebras. Meu orgasmo foi violento, roubado, jorrando entre o sofá e o meu ventre com um grito abafado, meu corpo se contorcendo violentamente sob o dele. Seu rugido final veio logo em seguida, e senti a pulsação quente e úmida dele dentro de mim, inundando-me.

Ele desabou sobre minhas costas, seu peso total, sua respiração ofegante contra minha nuca. Ficamos assim por um tempo que não pude medir, dois corpos transformados em um.

Mas então, algo mudou. O fogo que ele tinha ateado em mim não se apagou com aquele primeiro clímax. Pelo contrário, transformou-se em outra coisa. Uma fome diferente, mais assertiva. A sensação de ter sido possuído aguçou em mim um desejo latente, primitivo, de também possuir.

Enquanto ele ainda respirava ofegante, eu me mexi debaixo dele. Com uma força que nem eu sabia que tinha, rolei, invertendo nossas posições. Agora, era ele quem estava de costas no sofá, surpreso, seus olhos escuros arregalados com uma centelha de surpresa e imediato interesse. A sujeira do seu trabalho ainda estava em suas botas, que repousavam na minha almofada, um contraste brutalmente erótico.

Sem quebrar o contato visual, minha mão desceu pelo seu torso suado, passou pelo ventre, e envolveu seu membro, que já voltava a ficar firme e interessado sob meu toque. Sua respiração ficou presa.

"Dessa vez," eu disse, e minha voz soou rouca, mas firme, "é a minha vez."

Eu não pedi. Tomei. Peguei o mesmo lubrificante improvisado, cuspi em minha mão e me preparei rapidamente, meus olhos fixos nos dele. Vi o entendimento e depois o desejo cru brilhar em seu olhar. Ele não resistiu. Abriu as pernas, um convite mudo e obsceno, suas mãos fortes agarrando meus quadris, puxando-me para ele.

A pressão foi diferente. Desta vez, eu era a força invasora. Eu era quem penetrava naquele calor quase intolerável. Um gemido gutural escapou dos seus lábios, e seus olhos se fecharam por um segundo, não de dor, mas de puro êxtase surrendado. Ver aquele homem forte, dominador, se abrindo para mim, se entregando com uma confiança brutal, foi o estímulo mais intoxicante que eu já experimentei.

Meu ritmo começou lento, exploratório, sentindo cada centímetro de aperto quente ao meu redor. Mas logo a animalidade do momento assumiu o controle. Meus quadris encontraram um ritmo próprio, urgente e profundo. Eu o possuía com a mesma intensidade com que fui possuído. Minhas mãos seguravam seus tornozelos, abrindo-o ainda mais, me permitindo uma penetração mais funda. O som da nossa pele suada se chocando enchia o quarto, uma sinfonia primordial.

Ver seu rosto contorcido de prazer, ouvir seus gemos que eram ordens e súplicas ao mesmo tempo, sentir suas pernas tremerem ao redor do meu corpo – tudo isso me levou a um estado de êxtase incontrolável. Eu era ativo. Eu era quem dominava, quem preenchia, quem marcava. A inversão de poder era absolutamente viciante.

Nosso segundo clímax foi simultâneo, um crescendo de gritos abafados e corpos convulsos. Eu cavei fundo dentro dele, esgotando cada última gota de mim mesmo, enquanto sentia suas contrações finais ao meu redor.

Desabei sobre ele, ofegante, nosso suor se misturando completamente. Seus braços, incrivelmente, me envolveram, puxando-me para um abraço apertado, quase de luta. Não trocamos uma palavra. Apenas ficamos lá, naquele sofá devastado, dois guerreiros exaustos depois de uma batalha onde ambos venceram.

Quando ele se levantou para ir embora, seu andar era um pouco mais lento. Ele me olhou uma última vez, pegou a caixa insignificante e a colocou em minhas mãos. Seus dedos pressionaram os meus por uma fração de segundo a mais.

A porta fechou. Fiquei de pé no meio da sala, dolorido, marcado, cheio dele, e pela primeira vez, senti que ele também estava cheio de mim. A entrega tinha sido completa, total e absolutamente recíproca. E eu descobri que podia ser ambas as coisas: a tempestade e o porto seguro. E que ambas as sensações eram, cada uma à sua maneira, profundamente intensas.

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