O Troféu Proibido

Um conto erótico de Dr. Dionísio Sintra
Categoria: Gay
Contém 807 palavras
Data: 15/09/2025 11:17:44
Assuntos: Gay

Capítulo 1 – O Aniversário da Tia Márcia

Família é aquela coisa que a gente não escolhe, mas a vida empurra goela abaixo. No meu caso, é como estar preso num grupo de WhatsApp que nunca silencia. Minha tia Márcia, por exemplo, fazia aniversário naquele sábado. Sessenta e três anos muito bem vividos – pelo menos na opinião dela. Para mim, só mais uma oportunidade de observar, rir por dentro e, de garantir as fotos com a família que quando postamos, atestam que somos pessoas boazinhas de família.

Cheguei à festa com a naturalidade de quem sabe que será notado. Eu, Dionísio, trinta e cinco anos, advogado de renome, bem-sucedido, viajado, com a pele impecável e o corpo talhado à base de treino, disciplina e incontáveis procedimentos estéticos que jamais admitiria em voz alta. A cada passo, sentia os olhares. Ou talvez fosse só a minha vaidade projetando isso — tanto faz. O importante é que eu amo essa sensação.

Marcella, minha prima-irmã, correu para me abraçar assim que me viu. Ela é doce, amorosa, uma daquelas mulheres que carregam no sorriso a ilusão de uma vida perfeita. Casamento sólido, filhos estudando, casa sempre arrumada. Tudo na medida. Talvez até demais na medida. E aí estava ele. Weslley. O marido modelo. O cara perfeito, como se fosse imune às fraquezas da carne. Alto, absurdamente alto, quase dois metros de músculos e disciplina. Quarenta e três anos com o corpo que muito garoto de vinte já está fazendo de tudo pra ter. Um pouco tiozão, mas tudo bem... Ombros largos, braços enormes definidos, com veias saltadas, aqueles pelinhos aparados na máquina que arranham quando vc passa a mão, postura impecável. Professor de matemática, vejam só. A ironia me deliciava: um corpo daqueles, feito para o prazer e a perdição, preso ao giz e às lousas, ensinando adolescentes desinteressados a resolver equações. Eu não conseguia imaginar nada mais erótico do que ver aquele homem sério, de camisa justa, resolvendo x + y, enquanto escondia dentro da calça o verdadeiro problema que eu queria explorar.

Quando nossos olhos se cruzaram, ele me cumprimentou com aquela educação de sempre. Aperto de mão firme, másculo, quase um aviso de que sabia quem era, e ele sabia... homens se conhecem. Eu sorri, claro, porque não via só um gesto respeitoso. Eu via ali um convite mascarado, uma promessa velada. Eu via um corpo feito para o pecado. O corpo que eu queria ter e o corpo que eu queria usar. Eu via aquelas mãos em lugares que ele jamais admitiria em público. Eu via aquele peito largo sendo pressionado contra o meu. Weslley, para mim, era como um troféu de ouro maciço, colocado no meio da sala para que ninguém ousasse tocar — e eu, claro, era o único capaz de violar aquela regra.

E tem mais: eu já sabia que ele não era nenhum santo. Todo gay tem suas boas amigas vagabundas, e uma das minhas já havia tido um caso com ele, inclusive me contava o que os dois faziam. Ela não sabia da minha proximidade com ele, por isso teve coragem de contar tudo, tintim por tintim, cada cena, cada detalhe sórdido das aventuras que dividiam. Das posições que ele colocava ela, das mordidas, das puxadas de cabelo, das palmadas no bumbum. Enquanto ela falava, eu não ouvia fofoca; eu colecionava, extremamente rijo, material para as minhas fantasias.

Enquanto todos falavam da tia Márcia, da idade, do bolo, da vida, eu só conseguia observar o jeito como a camisa de algodão colava no peito dele, eu observava como a calça marcava as coxas grossas dele, verdadeiras colunas gregas, e como o peito largo subia e descia lentamente com a respiração. Minha mente, sempre criativa, já via cenas sórdidas que transformariam qualquer família feliz em tragédia grega. Foda-se. Se eu seria capaz de qualquer coisa para ter uma noite com aquele homem? Não tenho a menor dúvida. Não é como se minha moral fosse um obstáculo. Nunca foi. Para mim, prazer sempre vale mais do que convenções. Marcella podia ser minha prima querida, quase uma irmã, mas Weslley… Weslley era o tipo de tentação que não se ignora.

O aniversário seguiu, risadas ecoaram. Eu? Eu ria também, mas de outra coisa. Ria do quão cego todo mundo parecia estar. Ninguém percebia a tensão que existia apenas na minha cabeça, o jogo que eu já havia começado sem que ninguém soubesse.

O parabéns ecoou, velas foram apagadas, todos brindaram. Eu também levantei meu copo, sorridente. Mas, por dentro, meu brinde era outro. Celebrava não a longevidade da tia, mas a certeza de que, naquela família pobre de espírito e de bolso, eu seria o único capaz de transformar a rotina em tragédia — e o desejo em conquista. E naquele salão cheio de gente, comida e parabéns, eu só pensava numa coisa: cedo ou tarde, ele seria meu.

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