Nunca imaginei que fosse me sentir assim pela melhor amiga da minha esposa.
Ayla.
O nome dela já me soa como uma provocação: breve, doce e impossível de esquecer. Amiga da Júlia desde a adolescência, dessas que vêm, riem alto, se jogam no sofá e fazem da casa um palco de carisma e presença. Bonita demais.
Bonita demais pro meu conforto.
Eu juro que tentei me manter cego.
Júlia nunca percebeu, ou finge que não percebe , o jeito que meu olhar muda quando Ayla entra no cômodo com um daqueles vestidos de tecido leve que moldam o corpo de quem sabe exatamente o que tem.
Ela é uma mulher trans, sim. E eu sou um homem casado, heterossexual, com um passado todo escrito de acordo com as regras.
Mas… nada me impediu de me masturbar pensando nela mais de uma vez.
Isso eu não conto nem pra mim mesmo.
Ela tem cabelos pretos longos, aquele tipo que parece sempre limpo e cheiroso, mesmo quando soltos. Sorriso magnético, daqueles que te faz rir mesmo que não entenda a piada. Corpo atlético, do tipo moldado com disciplina, com coxas firmes, braços torneados, bunda marcada. Tudo isso sem perder a feminilidade em nenhum gesto. Quando fala, fala com graça. Quando ouve, olha dentro.
Enfim… ela é bonita. Muito.
E no ano passado… Eu fui até o litoral com ela.
Júlia me pediu o favor. “Amor, você pode levar a Ayla até a casa da praia? Ela vai ficar uns dias na cidade por causa do simpósio. Só queria que você abrisse a casa, explicasse como funciona o esquema da porta dos fundos e voltasse. É rapidinho.”
Claro, amor. Rapidinho.
Ayla entrou no carro sorrindo, com uma malinha pequena e um moletom claro. A calça justa deixava óbvio o quanto suas pernas eram bem desenhadas, mas ela fingia não perceber, ou fingia que eu não percebia.
O caminho foi cheio de conversa leve. Música baixa. Riso fácil.
Ela me perguntou do trabalho. Eu menti que estava bem.
Ela comentou do simpósio. Eu fingi que entendia do assunto.
Mas o tempo todo, meu foco era o modo como ela jogava o cabelo para o lado quando ria. Como passava a mão pela perna com descuido. Como de vez em quando me olhava em silêncio quando eu tirava os olhos da estrada.
Chegamos já de noite.
A casa da praia ficava um pouco afastada da orla, no alto de uma pequena rua de barro. O portão de madeira velha ainda resistia bem, e a fechadura de ferro exigia o truque que só eu sabia: levantar um pouco a lingueta e empurrar duas vezes.
— Se você não me ensinar esse truque, eu nunca vou conseguir sair daqui — disse Ayla, encostada na parede, os braços cruzados, rindo.
— É segredo de família — brinquei.
Ela me olhou como se soubesse de algo que eu não sabia. E ali, por um instante, o ar entre nós pesou.
Dentro da casa, tudo estava em ordem. Tirei as capas dos móveis, liguei a energia, mostrei onde ficavam os utensílios e os ventiladores. Ayla caminhava pela casa como se estivesse em um desfile casual, e o moletom largo começava a parecer um desafio à minha sanidade.
— Acho que é isso. Missão cumprida — anunciei, batendo as mãos.
— Você vai voltar agora?
— É. Essa era a ideia.
— Tá tarde, hein? Estrada vazia, perigosa…
Ela não disse com voz de preocupação. Disse como quem planta uma dúvida.
Fui até o carro. Dei a partida. O motor tossiu… e morreu.
Tentei de novo. Nada. Abri o capô. Olhei. Não entendi. Tentei de novo.
Ayla surgiu do lado da porta da casa, segurando uma caneca de chá.
— Problemas?
Assenti com um sorriso forçado.
— Parece que sim.
— Tenta amanhã. Dorme aqui. Tem dois quartos.
— Júlia vai achar estranho.
— Só se você contar.
E então ela virou de costas e entrou de volta na casa, deixando o cheiro de hortelã, o som da sua risada abafada, e meu juízo cambaleando na noite quente de brisa salgada.
Ayla.
No mesmo teto que eu.
Com moletom, chá quente… e um corpo que eu já tinha tocado só com a imaginação.
Eu precisava sobreviver àquela noite.
Liguei para minha esposa e inventei que o carro tinha dado problema no meio da estrada, e que eu tinha encontrado um hotel para passar a noite, mas que sua amiga estava a salvo em nossa casa no litoral. Júlia acreditou sem fazer questionamentos.
Dentro da casa, o cheiro de maresia dava lugar ao calor do carvão.
— Vou fazer um churrasco improvisado — avisei, abrindo o freezer.
Ali dentro, algumas carnes embrulhadas em papel-alumínio esperavam uma nova chance desde o último fim de semana em que estive aqui com Júlia.
Peguei as peças, preparei a churrasqueira na varanda e acendi o carvão, tentando parecer ocupado o bastante para não pensar na presença de Ayla andando descalça pela casa.
Ela sumiu por alguns minutos.
O som da porta do banheiro, passos leves, uma luz acesa no corredor.
Quando voltou… eu perdi o fôlego.
Ayla estava com uma camisola preta, curta, fina, daquelas que não esconde nada — apenas provoca. O tecido rendado no peito marcava seus seios médios com perfeição, e o quadril desenhado surgia como um convite de curvas sob o caimento leve.
Nas mãos, duas long neck.
— Espero que você não se importe… — disse, oferecendo uma. — Encontrei essas perdidas na geladeira. Me atrevi a pegar. Sem permissão.
— Tem coisas que não precisam de permissão. — respondi, pegando a cerveja, com a garganta mais seca que o carvão.
— Hm… interessante isso.
Ela se sentou no banco alto da varanda, bem ao meu lado, cruzando as pernas com descuido. As coxas brancas e firmes se tocavam uma na outra com um brilho morno sob a luz do fogo. O cabelo solto, um pouco úmido, ainda mais escuro.
E o sorriso… o sorriso era o mesmo que me fez perder o juízo meses atrás.
Fiquei virando a carne na grelha, tentando parecer centrado.
Mas ela estava perto. Perto demais.
E eu sentia, não era só imaginação, que ela percebia o peso dos meus olhos em seu corpo.
Ayla não disse nada. Apenas sorriu, como quem gosta do jogo.
Pegou um pedaço pequeno da carne, ainda fumegante, assoprando de leve. Depois, estendeu o braço e levou até minha boca.
— Experimenta esse aqui. Está no ponto certo.
O gesto foi simples. Mas o calor dos dedos dela tão perto da minha boca me fez estremecer por dentro.
Mordi o pedaço. Mastiguei devagar.
Ela me observava com um olhar tranquilo… mas havia algo ali. Algo que queimava mais do que o carvão.
— Ayla… — comecei, para quebrar o silêncio.
— Me conta uma coisa. — ela cortou. — Como tá o seu casamento com a Júlia?
A pergunta me atingiu como um caco de vidro na carne.
Por um segundo, me perguntei se tudo estava estampado em meu rosto. Se ela tinha notado minha tensão, meus olhares, meus desejos calados. Se aquela pergunta era uma forma de me colocar no meu lugar. Ou, pior… se ela queria se afastar.
Engoli seco e dei de ombros.
— Tá… mais ou menos. Não é nenhum desastre, mas também não é mais como antes. A Júlia… não é mais a mesma mulher.
— O problema é o sexo? — ela perguntou, direta, mas sem frieza.
Suspirei.
— Em parte, sim. Mas não só isso. A gente… se afastou. A cama virou só cama. Não tem mais surpresa, não tem mais vontade. Ela virou minha colega de quarto.
Ayla olhava as brasas com atenção.
Depois me encarou, de forma lenta.
— Posso te perguntar uma coisa mais íntima?
Assenti, um pouco apreensivo.
— Júlia… da o cu pra você?
O susto que senti foi físico. Minhas mãos quase largaram o garfo.
Olhei para ela em silêncio, como se pedisse desculpas por estar ali.
— De vez em quando… — respondi. — Mas ela não gostava muito. Era mais por mim do que por ela. Então… parou de rolar com o tempo.
Ayla sorriu. Mas foi um sorriso perigoso.
— Júlia… não sabe o que está perdendo.
Ela mordeu o lábio inferior e cruzou de novo as pernas, deixando a camisola subir um pouco mais nas coxas. O fogo da churrasqueira estalava, e o meu corpo inteiro reagia como uma corda esticada prestes a arrebentar.
Tentei disfarçar com uma piada.
— Bem que você podia ensinar isso pra ela.
Ela virou o rosto lentamente, o sorriso mais largo agora.
— Ensinar a sua esposa como gozar com o cu? Não sei se ela aprovaria.
Dei uma risada nervosa, mas não consegui esconder o rubor.
Ela se aproximou um pouco mais, os joelhos quase tocando os meus.
Depois sussurrou, com a voz arrastada:
— Mas… se você quiser…
Posso te mostrar do que ela abriu mão.
Ela não tocou em mim.
Mas meu corpo inteiro tremeu.
As palavras de Ayla ficaram no ar como fumaça.
Quentes, espessas, quase visíveis.
Eu abri a boca. Fechei.
Tentei responder. Falhei.
— E-eu… não… não sei se…
— Calma, homem — ela riu, encostando-se no encosto do banco. — Vai engasgar com o carvão.
Minha mão apertava o cabo do garfo de churrasco como se fosse uma âncora. Eu tentava encontrar alguma coisa no horizonte escuro da praia, qualquer desculpa visual que me ajudasse a sair daquela situação.
Mas ela não me deixava escapar.
— Me diz uma coisa — Ayla continuou, com a voz melódica. — O seu pau é tão grande assim pra Júlia não gostar de anal?
Arregalei os olhos, chocado, sem saber se ria ou se me escondia.
— O quê?
— Ué — ela deu de ombros, sorrindo. — Porque se for muito grande, realmente pode ser desconfortável pra algumas mulheres. Não é culpa sua… nem dela. A anatomia às vezes é ingrata.
— Eu… acho que tenho um tamanho normal — murmurei, tentando parecer indiferente.
— Normal é tão relativo… — ela disse, com um olhar brincalhão.
E então, com um movimento calmo, se virou na minha direção e soltou:
— Deixa eu ver.
— O quê?
— Seu pau. Deixa eu ver. Só pra checar se é esse o “problema” que assustou sua esposa. Curiosidade clínica.
Ri nervoso.
— Ayla… você tá brincando, né?
Ela apoiou o cotovelo na mesa e inclinou o rosto, com aquele sorrisinho debochado de quem nunca perde o controle.
— Totalmente. Mas com um fundo de seriedade. Você fica todo tenso só porque eu quero ver? Nem tô falando em tocar. Covarde…
— Não sou covarde — murmurei, com um sorriso torto, sentindo o sangue ferver nos ouvidos.
— Então mostra.
O olhar dela me prendia. Não era um pedido sujo, nem apressado.
Era um desafio com charme, e isso tornava tudo ainda mais perigoso.
Me levantei devagar, abrindo o botão da bermuda, hesitante.
— Você é impossível…
— E você… é mais submisso do que finge ser.
Puxei a bermuda e a cueca pra baixo, revelando meu membro já meio ereto pelo tesão do momento. O ar noturno bateu contra a pele e me fez estremecer.
Ayla observou em silêncio por um instante. Depois sorriu, triunfante.
— Bonito. Bem proporcionado. Com veias visíveis, boa coloração… Mas…
— Mas?
Ela se inclinou para frente, os olhos brilhando.
— Eu sou maior.
Engoli seco.
— Jura?
— Quer ver?
Agora era ela que desafiava.
Se levantou do banco com elegância. A camisola parecia ainda mais curta.
Com gestos lentos, começou a descer a alça do ombro. Primeiro um lado. Depois o outro.
Deixou a peça escorregar por completo até os tornozelos.
E então, ela ficou nua.
Ali, diante de mim, à luz da churrasqueira e da noite quente, Ayla revelava o corpo mais provocante que já vi.
Seios médios e firmes, com biquinhos rosados e da anatomia delicada, pele clara e lisa, barriga Esguia. E entre as pernas, seu membro — grande, firme, semi-ereto, com uma naturalidade que me tirou o ar.
Ela não parecia desconfortável. Pelo contrário.
Estava no controle do próprio corpo como uma artista em cena.
— Agora que você viu… — ela disse com calma, — você entende porque eu não me importo se os outros se assustam.
Fiquei ali, de pé, com a bermuda caída, o pau latejando, e os olhos grudados nela como se o mundo tivesse parado.
Ayla… não era mais só a amiga da minha esposa. Era o centro de tudo que eu nunca ousei admitir. E ela estava ali, nua.
A luz da churrasqueira moldava as curvas do seu corpo com tons alaranjados, como se o próprio fogo a desenhasse.
Ela deu dois passos, até ficar bem diante de mim. Me olhou nos olhos, depois desviou o olhar para o meu membro ereto, que ainda pulsava diante dela.
— Vamos ver isso de perto — disse, com a voz baixa e musical.
Então se aproximou mais. Muito mais.
Sem pedir, sem hesitar, pegou o próprio pau com uma das mãos e, com cuidado e um sorriso no canto dos lábios, encostou-o no meu.
A sensação foi absurda.
O calor da pele dela. A textura firme. O contato direto.
Ela alinhou os dois — o dela e o meu — e os deixou ali, lado a lado, pele com pele, pulsação com pulsação.
— Eu falei que era maior — murmurou, inclinando-se, o rosto a centímetros do meu.
Não consegui responder.
Um gemido escapou da minha garganta, involuntário, rouco, trêmulo.
Ayla sorriu com o canto da boca… e então virou o rosto e me beijou.
Primeiro, foi um toque suave.
Apenas os lábios roçando, reconhecendo.
Depois, o beijo se abriu, úmido, profundo, cheio de desejo acumulado por meses. A boca dela era deliciosa, quente, com um gosto doce e provocante, como se ela tivesse um tempero próprio.
As línguas se procuraram como se já se conhecessem.
Meus braços a envolveram com fome. A pele nua dela contra meu peito era um choque de calor.
— Ayla… — murmurei entre um beijo e outro. — Isso é loucura.
— Então me enlouquece de uma vez.
Ela me empurrou até a parede de madeira da varanda.
Seus seios encostaram em mim, firmes, desejáveis.
Minha mão desceu por suas costas, pela cintura fina, até o quadril arredondado e firme.
Beijei o pescoço dela.
Depois os ombros.
Depois desci para os seios — e ali, comecei a adorá-la. Chupei os mamilos com devoção. Primeiro um, depois o outro. Ela gemeu com a cabeça inclinada para trás, os dedos entre meus cabelos.
— Eu sempre quis isso — sussurrou. — Desde a primeira vez que você me olhou com aquele olhar de homem faminto.
Me ajoelhei diante dela.
Ayla ficou parada, de pé, os olhos fixos nos meus.
Segurei o pau dela com delicadeza. Beijei a base. Lambi a lateral.
Depois, chupando devagar, deixei que ela sentisse cada milímetro da minha entrega.
Ela gemeu alto.
— Ahh… assim… assim…
Minha boca a envolveu por completo. Eu me movia com ritmo, com carinho, com vontade.
Enquanto minha língua a adorava, minhas mãos subiam por suas coxas, exploravam suas curvas. Ela era quente, firme, viva.
Quando senti que ela estava perto de gozar, parei.
Subi o corpo, colando o meu no dela.
A boca dela buscou a minha de novo, desesperada.
— Agora me fode — pediu. — Aqui. Assim. Como homem. Como tu és.
Eu a virei contra a parede, com cuidado.
Minha mão segurou seu quadril, e o meu pau — duro, úmido, faminto — deslizou entre suas nádegas. Ayla arqueou o corpo, oferecendo-se inteira.
— Vai devagar… — sussurrou. — Mas vai fundo.
E eu fui.
Entrei devagar, gemendo no ouvido dela.
Ela mordeu os lábios e se apertou contra mim, recebendo cada centímetro com um misto de prazer e reverência.
A bunda dela era carnuda e macia, aconchegante e deliciosa. Fui sentindo seu cu me engolir com vontade e calma, como se meu lugar sempre tivesse sido ali dentro dele. Parei quando estava atolado nela.
Me movi com ritmo.
Meus quadris batiam contra os dela, e a noite vibrava ao redor.
Seus gemidos se misturavam ao estalo da carne e ao som distante das ondas.
Minha mão envolvia seus seios pela frente, apertava, puxava, sentia.
Ela rebolava contra mim, voraz, insaciável.
Até que ela gritou meu nome.
E eu gozei dentro dela, com um tremor que me atravessou da espinha até os pés.
Silêncio.
Apenas nossas respirações.
A pele colada.
Os olhos fechados.
Ayla se virou lentamente, encostou a testa na minha.
— Agora você entende…
Por que algumas coisas a gente não resiste.
Depois do gozo, veio o silêncio.
Fiquei parado, de costas para a parede de madeira, ainda sentindo o calor do corpo dela em mim.
Meu peito subia e descia com dificuldade, como se meu fôlego tivesse ficado no meio do caminho entre o prazer e o pânico.
Ayla ainda estava ali, os cabelos um pouco colados ao rosto, o sorriso calmo, o corpo nu, tranquilo como quem acabou de ouvir uma música boa.
Ela me olhou com ternura.
Não havia julgamento. Apenas presença.
— Está tudo bem? — perguntou.
Assenti, rápido demais.
— Sim… sim… só… tô meio tonto.
Ela não insistiu. Apenas se afastou, com aquele cuidado que só alguém que já foi recusada conhece. Recolheu a camisola do chão e deixou o espaço entre nós se preencher com ar.
Mas dentro de mim, o espaço estava cheio demais.
“Foi a primeira vez que eu fiz isso”, pensei. A primeira vez que coloquei a boca em um pau. Que suguei, que lambi, que adorei um pau que não era o meu — e que estava num corpo que, até pouco tempo atrás, eu achava que jamais poderia desejar.
Mas desejei. Com fome.
E lá no fundo… eu tinha gostado. Muito.
Mas agora vinha o eco. A culpa. A voz abafada da minha criação, da sociedade, da moral mal digerida.
Era como se tudo que eu fosse tivesse sido redesenhado em silêncio, sem me consultarem.
— Eu vou… tomar um banho — murmurei, sem encarar Ayla nos olhos.
Entrei no quarto.
Tirei o resto da roupa.
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro com força, como se a água fosse apagar as marcas.
A água escorreu pelas costas, pelas pernas, pelo rosto.
Mas não lavava o que latejava aqui dentro.
Fechei os olhos.
E quando os abri… Ayla estava ali.
Entrou no banheiro sem dizer nada.
A luz do teto fazia seu corpo brilhar como marfim molhado.
Ela se aproximou debaixo da água. Estendeu a mão. Tocou meu ombro.
Depois passou sabonete nas próprias mãos e começou a me lavar, devagar, com doçura.
Meus olhos se fecharam de novo.
A sensação do toque dela, da água quente, da pele roçando na minha… foi mais do que eu podia suportar.
Fiquei duro de novo.
Ela também.
Encostou-se em mim, o pau dela roçando no meu quadril.
Nossos olhos se cruzaram. Não havia mais hesitação.
Nos beijamos.
Ali, debaixo da água, com a espuma escorrendo, nossas bocas se encontraram como se fossem a única coisa certa no mundo.
A beijei com força, com fome, com entrega.
Ela retribuiu com paixão e leveza, como quem sabia que agora eu estava inteiro.
Nos enxugamos rindo, sem pressa.
E fomos para a cama.
Deitamos juntos, as luzes apagadas, apenas a brisa entrando pela janela aberta.
Ayla se posicionou por cima de mim. Montou no meu corpo como quem conhece cada curva do homem que deseja.
O cabelo dela caía sobre meu rosto.
Seus seios balançavam com o movimento.
E o pau dela, rígido, roçava no meu ventre, pingando desejo.
Ela se moveu com elegância. Rebolava devagar, subia e descia em mim com precisão.
Eu a segurava pela cintura, pelos quadris, pelas coxas — como se precisasse provar que aquilo era real.
— Você é tudo que eu nunca imaginei desejar — sussurrei.
Ela sorriu, os olhos fechados, o rosto úmido de suor.
— E você é tudo que eu sempre soube que ia querer.
O ritmo aumentou.
Nossos corpos colados.
Nossos gemidos misturados.
E quando gozei, com o corpo inteiro tremendo sob o dela, Ayla também explodiu, sem se tocar, sem ajuda — apenas por sentir.
Foi intenso.
Foi lindo.
Foi certo.
Dormimos juntos, deitados como se o mundo lá fora tivesse parado.
O lençol colado na pele. A respiração lenta.
O cheiro da noite ainda nos cabelos.
Na manhã seguinte, encontrei um mecânico da vila. Ele consertou o carro com rapidez.
Ayla se despediu com um beijo na bochecha e um sorriso leve.
Não houve drama.
Só uma troca de olhares que dizia: isso não acaba aqui.
Peguei a estrada com o corpo leve, mas a mente inquieta.
No meio do caminho, o celular vibrou.
Ayla.
“Deixei uma cópia da chave do meu apê no porta-luvas.
Estarei de volta na cidade na terça.
Se quiser me ver… você sabe onde ir.”
Sorri.
Não era só desejo.
Era recomeço.