04. O sogro

Da série Eu sou novinho
Um conto erótico de Mateus
Categoria: Gay
Contém 3055 palavras
Data: 11/09/2025 03:05:08

O sogro

Eu respirei fundo e naquela enfermaria lotada eu disse que aquele era meu namorado, e eu estava realmente gostando de namorar com ele. Meu pai disse que quando alguém perguntar isso novamente eu deveria levantar o queixo e dizer que o sogro de meu namorado simpatizou muito com o rapaz, parecia decente, melhor que o sanguessuga do filho mais velho, parecia inteligente e não como os retardados que tinha como genros, pelo menos um dos filhos soube escolher e num espaço curto de tempo, “Você deveria sentir orgulho desse rapaz, vamos, me apresente a esse jovem novamente”.

“Pai, esse homem não é tão jovem, com esforço de imaginação, tem idade de ser meu pai, ele cuida de mim e disse estar apaixonado, eu tenho medo, de tantas coisas, entre elas de lhe decepcionar, por isso, se o senhor me permitir a ousadia, não é o que o senhor planejou pra mim, mas eu gosto dele e queria a sua benção.” Claro que eu falei isso chorando e Joel ficou tentando não deixar as lágrimas escorrerem, a gente morrendo de vergonha, oito leitos ocupados por homens pobres sem instrução e havia visitas como nós. Morri de vergonha.

“Quando eu descobri que seu tio era veado, ele tinha a sua idade, ele só tinha eu e sua irmã, bati nele, bati que quase matei, ele fugiu e disse que ia pular no meu caixão, ele quer gastar dinheiro comigo agora, paga a moça que saiu pra fumar, tenho sempre um acompanhante, ele paga tudo, disse que é um jeito de pagar pela felicidade que dei a sua mãe e por ter feito um garoto bom que é você. Ele não me perdoou, ele venceu na vida e muito foi pra superar esse pastor de igreja de garagem, ele não me perdoou, e eu não vou entrar no céu com esse pecado. Eu errei. Hoje você chega aqui e me pede para eu abençoar sua escolha, não posso, não se você não me perdoar, eu sempre soube que você era assim, sempre te empurrei namorada, mulher dada a fazer menino virar homem. Quando eu soube que ia morrer te mandei para teu tio, ele vai poder te ajudar a ser feliz sem medo. Não posso desejar mais benção a você do que a que lhe desejei quando disse a seu tio que a vingança dele deu certo, a pessoa que mais amo no mundo e eu somos pais de um jovem homem gay, e eu poderia ter deixado ele feliz desde sempre, mas fui pequeno e burro e preconceituoso, me perdoe meu filho, me perdoe meu filho adorado. Rapaz, Deus abençoe você só quando você estiver com esse garoto, ele é bom, seja bom pra ele e Deus lhe será generoso”.

Joel beijou as mãos de meu pai e depois sua cabeça, deixou um presente que comprou sem eu saber, pijamas e chinelos macios. Dois travesseiros como jamais ele teve, depois me deixou com meu pai. Eu quis perguntar pelos meus irmãos, “Tô velho, pobre, doente e esperando a morte, ela vai vir antes de qualquer um de seus irmãos aparecer aqui.” Fiquei em silêncio até ele dormir e me mandarem embora.

Obedeci meu tio quando ele disse que eu não podia morar com Joel até ele arrumar um lugar fixo, ele estava dormindo no escritório, e eu obedeci, falei que deixei meu telefone com meu pai para eu poder falar com meu velho todos os dias, meu tio concordou, antecipou meu presente de Natal e me deu um aparelho novo. Meu tio ligou para meu pai na minha frente, pediu uma troca, disse que quem iria se desculpar era ele. Mas depois que meu pai morresse iria me assumir como filho, e com certeza esse favor valia para limpar todo o ressentimento que meu tio teve o azar de por no peito, não era bom desejar mal a ninguém. Meu pai ficou feliz com a conversa, orou e se despediu depois de abençoar todos nós.

“Você bem que podia contribuir com parte da feira já que almoça e janta conosco todos os dias”, “Esse é o segundo dia, Galvão.”, “Ainda assim, a gente sabe que você vai levar meses. Sampaio telefonou, lembram dele? Pediu para vir passar o Natal conosco, disse que estaria ele e o filho e ele não tinha a menor noção de como era passar um Natal sem desmaiar bêbado entre o sofá e o banheiro. Eu disse que ia perguntar a vocês se todo mundo concordaria. Mas isso foi ontem e ele ligou hoje e por vergonha de dizer que não lembrei disse sim por nós todos.”

Fizemos uma salada de macarrão, o peru levou o dia inteiro no forno, gelamos vinho, Bosco e Lucas trouxeram arroz e farofa, Murilo trouxe muita variedade de queijo (dinheiro que ele não tinha, falei para Joel lhe fazer um Pix justificando ser presente de Natal).

Nenhum de nós tinha uma família de sangue para nos dar suporte, éramos… somos rejeitados por termos optado viver como somos, porque ser como somos não era opção, nunca foi, nunca será, mas viver nossa verdade é uma opção, e eu não ia sentir vergonha disso. Ganhei uma camiseta com as cores do arco-íris exatamente igual a uma que Joel ganhou, e eu iria usar. Com orgulho.

Já passava das nove quando Sampaio chegou, ele com uma torta alemã e o filho com uma torta de camarão. Não foram para o fogão mas tinham bom gosto. Nando era gordo, não era parrudo como meus tios, não era barrigudinho como meu namorado e tio Murilo, nunca seria musculoso como os donos da casa, nem era magricelo como eu, era gordo, ruivo e gordo, ruivo, gordo e lindo, ruivo, gordo, lindo e bem arrogante.

“Eu não sabia que seus amigos eram todos gays”, “Como eu, Fernando, gays como eu, e até onde eu sei, gays como você.” Todos nós morremos de vergonha pelo climão, mas tio Murilo morria de rir, chorou de rir, disse que ria quando sentia vergonha, ainda mais se fosse vergonha alheia. Aí foi um desastre, todos rimos um pouco, Fernando não. Ele era jovem, vinte e três e fazia medicina como o pai havia feito. Eu pedi ajuda a Fernando para pegar o peru no forno, não fui condescendente, disse que ele poderia ficar na cozinha antes de todo mundo ir para o quintal beber e ficar conversando, a gente ia ver um filme e meu namorado havia trazido uma tela e o projetor. Ele perguntou quem era, “o de camisa xadrez, a camisa é feia, mas ele é muito lindo.” Meu pai telefonou para desejar feliz Natal antes de dormir, ele disse que ia ser a última vez e isso me fez chorar, esqueci de Nando quando Joel chegou dizendo que o sogro fez ele chorar, e me viu de frente para meu pai então ele chorou de verdade, soluçou e disse que a gente ia na tarde seguinte, “Seu pai é melhor que o meu, amor”, “Para um pastor isso é obsceno, o bonitão chamou meu filho de amor e eu não vi um beijo que fosse entre eles”, a gente se beijou meio chorando, meio rindo, meu pai disse que era uma imoralidade linda desejou feliz Natal e desligou. Nando observava a gente chocado, caramba, ele achava que ia encontrar choro e tristeza?

Voltamos à sala, contavam sobre o roubo do outro Murilo, Sampaio falou que descobriu que ele era chave de cadeia, roubos pequenos como aquele, prostituição e umas coisas que ninguém sabia mas acreditavam, tio Caio disse que eu quase o regenerei, fiquei puto com a fala dele, Nando pergunta sobre a regeneração e onde a gente descobriu o chavoso, de bate pronto tio Lucas disse que foi em uma suruba, se o clima esquisito entre pai e filho tinha amenizado, voltou a azedar novamente, ou quase.

“Por que o senhor não me conta as coisas, tudo, que tal, começando pelo senhor se separando de minha mãe e acabando numa suruba, vai ter outra e eu atrapalho?”, “Atrapalha, não tem nada programado, essas coisas surgem, você nunca participou disso, precisa de cumplicidade, passos a frente da amizade, você não tem amigos, seu pai tem, você não tem, você é um bostinha desrespeitoso e se ousar se levantar ou abrir a boca eu arrebento essa cara gorda e triste que você tem”, “Porra, Caio, é Natal, diga assim, ‘vou ficar inclinado a detonar essa carinha linda e vermelhinha que combina com a camisa de Natal que Murilo está usando”, dessa vez a gargalhada começou sem ligar pra Nando.

Sampaio disse que teve câncer de próstata há quinze anos, ficou impotente, deprimiu, quase morreu, tentou se matar duas vezes, o filho ficou abalado, como pode o pai ter uma vida e uma história onde ele não participa? Sampaio disse que aconteceu depois de ouvir uma ligação da esposa ao telefone, ela gargalhava, “ela dizia que era a vingança do destino, pediu muito por isso, ela foi corna, mas agora eu não era mais homem, ela foi corna por quase um ano, mas eu não seria mais homem para sempre, eu bati a porta e ela sabia que eu ouvi, peguei o carro e acelerei contra um poste, foi por um triz, tentei novamente no hospital, uma amiga, psicóloga conversou comigo, foram três anos, eu me separei assim que pude, nunca falei para ela o porque, eu estive errado, ou me casei enganado ou assisti sem fazer nada alguém transformar amor em ódio, e eu não mereço ser odiado”. Sampaio pede desculpas e diz que foi um erro, sentia muito por estragar nossa noite.

Todos fizemos questão que ele ficasse, Nando se desculpa com todo mundo, diz que foi um acerto essa conversa não sairia em outro lugar, tinha de ser um lugar de aceitação, “Como você sabe que eu sou gay?”, essa todo mundo sabe, você assume e o radar gay entra em funcionamento, a partir dali foi sensacional, todos falaram de seus traumas e de sua superação, foi quando Lucas disse como foi ser comido por seu marido depois que Joel, ele e eu fodemos juntos. Nando disse que não acredita que a gente fazia essas coisas assim sem culpa, “E ainda por cima impunemente. Imagina! Meu sogro [tio Murilo passa o braço ao redor de Nando e se dirige a Sampaio, descarado e ousado], uns militares compraram umas próteses de caralho e não sobrou nenhuma no mercado? Assim, eu prefiro meu futuro namorado, mas qualquer coisa eu posso colocar esse mal educado comendo o sogrão na frente dele”, “Na minha frente não”, “Já tá aceitando ser meu futuro namoradinho, isso mal educado, aceita que dói menos, mas eu quero mesmo é fazer você sofrer pedindo mais”, beijou Nando e ele se entregou facinho, quando ouviu o ‘mmmmm’ da galera se afastou dizendo sem dizer coisa com coisa.

Notei Sampaio, barba bem aparada, bem vestido, ele diz que tem a prótese, mas aprendeu a gostar de chupar, adora, e a dar também, prefere isso a ser… e prefere isso a comer um cara, ele nunca goza mesmo, acaba ficando cansativo, mas depois do PrEP receber esperma dentro do cu é maravilhoso. Ainda não fui ao médico, mas sim, adoro meu namorado e meus tios esporrando em mim, confessei e todos me aplaudiram. Tio Murilo disse que era melhor mudar de assunto ou ia ter de dar razão ao namorado mais chato do mundo e falar que somos todos depravados. “Eu não sou chato”, discorda Nando sem perceber que confessava indiretamente que era namorado de Murilo.

“Deixa de ser chato, Fernando; garoto trabalhador, bem humorado, bonito e fogoso, dando mole pra você, até parece que você tem uma terceira opção, ou meu genro, ou continuar frustrado e sozinho”, “Valeu sogro, temos de marcar um lance, mas não pode ser na frente dele.” Estava divertido, combinamos de deixar a torta salgada para o meio do filme e a doce para o final, Nando ficou com tio Murilo, eu ‘exigi’ que ele chamasse todo mundo de tio como eu estava fazendo, tio Murilo disse que ele não, ele podia ser chamado de “meu amor, ou meu senhor”, “Acho que meu lindo tá bom, né?”, a escolha do filme foi coisa minha, Duro de Matar, é durante o Natal, é muito animado e Bruce Willis estava muito lindo naquele filme.

Na pausa para o filme o melhor é comer, e meu namorado merecia isso, chupei o pau dele e sentei gostoso, tio Galvão e tio Caio foram meter juntos no cu de tio Sampaio, tio Lucas e Nando seguiram meu exemplo e assim que saíram aqueles foram logo tratando de mamar a pica do marido e do namorado. “Você não diz que gosta de ver sofrer?”, Joel tira onda do primo quando lhe passa lubrificante, “Mas esse é meu namorado, com ele é diferente, ele é precioso, lindo…”, aquele foi o primeiro beijo a sério de ambos, me estimulou a beijar Joel e dizer algo que eu sentia e ainda não havia dito a ele, “Eu gosto de você como nunca gostei de ninguém antes, eu sinto uma agonia dentro de mim, na barriga, no peito, na pele, e você encosta em mim e eu derreto calmo, e eu não sei como chamar essa coisa que sinto por você, mas por enquanto eu gosto de pensar que eu te amo.”

A gente se beijou, e o pau dele pulava na minha mão, ele diz que nunca ouviu nada tão lindo, mas ainda quer minha boca na cabeça de sua rola, e me sorriu, ouvir aquela voz grossa e macia, seca e confortável, como um uísque bom que entra em meus ouvidos dizendo, “Isso, Mateus, chupa o cacete de teu macho, chupa, meu amor, isso, isso, meu amor, me engole, Mateus…”, ele é meu melhor amigo, meu protetor, meu macho, o veadinho quando eu preciso, ele estava se tornando meu mundo inteiro e eu não tinha cinco dias de conhecê-lo, mas parecia que a gente só se reconheceu, que a gente se pertencia noutra vida, “Quero sentir seu cuzinho, amor, senta vai! Mateus, ah, Mateus, caralho, amor, eu te amo.” Eu juro que eu queria ver Lucas e Nando, mas meu namorado segurava minhas coxas e minha bunda, ele falava e gemia e a voz dele…

Essa foi uma das melhores fotos com Joel, o mundo deletou inteiro ao nosso redor, ele me puxava para me beijar, e eu rebolava e quicava e piscava com meu cu na vara dele, “Vai, meu loirinho, rebola em teu homem, diz que me ama”, não sei se eu falava algo, se atendi meu homem, eu não era gente, eu era um bicho que agia por uma condição da natureza, eu era dele e ele me dominou aquela madrugada, eu sei que não se passaram horas, foram apenas minutos, mas eu sentia como se estivesse montado no meu namorado como se fossem meses, ele me olhava e eu me sentia o cara mais sortudo do mundo.

Joel tocou a cabeça da minha pica e eu gozei como nunca em minha vida, foi o melhor orgasmo da vida e ele com suas mãos sujas com minha porra disse sim, comendo meu esperma e me dizendo sim, acordei de meu transe, ele me pôs de quatro e fodeu sem pena, “É óbvio que eu quero casar com você, meu amor!”, ele me diz isso enchendo meu cu de porra, escorria antes mesmo dele tirar, “Seu rabinho tá estufado de minha galada, despeja que eu quero ver, Mateus, faz isso pra seu futuro marido”. Eu fiz sentindo a língua dele se metendo no centro do anel, e eu estremeci novamente, sem esporrar eu gozava novamente, eu literalmente gozei pelo cu.

“A nossa próxima vez tem de ser assim, Galvão”, a voz de meu tio me encheu de timidez, que vergonha, tio Galvão responde que nunca viu algo tão pornográfico e romântico e bonito e… “Real”, eu morria de vergonha e Joel morria de orgulho, “Na hora de pedir para casar comigo estava todo Pimpão, todo desinibido, agora está aqui querendo pagar de inibido.” Palhaço, nu da cintura para baixo, Joel se ajoelha aos pés de tio Caio e segura sua mão, “Sou seu melhor amigo, já descemos no braço duas vezes e eu tirei sangue de seu nariz as duas vezes, não quero fazer isso nunca mais, eu que apresentei seu noivo a você e fiz de tudo para vocês ficarem juntos, e vocês eram dois teimosos, mas eu venci a resistência dos dois, eu que te conheço a quase dez anos e já dei muito pra você e te comi bem pouco em comparação, vim te pedir a mão de seu sobrinho em casamento, o pai dele me adora, gosta mais de mim que de você. Deixa eu casar com esse garoto e seja meu padrinho de casamento.”

Tudo acontecendo muito rápido, rápido demais, como na vertigem da queda e eu já não temia encontrar o concreto da morte no fim, eu queria gritar e não era de medo, eu sei que meu grito ressoaria como o de um pássaro e meus braços se esticariam como enormes asas e eu sentiria a liberdade, a liberdade de não ter escolhas, a liberdade de não precisar escolher nada. Ele faz eu me sentir dele e completamente livre. Tio Caio me olha sério e diz que nada está saindo como havia planejado, mas diz que sim, em seis meses sim. É justo, é o melhor pra todo mundo, inclusive para Joel e eu,

Ele se levanta e abraça e beija meu tio, eu o sigo e faço o mesmo, quero beijar tio Caio e tio Murilo também, quero beijar Nando e seu pai quero beijar tio Galvão e eu preciso dizer o quanto o amo e confio nele, quero chupar novamente o pau de meu noivo, estou a dois segundos de explodir de felicidade. Estamos todos suados arrancando o resto de roupa que nós resta, Bruce Willis espera congelado na tela, lindo.

Dormimos sem terminar o filme. Acordamos para devorar o que sobrou do jantar e mergulhar na piscina nus, trepamos em família, tio Murilo fez Lucas, Nando e eu dar para todos eles, e eles souberam nos comer, que delícia foi receber cada jato de porra na cara e ser beijado pelos meus novos amigos depois.

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