A Boceta de Pandora - Capítulo 9

Um conto erótico de Himerus
Categoria: Heterossexual
Contém 4556 palavras
Data: 07/09/2025 22:07:40

No Capítulo anterior:

Débora me olhou de uma maneira diferente, parecia que queria continuar o assunto, mas que minha fala, "Agora não importa mais", a fez repensar. Realmente, eu queria encerrar o assunto; algo que ela disse me incomodou muito. Eu queria pensar, sem álcool na cabeça, antes da inevitável retomada do assunto. Paguei a conta, pedi um Uber e a levei para o hotel onde estava hospedada.

Depois, fui para casa. Bruna me esperava; eu tinha que encenar uma normalidade que não existia, acabou sendo bom. Deixei minhas preocupações com Débora e sua irmã de lado.

Continuando:

Eu não vivia como marido e mulher com Bruna. Ela tinha um quarto e eu outro. Entretanto, sempre que ela tinha vontade, me procurava ou dava um sinal que queria trepar. Eu agia da mesma maneira. Nunca negamos sexo um ao outro; tínhamos uma boa sintonia na cama.

Bruna era uma mulher exótica, não se encaixava em padrões de beleza ou de comportamento. Tal característica sempre me encantou, mesmo quando ela era casada. Uma vez, cheguei a comentar com Ruth que ela era a única mulher do nosso círculo de amizades que me despertava curiosidade, mas nunca rolou nada; eu sempre respeitei a regra de evitar pessoas próximas, além disso, ela nunca demonstrou interesse. Tudo mudou quando a encontrei no supermercado.

Inicialmente, ela se tornou uma amiga virtual. Solitários e isolados, passamos a ter ótimas conversas pelo WhatsApp ou por vídeo.

Com o projeto das escolas, nosso contato se intensificou. Houve um dia que ficamos em contato por videoconferência por quase seis horas.

Naquele momento, acreditava que tanto eu quanto ela estávamos livres, divorciados.

Com uma pandemia inviabilizando contatos sociais, tive a ideia de dividir o mesmo espaço com ela. Ter com quem conversar, fugindo da solidão, me pareceu uma excelente ideia. Não nego que pensei na possibilidade de algo mais...

Quando apresentei minha ideia via WhatsApp, ela não se surpreendeu. Pediu um tempo para pensar; dois dias depois, já tinha entregado seu flat e se mudado para meu apartamento.

Nossa primeira transa foi uma semana após a mudança e foi muito boa.

Bruna era uma mulher com a inteligência acima da média; com 34 anos, ela já era pós-doutora em álgebras não-associativas e professora de pós-graduação em uma grande universidade pública. Seu visual era inspirado no movimento hippie – um estilo abandonado durante o casamento e agora retomado – vestidos de algodão indiano, muitas pulseiras artesanais compradas em feiras hippie e sapatilhas ou rasteirinhas artesanais de couro. Ela nunca usava sutiã. Duas coisas fugiam do visual hippie: seu cabelo, cortado bem curto, praticamente raspado na lateral, e ela só usava calcinhas caleçon, normalmente as básicas de algodão, em ocasiões especiais de renda. Ela dizia que não renunciava a uma calcinha confortável por nada nem por ninguém.

Como eu disse, ela era exótica, mas não tinha um macho que não parava para olhar; ela transpirava sensualidade.

Usualmente sou atraído por mulheres cavalas, as famosas "gostosonas", com peitão, bundão e pernão. Bruna fugia completamente desse estereótipo. Alta, mais ou menos 1,7 m, tinha a pele branca como giz. Com a pele hipersensível ao sol, passava protetor solar fator 100 todo dia, evitava praias e piscinas. As poucas vezes que a vi de biquíni, foram depois que o sol se pôs. Ela brincava, dizia que era meio vampira. Mas o fato da sua pele ser branca não diminuía sua beleza, muito pelo contrário, sua pele era linda, aveludada e com um detalhe fantástico, que chamava atenção, seu corpo era coberto por sardas. Sim, Bruna era uma ruiva natural, daquelas que normalmente só vemos em filmes ou quando visitamos a Escócia. Seus cabelos eram vermelhos, na mesma cor do cabelos dos irmãos Weasley, da série de filmes Harry Potter. Mais tarde descobri que, por sorte, ela não fazia depilação íntima, deixando uma maravilhosa floresta vermelha adornando sua boceta.

Seu rosto, coberto por sardas, era delicado e harmonioso, um sorriso largo e olhos de tirar o fôlego. Já viajei muito, especialmente, conheço bem os EUA e a Europa, mas nunca vi, fora do cinema, olhos com a cor dos olhos de Bruna. Seus olhos eram violeta, como os da atriz Elizabeth Taylor.

Seus seios eram médios, firmes, em forma de cones, com uma minúscula auréola e grandes mamilos rosa, apontados para frente, eternamente entumecidos. Como não usava sutiã, seus mamilos estavam sempre em destaque. Sua cintura era fina, barriga chapada, pernas grossas e uma bunda proporcional ao seu corpo, deliciosamente redonda e empinada. Seu caminhar era uma provocação; ela rebolava com uma sensualidade digna da garota de Ipanema. Em síntese, Bruna era linda e chamava atenção onde estivesse.

Muitos leitores devem estar se perguntando o motivo que me levou a fazer uma descrição tão detalhada de Bruna. Afinal, como Ruth, ela me enganou, dizendo ser divorciada, mas, na verdade, continuava casada, o que me levou, involuntariamente, a participar de um triângulo amoroso com a esposa de um grande amigo.

Já disse que não sou moralista; se Bruna e Chicão vivessem uma relação aberta, eu ficaria com ela sem problemas. Também não sou hipócrita: se não conhecesse Chicão, provavelmente eu ficaria com Bruna, mesmo ela sendo casada. Mas ficar com a esposa de um amigo sem ele saber, de jeito nenhum.

Pois bem, descrevi Bruna com detalhes, tentando passar para o leitor meu estranhamento com a história que Chicão me contou. Bruna era inteligente, linda, exótica e bem empregada. Por quê raios ela sumiria, negando o divórcio ao marido depois de o ter traído? Não fazia sentido. Apesar de ter prometido ajudar seu marido, eu questionava a história que ele me contou. Ou seja, estava em uma sinuca de bico: se eu abrisse o jogo com Bruna, atrapalharia os planos de Chicão; por outro lado, meu silêncio poderia me tornar cúmplice de uma possível armação do marido contra a esposa. Entrei em casa pensando no que fazer. Para minha sorte, ela não estava na sala. Passei pelo meu quarto, me despi e fui para o chuveiro. Tomei um banho demorado; quando voltei para o quarto, encontrei Bruna deitada na minha cama, como veio ao mundo.

Com uma cara de safada, ela me fala:

— Desculpe-me por invadir seu quarto, mas eu estou precisando de ajuda.

— Larga de onda, Bruna. Desde quando você precisa de licença para entrar no meu quarto? Você sempre é bem-vinda, ainda mais mostrando seus atributos. Você é uma mulher muito gostosa! Se a ajuda que você precisa for o que eu imagino, considere o problema resolvido.

— Vem, Rodolfo, me come. Estou com muito tesão; já usei o vibrador, mas não resolveu. Vem me fazer gozar.

Não rolou preliminares, ela queria rola. Sentei na cama com as costas apoiadas na cabeceira e ela sentou. Centímetro a centímetro foi entrando, apesar de muito lubrificada, ela sempre foi muito apertada. Quando meu pau foi completamente engolido, ela parou e começou a me beijar. Ficamos um bom tempo parados, trocando beijos, carinhos e afetos verbais, éramos um, meu corpo praticamente tinha se fundido ao dela. Em um determinado momento, ela começou um lento vai e vem; a velocidade aumentou, ela quicava na minha rola enquanto eu mordia com força seus magníficos mamilos. Ela gozou como uma cadela no cio, gemia e me olhava nos olhos. Sinceramente, ela entrou no seleto grupo das mulheres que não comi, que me comeram.

Sem gozar, eu queria continuar. Ela não desengatou, descansou um pouco, mantendo meu pau dentro e, quando sentiu que tinha forças, se virou sem deixar o menino sair, ficou de costas para mim, se apoiou nas minhas pernas e começou a rebolar e dar pequenas quicadas. Minha rola quase não saía, eu imaginei que ia demorar muito para gozar naquela posição, mas ela sabia o que estava fazendo, começou a contrair seu canal vaginal com muita força. Ela me bateu uma punheta com a buceta! Gozei muito forte, com uma intensidade que quase me fez perder os sentidos. Tomei uma legítima surra de buceta!

Como são bons aqueles momentos após o orgasmo. Enquanto o corpo relaxa, a sensação de plenitude, de que tudo é possível, invade cada neurônio. Relaxado e com a autoestima nas alturas, nenhum problema parece relevante; tudo pode ser resolvido. Dominar o mundo? Desenvolver a cura para o câncer? Tudo é possível na cabeça de quem acabou de gozar, até inaugurar o cuzinho de uma linda professora universitária ruiva!

Bruna se aninhou em meus braços, sua respiração ficava mais leve a cada pulsar do coração. Vez ou outra ela suspirava e se aconchegava mais. Ela parecia saciada. Beijou meu queixo, pousou a mão em meu peitoral fazendo carinhos leves. Aos poucos os carinhos circulares começaram a serem deslocados para minha barriga e continuaram a descer. Vagarosamente chegou ao meu falo, vergonhosamente flácido.

Agarrou minha masculinidade inerte e puxou, como se tentasse arrancá-lo. Sem muito ímpeto, reclamei.

Com um sorriso sapeca no rosto, olhou nos meus olhos com seus belíssimos olhos violeta e disse:

— Velho broxa!

Não tive tempo de me indignar com seu comentário. Com um movimento digno de uma ginasta, ela se desvencilhou dos meus braços, girou o corpo e engoliu minha rola murcha inteira, passando a sugar com volúpia.

Tenho dúvidas sobre o que restituiu minha rola a glória: talvez tenha sido o boquete, mas não descarto a arrebatadora visão de Bruna de quatro. Enquanto me sugava, ela me permitia ver suas pernas semiabertas, a vulva inchada coberta por uma penugem vermelha e, principalmente, meu maior objeto de desejo naquele instante: sua bunda redonda e empinada.

Como todo o seu corpo, sua bunda era branca, levemente avermelhada pelos capilares subcutâneos. Sua cor lembrava a do mármore rosado, muito utilizado por escultores nos últimos séculos do Império Romano. Em alguns momentos, quando dormia ou ficava imóvel, a luz enganava o cérebro, transformando Bruna em uma escultura clássica. Essa ilusão se esvaía ao tocá-la; sua pele era quente e acetinada. Como se não bastasse, sua bunda era deliciosamente salpicada de sardas.

Eu tinha que comer aquela raba!

Puxei seu corpo sobre o meu e passei a chupar sua boceta enquanto ela continuava boqueteando.

Abri as bandas de suas nádegas e tive uma maravilhosa surpresa: seu rego e seu cuzinho rosado, quase transparente, eram adornados por inúmeras sardas, o efeito visual era único. Não pensei duas vezes, passei a beijar seu cu com se estivesse beijando sua boca.

Bruna até tentou continuar me chupando, mas não conseguiu, seu prazer destruiu sua capacidade de multitarefas. Continuei estimulando-a com a língua em seu ânus e ampliei os estímulos: passei a dedilhar sua vagina. Quando a penetrei com dois dedos e abandonei seu cuzinho passando a sugar seu clitóris, ela recuou o quadril, sentando-se no meu rosto, e gozou.

Tremia como se convulsionasse, sua garganta produzia um gemido rouco, gutural. Sua umidade escorria por meu rosto e pelos meus dedos, presos dentro dela por sua musculatura vaginal. Seu cu piscava, o que me levou instintivamente a penetrá-lo com a língua, prolongando seu orgasmo.

Ela ainda rebolou algumas vezes em meu rosto e voltou a se deitar sobre mim. Pensei que ela queria curtir as últimas fagulhas do orgasmo que chegava ao seu cérebro antes do inevitável torpor pós-orgástico, mas eu estava errado. Ela, embalada pela luxúria inédita, abocanhou minha pica e voltou a mamar com fome, com muita fome.

Com os dedos molhados pelo seu prazer e livres da sua pressão, penetrei seu cuzinho com o indicador. Com um gemido e uma rebolada que entendi como aceitação, comecei a movimentá-lo, num entra e sai delicado, mas firme. Em pouco tempo, já tinha dois dedos dentro de sua bunda.

O rebolado se tornou mais intenso, senti sua boceta voltar a produzir seu maravilhoso fluido. Quando coloquei o terceiro dedo, ela se arrepiou toda. Mal tinha retomado os movimentos de entra e sai quando ela tirou minha rola da boca, olhou para trás e disse:

— Come minha bunda! Quero sentir você dentro do meu cu. Vai, macho gostoso, me enraba com carinho, pois nunca fiz isso. Toma posse desse cu virgem.

Em minutos, ou melhor, em segundos, Bruna já estava de quatro na cama, com a bunda arrebitada esperando-me besuntar seu cu e minha rola com lubrificante. Voltei a penetrar com um dedo, agora buscando empurrar a maior quantidade de lubrificante para dentro de seu corpo. Lembrei-me da técnica de lubrificação que aprendi em Londres com uma indiana, entusiasta do sexo anal: depois de lubrificar bem o cuzinho, penetrar com muito cuidado a ponta do tubo de lubrificante e apertar lentamente, para que espalhasse por todo o canal retal. Foi o que fiz com Bruna.

Me posicionei para penetração, apesar de sentir seu tesão com a nova experiência, ela espontaneamente usou as mãos para separar as bandas do seu traseiro, percebi temor no seu olhar. Controlei meu ímpeto de meter naquele cuzinho lindo, abaixei minha rola e passei a esfregá-la em seu clitóris. Não demorou muito para o olhar de temor ser substituído pelo mais puro tesão. Ela estava pronta.

Encostei a glande e delicadamente comecei a empurrar. No início, não foi fácil; a lubrificação, que torna o sexo anal mais prazeroso num primeiro momento, atrapalhava. Foram três tentativas em que minha rola escorregou... Na quarta, metade da glande entrou.

Cavalheiro, perguntei se ela estava bem. Confirmou com um gesto de cabeça, eu empurrei até minha glande estar dentro do seu corpo e parei. A sensação quando a glande vence a musculatura e passa pelo anelzinho ė inigualável, como se todas as convenções sociais que tentam limitar o prazer se desfizessem em um ato. Ela foi guerreira, não reclamou da dor que certamente estava sentindo, mas estava tensa seu anel me apertava como um torno. Se não relaxasse a dor seria maior que o prazer.

Passei a acariciar e beijar suas costas e pescoço. Entre um beijo e um arranhão, eu elogiava suas formas. Ela, aos poucos, se acostumou com o volume dentro de seu corpo e relaxou.

Com a delicadeza possível, fui enfiando. Ela rebolava, solta um pequeno “ai” enquanto meu volume de carne invadiu suas entranhas, até que estou todo dentro dela.

Parei e esperei seu corpo se acostumar. Não demorou muito e ela iniciou pequenos movimentos laterais, não chegava a ser uma rebolada, parecia mais uma tentativa de ajustar minha rola em seu reto, algo semelhante ao movimento do pé em um sapato novo, a diferença é que o “sapato” se movia enquanto o “pé” permanecia imóvel.

Quando percebi que a pressão muscular diminuiu, comecei a me movimentar. A princípio, pequenos movimentos; conforme Bruna começou a gemer, eles foram ganhando amplitude.

Ela olhou para trás e, com o rosto transtornado pela luxúria, me disse que estava adorando tomar no cu e pediu para meter com mais força, pois estava quase gozando.

Não titubiei. Com uma mão no seu quadril e outra no ombro, passei a socar forte. Ela gemia de prazer e dor; por um momento, esqueci que era sua primeira vez dando o rabo. Entretanto, ela já tinha chegado ao nirvana do sexo anal, aquele momento em que dor e prazer se confundem, tornando-se um estímulo único para o orgasmo.

Ela gozou. Sua musculatura anal se contraiu com tanta intensidade que interrompeu meus movimentos, meu pau ficou preso em sua bunda. Seu corpo se descontrolou, ela tremia, gritava, sua pele completamente arrepiada como se tivesse tomado um choque. Seu orgasmo foi longo, mas, conforme arrefecia, sua musculatura anal relaxou. Sentindo a pressão diminuir, retomei meus movimentos. Não demorou muito e inundei seu cu com minha ejaculação.

Estávamos exaustos; nossa vontade era dormir abraçados após a maravilhosa foda que tivemos, mas não foi possível. Sexo anal é muito bom, mas exige preparo e cuidados especiais após. Bruna não se preparou antes; tudo aconteceu no calor do momento, quando meu pau saiu de seu cu, veio acompanhando. O cheiro de merda suplantou o do nosso sexo.

Já percebi que o maior incômodo das mulheres no sexo anal não é a dor, mas a vergonha com os inevitáveis acidentes, sabia que tinha que tirar Bruna do quarto o mais rápido possível, enquanto ela ainda estava entorpecida pelo prazer. Fiz uma limpeza básica de seu corpo com o lençol e a levei no colo para sua suíte.

Delicadamente, a coloquei sentada no vaso e fui encher a banheira. Saindo do torpor, Bruna me fala:

— Rodolfo, saia do banheiro! Vou fazer o número dois.

Sai e voltei ao ouvir o chuveiro sendo ligado.

Tomamos um banho minucioso juntos, entre risadas e comentários sobre nossa performance. Depois, fomos para banheira. Abraçados e trocando beijos, quase cochilamos. Quando a água já não estava quente o suficiente, saímos, nos enxugamos e fomos para sua cama. Ela não queria, mas insisti e passei uma pomada cicatrizante no seu maltratado cuzinho.

Deitamos e dormimos de conchinha.

Acordei cedo e tinha muito o que fazer.

Fui ao meu quarto e removi lençóis, edredom e até a capa do colchão. Passei pano no chão, abri as janelas, liguei o ar-condicionado e despejei um tubo de BomAr. Exagero? Nem um pouco. Queria que Bruna guardasse os bons momentos de nossa transa a ponto de querer repetir. Adorei comer sua bunda.

Com a casa limpa, tomei uma ducha e fui para cozinha preparar o café. Bruna continuava dormindo.

Enquanto a água fervia, os problemas que deixei em segundo plano voltaram. Eu pensava em como deveria agir.

Fui interrompido pelo celular.

— Alô, quer falar com quem?

— Bom dia, Rodolfo. Aqui é o Chicão. Tá podendo falar? Te acordei?

— Tô de boa, Chicão. Já tinha levantado e estou passando um café. Tudo bem, contigo?

— Tudo bem. Preciso falar sobre o assunto de ontem. O advogado acha que não é uma boa a Bruna continuar morando aí, pois, se ele te arrolar como testemunha, ela poderá, após o divórcio, ingressar com uma ação de união estável para tentar obter algo de você.

— Puta que pariu, Chicão! Ela mora aqui há pouco tempo, em quarto separado. Acho que seu advogado está viajando.

— Não sei, apesar de ser advogado, eu não entendo nada de direito de família; você sabe que só trabalho com direito tributário. Mas o advogado que consultei é fera; conheço a figura desde a faculdade. O cara é confiável.

— E o que você sugere?

— Diga a ela que você descobriu que ela ainda está casada, que você me contou que ela está aí e que eu estou puto, ameaçando fazer um barraco. Que o melhor é ela ir embora.

— Foda, cara. Ela também é minha amiga; colocá-la na rua é trairagem.

— Cara, a vadia está me colocando os chifres. Não me dá o divórcio; pode te foder e você fica com peninha?

— Tudo bem, vou falar com ela e depois te ligo.

A conversa do Chicão não me convenceu. Eu, que não sou advogado, sei que comprovar união estável não é tão simples. Algo não estava fechando... Não tinha escolha, tinha que falar com Bruna.

Esperei ela acordar, servi o café na cama, tomamos um banho juntos com direito a beijinhos e passadas de mão. O clima entre nós estava ótimo, ela não imaginava a bomba que eu ia detonar.

— Bruna, ontem o Chicão veio falar comigo, dizendo que vocês não estão separados, que ele quer o divórcio, mas você não aceita. Me explica o que está acontecendo, fiquei perdido.

— Aquele filho da puta é muito cara de pau. Eu não quero dar o divórcio? Tudo que eu quero é me livrar daquele assassino. Rodolfo, me desculpe por ter mentido. Realmente, nós não estamos divorciados, mas não sou eu quem não quer. Já entrei com o pedido de divórcio litigioso; ele está fazendo de tudo para dificultar, já pediu até perícia psiquiátrica, alegando que sou louca. Ele quer um divórcio amigável para calar minha boca, para que as pessoas não saibam que ele matou meu filho.

— Como é que é? Matou seu filho? Eu nem sabia que vocês tinham tido filho.

— Não tive. Estava grávida de cinco meses, uma gravidez não programada, mas eu estava feliz, sempre quis ser mãe. Já o Chicão só reclamava, ele nunca gostou da ideia de ter filhos, tentou de tudo para me convencer a abortar. Eu não aceitei e ele fingiu concordar, mas, quando eu estava com cinco meses, tive uma daquelas enxaquecas horríveis, você já viu como eu sofro. Como elas são recorrentes, tínhamos comprado um remédio especial, permitido para grávidas. Chicão foi buscar o remédio e um copo d'água. A dor de cabeça não passou; na época, achei que o remédio era fraco, mas me conformei, não ia tomar um remédio que prejudicasse meu filhinho. Aguentei a dor. Mas não era isso: Chicão trocou o remédio, me serviu um poderoso abortivo americano. No outro dia, perdi o bebê e quase morri. Fiquei revoltada, chorei muito. Fui para casa da minha mãe. Uns dez dias depois, ele pediu para conversar; não queria, mas acabei aceitando. Por prudência, deixei uma câmera gravando. Ele confessou, pediu desculpas e argumentou que filhos nunca fizeram parte de nossos planos, que eu não podia ter decidido sozinha. Fiz um BO e pedi o divórcio; ele começou a me ameaçar, pedi uma ordem de restrição, mas ele, com muitos conhecidos no mundo jurídico e policial, vive desrespeitando. Por conta disso, quando você me convidou para vir para cá, eu me calei. Eu estava com medo.

Enquanto falava, ela me mostrava os documentos no laptop; depois, me mostrou a confissão gravada. Fiquei indignado. Contei tudo que Chicão me falou; foi a vez dela ficar indignada.

Choramos juntos, de tristeza pela criança perdida e de raiva pelas ações do Chicão.

Mais calmos, começamos a pensar em uma estratégia de ação. Entrei em contato com meu advogado, que indicou um escritório especializado em casos de abusos contra mulheres. Bruna ligou para elas e explicou o caso a uma advogada; em uma hora, duas advogadas e três seguranças estavam no meu apartamento.

Elas explicaram o protocolo. As advogadas assumiriam o caso, atacando em três frentes: o divórcio, o abuso e o envenenamento, para provocar o aborto. Enquanto isso, Bruna ficaria em um lugar seguro, protegida 24 horas por seguranças especializados.

Eu não queria ficar longe dela, mas fui convencido que, no momento, era o melhor.

Bruna arrumou suas coisas para ir com as advogadas. Na hora da despedida, choramos como crianças. Eu estava na porta, e ela, junto com os seguranças e advogadas, esperando o elevador. Ela voltou e me falou:

— Depois que perdi meu filho, minha vida virou uma merda. Achei que nunca mais conseguiria ser feliz. Morando com você, descobri que não sou um caso perdido; você me devolveu a alegria, me deu paz e ontem me proporcionou a melhor trepada da minha vida. Eu sempre serei sua amiga, mas só voltarei a morar com você quando tudo isso acabar e se for para dividir sua cama todos os dias. Eu te amo!

Ele me beijou, virou-se e correu para o elevador. Eu fiquei parado no batente, sem ação, digerindo o que ouvi.

Fui despertado pelo meu celular. Era Chicão novamente; a advogada me instruiu como falar com ele, e segui à risca:

— Chicão, a Bruna foi embora. Ela falou para você entrar em contato com seus advogados; estou te passando o contato por WhatsApp. Você recebeu?

— Como assim, advogados?

— Não sei, cara. Acho melhor você ligar.

— Recebi. Puta que pariu, conheço essa firma, só tem vagabundas, elas vão tentar me foder.

— Isso eu não sei; para falar a verdade, quero distância da sua briga com a Bruna, entrei de gaiato nessa história.

— Posso contar contigo para testemunhar a meu favor?

— Nem fodendo. Você não ouviu, não quero saber dessa briga. Vou desligar, pois tenho compromissos. Até mais.

Bloqueei o contato. Ainda não tinha clareza sobre meus sentimentos por Bruna, mas, nessa briga, eu tinha um lado: o dela.

Passei o dia pensando em Bruna; o apartamento parecia vazio sem sua presença. No meio da tarde, o escritório informou que ela já estava em local seguro.

O tempo escorria vagarosamente. Pelo menos uma vez por semana, eu recebia um telefonema da Dra. Cleusa, advogada responsável pela causa. Fiquei sabendo que ela estava estudando alemão para ocupar o tempo e fazendo terapia. Na justiça, as coisas iam bem, mas com a morosidade de praxe. A advogada não arriscava um prazo para Bruna voltar à vida normal.

Eu estava triste. Sentia falta de Bruna, não tinha ânimo para sair. Depois de, mais ou menos, quarenta dias que estava sozinho, resolvi que precisava sair do casulo. Nunca tinha ficado tanto tempo isolado, nem depois do divórcio com Ruth.

Com o arrefecimento da pandemia, comecei a sair com amigos, ia a baladas, até flertava, mas não finalizava. Sentia falta de sexo, mas, da mesma maneira que aconteceu nos Estados Unidos logo depois do divórcio, me contentava com eventuais punhetas, sempre pensando em Bruna.

Não via problemas nisso, até que, em uma ida à balada, eu reencontrei uma mulher que me causou problemas durante meu casamento. Como já disse, eu e Ruth tínhamos regras que nortearam nosso relacionamento aberto. Uma delas era não repetir amantes, para não criar vínculos. Eu sempre respeitei, até conhecer Flávia. Nosso sexo foi fora do normal, na época eu fiquei baqueado, passei três meses transando com ela toda semana. Nossa intimidade cresceu, ela queria mais. Percebendo a cagada que tinha feito, rompi e contei para Ruth. Ela não gostou, mas não reclamou. Não tinha moral, meses antes ela tinha viajado para um congresso com um colega de trabalho, ficaram uma semana juntos. Além de repetir o parceiro ela ficou com um conhecido, desrespeitou duas regras. Mas, como eu, ela contou que tinha feito merda e eu perdoei.

Pois bem, foi Flávia quem eu encontrei na balada. O tempo fez bem a ela; ela estava mais cheia, deliciosa. Fiquei com o pau duro imediatamente, como há muito tempo eu não ficava. Conversamos, rimos bastante e trocamos pequenos toques. Tudo caminhava para uma noite com final feliz.

Em um determinado momento, ela se levantou para ir ao banheiro; eu também me levantei e a beijei. Foi um beijo cheio de paixão, recordando o passado e antecipando o que estava por vir. Quando nos soltamos ela sorriu e foi para o banheiro.

Quando voltou, eu já estava pagando as comandas para irmos embora. Em poucos minutos, estávamos em um quarto de motel nos despindo.

A sequência foi muito louca. Ela deitou na cama, arreganhou as pernas e falou:

— Vem, Rodolfo, come essa boceta, que ela te ama!

Eu travei, lembrei da declaração de amor da Bruna. Meu tesão desapareceu, meu pênis murchou, fiquei sem ereção de forma humilhante!

Pedi desculpas, disse que não estava bem e fomos embora.

Custei para dormir. Pensei muito no que aconteceu; por um lado, eu não tinha certeza sobre meus sentimentos por Bruna, mas, por outro, estava deixando essa incerteza me consumir. Eu precisava ser mais pragmático.

Normalmente sou muito racional; eu sabia que só o tempo esclareceria meus sentimentos. Ruminar o que Bruna me falou não fazia sentido; o melhor era esperar ela resolver seus problemas e, depois, junto com ela, decidir nosso futuro. Nesse meio tempo, eu já teria clareza sobre meus sentimentos.

Alguns dias depois, Débora me telefonou, estava na cidade e queria retribuir o jantar. Não pensei duas vezes, aceitei.

Continua.

PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DA “CASA DOS CONTOS ERÓTICOS" SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.

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Comentários

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Muito bom, Rodolfo é um para-raios para mulheres complicadas, quanto maiores são os contrapontos e contratempos, maior é o magnetismo sexual, talvez seja uma dependência emocional danosa criada pela relação conflituosa com a mulher que ainda assombra seu subconsciente, o espectro emocional Ruth ainda exerce uma força negativa nas escolhas amorosas dele, tenho essa impressão quase nítida no meu entendimento. Parabéns, a cena erótica com a Bruna foi magnética e completamente completa.

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Você foi no ponto. Ruth ainda o assombra, mesmo com a perspectiva de um novo amor ela é um assunto em aberto. Talvez se ela tivesse alegado ter se apaixonado por outro ele já a teria superado, mas ver seu mundo desmoronar por conta de uma "conversão" é absolutamente surreal, ele não consegue processar o que aconteceu. Débora vai ser um personagem importante para Rodolfo entender o que aconteceu, como diz a Id@: tudo que está ruim pode ficar pior...

Obrigado pelo retorno, é útil saber a opinião dos leitores mas, como eu já previa, minha história não tem o apelo que desperta debates. Tá valendo!

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