Quando vi Sabrina caída no chão, sem nenhum movimento no corpo, o desespero bateu, mas eu precisava fazer alguma coisa. Hugo estava a poucos passos dela e não parecia estar bem mentalmente. Ele andava de um lado para o outro, com as mãos na cabeça. Eu tinha certeza de que ele era o responsável por Sabrina estar ali desmaiada. Pelo menos era isso que eu repetia para mim mesma; ela apenas estava desmaiada, eu nem tinha coragem de cogitar outra possibilidade.
Meu medo de ver Hugo daquele jeito era que ele pudesse fazer algo comigo se eu me aproximasse. Ele era um homem agressivo; eu sabia disso pela forma como ele agiu comigo e por tudo que Sabrina tinha me falado dele. Eu precisava fazer algo, e só passou uma coisa pela minha cabeça: eu precisava de ajuda, e rápido.
Comecei a gritar por socorro bem alto, em direção à casa. Com certeza alguém iria ouvir. Quando comecei a gritar, Marina entendeu o que eu estava fazendo e fez o mesmo. Quando voltei a olhar para o chafariz, vi Hugo olhando assustado em nossa direção. Ele estava com os olhos arregalados e de repente em um movimento rápido, ele se virou de costas e saiu correndo na direção oposta. Nessa hora eu corri em direção a Sabrina, já tirando o meu celular do bolso.
Ajoelhei-me perto dela e coloquei meus dedos no pescoço para verificar o pulso. Ela não se movia; realmente estava apagada. Enquanto eu verificava o pulso, fui ligar para pedir ajuda, mas Marina chegou ao meu lado, bateu a mão no meu ombro e eu a olhei: ela estava falando com alguém no celular, já pedindo ajuda. Voltei minha atenção para Sabrina e senti sua pulsação nos meus dedos. Graças a Deus, ela só estava desmaiada. Sabrina estava de barriga para cima e tinha um corte na testa que sangrava um pouco. Eu queria poder fazer algo, mas não era aconselhável mover o corpo dela sem saber exatamente o que tinha acontecido. Eu a chamei algumas vezes, mas ela não respondeu. Marina se aproximou e disse que a ajuda já estava a caminho. Perguntei se ela havia chamado a polícia; ela disse que não, mas iria fazer isso.
Logo ouvi passos de várias pessoas correndo e vozes, mas nem olhei. Fiquei ali ajoelhada ao lado de Sabrina, com lágrimas nos olhos, rezando a Deus para ajudá-la. Não demorou e reconheci a voz do meu sogro, com desespero na voz, perguntando a Marina o que tinha acontecido. Ouvi Marina pedindo calma a ele e dizendo que já tinha pedido ajuda. Ele insistiu em saber o que tinha acontecido. Marina disse que eu e ela tínhamos achado Sabrina caída ali e que Hugo estava com ela, mas fugiu quando nós duas começamos a gritar por socorro. Ouvi os xingamentos e as ameaças que meu sogro dirigiu a Hugo.
Logo senti alguém tocar meu ombro: era meu sogro ajoelhando-se ao meu lado. Disse-lhe que a pulsação dela estava forte e que ela ficaria bem. Ele confirmou com um aceno de cabeça e naquele momento vi que seus olhos estavam marejados. Ele não falou nada, apenas passou o braço ao redor dos meus ombros e ficou ali ao meu lado. O toque do seu abraço me deu uma sensação de segurança e me fez acreditar que tudo ficaria bem.
Naquele momento já ouviam-se várias vozes ao redor, mas a que mais prestava atenção era a de Marina, que pedia calma a todos que chegavam e viam a cena. Também ouvi a voz de Henrique, preocupado com o que estava acontecendo. Então ouvi as sirenes ao longe; graças a Deus a ajuda estava chegando. Contudo, meu alívio se transformou em raiva quando ouvi a voz da minha sogra. Ela chegou meio desesperada perguntando o que tinha acontecido com Sabrina. Levantei-me e a vi se aproximando de nós. A raiva tomou conta de mim e fui em direção a ela com toda minha raiva entalada na garganta.
Fernanda — AGORA VOCÊ ESTÁ PREOCUPADA COM SUA FILHA, SUA DESGRAÇADA!? ISSO É TUDO CULPA SUA E VOCÊ NÃO VAI ENCOSTAR UM DEDO NELA, SUA MALDITA!
Minha sogra se assustou, os olhos arregalados. Meu sogro se aproximou e perguntou o que estava acontecendo. Eu estava fora de mim; minha vontade era partir a cara daquela mulher ao meio.
Solange — Mas, mas, eu.. eu não sabia..
Fernanda — MENTIROSA! VOCÊ SABIA QUE ELE ERA AGRESSIVO, QUE ELE ME AGREDIU, QUE SABRINA NÃO QUERIA NADA COM ELE, MAS MESMO ASSIM VOCÊ A ENGANOU E A TROUXE PARA AS MÃOS DELE. ESTÁ AQUI O RESULTADO: SUA EGOÍSTA DOS INFERNOS! SAI DAQUI AGORA ANTES QUE EU PERCA A PACIÊNCIA DE UMA VEZ.
Solange — Eu não vou sair..
Marina — Ah, você vai sim. Você e esse monte de cobras que te cerca. Você está na minha casa e aqui mando eu. Vai sair daqui agora, nem que eu tenha que te tirar à força. Vai sair e nunca mais vai pôr os pés aqui.
Sérgio — Vai embora, Solange, e pode esperar em casa; vamos ter uma boa conversa assim que eu chegar. Agora sai daqui, você já causou problemas suficientes por hoje. Já chega!!!
Minha sogra foi falar mais alguma coisa, mas foi impedida pela mãe do Hugo, que saiu puxando-a pelo braço. Ainda bem que ela se foi; na raiva que eu estava, eu não hesitaria em dar uns tapas nela.
Marina chegou perto de mim e pediu para eu me acalmar. Respirei fundo e à agradeci; meu sogro segurou minha mão e foi me puxar para perto de Sabrina novamente, mas, antes de virar, vi os paramédicos surgirem entre as pessoas que abriam caminho para eles passarem, apontando o dedo para onde Sabrina estava. Eles se aproximaram e eu respondi todas as perguntas que eles fizeram enquanto examinavam Sabrina. Logo um deles pediu uma maca pelo rádio e disse para eu ficar tranquila: ela ficaria bem.
Depois disso foi uma correria: Sabrina foi colocada na maca e imobilizada. O paramédico disse que ela sofreu uma pancada na cabeça e que o pulso estava inchado, provavelmente com fratura. Ele disse que aplicou um sedativo leve, um analgésico e fez um curativo no corte. Que ela iria ser levada para o hospital para fazer exames e ver a gravidade real dos ferimentos. Eu a acompanhei até colocarem-na na ambulância e pedi para ir com ela. Meu sogro disse que eu podia ir, e ele iria de carro logo atrás. Quando entrei na ambulância, vi Marina e Henrique conversando com alguns policiais.
Durante o percurso, notei que suas pupilas se moviam; avisei o paramédico, que disse que provavelmente ela estaria para acordar, mas isso não seria bom; ela poderia se assustar e fazer movimentos bruscos, isso não seria nada bom no momento. Ele disse que iria administrar uma dose de sedativo mais forte. Fiquei ao lado dela; logo vi seus olhos abrirem devagar, pareciam confusos. Disse-lhe que estava tudo bem, mas nem tenho certeza se ela me ouviu. O paramédico aplicou o sedativo e seus olhos fecharam novamente.
Chegando ao hospital, ela foi levada para fazer exames, e fiquei na sala de espera com meu sogro. Logo Henrique chegou e se juntou a nós. Ele disse que Marina contou tudo à polícia e que provavelmente eles iriam me procurar. Eu disse que não havia problema e agradeci. Meu sogro levantou e disse que precisava fazer algumas ligações. Henrique ficou ali comigo; dava para ver a tristeza no olhar dele.
Fernanda — Desculpa ter gritado com sua mãe dentro da sua casa, mas eu estava com muita raiva.
Henrique — Você não precisa pedir desculpas. Marina me contou tudo o que aconteceu. Minha mãe mereceu. Na verdade, eu tenho que agradecer por você ter agido rápido e salvado minha irmã de algo pior. Ela tem muita sorte de ter alguém como você ao lado dela.
Fernanda — Igual você tem sorte de ter uma esposa como a Marina; ela é uma mulher incrível!
Henrique — Eu sei, por isso casei com ela. 🤭
Ele acabou me arrancando um sorriso, mesmo naquele momento tenso, e nossa conversa deixou o clima um pouco mais leve. Meu sogro voltou e se sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por um bom tempo; apesar de o paramédico ter me tranquilizado durante o caminho, eu estava muito tensa e não pude deixar de me preocupar com Sabrina.
Depois de quase uma hora, um médico surgiu e se dirigiu a nós. Disse que poderíamos ficar tranquilos: nada de grave tinha acontecido. Além do corte na cabeça, Sabrina teve uma luxação no pulso e um osso trincado na mão. O pulso já estava engessado, o corte devidamente cuidado. Ela havia passado por alguns exames, mas os resultados levariam algum tempo. A pancada na cabeça provavelmente não causou problemas mais graves; o inchaço ao redor do corte era pequeno, o que era um bom sinal. Os exames iriam esclarecer melhor assim que ficassem prontos. Ele disse que, em breve, ela iria para o quarto e precisaria passar a noite no hospital, mas, se os exames não mostrassem nada de diferente do esperado, seria liberada no dia seguinte.
Perguntei se poderíamos vê-la; o médico disse que sim, mas ela estaria sedada e provavelmente só acordaria no dia seguinte. Disse que, mesmo assim, eu queria ficar ao lado dela e, se possível, passar a noite ali com ela. O médico disse que assim que ela fosse para o quarto, enviaria uma enfermeira para avisar e informar o quarto em que ficaria. Agradecemos ao médico, e quando nos sentamos, percebi que eu pedi para ficar com ela, mas o pai e o irmão dela também estavam ali.
Fernanda — Me desculpem; eu me ofereci para ficar com ela, mas, se algum de vocês quiser passar a noite aqui com ela, eu vou entender.
Henrique — Sem problemas, cunhada. Vou para casa agora; a Marina e meus filhos devem estar preocupados. Vou ficar com eles agora e levar as boas notícias.
Sérgio — Eu realmente iria ficar com ela, mas acho que ela vai ficar mais feliz se acordar e ver você ao lado dela. Eu só queria vê-la primeiro; quero ver com meus próprios olhos que ela está bem. Depois volto e você pode ficar com ela até amanhã.
Concordei que ele pudesse vê-la primeiro e agradeci aos dois por deixarem eu ficar com ela. Estava muito feliz, apesar de tudo: Sabrina estava bem, e ter o apoio deles ao meu lado era importante.
Logo que Henrique foi embora a enfermeira veio avisar que Sabrina estava no quarto. Meu sogro foi vê-la, mas não demorou muito e voltou. Disse que ela estava dormindo como um anjo, e eu puderia ir ficar ao lado dela. Agradeci e nos despedimos, trocando números de telefone para comunicação, se fosse necessário. Meu sogro foi embora, e eu fui ver meu amor.
Ela estava realmente parecendo um anjo dormindo naquela cama, mas ver o curativo na testa e o braço engessado me trazia uma tristeza enorme. Fiquei sentada em uma cadeira ao lado da cama; mil pensamentos passavam pela minha cabeça: Sabrina poderia ficar com mágoa enorme da mãe, e indiretamente eu me sentia culpada por isso. Esses pensamentos me deixavam triste, mas algumas coisas não têm como a gente controlar.
Fui interrompida pelo toque de um celular; era o celular da Sabrina, que eu guardei comigo quando ela foi colocada na maca. Eu até tinha me esquecido dele. Olhei a tela: Diego ligando. Esqueci completamente da boate. Resolvi atender e já disse que era eu, antes dele falar algo.
Ele perguntou se Sabrina estava comigo e eu disse que sim, mas que ela não poderia atender. Já fui explicando para Diego tudo que tinha acontecido e onde estávamos no momento.
Quando acabei de contar tudo, Diego comentou que abriu a boate porque achou que Sabrina só estava atrasada; como ela às vezes se atrasa e não responde às mensagens dele, ele resolveu abrir para ir adiantando tudo. Ele disse que eles combinaram que ele abrisse em dias em que ela se atrasasse por algum motivo, e assim ele fez. Porém, a boate estava completamente lotada e ele não sabia o que fazer, já que é Sabrina que resolve alguns problemas.
Perguntei a ele se a situação era grave. Ele disse que sim, que Sabrina resolve as situações mais complicadas e mantém o pessoal da segurança na linha quando acontece alguma confusão. Sem ela lá, ele temia que surgisse uma confusão maior; alguns seguranças são meio violentos se não houver alguém para mantê-los na linha. Perguntei se ele não poderia fazer isso, e ele disse que não podia sair do bar, ou a confusão seria lá.
A boate era o sonho da Sabrina. Pensei em como poderia ajudar e tive uma ideia. Falei para Diego esperar um momento, que eu iria desligar e já mandava uma mensagem para ele. Desliguei e mandei uma mensagem no grupo da boate como se fosse a Sabrina e uma para Diego pedindo para ele não contar para ninguém que ela estava no hospital. Que logo eu estaria lá para ajudar. Ele disse que não estava entendendo. Eu falei para ele ver as mensagens no grupo da boate, que ele iria entender. Não demorou e ele mandou mensagem dizendo que tinha entendido, respondi para ele pedindo ajuda e ele disse que eu podia contar com ele. Depois liguei para meu sogro, expliquei a situação e pedi ajuda. Ele disse que eu podia contar com ele e estava indo para o hospital.
Eu não podia deixar que algo acontecesse com a boate; já bastavam os problemas daquele dia. Não iria deixar mais um acontecer enquanto meu amor dormia.
Continua...
Criação:Forrest_gump
Revisão: Whisper