Nos dias que se seguiram, Pietro mergulhou ainda mais fundo no papel que parecia lhe caber de forma natural. O sucesso de sua empresa fazia com que gastar não fosse problema algum; perfumes franceses, roupas de grife, joias discretas e até um celular novo apareceram nas mãos de Ana sem que ela precisasse repetir duas vezes o que queria. Para ele, satisfazer seus desejos era quase um reflexo, e esses gastos não afetavam em nada sua riqueza.
Ana, por sua vez, descobria novas formas de explorar cada detalhe daquela devoção. Transformava o apartamento de Pietro em seu território particular, e ele em seu objeto de prazer.
Logo ao acordar, ela esticava os pés sob as cobertas e ordenava:
— Quero massagem. E só depois o café.
Ele obedecia, sempre ajoelhado ao lado da cama, beijando e massageando seus pés antes de se levantar para preparar o café da manhã. Quando voltava, era obrigado a servir a bandeja a seus pés, para só depois ser autorizado a entregá-la às mãos dela.
Durante o dia, Ana encontrava utilidades para ele que iam além da adoração dos pés. Às vezes, mandava que ele ficasse no chão, imóvel, servindo-lhe de tapete. Outras, o fazia ajoelhar-se junto ao sofá para que servisse de apoio para suas pernas enquanto ela assistia a um filme. Pietro, imóvel, sentia o peso dela como um privilégio.
Na suíte, Ana descobriu a banheira. Não demorou para que ordenasse:
— Vai encher de água, do jeito que eu gosto. E depois vai me dar banho.
Ele preparava tudo com cuidado, e então, quando ela se deitava entre as espumas, Pietro se ajoelhava à beira da banheira, deslizando as mãos e a boca pelos pés dela, limpando cada centímetro com a língua, enquanto Ana fechava os olhos e relaxava, como se fosse sua deusa particular.
À noite, ela variava os jogos: às vezes deitava-se na cama e o usava como descanso vivo, apoiando os pés no rosto ou no peito dele; em outras, exigia beijos demorados em suas pernas e pés até que ele perdesse completamente a noção do tempo.
Aos poucos, a linha entre o ritual e o sexo começou a se apagar. Ana percebia como Pietro se excitava com cada ordem, cada toque dos pés dela, e começou a explorar isso deliberadamente. Fazia-o beijar suas coxas, massagear suas panturrilhas e depois voltar aos pés, sempre controlando a intensidade, sempre reforçando quem estava no comando. Passou a exigir que ele se ajoelhasse pra ela urinar em sua boca, e limpar sua buceta com a lingua depois. Fazia Pietro lamber o chão que ela pisava e sempre limpar seus chinelos com a lingua.
— Você não passa de um escravo, Pietro. — sussurrava, segurando-o pelo cabelo enquanto ele se prostrava diante dela. — E eu adoro ver você feliz por ser isso.
Ele, quase em transe, só conseguia confirmar:
— Sou seu. Só seu.
E Ana sorria, satisfeita, sentindo-se cada vez mais poderosa. O dinheiro, o corpo, o tempo e a devoção dele estavam todos em suas mãos — ou melhor, aos seus pés.