✧ A Cena do Pássaro ✧
O corredor da Hollywood Arts vibrava com a cacofonia familiar de um novo semestre. Risadas, trechos de canções e o som de sapatos de dança ecoavam pelas paredes coloridas. Tori Vega, com os olhos brilhando de expectativa, abria caminho pela multidão ao lado de sua irmã, Trina. O destino delas era o quadro de avisos principal, onde a lista de peças do semestre finalmente fora afixada.
"Aí está!", exclamou André Harris, interceptando-as com um sorriso largo. "Eu estava te procurando, Tori. Vi a lista. A Magia do Luar."
O coração de Tori deu um salto. Era a peça que ela e André haviam começado a escrever juntos, uma fantasia romântica delicada que ela amava mais do que qualquer outro projeto.
"Eles vão mesmo produzi-la?", ela perguntou, a voz um sopro de esperança.
"Vão, e você tem que fazer o teste para o papel principal, Elara", disse André, seu entusiasmo contagiante. "A personagem é você. Você a escreveu."
"Eu?"
A ideia a eletrizou. Era a chance de brilhar, de verdade.
Ao lado deles, Trina bufou, o som arranhado pela indignação.
"Com licença? Alguém aqui se esqueceu da atriz mais experiente e talentosa desta instituição?", ela disse, apontando para si mesma com um gesto dramático. "Elara é um papel que exige nuances, profundidade. Exige... a mim."
Tori revirou os olhos, mas o comentário de Trina mal registrou. Sua mente já estava dançando com as falas, com a possibilidade de viver no palco a história que ela ajudara a criar. Sua excitação era uma bolha frágil, e ela sabia exatamente quem poderia fazê-la transbordar ou estourar. Do outro lado do corredor, ele estava encostado em seu armário, conversando com Jade. Beck. Seus olhos se encontraram por cima do ombro de Jade por um segundo fugaz. Foi o suficiente. Um sorriso mínimo, quase imperceptível, curvou os lábios dele. Um arrepio percorreu a espinha de Tori. Era o sinal deles. A promessa silenciosa de um momento roubado, mais tarde.
A bolha de felicidade de Tori estourou na aula de Sikowitz. O excêntrico professor de atuação, com sua caneca de leite de coco na mão, comandava a sala com uma energia caótica. Durante uma cena de improviso, ele arremessou uma bola de borracha com força, acertando o rosto de Cat Valentine em cheio.
"Ai!", Cat gritou, os olhos grandes se enchendo de lágrimas. "Sikowitz, isso doeu de verdade!"
"Besteira!", bradou o professor. "Um ator de verdade transforma a dor! Um ator de verdade usa a distração! Se um meteoro atingisse o palco durante o seu monólogo, você deveria usá-lo para alimentar sua performance!"
O sinal tocou, libertando a turma para o almoço. Enquanto Tori juntava suas coisas, outra bola de borracha passou zunindo por sua orelha.
"Vega! Fique. Quero ter uma palavrinha com você."
Tori se aproximou da mesa de Sikowitz, o coração martelando.
"Sim?"
Sikowitz tomou um gole de seu leite de coco, o olhar perspicaz por trás dos óculos desalinhados.
"Ouvi dizer que você pretende fazer o teste para A Magia do Luar."
"Sim, para o papel de Elara", confirmou Tori, tentando manter a voz firme.
"Não, você não vai", ele disse, categoricamente.
O chão pareceu sumir sob os pés de Tori.
"O quê? Por quê?"
"Porque você ainda não passou na Cena do Pássaro", disse ele, como se explicasse a coisa mais óbvia do mundo. "É um pré-requisito. Todo aluno da Hollywood Arts deve passar pela Cena do Pássaro antes de poder participar de qualquer produção da escola. É um rito de passagem."
"A Cena do Pássaro?", Tori repetiu, confusa. "O que é isso?"
Sikowitz sorriu enigmaticamente.
"Você descobrirá. Esteja aqui depois da aula. E prepare-se para atuar."
A Cena do Pássaro era um monólogo de quatro linhas. Apenas quatro linhas sobre um pássaro. E estava destruindo a vida de Tori.
"Tudo bem", disse ela, pela enésima vez naquela semana, de pé no palco improvisado da sala de Sikowitz. "Estou pronta."
Ela respirou fundo, tentando canalizar a emoção crua que o professor parecia exigir.
"Era uma vez um passarinho. Ele queria voar, mas não podia. Então, ele chorou. Fim."
Ela olhou para Sikowitz, o peito arfando. Ela sentiu que tinha sido bom. Ela tinha colocado dor, anseio, tragédia naquelas palavras simples.
Sikowitz coçou a barba por fazer.
"Fantástico, Tori. Simplesmente fantástico. A inflexão, o controle da respiração... primoroso."
Um sorriso de alívio se espalhou pelo rosto de Tori.
"Então... eu fiz certinho?"
"Não", disse Sikowitz, virando uma página de seu livro. "Tente de novo amanhã."
A frustração era um nó apertado em seu estômago. Ninguém podia ajudá-la. Era uma regra de honra na Hollywood Arts; o segredo da Cena do Pássaro era sagrado. André, Cat, Robbie, até mesmo Beck — todos eles deram desculpas vagas, olhares de pena e a mesma resposta: "Você tem que descobrir por si mesma."
A pressão estava se acumulando em todas as áreas de sua vida. Havia a peça, um sonho que parecia escorrer por entre seus dedos. E havia Beck. A necessidade dele era uma dor constante, um fogo baixo que a consumia dia e noite. O segredo deles era ao mesmo tempo seu santuário e sua prisão. Cada olhar roubado era um risco. Cada toque breve e clandestino, uma faísca perigosa. Jade estava sempre lá, uma sombra possessiva ao lado dele, seus olhos de predador nunca perdendo um detalhe. A tensão era quase insuportável.
Desesperada, Tori recorreu a medidas drásticas. Ela encurralou Cat no corredor, oferecendo uma caixa de seus doces picantes favoritos.
"Só me diga o segredo, Cat. Uma pequena dica."
Cat olhou para os doces, a lealdade e o desejo lutando em seu rosto inocente.
"Eu não posso, Tori. Eu jurei!"
O plano B de Tori foi ainda mais audacioso. Ela algemou a mão de Cat a uma grade perto dos bebedouros.
"Você fica aqui sem água até me contar", disse Tori, com uma severidade que ela mesma mal reconhecia.
Cat apenas começou a chorar, o que fez Tori se sentir um monstro e a soltou imediatamente, cheia de remorso.
Sua próxima vítima foi Robbie. Ela o encontrou no refeitório, conversando com seu boneco, Rex. Tori usou seu melhor arsenal de sedução. Ela se inclinou, tocando seu braço levemente.
"Robbie... você é tão inteligente. Tão perceptivo. Eu aposto que você entendeu a Cena do Pássaro na primeira tentativa."
Robbie corou violentamente.
"Bem, eu..."
"Qualquer coisinha que você possa me dizer...", ela sussurrou, aproximando o rosto do dele.
Ele gaguejou, os olhos arregalados de pânico e desejo. De repente, ele se levantou abruptamente.
"Rex precisa ir ao banheiro!", ele anunciou, e fugiu, arrastando o boneco inerte com ele.
A humilhação ardeu no rosto de Tori. Ela estava se rebaixando, comprometendo a si mesma, e tudo por causa de um monólogo estúpido sobre um pássaro.
Enquanto isso, uma subtrama cômica se desenrolava nos cantos menos glamorosos da escola. André e Robbie, em uma busca equivocada por companhia feminina, haviam se matriculado em uma aula de balé. A lógica deles era simples: aulas de dança teriam muitas garotas e poucos caras. A realidade, no entanto, foi uma decepção esmagadora. A turma estava lotada de garotos que tiveram exatamente a mesma ideia.
"Cara, isso é um desastre", resmungou André, tentando sem sucesso colocar seu pé na barra. "Minhas virilhas estão me processando por abuso."
"E nós não podemos desistir", lamentou Robbie. "Se desistirmos, seremos reprovados. Vou ter uma reprovação em balé no meu histórico permanente."
Então, um milagre aconteceu. Uma garota, linda e graciosa, entrou na sala. Instantaneamente, ela foi cercada por todos os outros garotos, um enxame de testosterona em malhas apertadas. Determinados a se destacar, André e Robbie tentaram um movimento de balé espetacular que viram em um vídeo. Um grand jeté combinado. O resultado foi uma colisão no ar, um emaranhado de membros e um duplo, e muito doloroso, golpe na virilha um do outro. Eles passaram o resto da aula sentados no chão, com bolsas de gelo pressionadas entre as pernas, a dignidade em frangalhos.
A outra distração da semana de Tori foi a tradição obrigatória de decorar seu armário.
"Você tem que fazer isso", disse Beck, o tom divertido, mas firme.
Eles haviam conseguido um raro momento a sós perto da máquina de venda automática. A proximidade dele era torturante. O cheiro de seu sabonete, a maneira como seu cabelo caía sobre a testa.
"É uma tradição. Mostra quem você é", acrescentou André, juntando-se a eles.
Tori olhou para o pedaço de metal sem graça que lhe fora designado.
"Mas eu não sei quem eu sou ainda neste lugar."
"Besteira", disse Beck, e seu dedo roçou o dela enquanto ele lhe entregava um refrigerante.
A eletricidade daquele toque quase a fez derrubar a lata.
"Você é a garota que cantou 'Make It Shine' e deixou todo mundo de queixo caído."
Robbie mostrou a ela seu próprio armário, um mosaico bizarro feito com bicos de mamadeira de sua infância.
"Representa meus momentos mais felizes", ele explicou, com uma seriedade assustadora.
André tinha um teclado funcional embutido no dele. E o de Beck era transparente.
"Sem segredos", disse ele, piscando para ela.
A ironia era tão densa que Tori quase engasgou. Sem segredos. Ali estava ele, o epicentro do maior segredo de sua vida, com um armário que proclamava transparência.
Para sua primeira tentativa, Tori instalou um quadro branco, escrevendo simplesmente "Armário da Tori". No dia seguinte, a palavra "Idiota" havia sido rabiscada no meio com um marcador permanente vermelho. A caligrafia era inconfundível. Jade. A marcação de território era clara, um aviso.
Tori apagou a ofensa, o estômago revirado de raiva e medo. Ela não podia confrontar Jade. Não podia fazer nada que chamasse atenção para a conexão entre ela e Beck. Então, ela cobriu o quadro branco com uma faixa rosa, uma cor que ela nem gostava, um símbolo de sua própria indecisão e impotência.
Mais tarde, o esquisito Sinjin mostrou a ela seu armário com orgulho. A superfície estava coberta por uma camada nojenta de comida mastigada e endurecida.
"Eu mastigo, mas não engulo", ele explicou.
Tori sentiu o almoço subir pela garganta e se afastou rapidamente.
Tudo parecia estar desmoronando. A peça, o armário, sua sanidade. Aquela noite, ela chegou em casa exausta e derrotada. Trina estava praticando árias de ópera no andar de cima, soando como um gato sendo estrangulado. Tori se trancou em seu quarto, a escuridão um alívio bem-vindo.
Ela se deitou na cama, o silêncio preenchido apenas pelo som de seu próprio coração acelerado. E então, a lembrança veio. Não era uma lembrança gentil. Era febril, crua, avassaladora. Aconteceu na semana anterior, depois de uma festa na casa de um colega. A música era alta, as pessoas estavam por toda parte. Jade tinha bebido demais e começado uma briga com alguém por um motivo trivial. Beck, cansado do drama, a levou para casa mais cedo. Mas ele voltou.
Ele encontrou Tori no quintal, sentada sozinha perto da piscina, observando os reflexos na água. Ele não disse nada, apenas se sentou ao lado dela. A energia entre eles crepitava no ar noturno.
"Você está bem?", ela perguntou.
"Estou cansado", ele respondeu, e havia um mundo de exaustão naquela única palavra.
Então ele se inclinou e a beijou. Não foi um beijo gentil. Foi desesperado, faminto. Foi a liberação de meses de tensão contida, de olhares roubados e desejos não ditos. Tori respondeu com a mesma intensidade, seus dedos se enroscando no cabelo dele, puxando-o para mais perto. Eles acabaram no quarto de hóspedes vago, as roupas se tornando obstáculos a serem descartados com urgência.
Cada toque era uma redescoberta, cada beijo, uma afirmação.
Ele explorou seu corpo com uma urgência que a deixou sem fôlego, e ela o recebeu, abrindo-se para ele de uma forma que nunca havia feito com mais ninguém. Era imprudente, era errado, era proibido. E era a coisa mais real que ela já sentira.
Agora, sozinha em seu quarto, o corpo de Tori queimava com a memória. A frustração do dia — com Sikowitz, com Jade, com sua própria impotência — se misturou com a saudade visceral que sentia dele. Era uma combinação potente, uma necessidade que exigia liberação.
Ela fechou os olhos, a imagem de Beck se formando em sua mente. O jeito que ele sorria, a intensidade em seus olhos quando a olhava. Sua mão deslizou para baixo, por cima de sua barriga, até a barra de seu pijama. Hesitante no início, depois mais firme. O calor se acumulou em seu baixo-ventre, um pulsar pesado e delicioso. Ela lembrou do peso dele sobre ela, do ritmo deles se movendo juntos.
Seus dedos encontraram sua bocetinha, já úmida de desejo. Ela lambeu os próprios dedos, o gosto de si mesma em sua língua a excitando ainda mais, e os pressionou contra seu clitóris. Um gemido baixo escapou de seus lábios. Ela se moveu em um ritmo lento e torturante, recriando a sensação dele dentro dela. Primeiro um dedo, depois dois, preenchendo o vazio que ele deixara. Sua outra mão foi para seus seios, apertando-os através do tecido fino de sua camiseta. Ela beliscou os mamilos, que endureceram instantaneamente, e se inclinou para lamber um, a sensação áspera de sua língua em sua pele sensível enviando ondas de prazer por todo o seu corpo.
A imagem de Beck em sua mente tornou-se mais nítida. Seus lábios em seu pescoço, suas mãos em seus quadris, sua voz rouca sussurrando seu nome. O ritmo de seus dedos aumentou, mais rápido, mais forte. Ela estava perto, tão perto. O prazer se construiu, uma onda poderosa subindo de seu âmago, apertando cada músculo. Ela arqueou as costas, o corpo tenso, e então a onda quebrou. Um grito silencioso rasgou sua garganta enquanto o orgasmo a tomava, uma explosão ofuscante de êxtase que a deixou trêmula e ofegante.
Quando as ondas de prazer diminuíram, ela ficou deitada no escuro, o suor esfriando em sua pele. A liberação física apenas acentuou a dor emocional. A satisfação momentânea deu lugar a uma pergunta lancinante que ecoava no silêncio de seu quarto: Quando? Quando eles iriam se pegar de novo?
E o que aconteceria com eles quando o mundo inevitavelmente descobrisse seu segredo?
No dia seguinte, Tori entrou na sala de Sikowitz sentindo-se esgotada, mas estranhamente focada. A noite de frustração e liberação a havia esvaziado, deixando para trás uma calma resoluta. Ela não tinha mais nada a perder.
"Sikowitz", disse ela, a voz clara e firme. "Estou pronta para tentar a Cena do Pássaro. Uma última vez."
Ele a observou por cima da caneca de coco, um brilho de interesse em seus olhos. A turma inteira ficou em silêncio, observando.
Tori subiu ao palco. Ela não tentou canalizar nenhuma emoção. Ela não tentou "atuar". Ela apenas se permitiu sentir. A raiva de Jade, a frustração com o monólogo, a confusão de seu amor por Beck, a solidão de seu segredo. Tudo isso se fundiu dentro dela.
Ela olhou para a plateia imaginária, mas não viu rostos. Ela viu a si mesma.
"Era uma vez um passarinho", ela começou, a voz baixa, quase um sussurro.
A sala inteira se inclinou para ouvir.
"Ele queria voar..."
Sua voz tremeu, não por artifício, mas por uma vulnerabilidade genuína. Ela pensou em si mesma, querendo voar naquele palco, querendo amar Beck livremente.
"...mas não podia."
Uma única lágrima escorreu por sua bochecha. Não foi forçada. Foi real. A dor de estar presa, de querer algo inatingível.
"Então, ele chorou."
Ela não soluçou. Ela não exagerou. Ela simplesmente deixou a dor pairar no ar, crua e exposta.
"Fim."
O silêncio que se seguiu foi profundo, pesado. Tori ficou ali, esvaziada, sem se importar se havia feito a cena corretamente ou não. Ela tinha dito a sua verdade. Isso era tudo o que importava.
De repente, a voz de Sikowitz quebrou o silêncio.
"Você não vai me perguntar se fez certo?", ele indagou, sua curiosidade evidente em seus olhos.
"Não", Tori respondeu sorrindo. "Eu estou orgulhosa de mim mesma e, com todo respeito, não ligo para o que você ou os outros pensam."
"Bravo, minha aluna, bravo", parabenizou o professor, aproximando-se do palco. "Você passou na Cena do Pássaro."
A turma irrompeu em aplausou, com André, Cat e Robbie liderando a ovação. Alguns tinham lágrimas nos olhos enquanto aplaudiam. Tori olhou para eles, atordoada.
Quando os aplausos finalmente cessaram, ela se virou para Sikowitz, fitando-o.
"Como assim?", ela perguntou, confusa.
"O segredo da Cena do Pássaro não está na performance em si", explicou o professor, seus olhos brilhando com sabedoria. "Está na atitude que você tem depois. A verdadeira lição é sobre confiar em suas próprias escolhas como artista. Você falhava antes porque sempre me perguntava se estava certa, buscando minha aprovação em vez de confiar em si mesma. Hoje, você mudou isso. Não perguntou se estava certa, simplesmente fez. E foi exatamente isso que a tornou perfeita."
A revelação a atingiu como uma onda. Acreditar em suas próprias escolhas. Confiar em sua própria verdade. Era sobre a cena, mas era sobre muito mais. Era sobre sua vida. Era sobre Beck.
Sentindo-se leve, como se um peso enorme tivesse sido tirado de seus ombros, Tori participou de um exercício de improviso com o resto da turma, sua performance cheia de uma nova confiança e alegria. Ela podia fazer o teste para A Magia do Luar. Ela podia voar.
Mais tarde naquele dia, com a mente clara e o espírito renovado, Tori finalmente soube o que fazer com seu armário. Ela trabalhou nele por horas, ignorando os olhares curiosos e os comentários de Trina sobre como ela estava perdendo um tempo precioso que poderia ser usado para "apoiar a carreira de sua irmã mais talentosa".
Quando terminou, ela se afastou para admirar seu trabalho. O interior do armário era um diorama detalhado de uma paisagem urbana noturna, com pequenos prédios e luzes cintilantes. E no centro, em letras de néon brilhantes, estavam as palavras que começaram tudo: "MAKE IT SHINE".
"Uau, Tori!", disse Cat, os olhos arregalados.
"Isso é incrível", concordou André.
"Representa a música que me trouxe para a Hollywood Arts", explicou Tori, um sorriso orgulhoso em seu rosto. "É um lembrete de onde eu vim e por que estou aqui."
Ela apertou um botão escondido e todo o interior do armário se iluminou, as luzes de néon pulsando suavemente.
A multidão ao redor murmurou em aprovação. Todos, exceto Jade, que passou por ali, lançou um olhar de desdém e zombou: "Que brega."
Tori não se importou. A opinião de Jade não importava mais. A validação de Sikowitz não importava mais. Ela sabia o que tinha feito, e era bom.
Naquela noite, ela estava guardando seus livros quando Beck se aproximou. O corredor estava quase vazio.
"Eu vi o armário", disse ele, a voz baixa e quente. "Ficou perfeito. É você."
"Obrigada", disse ela, o coração batendo um pouco mais rápido. "Eu passei na Cena do Pássaro."
"Eu sei. Eu ouvi. Você foi incrível."
Ele deu um passo mais perto, o espaço entre eles diminuindo até se tornar quase inexistente.
"Eu sempre soube que você conseguiria."
O olhar dele era intenso, cheio de tudo o que eles não podiam dizer em voz alta. A saudade, o desejo, o perigo. A lição de Sikowitz ecoou em sua mente. Acreditar em suas próprias escolhas. Confiar em sua própria verdade.
Ela amava Beck. Essa era a sua verdade. Era complicado, era proibido, e poderia acabar destruindo a ambos. Mas era real.
"Beck...", ela começou, sem saber o que dizer a seguir.
Ele levantou a mão, seu polegar roçando suavemente sua bochecha. O toque era fogo, promessa e agonia.
"Eu sei", ele sussurrou.
Ele não a beijou. Não ali. O risco era grande demais. Mas seu olhar dizia tudo. A melodia secreta deles continuaria a tocar, nas sombras, nos momentos roubados, nos silêncios carregados de significado. Por enquanto, isso teria que ser o suficiente. Tori fechou os olhos, saboreando o momento, a nova força pulsando dentro dela. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas, pela primeira vez, sentiu que poderia enfrentá-lo. Ela faria suas próprias escolhas. E as faria brilhar.