Acordei com a boca seca, o gosto amargo da noite ainda grudado na língua. A luz da manhã atravessava as cortinas com violência, cortando o quarto em faixas. Sentei na cama, o corpo lento, e caminhei até o corredor. A porta do banheiro estava fechada. Girei a maçaneta — trancada.
Bati de leve.
— Miguel?
Nenhuma resposta. Só um barulho abafado lá dentro. Primeiro o chuveiro, depois silêncio. Encostei a testa na madeira fria e senti uma irritação crescer no estômago.
— Precisa demorar tanto? — murmurei, já voltando para o quarto.
Sentei de novo na beira da cama, as pernas nuas expostas à claridade que escapava da janela. A espera se estendeu. Minutos longos, tensos. O som de um cano rangendo, depois passos apressados. A maçaneta girou, e finalmente a porta se abriu.
Miguel saiu. O cabelo desgrenhado, a camiseta mal ajustada ao corpo. O olhar fugitivo. Evitou me encarar como quem foge de um flagrante. Eu, ainda de camisola, o encontrei de frente no corredor estreito. Por um instante, ficamos presos ali, um contra o outro.
— Bom dia — forcei, a voz seca.
— Bom dia — ele devolveu rápido, mas baixo demais, quase engolindo as sílabas.
O rosto dele estava vermelho. Não de sono — de constrangimento. O jeito como passou por mim, ligeiro, os ombros tensos, entregava mais do que qualquer palavra. A sensação me perseguiu até a porta: algo estava errado.
Empurrei e entrei. A pressa de fazer xixi quase me fez esquecer da estranheza, mas o ambiente tinha outra energia. O banheiro exalava um cheiro pesado, morno, úmido demais para a hora do dia. Sentei no vaso, a calcinha nos tornozelos, e deixei o corpo aliviar-se. Só então notei o detalhe.
O cesto. Não estava onde deixara na noite anterior. Ficava encostado ao lado do armário, mas agora estava torto, com roupas amassadas saindo pelas bordas. Um incômodo me percorreu a espinha. Inclinei o corpo, puxei a peça do topo. Era uma camiseta dele. Abaixo, uma mistura de meias, toalha… e então, o choque.
Minha calcinha. Preta, dobrada às pressas, com uma mancha branca escura e fresca no tecido. Peguei com dois dedos, sem coragem de apertar, e a visão me golpeou como um tapa.
Meu coração disparou. As pernas, ainda abertas sobre o vaso, estremeceram. A urina seguia escorrendo, mas já não era alívio: era constrangimento, vergonha, raiva, tudo misturado. Fechei os olhos, respirando fundo, o tecido suspenso à frente do rosto.
Ele. Só podia ter sido ele. O meu filho.
Um calor doentio subiu pelo corpo. Não era só nojo. Era outra coisa, mais íntima, mais perigosa. O tipo de sensação que uma mulher não confessa nem a si mesma. Meu primeiro impulso foi jogar a peça de volta no cesto, como se assim pudesse apagar o fato. Mas fiquei parada, encarando-a, o corpo reagindo contra a minha própria moral.
As imagens vieram rápidas: Miguel de joelhos, respirando fundo, enfiando o rosto nas minhas roupas. Miguel se masturbando ali, no chão frio, sujando a peça que agora eu segurava. A vergonha queimava, mas, por trás dela, havia também uma pontada cruel de vaidade.
Ainda era desejável. Desejada. Até demais.
Terminei de urinar e me limpei com mãos trêmulas. Segurei a calcinha manchada como se fosse prova de um crime e a observei em silêncio, por longos segundos. Parte de mim queria confrontá-lo ali mesmo. Perguntar na cara dele. Outra parte — mais covarde, mais orgulhosa, mais faminta — guardava essa descoberta como um tesouro envenenado.
Levantei-me devagar, ainda nua da cintura para baixo, a peça suja na mão. E pela primeira vez em muito tempo, senti que o poder estava comigo.
Saí do banheiro como quem carrega dinamite nas mãos. A calcinha manchada, dobrada com cuidado exagerado, foi parar no fundo da gaveta de roupas íntimas, como se esconder a peça pudesse esconder também o que eu tinha descoberto. Fechei a gaveta devagar, o som seco do encaixe soando mais alto do que deveria.
Deitei na cama, mas não consegui descansar. O relógio avançava, e a casa estava inquieta. Cada passo no corredor, cada ruído na cozinha, soava como um código secreto. Eu sabia. Ele sabia que eu sabia?
Demorei para criar coragem de sair do quarto. Quando finalmente desci, Miguel já estava na cozinha. De costas para mim, mexia distraído numa caneca de café. O cheiro do pó queimado preenchia o ar. O corpo dele estava tenso, os ombros erguidos, como se cada movimento fosse ensaiado demais.
— oi, mãe. — disse sem virar, a voz engasgada.
Parei na porta, observando. A forma como evitava me olhar era quase cômica. Quase. Porque, na verdade, doía. Doía perceber o quanto havia de verdade naquela mancha que agora dormia dobrada na minha gaveta.
— Oi. — respondi seca, aproximando-me da mesa.
Sentei. Peguei uma fatia de pão só para ter algo nas mãos. Ele me serviu café sem eu pedir, como se isso pudesse compensar, como se fosse um disfarce. Quando colocou a caneca diante de mim, notei o tremor mínimo nos dedos.
— Dormiu bem? — ele arriscou, tentando soar casual.
Olhei para ele. Um olhar longo, calculado, que fez o rosto dele corar até as orelhas.
— Mais ou menos. — disse. — Tive… sonhos estranhos.
O silêncio caiu como um peso. Ele desviou os olhos para o chão, mordendo o lábio. Eu sabia exatamente o que estava passando pela cabeça dele. E, se não sabia, imaginava — e essa imaginação era pior.
Enquanto mordia o pão, lembrei da calcinha, dobrada, úmida de sêmen. O gosto amargo na boca já não vinha só do café. Vinha da consciência de que meu filho tinha atravessado um limite invisível, e que eu — em vez de rejeitar — me sentia parte de uma conspiração secreta com ele.
Ele levantou-se de repente, indo até a pia, lavando a caneca já vazia com uma pressa ridícula.
— Tenho que sair cedo hoje — disse, sem me olhar.
— Pois é… — retruquei, a voz baixa. — Tem coisas que a gente não pode adiar.
Ele congelou, a mão parada na torneira. Por um segundo, pensei que fosse se virar, confessar, implorar por perdão. Mas não. Apenas enxugou a caneca, deixou-a na prateleira e saiu da cozinha sem dizer mais nada.
Fiquei sozinha, ouvindo o som dos passos dele subir a escada. Só então percebi que minhas pernas tremiam sob a mesa. Toquei de leve os lábios com a ponta dos dedos, ainda sentindo aquela sombra de vaidade, de perverso triunfo.
A manhã parecia arrastar os minutos. Eu ainda estava com a boca amarga de sono quando voltei ao quarto com um punhado de roupas limpas nos braços. A casa estava calma, mas não no sentido de tranquila — calma demais, como se cada parede estivesse prestando atenção.
Sentei na beira da cama, dobrei uma blusa, depois outra, tentando me distrair com o ritmo mecânico. Só que a cabeça não colaborava. Desde o corredor, a lembrança da porta trancada, do tempo que ele demorou no banheiro, da expressão dele ao sair. Como se tivesse sido pego em flagrante sem que eu tivesse visto nada.
Balancei a cabeça, irritada comigo mesma, e me levantei para terminar de guardar tudo. Abri a gaveta da cômoda, ajeitei as peças novas, quando vi.
No canto, entre rendas e algodão, estava a calcinha. A minha calcinha. Aquela que horas antes eu tinha encontrado no cesto. Aquela que não deveria estar ali, não daquele jeito.
As roupas limpas escorregaram da minha mão e caíram sobre a cama. Fiquei imóvel por um instante, olhando para o tecido dobrado de forma apressada, quase escondida. A mancha ainda visível, marcada, como uma confissão silenciosa.
Estendi a mão devagar, como quem toca fogo sabendo que vai se queimar. O tecido ainda estava frio. Passei os dedos pela renda, lembrando da primeira vez que a vi no cesto, misturada às toalhas. Como se o mundo tivesse feito questão de me esfregar aquilo na cara.
Segurei a peça, e sem pensar, aproximei do rosto. O perfume era sutil, quase desaparecendo — mas havia algo mais ali, uma nota íntima, quente, que me subiu direto à cabeça.
E foi como se um filme tivesse se projetado diante de mim: Miguel, trancado no banheiro, as mãos nervosas, o olhar febril. Ele segurando essa mesma calcinha, inspirando como eu fazia agora, deixando-se levar até o limite. A respiração pesada, o corpo tenso, o instante em que não se controla mais.
Meu estômago se revirou. A mente dizia “isso é horrível, abjeto, impensável”. Mas meu corpo… ah, o corpo não obedecia. Senti a umidade se acumular entre minhas pernas, traindo cada regra, cada moral que eu sempre impus a mim mesma. Por que diabos pensar naquela cena, naquele ato tão errado, fazia minha vulva latejar de desejo?
Mordi o lábio, furiosa, como se isso pudesse conter a sensação. Não contia nada. Quanto mais eu tentava afastar, mais a lembrança voltava: o som do trinco, o rosto dele suado, o silêncio pesado. E agora, a calcinha manchada nas minhas mãos.
Abri os olhos rápido, como se tivesse sido pega em flagrante — mesmo sozinha. Dobre a peça com pressa, enfiei-a de volta na gaveta, enterrando-a sob as roupas limpas. Fechei a madeira com força demais, o som seco ecoando pelo quarto.
Fiquei alguns segundos parada, ofegante, tentando me convencer de que era apenas imaginação. Apenas um devaneio de uma mente cansada. Mas a verdade era que a calcinha estava ali, impregnada de algo que eu não podia negar.
Voltei para a cama e sentei na beira, as mãos no colo, a respiração curta. O sol entrava pela janela, iluminando tudo com um ar quase irônico. Não havia nada explícito, nada dito. Só o silêncio. Mas ele pesava mais do que qualquer palavra.
E eu sabia: aquilo não iria me deixar em paz.
Cada vez que fechava os olhos, era a mesma cena: a porta trancada, o silêncio abafado do banheiro, a pressa dele ao sair. E depois, a peça suja escondida no fundo da gaveta, como uma marca gravada na pele.
A lembrança vinha como cheiro impregnado em tecido — impossível de disfarçar.
E junto dela, a contradição que me corroía: a mente enojada, a carne úmida.
Cruzei as pernas, apertando uma contra a outra, irritada comigo mesma. Como podia? Como podia meu corpo reagir desse jeito, quando sabia que era errado, doentio? Bastava pensar nele, naquela cena, e eu sentia a umidade escorrer, quente, inevitável. Uma traição íntima.
Levantei-me de novo, andei pelo quarto como fera enjaulada. Não dava para guardar aquilo sozinha.
Mas com quem falar?
Com quem eu poderia abrir a boca e dizer: “Meu filho se masturbou com a minha calcinha.”
Com quem eu poderia admitir — pior ainda — que, em vez de me repelir por completo, essa lembrança me deixava molhada, me fazia morder o lábio no escuro?
Olhei pela janela, o quintal parado no sol. A casa parecia quieta demais, cúmplice demais.
Eu precisava desabafar. Precisava dividir esse peso.
Pensei em Márcia.
A minha irmã mais nova, sempre atrevida, sempre mais livre do que eu. Ousada nas roupas, nas palavras, na vida.
Mas seria ousada a esse ponto?
Será que ela riria da minha cara, horrorizada, se eu dissesse o que tinha visto? Ou, pior, me julgaria em silêncio, com aquele olhar atravessado que só irmã consegue dar?
Mordi o lábio. Não havia outra saída. Se não fosse ela, não seria ninguém.
E se eu não falasse com ninguém, eu ia enlouquecer.
Levantei-me de repente, como se o corpo tivesse decidido antes da cabeça. Peguei o celular na cômoda, a tela fria na palma da mão. O nome dela estava lá, fácil, no topo da lista de contatos.
Respirei fundo, toquei em “ligar”.
Do outro lado, demorou alguns segundos. O suficiente para eu pensar em desistir, desligar antes que atendesse. Mas então ouvi a voz dela:
— Alô?
Fechei os olhos, engoli em seco.
— Márcia… — minha voz saiu baixa demais. — Vem tomar um café comigo hoje? Aqui em casa.
Um silêncio curto, e depois ela respondeu, animada como sempre:
— Claro, irmã. Que horas?
Olhei em volta, para o quarto bagunçado, para a gaveta fechada onde dormia o segredo.
— À tarde — disse. — Quando você puder.
— Certo. — e desligou, simples assim.
Fiquei parada, o celular ainda quente na mão, sentindo a respiração pesar no peito.
Eu tinha feito. Eu tinha aberto a porta.
Agora não havia volta.
♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡
🔥 Gostou do jeito que eu escrevo?
Se você quer explorar histórias eróticas intensas, cheias de tabus e psicologia profunda, sem nenhum corte ou limite, meu perfil no Privacy é o lugar.
👉 Acesse agora e descubra um universo de desejo:
privacy.com.br/profile/allan_grey_escritor
📖 Prefere ler no Kindle? Confira meus romances na Amazon:
https://amzn.to/3VA3jA7
📱 Me siga no Instagram para novidades e trechos exclusivos:
@allan_grey_escritor