A confissão que tomou outro rumo

Um conto erótico de Taradenhum
Categoria: Gay
Contém 595 palavras
Data: 26/09/2025 20:18:25
Assuntos: Gay

A igreja estava fria e silenciosa, um contraste brutal com o burburinho da cidade lá fora. Eu entrara quase por acaso, buscando um refúgio momentâneo. O ar cheirava a cera velha e madeira polida. Foi quando o vi, de costas, ajustando os cálices no altar. Era um homem de estatura sólida, não alto, mas com uma presença que preenchia o espaço. Quando se virou, nossos olhos se encontraram por um instante a mais do que o normal. Ele não sorriu, apenas acenou com a cabeça num cumprimento quieto.

Sem pensar muito, me dirigi ao confessionário. Não tinha nada a confessar, apenas uma curiosidade súbita e perversa. Ajoelhei-me. A grade entre nós mal deixava ver seu perfil.

A voz que veio do outro lado era calma, mas tinha um timbre mais baixo, quase íntimo. "Fale, meu filho."

Não recitei nenhum pecado decorado. Em vez disso, soltei a verdade. "Confesso que não estou aqui pela absolvição, padre. Estou aqui por causa do homem que vi no altar."

O silêncio do outro lado foi total. Por um momento, achei que ele tinha saído. Então, ouvi um ruído suave. A porta interna do confessionário se abriu. A minha permaneceu fechada. Através da grade, pude vê-lo de pé, a batina negra contrastando com a penumbra do pequeno espaço. Seu rosto era sério, os olhos escuros fixos em mim.

"Essa é uma confissão incomum", ele disse, a voz agora sem a barreira da tela, era apenas dele para mim.

"É a única verdade que tenho hoje."

Ele não disse nada. Em vez disso, sua mão, larga e de dedos fortes, passou pela abertura da grade e tocou o meu rosto. A pele dele estava levemente áspera. O gesto foi tão inesperado que eu pareci ter parado de respirar. Seu polegar passou sobre meus lábios. Era um toque de explorador, de quem reconhece algo proibido mas não consegue evitar.

Abriu minha porta. Ficamos frente a frente no corredor estreito atrás dos confessionários. A batina dele roçou minha camisa. Ele me puxou pelo braço, com uma decisão que não admitia hesitação, para uma pequena sacristia anexa. A porta fechou-se com um clique abafado.

Dentro, a luz era fraca, vinda de uma única janela alta. Ele me empurrou contra uma pesada estante de madeira, cheia de livros de capa dura. Não houve beijo. Suas mãos foram diretas ao meu cinto, abrindo-o com uma eficiência que falava de uma urgência contida há muito tempo. Ele puxou minhas calças e cueca para baixo, expondo-me. Ajoelhou-se.

A sensação da sua boca, quente e úmida, foi um choque. Seus olhos estavam fechados, a testa franzida numa concentração intensa, quase dolorosa. Uma das suas mãos segurava minha coxa com força, enquanto a outra me puxava para mais perto. Eu me apoiei na estante, os livros sagrados tremendo levemente contra as minhas costas. Ele não tinha delicadeza. Era uma prática direta, funcional, como se quisesse provar a essência de um pecado que até então só havia imaginado.

Quando terminei, ofegante, ele se levantou. O rosto dele estava marcado por uma expressão que não era arrependimento, mas sim uma espécie de reconhecimento sombrio. Sem uma palavra, ele se virou para uma pia num canto da sala e lavou o rosto com água benta de uma bacia.

Eu me arrumei, as pernas ainda trêmulas. Ao sair, nossa vista se cruzou novamente. Ele não precisou dizer nada. Eu também não. Aquele silêncio pesado era a única confissão que importava. Saí da sacristia, deixando-o ali, em pé na penumbra, um homem dividido entre a fé que vestia e o desejo que acabara de provar.

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