Ele chegou no meu apartamento no começo da noite, carregando uma caixa de cervejas como se fosse um presente e exibindo aquele mesmo sorriso de quando éramos moleques na faculdade. O tempo tinha passado, mas em vez de apagar, parecia que tinha endurecido nele alguma coisa: mais homem, mais presença. O corpo dele estava ainda mais sarado do que eu lembrava, ombros largos, braços marcados, o tipo de homem que sempre atraiu olhares sem precisar de esforço. Eu, em contraste, nunca fui desse time. Não sou barrigudo nem desleixado, mas meu corpo sempre foi mais de quem pensa do que de quem exibe. Bruno era vitrine. Eu era silêncio.
— Bora botar o videogame pra rodar, igual antigamente? — disse, largando a caixa no chão e caindo no sofá, como se ainda tivesse vinte anos.
Mayra, minha esposa, tinha viajado a trabalho naquela semana e só voltaria no domingo. Débora, pelo que Bruno comentou na mensagem, tinha saído com umas amigas para um aniversário. Nós dois estávamos livres naquela noite.
Fiz um gesto qualquer de concordância, liguei o console, mas a verdade é que quase não prestava atenção no jogo. O som das músicas, os efeitos digitais, tudo ficava em segundo plano diante dele largado no sofá, abrindo a lata de cerveja, rindo de coisas antigas como se nada tivesse mudado.
Rimos muito. Relembramos festas, trabalhos atrasados, ressacas coletivas. Mas entre uma gargalhada e outra, havia algo que não estava dito. Um silêncio estranho que se infiltrava e demorava a ir embora. A cada pausa, a cada gole de cerveja, meu olhar demorava um pouco mais no rosto dele, nas mãos, na forma como se esticava no sofá.
Quando o assunto virou casamento, a naturalidade sumiu.
— Vida de casado é boa, né? — arrisquei, tentando soar convincente.
Ele riu seco, sem humor, como se a frase fosse uma piada ruim. Pensei em Mayra, minha morena de óculos, seios pequenos e quadril largo, prática e firme no jeito de viver. Pensei em Débora, a esposa dele, sempre exuberante, cabelo cacheado, aquela vulva marcada nas roupas coladas que eu fingia não olhar. As nossas vidas tinham tomado rumos diferentes, mas o silêncio que voltou pesava como se estivéssemos no mesmo ponto da estrada.
Por alguns segundos, só se ouviu o barulho do jogo rodando sozinho na TV. Eu me forcei a olhar para a tela, mas a presença dele ao meu lado era muito mais forte do que qualquer partida virtual.
Ele girava a lata de cerveja na mão, sem beber, como se procurasse o que dizer. Eu fazia o mesmo, olhando fixo para a tela do jogo, mas sem ver nada. O som eletrônico parecia distante, abafado, como se não tivesse importância alguma.
— Se alguém soubesse o que passa pela minha cabeça agora… — ele disse de repente, sem olhar para mim. A voz saiu meio rindo, meio séria, como uma confissão envergonhada.
Meu coração bateu mais rápido.
— O que é que tá passando? — perguntei, a voz mais baixa do que eu queria.
Ele não respondeu de imediato. Levou a lata à boca, deu um gole longo e pousou de volta na mesa. O riso curto escapou de novo, mas dessa vez foi um riso abafado, quase cúmplice.
Nossos olhares se encontraram, demorados, carregados. Quando desviei para a tela, já era tarde: a calça dele marcava pesado. O calor subiu em mim, e só então percebi que a minha também denunciava.
Ele notou. Não disfarçou.
— Tá vendo isso aqui? — apontou pro volume no jeans. — Não é brincadeira.
O corpo queimava: medo, tesão, proibição. Ele pegou o celular, abriu um pornô qualquer, mas nenhum dos dois olhava pra tela. O silêncio dizia mais.
Foi ele quem rompeu primeiro. Desabotoou o jeans, puxou o pau pra fora: grosso, quente, pulsando. O cheiro cru de homem invadiu a sala. Eu não pensei, só segui. Puxei o meu também, duro, brilhando na ponta. Olhar para ele naquele estado era encarar tudo o que sempre me escapou: o comedor da turma, sarado, confiante, dono de si. Eu sempre tinha sido o nerd, o cara do raciocínio, das ideias, não do corpo. Agora, com as calças abertas, não havia mais diferença. Estávamos nus da mesma forma.
Meu pau sempre foi mais comprido do que grosso, reto, firme, a glande avermelhada aparecendo logo que a pele recuava. Os pelos eram rentes, quase sumidos, deixando tudo limpo e exposto, como se não houvesse nada para esconder. Cada vez que endurecia, ficava esticado, pesado, teso como se pedisse boca ou mão para não ser desperdiçado.
O dele era diferente: grosso, cheio, as veias saltando como raízes vivas por baixo da pele quente. A base cercada por pelos mais densos, mas bem aparados, dava um ar bruto sem cair no exagero. Quando endurecia, parecia ocupar o espaço inteiro, impondo presença, como se a própria grossura fosse um desafio à boca e ao corpo que ousasse recebê-lo.
Punhetamos lado a lado, respiração pesada, o inevitável rondando. Até que acabou a distância. A glande dele roçou minha boca, e o gosto explodiu: salgado, amargo, viscoso. Eu engoli fundo, sentindo as veias baterem contra o céu da boca.
— Nunca pensei que ia mamar tua pica… olha eu aqui, babando. — gemi entre uma chupada e outra.
Ele não respondeu com palavras. Só me engoliu inteiro, a boca quente sugando cada centímetro, lambendo até a base. Cada vez que a língua dele roçava na minha glande, minha pica cuspia fios grossos de pré-gozo, que se esticavam entre nós.
Revezávamos, chupando um ao outro sem pudor, como se fosse a última chance de guardar na boca o gosto de tanta masculinidade. O barulho molhado dos boquetes enchia a sala, misturado com nossos gemidos baixos.
De repente, me vi de quatro no sofá, cuzinho aberto, piscando sozinho, como se pedisse algo que eu ainda não queria admitir. O ar frio bateu e me arrepiou inteiro. A vergonha queimava, mas o tesão queimava mais.
Então senti. A língua dele. Primeiro um toque rápido, depois firme, deslizando pelo meu cu. O choque atravessou meu corpo como uma descarga elétrica. Eu gemi alto, quase gritando.
— Que porra é essa…? Tá me matando de prazer. — deixei escapar, sem controle.
Ele me deixou de quatro no sofá, o corpo pesado sobre mim, barba roçando no meu pescoço. O gemido dele era grosso, quase animal, como se estivesse caçando. Quando a cabeça latejante encostou, senti o choque percorrer a espinha. Tentei controlar a respiração, mas o corpo tremia sozinho.
A pressão não cedia fácil. Era como se não houvesse espaço, como se aquele volume não pudesse caber em mim. A cada tentativa, a dor queimava e me fazia duvidar. Eu mordia o estofado, suando, tentando acreditar que era possível. Foi então que ele afastou minhas pernas, abriu de novo minhas bandas, e voltou com a língua. Molhada, quente, explorando, mordendo leve a carne, acariciando meu saco com firmeza.
O alívio misturado ao tesão me desmontou. Eu gemi alto, sem disfarce. Era como se a língua cavasse um caminho para o corpo aceitar o impossível. E na confusão do prazer, memórias vieram: uma vez no banheiro da faculdade, vi de relance o tamanho dele, já me imaginando como seria um desafio para ele penetrar alguém. Outra vez, numa festa, flagrei a futura esposa dele no sofá, a boca cheia se abrindo com dificuldade para engolir tudo, os olhos revirados. Os dois não me notaram e eu fiquei observando alguns minutos. Ela babava, forçava e se acabava naquela pica. Ele apenas jogava os braços e a cabeça para trás. Na época eu apenas queria ser ele e receber uma chupada com aquela intensidade e dedicação que ela fazia. Pensei também em Mayra, em como ela nunca faria aquilo, assim, em um local público… ou talvez fizesse por uma pica como aquela, em um cara como ele. Aquela imagem me perseguiu por anos. Agora eu penso que também invejei a posição dela.
Agora era eu. O mesmo pau, a mesma grossura impossível, tentando me abrir. Eu, o amigo que nunca deveria estar ali, sentindo cada gemido dele vibrar no meu corpo. Minha mente gritava “não”, mas minha carne se rendia, pedindo mais fundo, mais forte, como se fosse destino.
Quando ele explodiu dentro de mim, quente, pesado, senti meu corpo pulsar sozinho. Fiquei deitado no sofá, arfando, o cu ainda aberto, piscando e pingando como prova do que tinha acabado de acontecer. O som abafado do jogo continuava no fundo, enquanto uma lata esquecida virava sozinha, derramando cerveja pelo tapete, misturando seu cheiro com o do nosso suor.
Ficamos imóveis.
Ele tinha acabado de gozar dentro de mim, e eu ainda sentia o calor escorrendo, o corpo latejando, entregue. Caí de lado no sofá, arfando, e ele tombou ao meu lado, suado, os olhos fixos no teto. Por alguns segundos só havia respiração pesada e cheiro de sexo.
— Tu aguentou como ninguém. — ele murmurou, voz grave, ainda ofegante.
— E tu me abriu como se fosse dono. — respondi, a garganta seca.
— Tu sabe… — ele começou, a voz rouca. — Uma vez, na faculdade, quando tu flagrou eu e ela no sofá… eu fechei os olhos, joguei a cabeça pra trás… mas não era só por causa dela. — virou o rosto e me encarou. — Era porque eu queria que tu tivesse vindo também. Pensei como seria se fossem vocês dois me chupando. E, porra… eu te chuparia também, se tu pedisse.
O silêncio que seguiu foi mais violento que qualquer gemido. Eu me vi encarando aquele homem que sempre admirei como comedor, o predador da turma, agora confessando um segredo enterrado há anos.
A mão dele desceu ao meu peito, meio hesitante, e eu capturei o gesto. Me inclinei sobre ele, mordendo de leve seu mamilo, sugando até arrancar um gemido grosso. Ele tremeu, arfando. Passei a língua pelo peito, descendo até a barriga suada, marcando meu caminho.
— Sempre foi isso que tu quis? — sussurrei contra a pele dele.
Ele fechou os olhos, rosnando baixo. — Sempre. Só não tinha coragem de dizer.
Girei o corpo dele, e a bunda ficou exposta, firme, suada. Passei a mão devagar, abrindo espaço, explorando. Acariciei, mordi de leve uma das bandas, lambi sem pressa até ouvir o gemido que parecia mais um grunhido. O “comedor” arqueava as costas, se entregando como presa.
Voltei por cima, beijando-lhe o pescoço, a barba dele roçando contra a minha. Senti o corpo inteiro dele tremer. O pedido não demorou:
— Mete em mim. Quero sentir o que tu sentiu agora. - ele fez isso abrindo com as mãos, a bunda. O cuzinho lindo se expondo, com uma leve penugem, já úmida da minha saliva.
A virada estava completa. O homem que eu invejava, que eu já tinha visto receber chupadas ferozes de mulheres, agora estava ali, todo aberto, oferecendo-se para mim. O mesmo Bruno que sempre pareceu inabalável, sarado, comedor, agora tremia debaixo de mim. E eu, que sempre me achei o mais controlado, o mais intelectual, agora era puro instinto, mordendo, chupando, dominando.
Não tinha mais volta.
Agora era a minha vez. Segurei as pernas dele e o abri no sofá, posição de frango assado. Ver aquele amigo que eu sempre admirei como comedor, agora vulnerável, pronto pra ser fodido, me fez perder a cabeça.
Empurrei devagar, e ele gemeu entre dor e entrega. A resistência cedeu, e quando senti o corpo dele abrir, perdi a cabeça. A inversão me enlouquecia: o cara que eu já tinha fantasiado fodendo minha esposa, agora estava gemendo por mim.
Variei o ritmo: primeiro lento, socando fundo, obrigando-o a sentir cada centímetro. Depois rápido, bruto, como se quisesse marcar território. O corpo dele tremia, suando, gemendo baixo. Na tela, o jogo seguia sozinho, personagens correndo em looping, como se zombassem de nós dois por não termos mais controle de nada.
— É isso que tu dava pras mulheres, né? Agora é teu cu que tá levando. — sussurrei, socando mais forte.
O gozo veio intenso, espirrando quente no peito dele. Olhei pra ele contorcido, ofegante, e soube: não era só prazer. Era cumplicidade, traição e promessa.
O silêncio foi a primeira coisa que tomou conta da sala. Só a respiração ofegante dos dois enchia o ar. Eu caí de costas no sofá, o corpo suado, melado de gozo, ainda sentindo o cu latejando e a pele grudando no couro. O cheiro de sexo impregnava tudo, forte, animal, impossível de esconder.
Ele ficou jogado ao meu lado, peito subindo e descendo rápido. Olhamos um para o outro sem dizer nada. Eu sabia que não era vergonha — era mais pesado que isso. Era cumplicidade.
Ele riu primeiro, uma risada curta, nervosa, sem saber pra onde olhar.
— Cara… se alguém soubesse…
Eu ri também, sentindo a garganta seca.
— Não tem como explicar. Nem pra gente mesmo.
Ficamos em silêncio mais alguns segundos, e eu me peguei encarando o pau dele mole, melado, ainda bonito, ainda pesado. A lembrança do jeito que entrou em mim fez meu corpo tremer de novo.
— Tu me comeu como se fosse uma mulher… — falei baixo, quase sem perceber.
— E tu me fodeu como se sempre tivesse sonhado com isso. — ele respondeu, encarando de volta.
As palavras ficaram soltas entre nós, grudadas no ar como o vapor morno que ainda saía da pele.
Eu sabia que tínhamos traído nossas esposas. Esse peso não ia sumir.
O silêncio esmagava.
Mas havia algo mais forte do que a culpa: a certeza de que não tinha sido um acidente. Não tinha sido só tesão de uma noite. O controle do videogame estava caído no chão, luzinha piscando em silêncio. O sofá cheirava a gozo, cerveja derramada e couro velho. Nada naquele cenário inocente de amigos combinava mais com o que tínhamos feito.
A lembrança dele me chupando, dele de perna aberta pra mim, eu gemendo com a pica dele dentro… tudo isso latejava na minha mente, e no meio da bagunça, eu senti meu pau dar sinais de vida outra vez.
Ele percebeu. Sorriu de canto.
— A gente devia parar por aqui.
— Devia… — respondi. Mas não acreditava na minha própria voz.
O silêncio voltou, mais denso ainda, e foi aí que caiu a ficha: não era fim. Era começo. Se aquilo saísse do sofá, não sobraria muito do que fingíamos ser.
Traímos nossas esposas, mas a pior traição era saber, sem precisar dizer em voz alta, que iria se repetir. E que na próxima vez, não haveria tanta hesitação.