Capítulo I
_ Amiga eu não acredito que você me fez sair do conforto da minha cama, num sábado a noite, pra ir comemorar seu aniversário numa balada e você esqueceu de colocar meu nome na lista!
Digo por cima da música alta que vazava pelas portas abertas da casa noturna, tentando não transparecer o ódio que eu estava sentindo da Sara neste momento. A cacheada, que estava na minha frente, tinha um sorriso amarelo e um olhar culpado. Não podia culpa-la, afinal eu confirmei minha presença na tarde daquele mesmo dia, afinal não é todo dia que nossa melhor amiga faz 27 anos.
_ Gabe eu não sabia que você vinha! E quando você confirmou, eu até tentei colocar seu nome na lista, mas eles disseram que o prazo já tinha passado! Mas a fila nem tá tão grande assim! E eu vou ficar aqui fora esperando com você!
Essa é minha amiga, até na comemoração do seu aniversário ela tentar abdicar de sí por mim. Nossa amizade sempre foi assim. Nós sempre fomos um pelo o outro, desde de que nos conhecemos no ensino fundamental. Quando eu tava na merda, era só mandar um oi pra Sara e ela corria pra minha casa, o mesmo era com ela, independente do que faziamos e com quem estavamos, nos sempre estamos dispostos a largar tudo pra socorrer o outro.
_ Sah não precisa! Você tem falado desse aniversário a meses, e eu que deveria ter confirmado antes! Mas você vai ter que me pagar uma bebida e eu não quero nem saber se é seu aniversário ou não! Agora vá lá e guarde um lugar bom pra mim no seu camarote!
_ Amigo você vai ficar do meu lado! Disso você pode ter certeza! E vamos dar um jeito de colocar um gatinho na sua cama hoje a noite!
Diz enquanto bate o cabelo e gira seu corpo indo em direção às portas da balada. Solto uma risada observando minha alma irmã gêmea de outra mãe entrando dentro da balada.
Volto minha atenção para a fila e vejo que tem ao todo umas dez pessoas na minha frente, o que pela minhas contas, é igual à meia hora e pé nessa fila. Observo que sou o último da fila até então e ao olhar o smartwatch em meu pulso vejo que já são 22:13 da noite. Suspiro e reviro os olhos. Eu amo Sarah Vasconcellos com minha vida e eu tomaria um tiro por ela, mas sou uma senhora em um corpo de jovem, geralmente 22:00 é o horário em que estou debaixo das minhas cobertas, pronto para ser engolido pelo sono dos deuses e se não fosse pelo aniversário da Sarah posso jurar que nunca seria visto fora de casa em uma hora dessas.
Algumas pessoas entram na balada e a fila finalmente começa a andar e quando paro em frente à um vidro laqueado na fachada da casa noturna, consigo ver meu reflexo e solto um sorriso de aprovação.
Não me considero uma pessoa narcisista, mas eu sei que sou até bonitinho! No auge dos meus 25 anos, ostento uma pele parda, algo como leite com café, sem nenhuma marca no rosto, graças a skin care que faço desde os quinze - e também à base nova que usei na maquiagem básica planejada para essa noite - que dão um “glow” maior à tonalidade bronzeada natural da minha pele. Graças à genética dos meus pais, e às seções de laser, possuo pouquíssimos pêlos faciais, concentrados apenas nas sobrancelhas e nos cílios. Meus lábios grossos cintilam com o reflexo das luzes sobre o gloss - meu avô materno era um negão de tirar o chapeu então muitos dos meus traços vem desse lado da família - enquanto meus olhos castanhos escuros analisam cada detalhe do meu rosto. Feliz com o resultado da maquiagem simples que fiz - apenas uma base, um corretivo, um delineado simples sem sombras, um blush pra dar vida e um gloss - volto minha atenção para meus cachos que caem sobre meu rosto. Meu cabelo varia entre um ondulado e um cacheado, que mantenho sempre grande em um “mullet” que é moda entre a galera da minha idade, apesar da idade, meus traços e meu corte passam um ar mais jovial e não é incomum as pessoas dizerem que tenho apenas vinte aninhos - obrigada de novo genética.
As peças que compõem o look me dão um olhar ainda mais jovial: uma calça jeans skinny que se ajusta bem em minhas pernas e deixam meu bumbum um pouco mais avantajado. Já minha parte superior está coberta com uma blusa turtle neck branca de manga comprida. Nos pés, meu bom e velho Converse branco surrado de cano médio.
Algumas pessoas dizem que eu deveria vestir roupas que passassem um ar mais velho, mas como sou filho único de um casal que graças a Deus é bem de vida, sempre fui mimado e gosto de manter essa aparência. Além disso, como arquiteto, tenho sempre que passar um olhar mais jovial, para captar mais clientes que querem projetos pensados por jovens, para jovens.
A fila volta a andar me tirando da auto análise e então percebo que sou o próximo a dar meu nome para entrar na balada. Como Sarah não conseguiu colocar meu nome na lista, tive que comprar a entrada do camarote com o preço cheio da noite - que não foi barato - e com a pulseirinha laranja - que destoou do restante do meu look - finalmente entro naquele inferno pessoal que se chama casa noturna.
Nunca fui muito da vida noturna. Sempre gostei mais de roles caseiros, ou ambientes mais tranquilos, o que definitivamente não são conceitos para baladas. Meus pais viviam dizendo que eu era uma reencarnação da minha avó, que odiava sair de casa. Não posso negar que minha velhinha e eu sempre fomos próximos e eu era o unico neto que ela gostava que dormisse na sua casa, porque nos assistimos às novelas de pijama comendo besteiras e às 21:50 já estavamos prontos para dormir.
Enquanto ando pelas pessoas procurando a entrada do camarote, acabo esbarrando em um ou outro que vinham passando até finalmente ver uma preta de cabelos cacheados volumosos balançando os braços gritando meu nome - apesar da música alta não deixar eu passar essa vergonha graças a Deus - enquanto seguindo sua direção chego ate a porta do camarote e após o segurança ler o QR Code na minha pulseirinha, subo as escadas até o mezanino.
Sarah aponta para o lugar vago ao seu lado e me aproximo da mesa que estava ocupada por 4 pessoas. Sarah, a aniversariante estava sentada próximo ao guarda corpo. Ao seu lado esquerdo, estavam uma casal de colegas da faculdade dela que acabaram seguindo com a amizade mesmo após a formatura. Seguindo, um garoto ruivo que eu não conhecia estava sentado ao lado eles.
_ Gente! Esse é meu irmãozinho, o Gabriel! Gabe, esses são a Letícia e o Fernando! - disse apontando para o casal ao seu lado. Fernando era alto, aparentava ter entre 25 e 30 anos, era moreno, forte, com um bigodinho de cafajeste. Letícia era uma loira belíssima, um pouco mais alta que Sarah, com seus um 1,77 com pique de modelo. - E esse é o Nicolas, ele é o novo advogado do escritório.
Nicolas era o ruivo que não conhecia. Ele era mais alto que eu - não que seja muito difícil ser mais alto que meus 1,68 m de altura - Ele era forte, seus braços saltavam da sua camisa de manga curta. Seus olhos azuis eram penetrantes. Algumas sardas salpicaram sua pele branca. Sustento seu olhar, enquanto sinto ele analisando minha alma.
Para não ser mal educado, desvio meu olhar do ruivo e comprimento Letícia com dois beijos na bochecha, Fernando com um toque descontraído e Nicolas com um aperto de mão. Seu aperto foi firma, suas mão eram grandes e inevitavelmente imaginei elas em volta do meu pescoço. Engulo a seco e me sento ao lado de Sarah.
_ Então você é o famoso Gabriel Nobrega! Sarinha vive dizendo que era doida para que saíssemos em um rolê juntos! - Fala Letícia, um pouco mais alto, para que consiga ouvir sua voz por cima da música alta - Ela disse que você é muito divertido!
_ Não diria que sou divertido! Mas gosto de conquistar na risada - solto uma risadinha enquanto me sento ao lado de Sarah - Mas aproveitem porque hoje é um alinhamento de planetas que acontece uma vez a cada dez anos! Eu não saio de casa!
_ Ela disse isso mesmo! Mas cara você é novo, tem que aproveitar a idade e o pique de agora para se divertir!
_ Eu me divirto! Na minha casa, com minha gata, uma boa taça de gim e uma série de comédia romântica clichê - sim, eu amo clichês, minha vida é um clichê!
Enquanto nos envolvemos num papo descontraído sobre como Fernando, Letícia e Sarah se conheceram na faculdade, - após minha amiga começar um grupo militante contra um professor racista de História do Direito - pela minha visão periférica observei Nicolas sair da mesa e ir até o bar que ficava próximo à nossa estadia.
Deixei pra lá e voltei minha atenção à minha amiga e seus amigos até que vejo mais dois rapazes de pé na nossa mesa. Sarah solta um grito estridente e quase pula por cima de mim para abraçar o rapaz de cabelos pretos que estava na frente. Ja o tinha visto algumas vezes, quando minha amiga e eu íamos almoçar juntos num restaurante perto do seu escritório.
O rapaz moreno tinha mais ou menos 1,90 com braços bem fortes, que marcavam bem sua polo preta. As tatuagens saiam de dentro do tecido e circundam seu braço direto até o pulso. Ele abraçou minha amiga, passando um braço pela cintura e isso fez o lado direito da minha boca se levantar em um meio sorriso. “Essa é minha garota! Adora um Bad Boy”.
_ Gente esse é o Leo, ele trabalha no prédio, no escritório de engenharia do andar de cima! Leo esses seus meus amigos Leticia e Fernando e esse é meu irmãozinho Gabe! - amava a forma que sempre nos apresentamos como irmãos - Você demorou! Achei que não vinha mais!
_ Ah sabe como é né gata! Tinha que me arrumar pra ficar gato pra você! Trouxe meu primo também pro rolê! Bento tava querendo sair hoje e não achei problema trazer ele!
Quando ele disse isso, volto minha atenção para o outro rapaz atrás dele e MEU DEUS era como se um Deus Grego tivesse tido um filho com uma modelo! Seus olhos eram de um verde tão lindo, tão brilhante, tão vivo. Os cabelos loiros penteados pra trás, exceto pelas duas franjas que pareciam ter sido colocadas à mão. A boca em um tom rosa que contrastava com sua pele branca como algodão. Seu maxilar marcado e quadrado, como um modelo, davam um ar sério para sua face angelical, era manchado por uma penugem loira recém feita. Um pouco mais baixo que Leo, mantendo-se entre 1,80 e 1,85 m, seu peso era bem distribuído em um conjunto de músculos. Seu peito estufado, marcava sua camisa social branca de mangas curtas, mangas estas que quase rasgam devido seus bíceps avantajados - sim, o que mais me atrai no corpo masculino são os bíceps! Amo homens de braços fortes - por estar nesse momento flexionado para apertar a mão de Fernando. A calça jeans azul escura apertava suas coxas torneadas.
Após dar um um beijo na bochecha da Leticia, o loiro virou pra mim e abriu o sorriso mais fofo que eu já vi em toda minha visa - ta eu estou exagerando. Estendo minha mão para que ele pegue e ele me puxa pra um abraço apertado. “Meu Deus que homem cheiroso”. E em seguida ele puxa Sarah para um abraço apertado tambem. Não conseguia ouvir direito o que eles diziam, porque estava inebriado pela beleza dos três homens da mesa - nesse meio tempo o ruivo voltou pra mesa com um copo de whisky na mão - e infelizmente, todos aparentemente heteros.
Balanço minha cabeça afastando os devaneios e volto minha atenção para a conversa que rolava animada na mesa.
_ Gente eu não esperava que todos viessem! Muito obrigada por comemorar meu aniversário comigo! Principalmente você Gabe! Sei o quando odeia sair de casa!
_ Amiga eu não sou um bicho do mato! - talvez eu seja - Só não gosto de ficar usando minha imagem atoa! Tenho que me guardar !
Todos na mesa dão uma risada e o loiro volta sua atenção para mim, enquanto os dois casais - já estou considerando Leo e Sarah um casal porque ela com certeza quer dar pra ele essa noite - voltam a conversar entre eles.
_ Então você não curte sair de casa?
Pela primeira vez presto atenção em sua voz e ela como o restante do seu corpo, impõe presença. Grossa, levemente aveludada, mas ao mesmo tempo com um soar jovial e animado. Sorrio e levo um pouco da bebida que Sarah pediu pra mim até a boca para limpar a garganta.
_ Eu gosto! Mas sou mais caseira sabe! - as vezes falo de mim no feminino, viva as afeminadas - Mas Sarah fez uma leve chantagem emocional pra me fazer sair de casa! E você, pelo que seu amigo falou, tava doido pra sair de casa!
_ Eu tava precisando sair! Tive um dia cheio no trabalho, perdi um paciente e não gosto de ficar em casa quando isso acontece!
_ Perder um paciente? - pergunto interessado na conversa - Você é da área da saúde!
_ Sim! Sou Médico Traumatologista! E você, faz o que da vida? Tu tem idade pra beber isso? - Pergunta indicando o copo de bebida que eu bebia mais uma vez.
_ Ah que gracinha! Obrigada! Vou dizer pra minha dermato que o Ácido Hialurônico ta fazendo efeito - ele solta uma risada abafada da minha brincadeira - Sou Arquiteto! Basicamente desenho o sonho das pessoas!
_ E o pesadelo dos construtores! - Um voz grossa chama a minha atenção e vejo o ruivo entrando na conversa.
_ Ih meu querido, não tenho culpa se vocês estudaram 5 anos pra aprender a fazer conta! Eu só sigo o que os clientes querem!
Após isso nos três começamos uma conversa animada sobre a nossa vida profissional e pessoal. Descobri que o Nicolas era engenheiro civil e construía casas, era filho único e sua família era de MT. Bento por outro lado nasceu e cresceu em MG - nosso país Minas Gerais arrasa - com seus pais e sua irmã mais nova.
Em determinado momentos, Sara e Leo se levantam e nos chamam para dançar, Fernando o Leticia decidiram ficar na mesa e nos 5 então fomos para a pista. Enquanto tocava uma música de ritmo dançante, começo a sentir os efeitos dos três copos - sim durante a conversa eu me empolguei e pedi mais duas taças de Gin - que tomei em meu corpo me deixando mais ele. Danço um pouco com Sarah que depois se vira para seu moreno e se atracam em um beijo quente. Sorrio e grito para minha amiga enquanto me viro de costas e começo a dançar sozinho, de olhos fechados, como uma branca patética, até que sinto um par de mão pegando em minha cintura. Um choque estranho passa por todo meu corpo quando sinto as mãos frias pegarem por baixo da minha turttle neck e roçando na minnha pele quente. Como um jogador, suas mãos firmes apertam minha cintura como uma bola de futebol. Não olho para tras, apenas sinto um corpo musculoso me abraçando enquanto rebolo contra a virilha do desconhecido. Um volume interessante roça em minha bunda e isso me agrada. Quando a musica acaba sinto o desconhecido me soltar e quando vou me virar para ver que era, minha amiga me grita pedindo para eu segurar seu copo enquanto ela vai tomar um ar com Leo.
Sorrio e pego seu copo aproveitando para tomar um gole. Ao me virar para o desconhecido, não vejo ninguém em específico atrás de mim. Procuro para ver se vejo alguem suspeito que possa ter dançado comigo, mas me deparo com um Bento beijando uma loira aguada. Reviro os olhos pensando no desperdício que era um loiro desse gostar de mulher. Mas uma cena chama minha atenção. O ruivo se aproximava da gente com um copo de bebida na mão, me encarando com um sorriso entranho.
Seu sorriso me deixa um pouco sem graça e ascende uma ideia entranha na minha cabeça: Será que era ele que tava dançando comigo?
Sorrio de volta e resolvi arriscar. Aproveitando o álcool na cabeça como desculpa, mesmo com o copo de Sarah na minha mão, me aproximo dele e sem desviar o olhar dos seus, pego o canudinho de sua bebida e levo até minha boca, sugando sua bebida, e fazendo um leve movimento obsceno. O ruivo solta uma risada sacana e balança a cabeça mordendo o lábio.
Antes que eu pudesse dar o próximo passo, ele se aproxima de mim e puxando minha cintura, sinto sua boca se colando na minha em um beijo necessitado. AMEM O RUIVO NÃO É HETERO!
Nossas linguas balançam dentro de nossas bocas enquanto o beijo segue quente. Me puxando mais pra sí, sinto seu corpo se colar no meu e aproveitando o escuro, desço uma das minhas mãos que estavam em seu peito para roçar de leve em sua virilha, sentindo um volume bem grande ali. Sorrio entre o beijo e me afasto um pouco dele.
_ Garoto… você ta muito saidinho!
_ É meu jeitinho de ser… - brinco e viro o restante da bebida de Sarah em minha boca.
E a partir dalí, minha visão ficou escura.
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Oii gente! Vem babado forte por aí! Essa é minha primeira história publicada nesse site (A última vez que eu escrevi foi a 10 anos atrás quando tava no ensino medio hahaha)
Perdoem meus erros de português e me digam nos comentários o que acharam do início dessa história que promete envolver vocês!
<3
Bjs