O escravo de Raul - Penúltima Parte

Um conto erótico de Pedrinho
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 3910 palavras
Data: 02/09/2025 21:50:28

Agora quem estava sério era eu. A gente se conhecia a pouco tempo. Eu queria, claro, mas não achei que fosse acontecer tão rápido assim. Na verdade uma parte de mim achava que era um lance muito maneiro, mas que podia acabar a qualquer momento. Eu o olhei e disse:

- Senhor, nada me faria mais feliz. Mas o senhor não acha muito cedo?

- Acho. Mas o que importa é o que eu sei. - nisso ele, mesmo tendo a coleira ainda na mão, me puxou pelo cotovelo, me fazendo ficar de pé. - E o que eu sei é que eu gosto de você. Eu sei que parece cedo, mas tenho 36 anos, eu sei exatamente o que eu quero! Você quer a mesma coisa?

- Sim, mestre. - Respondi. Por mais que eu quisesse muito aquilo, é inegável que não dá para se conhecer uma pessoa em poucos dias a esse ponto. - Mas o senhor não me conhece tão bem. E se o senhor descobrir que não gosta de mim?

Raul sorriu. Fez um carinho no meu rosto de forma suave. Sua fala agora era tranquila, carinhosa.

- Pedro, eu sempre soube que eu queria alguém que se entregasse pra mim. Uma vez eu li em uma revista um poema onde estava escrito “Amar solenemente as palmas do deserto, o que for entrega ou adoração expectante”. Eu nunca me esqueci disso. Eu só não sabia o que era “entrega ou adoração expectante”. Até te conhecer. Não é só no sexo. Sua adoração por mim vai além disso, e a única palavra que eu tenho pra descrever o que eu sinto é fascínio. E agora eu quero isso todos os dias da minha vida.

Eu não tinha palavras. Além do que eu sentia, ainda tinha a tendência submissa. Tudo que Raul dizia parecia ser o certo, e daquela vez não era diferente. Ele então prosseguiu:

- Você defendendo a sua reputação e a do seu homem foi tão sexy. Eu soube ali que você realmente faria qualquer coisa por mim. Quando você me pediu pra colocar a coleira em você, então… Tão meu… Completamente entregue aos meus caprichos… Você abdicou seus próprios receios, só pra me agradar… - Nesse momento, Raul segurou minhas mãos e disse, com os olhos focados no fundo dos meus - Eu já gosto de você, do seu jeito, da sua submissão. E é isso que importa pra mim. Eu não vou descobrir nada.

- Mestre, eu não sei o que dizer. - Respondi

- Só diz que sim! - Retrucou Raul.

- Sim, mestre! - Respondi. - É tudo que eu mais quero!

Raul então me beijou de forma suave, demorada. Pegou-me pela mão e me levou pra tomar banho. Ele soltou a guia, tirou a coleira e colocou em cima da pia. Depois do banho, fui pro quarto. Raul ficou um pouco mais no banheiro. Quando saiu, eu estava deitado na cama. Ele parou um pouco antes da cama e disse.

- Você não se esqueceu de nada?

- Eu? - Respondi, pensativo, tentando puxar da memória algo que tivesse esquecido.

- Venha até aqui! - Disse, impositivo.

Eu me levantei da cama e dei um passo até ele. Ele gesticulou como sempre fazia e eu, rapidamente, me ajoelhei. Raul ficou apenas me encarando por algum tempo, enquanto eu fazia o mesmo, encarando-o, sem coragem de desviar o olhar. Ele deu a volta em mim e, pela visão periferica, percebi que ele havia se sentado na cama.

- Agora, mais do que nunca, você vai ter que usar isso. - Disse, enquanto passava a coleira novamente em volta do meu pescoço. - E não pense que é um castigo. Não, de forma alguma! Veja como realmente é: um presente.

- Mas, senhor! Eu volto a trabalhar depois de amanhã.

- Teu rei vai te fazer concessões, obviamente. Mas agora você deve se preocupar apenas com o presente. E, no presente, você está proibido de tirá-la sem minha autorização, entendido?

- Sim senhor! - Respondi. Raul ficou calado por um tempo. Depois, falou

- Ótimo! Mas eu não senti tanta firmeza. Vire-se para o seu rei. - Disse. Eu, ainda ajoelhado, girei o corpo e fiquei de frente pra ele. Raul continuou. - Eu preciso saber que você realmente quer isso. Diga o que você quer.

Eu fiquei aliviado a saber que Raul me permitiria tirar a coleira em certos momentos. Uma coisa que sempre me deixava excitado eram os joguinhos que Raul fazia, pra que eu me humilhasse por algo que seria da vontade dele. Era um tipo de manipulação que eu, conscientemente, gostava de cair. Eu sabia que devia implorar pra usar a coleira, e foi o que eu fiz.

- Senhor, por favor, eu quero usar a coleira que meu mestre me deu de presente. Me conceda a honra de usá-la pelo tempo que o senhor achar que devo, meu rei, eu o imploro. Eu prometo, senhor, que só irei tirá-la quando o senhor ordenar.

- Bem melhor! - Disse Raul. - Agora que já estamos conversados, pode se levantar. Teu homem está com fome.

Ouvir isso acendeu em mim um fogo. Eu precisava alimentar meu rei. Era minha responsabilidade providenciar que todas as suas necessidades fossem atendidas imediatamente. Eu me levantei e fui até a cozinha. Raul me seguiu até lá e eu pedi que ele se sentasse à mesa enquanto eu preparava algo pra comer, e ele o fez, com um sorriso no rosto. Raul apenas me observava enquanto eu cozinhava, enquanto o servia, e, depois, enquanto eu lava a louça. Quando tudo já estava lavado, eu comecei a secar e guardar e perdi Raul de vista. Já estava quase terminando quando senti um puxão e ouvi um “click”. Raul tinha ido até o quarto, pegado a guia da coleira, colocado em mim e agora dizia, ao meu ouvido

- Vem, minha cadelinha. De quatro!

Me abaixei, ficando de quatro, e ele me guiou calmamente até meu quarto. Lá, sentou-se na cama e disse que o dia tinha sido cheio e que eu tinha obrigação de esvaziar seu saco, já que, agora, além de cadela dele, de escravo dele, de puta dele e de fêmea dele, eu era também seu “namoradinho”. Eu me aproximei, cheirei seu saco, o beijei e agradeci por me deixar chupa-lo, e comecei meu trabalho. Chupei bastante, como e onde Raul quis. Quando finalmente gozou, o fez em todo meu rosto. Tomamos mais um banho e fomos nos deitar. Na cama, Raul começou a passar a mão em meu rosto delicadamente, enquanto olhava dentro de meus olhos. De repente mandou que eu me sentasse e ajoelhou na cama, atrás de mim.

- Você tem sido o melhor escravinho que eu poderia sonhar. Teu dono te percebe nos mínimos detalhes e vê que sua devoção vai além do sexo. Está na forma que você me trata, como cuida do seu rei, como venera seu homem. Você merece uma recompensa. - Ele tirou gentilmente a coleira de mim e disse. - Você está autorizado a tirar sua coleirinha para dormir. Mas amanhã, a primeira coisa que você deve fazer ao abrir os olhos é colocá-la de volta. Você também pode tirá-la quando for tomar banho, mas assim que terminar deve colocá-la de volta imediatamente. Entendido?

- Sim, mestre. - Respondi, me virando pra ele, os olhos em completa adoração, o peito cheio de alegria por meu homem ser tão atencioso comigo. Completei, dizendo - Obrigado, meu senhor! Obrigado, meu homem! O senhor é tão maravilhoso!

Raul sorriu pra mim, acariciando meus cabelos, enquanto me estendia a coleira com a outra mão. Gentilmente, coloquei-a sobre o aparador ao meu lado da cama e Raul me abraçou e, com um pouco de força, me puxou pra mais perto dele. Dormimos agarrados, Raul com todo seu peso em cima de mim, eu no céu. No outro dia de manhã, acordei mais cedo que Raul. Fui direto à cozinha fazer café e acabei me lembrando da coleira. Por sorte ele não tinha acordado ainda, eu a peguei e saí sorrateiramente do quarto. Terminei de preparar tudo e Raul acordou e foi até a cozinha. Quando o vi, minha libido subiu. Ele veio, nu, com uma ereção, se sentou como um rei na cabeceira da mesa e começou a comer. Eu estava com tesão só de ver aquele homem. Então tive uma ideia que me deixou ainda mais aceso. Aproveitei que ele estava distraído com o celular e fui o mais rápido possível até o quarto, peguei a guia da coleira e voltei a cozinha. Parei ao lado dele, me ajoelhei e isso chamou sua atenção. Quando ele olhou pra mim, eu ergui a guia com as mãos enquanto abaixava a cabeça, em completa submissão.

- O que foi? - Disse ele.

- Senhor, - Disse, voltando a cabeça pra cima e olhando em seus olhos. - por favor, me dê a honra de chupa-lo enquanto o senhor toma seu desjejum.

- E pra que isso? - Disse, pegando a guia das minhas mãos, com um sorriso de quem está perdido mas está gostando.

- Senhor, principalmente pq eu sei que o senhor gosta que eu a use. Mas também pq o senhor disse que era chato me puxar pelo cabelo quando queria que eu mudasse de lugar.

Os olhos de Raul agora faiscavam. Seu sorriso era de puro sadismo. Ele me perguntou

- E o que você quer que eu faça com isso?

- Quero, senhor, que, por favor, o senhor coloque a guia na minha coleira e controle todos os meus movimentos.

- Mas eu estou ocupado agora. Não sei se posso deixá-lo me chupar. - Disse Raul, arrastando a cadeira para trás, inclinando-a um pouco, e colocando seus tornozelos sobre a mesa, enquanto seus pés flutuavam no ar a poucos centímetros do meu rosto. Eu sabia que ele blefava, pois seu pau estava duríssimo. Ele apenas queria que eu implorasse

- Por favor, senhor! - Disse, indo de encontro a seus pés e começando a beija-los com devoção. - Por favor, meu rei. Deixe-me ter o prazer de chupa-lo enquanto o senhor controla meus movimentos.

Raul deixou que eu beijasse seus pés e implorasse por quase 10 minutos, até que finalmente deu uma bufada e disse “tá bom, vai. Eu deixo”. Se endireitou na mesa, conectou a guia na coleira e me puxou pra debaixo da mesa. Eu cheirei seu saco, o beijei, agradeci a Raul por me deixar chupa-lo, e caí de boca em seu pau. Que gosto maravilhoso. Quente, doce, duro dentro de minha boca. Raul tomava seu café normalmente, gemendo de vez em quando. Ele as vezes segurava minha cabeça e forçava com tudo pra baixo, me deixando sem ar. Eu delirava com aquilo e não demorei a me tocar também. Quando ele estava satisfeito, ouvi-lo dizer:

- Bom, putinha, você já me serviu meu café da manhã. Agora deixa teu homem te servir o seu. E vai ser na boquinha.

Raul segurou minha cabeça, se levantou e começou a foder minha boca como se eu fosse um brinquedo de se masturbar. Não se importava com nada, e eu também não me importava. Tudo que eu queria era que aquele homem me fodesse a garganta pelo resto da vida, se ele assim bem entendesse. Quando estava prestes a gozar, tirou o pau, deixando apenas a cabeça dentro da minha boba e gozou fartamente. Mandou que eu engolisse e mostrasse a língua, o que fiz. Ele sorriu, satisfeito, desprendeu a guia e a colocou em cima da mesa. Levantou e foi para o quarto. Limpei tudo ali e fui ficar com meu rei no quarto. O dia passou bem rápido, mas com muita dominação por parte de Raul e muita adoração da minha parte. No outro dia, antes de sairmos para trabalhar, Raul mandou que eu me ajoelhasse no chão e disse:

- Putinha, você está autorizada a tirar a coleira para ir trabalhar. Mas em casa eu lhe proíbo de ficar sem.

Raul também permitiu que eu fosse em outros lugares sozinho sem a coleira, mas enquanto eu estivesse em casa, deveria usá-la, o que eu fazia mesmo quando meu rei não estava lá. Minha devoção era absoluta. Antes que a gente se desse conta, estávamos já há um mês namorando. A rotina era basicamente a mesma: Raul saia do serviço, vinha pra minha casa, e eu o recebia em completa adoração. As quartas feiras eu preparava tira gostos e meu homem trazia cervejas, e eu o chupava durante o jogo. Sempre que o time que ele estava torcendo perdia, Ruan ficava bravo e enfiava seu pau com toda força em minha boca até gozar dentro da minha garganta. Dizia que isso aliviava a raiva dele e, confesso, vez ou outra eu até queria que seu time perdesse. Nosso sentimento apenas crescia e Raul se mostrava um amante incrível. Com o tempo, eu não precisava mais chamá-lo de senhor quando estivesse fora do quarto, poderia chamá-lo de “amor”. Eu não queria isso, mas Raul disse que queria me conhecer pra além da submissão. Só que, no quarto, eu o devia cego respeito e adoração, e ele se aproveitava disso. Eu adorava tudo aquilo e sempre pedia mais. Meu homem dormia satisfeito todas as noites, sabendo que teria todos os seus desejos atendidos. Eu era a pessoa mais feliz do mundo. Com o tempo, Ruan foi me arrumando outras coleiras e eu passei a não ligar de usa—las em público, pois Raul sempre escolhia coleiras muito discretas. Eu trabalhava apenas no período da manhã, e todos os dias me dedicava a fazer um bom jantar pro meu rei, pois ele gosta muito de comer e chegava na minha casa morrendo de fome a noite. Ele adorava minha comida e sempre elogiava, o que me deixava nas nuvens. Com um mês e meio de namoro, decidimos que não fazia sentido ele pagar aluguel se mais ficava na minha casa que na dele.

- Teu homem é bagunceiro. - Disse, quando decidimos - Bagunceiro e folgado. Se tu não se ligar vai fazer todo serviço de casa sozinho.

- Meu senhor, a única coisa que me dá mais prazer que arrumar sua bagunça e fazer sua comida é me submeter aos seus caprichos.

Raul sorria satisfeito, soberano, pois sabia que era verdade. Eu fazia tudo que ele mandava e sempre pedia por mais. Raul era tratado como um rei e gostava disso. E eu gostava mais ainda. Raul era extremamente controlador quanto as contas da casa e não me deixava arcar com nada. Dizia que eu devia guardar meu dinheiro e que, naquela casa, no reino dele, minha função era servi-lo e o resto era com ele. Eu e Raul já estávamos juntos ha um ano quando ele, sendo gerente geral, estava organizando uma confraternização entre todas as filiais da empresa que trabalhava. O chefe queria que fosse uma confraternização familiar, e queria que as pessoas levassem suas esposas, maridos, filhos e etc. De início eu não queria ir. Nunca fui muito da vida social. Mas Raul disse que o chefe o disse, pessoalmente, que sabia que ele estava “amarrado”, e que fazia questão de nos ver lá.

- Por favor, bebê! Faz isso pelo teu macho! A gente fica pouco lá, prometo!

Disse ele, que nessa altura me chamava de “bebê” quando não estava me dominando, com a voz doce e manhosa, certo de que eu não resistiria. Eu não negava nada a Raul e ele sabia disso. No dia marcado, estávamos os dois vestidos em roupa social, com terno, gravata, e até sapato de couro. Eu, obviamente, usava uma coleira que Raul havia escolhido para aquela ocasião, embora ela tivesse sido escondida pela gola da camisa. A confraternização seria numa casa de festas numa cidade vizinha. Raul queria ir de moto, mas eu acabei o convencendo a alugar um carro. Chegamos um pouco antes pra acertar os últimos detalhes. A noite foi correndo, as pessoas socializando, eu comecei e beber um pouco e ficar solto, até que o patrão de Raul veio até nós, que estávamos sentados do lado de fora enquanto Raul fumava um cigarro. Era um homem com aparência velha, franzino, magro, extremamente alto, meio envergado, os cabelos e sobrancelhas cinzas. Seu cheiro era predominantemente de charuto e de bebida cara.

- Que bonito evento, Raul. Parabéns! - Disse o velho, se aproximando. - Você está sumido! Já mandei te chamar pra três festas daquela e você só declina. Presumo que esse cavalheiro seja a razão de ter nos abandonado. - Continuou, apontando para mim sem cerimônia.

- Muito obrigado, Doutor Marciel. - Respondeu Raul. - O esforço valeu muito a pena. Esse é o Pedro. Bebê, esse é o doutor Marciel, nosso patrão.

- Muito prazer. - Disse, pegando a mão que Marciel estendia.

- Bom, Raul. - Disse o velho - Você sabe que eu tenho uma cadeia de 16 empresas, todas muito bem, obrigado. Infelizmente, eu não posso controlar todas. Preciso de gente de confiança em cada presidência de cada uma dessas empresas. Estive pensando, pq você não aparece na próxima festa? Você já trabalha pra mim a bastante tempo e eu sei a sua competência. Se trouxesse esse acompanhante - Disse, referindo-se a mim. - com certeza seu esforço seria muito melhor reconhecido. Já pensou em ser presidente de uma empresa?

A feição de Raul mudou. Ele olhava sério para o patrão dele, encabulado com aquela proposta. Sua voz se alterou levemente quando ele disse

- Eu sei onde o senhor quer chegar. Eu já disse que não. E já disse pro senhor que estava perdendo a paciência com isso.

- Sim, você disse. Mas não custa nada fazer minha oferta, não é mesmo? - insistiu o velho - Bem, talvez um salário inicial de cinco dígitos com o primeiro dígito alto e a possibilidade de você mesmo estabelecer seus horários de trabalho te atraiam.

Em uma conta rápida se consegue deduzir que essa é uma bolada. Um cargo extremamente alto, talvez o mais alto que se possa chegar sem ser dono. Mas Raul não ficou nada satisfeito. Eu conhecia aquele homem e eu sabia exatamente o que se passava na cabeça dele. O rosto retesado. Os punhos fechado. A apatia em sua fala. Ele não queria ser tentado daquela maneira. E não pq achasse absurdo. Mas pq ele sabia que não poderia resistir pra sempre a tentação do capital, e isso o deixava em um conflito interno. Quando senti que ele estava prestes a estourar, tentei intervir dizendo “Amor, por favor, não faça isso” mas ele só respondeu, entredentes, “Saia”. Eu sabia que Raul podia explodir e as consequências não seriam nada boas. Só estávamos nós três ali e eu tinha que segurá-lo. Segurar aquele homem com força física não era uma opção. Com o rosto vermelho, ardendo de vergonha por fazer aquilo perto do patrão de Raul, eu segurei o ombro dele, chamando sua atenção e, quando ele olhou pra mim, eu disse:

- Senhor, por favor! Não faça isso, mestre. Eu te imploro!

Agora sim parecia ter surtido mais efeito. Raul ficou me olhando por algum tempo e sua expressão foi aliviando. Eu sempre atendi todos os seus desejos, e ele não podia se negar a me ouvir. Com a expressão mais serena, Raul apenas disse:

- Obrigado Marciel, mas eu já disse que não.

- Ah, sim. - Disse o velho - Agora tudo está claro como água. O submisso foi capaz de te domar… É, fazer o que… As vezes acontece mesmo! Bom, com a experiência de vida que eu tenho, não posso dizer que não tinha previsto isso. Você esconde muito esse garoto e eu sei muito bem o motivo. O que os torna mais bem-vindos ainda na nossa festa! Pense bem na proposta. As vezes seu acompanhante também se junta a nossa cadeia de empresas em um cargo legal. Ou quem sabe podemos até estudar uma proposta de… sei lá… seis dígitos, tá bom pra você?

A expressão de Raul agora era indecifrável, mesmo pra mim. Ele ficou calado por um tempo, encarando o patrão, cujo semblante era o mesmo. Eu sentia a tensão no ar, até que finalmente, Raul disse:

- Seis dígitos com primeiro médio pra mim e um cargo pra ele? - Indagou Raul.

- Seis dígitos com primeiro baixo pra você e um cargo pra ele? - Retrucou Maciel, devolvendo a pergunta com a mesma entonação que Raul utilizou, como se o imitasse. Raul pensou um pouco e disse:

- Três é um dígito baixo?

Marciel me olhou de cima a baixo, depois desviou o olhar pra Raul. Pensou por um tempo, até que respondeu

- Três pode ser um dígito baixo. Depende do que eu vou receber em troca. Bom, pense no assunto. E você também - Disse, se dirigindo a mim. - O cargo pode ser bom pra quem está começando! Pensem bem.

- Vamos pensar.- Respondeu Raul

O patrão de Ruan apenas saiu. Nós ficamos parados, se encarando mutuamente. A mesma coisa passando pela cabeça. Como estávamos apenas nós dois naquele lugar resolvi quebrar o gelo.

- Parecia que vocês estavam me rifando. - Disse, rindo. Ruan deu uma risadinha também.

- Isso te incomodou? - Me perguntou ele.

- Por esse tanto de dinheiro até que não. - respondi, rindo.

Raul riu, me beijou, mas ficou sério o resto do tempo. Até meio distante. No caminho de volta ele me disse que o dinheiro de Marciel era proveniente principalmente de um banco que sua família possuía há quase um século e da exportação agrícola visto que, segundo Raul, se juntasse todas as áreas cultivadas que ele possuía espalhado pelo Brasil teríamos quase o estado do Rio. Já em casa, assim que entramos, Raul se sentou no sofá e eu me ajoelhei e tirei seus sapatos. Depois o ajudei a se despir. Quando já estava só de cueca, tirei minhas próprias roupas. Raul foi até o quarto e me chamou. Quando cheguei, ele estava sentado na cama. Ele gesticulou com a mão e eu corri e me ajoelhei aos seus pés.

- Viadinho, - Disse - eu quero saber sua opinião sobre a proposta que recebemos.

- Senhor, esse dinheiro pode mudar nossa vida. - Respondi, sereno. Eu sabia que quando ele fazia assim, minha opinião realmente contaria. - Mas eu jamais faria algo que o senhor não quisesse.

- Eu sei que não. - Respondeu, sorrindo. - Por isso eu estou te perguntando. Eu não vou mentir pra você, eu estou realmente tentado. Mas eu já tinha prometido a mim mesmo que você seria só meu.

- Senhor, - Chamei-o. - Eu sou só seu!

Raul sorriu, acariciou meu rosto e disse que iria pensar. Nesse dia, enquanto eu o servia, Raul me ordenava que lhe jurasse fidelidade e amor eternos, o que eu fazia, pois, além de que eu realmente me sentia assim, sentia que aquilo era uma fragilidade de Raul e eu me empenharia pra não vê-lo assim. Os dias se passaram até que Raul, um pouco tenso, chegou em casa com uma caixa onde, eu já sabia, teria uma coleira nova. Mandou que eu me ajoelhasse e disse:

- Meu putinho, a festa é daqui três dias. Eu pensei muito e decidi que seria burrice eu não aceitar. Mas você ainda pode recusar e eu não vou sem você. Então eu resolvi estabelecer duas condições e nós apenas iremos se você acata-las.

- Sim, meu senhor!

- A primeira é que eu vou te treinar. Vou te explicar tudo que vai acontecer lá, como vai acontecer e como você deve agir. Você deve me prometer que, quando estiver lá, só irá fazer o que estiver de acordo com minhas ordens e com o que eu tiver lhe ensinado!

- Eu prometo, meu senhor!

- Muito bem! Essa eu já sabia que você concordaria! A segunda condição é que você deverá usar isso. - Disse, me entregando a caixa. Quando abri, vi que em seu interior havia uma coleira preta com quatro letras prateadas penduradas a ela, escrevendo: R A U L.

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Comentários

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Pedro,nunca gostei do tema submissão, porém teus contos me cativaram e confesso que é muito excitante li e reli todos e achei sensacional. Parabéns

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Olá! Que bom! Fico feliz em saber que estou agradando! Valeu amg!

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Pedro,nunca gostei do tema submissão?, porém teus contos me cativaram e confesso que é muito excitante li e reli todos e achei sensacional. Parabéns

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