Sempre gostei de mulheres maduras. Há algo na forma como caminham, falam e se portam que mexe comigo. E Juliana foi um daqueles presentes do destino que parecem nascer de uma fantasia.
Baixinha, cabelo chanel impecável, olhar de quem já viveu muito — e sabe exatamente o efeito que causa. Conheci-a quando fui contratado para acompanhar seu marido, Juan Carlos, no hospital. Três noites cuidando dele, até que o filho mais velho chegou para me render. Parecia apenas mais um trabalho. Mas Juliana… Juliana não era apenas mais uma mulher.
Dois dias depois, às oito da noite, o telefone tocou.
— Está disponível? — a voz firme e macia perguntou.
Respondi que sim.
— Então passo aí para te buscar.
Cinco minutos depois, o interfone tocava.
Quando abri a porta, quase perdi o fôlego. Vestido florido, leve, que balançava suavemente sobre suas pernas, salto discreto, perfume marcante que me deixou zonzo. Fiquei paralisado, hipnotizado.
— Aconteceu algo? Está passando bem? — ela perguntou, com um sorriso de canto.
Não tive coragem de admitir que, na verdade, estava era tentando disfarçar o tesão. Ri sem graça, ofereci uma água e seguimos para o hospital.
No carro e pelos corredores, as conversas eram sobre coisas simples, mas meus olhos escapavam para suas pernas, para o jeito como ajeitava os óculos, para o perfume que parecia sempre me provocar.
Na manhã seguinte, quando veio com o filho, ela estava de outro jeito: calça social, camisa de seda roxa, salto mais alto, um terno que a deixava ainda mais elegante. Aquilo me acendeu. Fiquei imaginando o que haveria por baixo daquela roupa.
Ao sair, ofereceu carona. Disse que precisava passar em casa pegar uns documentos. E me convidou a subir para não esperar no carro. Eu aceitei sem pensar.
Esperei na sala, coração acelerado. Quinze minutos depois, ela voltou… mas não era a mesma mulher que havia entrado. Agora vinha com um vestido amarelo, tecido encorpado, que moldava suas curvas. Estava perfumada, os cabelos ainda úmidos de banho. Era uma loba.
Juliana percebeu meu olhar demorado e deixou escapar, com um sorriso ousado:
— Cuidado com esses pensamentos… às vezes eles nos levam a caminhos sem volta.
Aquela frase me incendiou. Era o sinal que eu precisava. Me aproximei, tirei as pastas de suas mãos e falei baixo:
— Eu não sei aonde esses pensamentos vão me levar… mas tenho certeza de que é aqui que quero estar.
O beijo aconteceu como se fosse inevitável. Firme, cheio de urgência. Ela correspondeu na mesma intensidade, suas mãos me puxando para mais perto, como se tivesse esperado anos por aquilo.
Senti seu corpo tremer, quente, entregue. Minhas mãos percorreram suas curvas, cada detalhe que até então eu só havia adivinhado. O sofá em L se transformou em nosso refúgio. Não havia pressa, mas também não havia volta. O desejo nos dominava como um segredo proibido, e cada gesto era uma provocação que queimava.
No silêncio, apenas respirações ofegantes e sussurros quase inaudíveis. Ela me puxava, me apertava, como se não quisesse que o momento acabasse. A sala parecia pequena demais para conter aquela explosão.
Quando, por fim, nos deixamos vencer pelo cansaço, Juliana recostou a cabeça no sofá, ainda sorrindo, os óculos tortos e os lábios vermelhos. Virou-se para mim e disse, entre um riso e um suspiro:
— Eu e Juan só dividimos o mesmo teto… nada mais. Obrigada por me lembrar que, mesmo depois dos sessenta, ainda sei o que é desejo.
Fiquei em silêncio, apenas olhando para aquela mulher que acabava de me mostrar o poder da maturidade. Ela ajeitou o cabelo, deu-me um beijo mais suave e sussurrou:
— Esse é o nosso segredo.
Naquela manhã, o mundo parecia ter mudado. Eu tinha vivido uma fantasia — e, ao mesmo tempo, a certeza de que aquilo não tinha sido a última vez.