Mário ficou parado no limiar da porta, olhos presos na figura estendida na cama.
Juliana ergueu o tronco, o lençol a deslizar-lhe pelo peito coberto pela renda fina da lingerie. A luz da manhã entrava em lâminas claras pelas persianas, desenhando-lhe as pernas, os ombros, os contornos femininos esculpidos na madrugada.
— Mário… — repetiu, agora mais desperta, sentando-se.
A maquilhagem ligeiramente desfeita dava-lhe um ar ainda mais doce, mais despido de defesas. O cabelo solto, desalinhado, caía-lhe sobre os ombros com um toque de desordem sensual.
— Eu… vim só buscar os óculos — murmurou ele, mas não se mexeu.
O olhar estava fixo. Não em choque. Mas em algo mais denso. Fascínio. Desejo. Um conflito interno a fervilhar-lhe no peito e a descer-lhe pelo corpo.
Juliana sorriu.
— Fecha a porta, então.
Ele obedeceu.
O silêncio entre ambos era elétrico. Respirava-se. Sentia-se nos poros. Ela levantou-se, devagar, de saltos altos, o corpo a mover-se com graciosidade e provocação natural. Caminhou até ele, o som dos saltos a marcar cada passo sobre o soalho.
— Não vais dizer nada?
— Eu… — Mário tentou falar, mas a boca estava seca. — És tu?
— Sempre fui. Só que agora… deixo-me ver.
Ela parou à frente dele, muito perto. Os olhos de Mário desceram, subiram, procuraram algo onde se agarrar. E encontraram apenas beleza. Mistério. Verdade.
Juliana levou as mãos ao peito dele, sentindo-lhe o batimento.
— Estás a tremer.
— És… linda.
Ela aproximou os lábios do ouvido dele.
— E tu estás excitado.
O corpo de Mário confirmou, mesmo antes da mente.
E foi então que a porta se abriu devagar. Inês e Patrícia entraram, trazendo sacos nas mãos e sorrisos nos lábios. Pararam ao vê-los.
Mas não houve surpresa.
Apenas pausa. E depois movimento.
— Já se conheceram melhor? — perguntou Patrícia, pousando os sacos e tirando os óculos de sol.
— Ainda não. Mas está prestes a acontecer — respondeu Juliana, sem tirar os olhos de Mário.
Inês aproximou-se dele, passou-lhe os braços à volta do pescoço e murmurou:
— Respira. Deixa-te ir.
Mário fechou os olhos um instante. E quando voltou a abri-los, já não havia fuga.
A sala rapidamente se tornou uma dança lenta de corpos e intenções. Mário foi despido com mãos femininas, cuidadosas e provocadoras. Primeiro a t-shirt, depois os calções. Inês beijava-lhe o pescoço, Patrícia acariciava-lhe o peito, Juliana observava, como uma deusa em rendas, até o puxar para si.
Sentaram-no na cama. Juliana ajoelhou-se à sua frente, entre as pernas, enquanto as outras duas lhe sussurravam ao ouvido.
— Estás a entrar no nosso mundo agora — disse Inês.
— E nele, todos os papéis são bem-vindos — completou Patrícia.
Juliana deslizou as mãos pelas coxas dele. O toque era delicado, mas cheio de intenção. E depois, subiu-se à cama, montando-o com um movimento lento, sensual, de poder feminino absoluto. As rendas da lingerie marcavam-lhe as ancas, e o membro endurecido entre as pernas tocava o ventre de Mário com naturalidade e provocação.
— Sou mulher aqui contigo — sussurrou ela.
E beijou-o.
O beijo foi profundo, molhado, quente. Os corpos fundiram-se. As mãos de Mário exploraram-na como nunca haviam tocado outro corpo. Curvas suaves, pele quente, gemidos doces. E Juliana movia-se sobre ele como se dançasse.
Patrícia veio por trás, ajoelhou-se atrás de Juliana e puxou-lhe os collants com delicadeza, expondo-lhe as nádegas. Começou a beijá-las. Depois, molhou dois dedos com lubrificante e começou a explorar de novo o prazer anal de Juliana, já desperto da noite anterior.
— Queres sentir-te completa? — perguntou.
Juliana apenas gemeu. Um som denso, gutural, feminino.
Inês beijava Mário, deitava-se ao lado dele, guiava-lhe as mãos até aos seus seios, às suas coxas, ao interior quente e húmido onde ele se perdeu de seguida. Os corpos multiplicavam-se. As mãos já não eram de um, mas de todos.
Mais tarde, Juliana, agora deitada de costas, guiou Inês até si.
— Quero dar-te o que tenho — disse, com os olhos a brilhar.
Inês sorriu, sentou-se sobre ela e deixou-se penetrar. Os corpos moveram-se num ritmo lento e profundo. A entrega de Juliana era total — o prazer, agora oferecido, enchia-lhe os sentidos. Mário e Patrícia observavam, tocam-se, beijavam-se, e quando Patrícia se deitou de lado, Mário penetrou-a por trás, enquanto ela segurava Inês pela cintura, guiando os movimentos das duas.
A cama tornou-se um altar. Os gemidos uma música. Os corpos, poesia viva.
No final, Juliana ficou entre elas, ainda de saltos, maquilhada, os seios meio expostos pela lingerie, o sexo ainda palpitante. Patrícia beijava-lhe os dedos. Inês encostava a cabeça ao seu ombro.
Mário estava sentado aos pés da cama, nu, a olhar para ela como se visse o mundo de outra forma.
— Nunca me senti tão certo num momento — disse ele.
Juliana sorriu, com os olhos húmidos.
— Eu também não.
(continua)