Desde que o marido faleceu, Dona Selma redescobriu a vida — mas não do jeito que as vizinhas fofoqueiras imaginavam. Enquanto algumas achavam que ela passaria os dias cuidando de samambaias e bolos de fubá, Selma cuidava de outra coisa: da própria fome. Mas não era por comida.
A república que ela administrava, na parte de cima do sobrado, era composta por quatro quartos e um revezamento constante de estudantes — todos na casa dos vinte, com testosterona em ebulição e pouca noção de como esconder uma ereção matinal. Selma percebia. Selma sentia. E Selma, aos 48, estava mais viva do que nunca.
Foi com Luan, o primeiro deles, que tudo começou. Um rapaz tímido, de olhos castanhos e músculos que denunciavam academia diária. Estava tentando consertar o chuveiro do próprio banheiro quando Dona Selma apareceu, vestida apenas com um robe e um sorrisinho malicioso.
— Tá precisando de ajuda, Luan?
Ele tentou disfarçar o nervosismo, mas falhou. A toalha escorregou da cintura. Selma apenas riu. Em minutos, estava ajoelhada, como quem reza — mas a oração era outra. A boca quente, experiente, sugava cada suspiro do rapaz. Ela gemia baixinho a cada estocada na garganta, como se fosse ela quem estivesse sendo penetrada.
— Nossa... você... — ele tentou dizer algo, mas foi engolido pela língua dela.
Quando ele gozou, ela não desviou. Recebeu tudo, firme, e lambeu os lábios no final.
— Cremoso. Você anda comendo muita banana, menino?
Depois disso, as histórias se espalharam, ainda que discretamente. Um por um, os inquilinos foram descobrindo o segredo de Dona Selma. Alguns se aproximavam curiosos. Outros, com medo de se apegar. Mas o que nenhum deles conseguia era resistir àquela boquinha que fazia milagres.
Lucas, por exemplo, terminou com a namorada depois de uma noite com Selma.
— Você fez coisas que ela nunca faria — ele disse, deitado na cama dela, enquanto ela girava a língua num último carinho.
— Eu só gosto de deixar um homem feliz... pela boca — respondeu, piscando.
Às vezes, ela os reunia na cozinha para comentar com malícia:
— O do Caio é mais doce... O do Bruno tem gosto de cerveja e miojo... Mas o do Matheus? Ah... parece leite condensado. Eu quase pedi mais.
Riam. Coravam. Mas voltavam. Sempre voltavam.
Dona Selma não cobrava favores. Não ameaçava ninguém. Apenas oferecia o que sabia fazer de melhor — e ela era uma artista no que fazia. A língua dançava, os lábios envolviam, e o prazer vinha como uma maré, forte e inevitável.
No fim, a república ganhou fama entre os estudantes. E não era pelo preço do aluguel. Era pela lenda da "boquinha de Dona Selma". Ela me pegou na cozinha, depois dessa conversa de que falei.
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Na manhã seguinte, acordei com o som de alguém batendo na porta. Eram 7h. Virei na cama, pelado ainda, achando que era algum dos caras da república me chamando pra dividir o café.
— Matheus — a voz era baixa, madura, conhecida. — Abre aí.
Levantei num pulo. Era ela. Dona Selma. Ainda de camisola, mas agora com um robe de cetim por cima, meio aberto, revelando as coxas nuas e a ausência de qualquer calcinha. O cabelo preso no alto, o batom leve... parecia que tinha acordado pronta pra seduzir.
— Posso entrar?
Nem esperei responder. Ela entrou, trancou a porta por dentro e se sentou na beira da minha cama.
— Dormiu bem?
Balancei a cabeça, meio sem jeito, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Ela sorriu, e aquilo já bastava pra me deixar duro de novo.
— Olha, Matheuzinho... quero deixar uma coisa clara. O que a gente fez ontem não foi acaso, tá? Eu quis. Eu escolhi.
— Eu... também quis — disse, meio atropelando as palavras.
— Eu sei. Seu corpo gritou isso. Mas tem mais. Se você quiser continuar... a gente precisa de algumas regrinhas.
Aquilo me intrigou.
— Regras?
Ela se virou, cruzando as pernas, e apoiou a mão na minha coxa nua.
— Regra número um: quando eu quiser, você vem. Sem desculpas. Nem joguinho.
— Certo...
— Regra número dois: nada de se apaixonar. Eu gosto de pau. Gosto de gozar. Gosto de sugar tudo até você não aguentar mais. Mas não quero bilhetinho, nem crise de ciúmes.
Balancei a cabeça, tonto. Era tudo... perfeito demais.
— E número três... — ela se inclinou, beijando o lado da minha barriga, bem perto do pau que já pulsava. — Sempre goza na minha boca. Sempre.
Eu gemi, antes mesmo dela encostar. Era como se as palavras dela já me chupassem com a língua invisível do desejo.
Mas ela não era de perder tempo.
Desceu por cima de mim, sem tirar o robe. Me encarou de cima, os cabelos caindo pro lado do rosto, os olhos cheios de intenção. Quando finalmente envolveu meu pau com a boca de novo, percebi: o que ela fez na cozinha tinha sido só o aquecimento.
A língua dela rodava como redemoinho, ora firme, ora delicada. As mãos seguravam minhas coxas, me travando. Ela babava de propósito, espalhando a saliva, fazendo um som molhado, indecente. Me engolia por completo e gemia junto, como se sentisse prazer só com aquilo.
Eu não duraria muito. Ela sabia.
— Calma, calma... — murmurou, tirando a boca só pra me olhar nos olhos. — Agora você é meu. Só meu. E minha boca vai te lembrar disso toda semana.
E engoliu de novo.
Gozei mais forte que nunca. Tremendo. Gemendo alto, sem medo de quem estivesse ouvindo. Ela engoliu tudo, passou a língua uma última vez, e ainda ficou alguns segundos ali, com a boca pousada na minha virilha, como quem marca território.
Depois se levantou, ajeitou o robe e disse:
— Domingo à noite. Te espero na minha cama.
E saiu, como se nada tivesse acontecido.
Naquele momento, percebi: não era só uma boquinha gostosa. Era um vício. Um pacto. Um segredo que eu nunca mais conseguiria abandonar.
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Aos poucos, o silêncio cúmplice foi se formando. Um olhar aqui, um sorrisinho enviesado ali. A gente sabia. Quem já tinha provado, reconhecia o outro. E quem ainda não tinha… logo seria pego.
Começou com Caio, o mais sarado da casa. Treinava sem camisa no quintal, sempre de fone, suado, exibido. Selma observava da varanda, às vezes com um copo de vinho na mão, às vezes só com a língua umedecendo os lábios. Ela escolhia com calma.
Numa tarde, ele voltou do banho e encontrou um bilhete no espelho do banheiro:
“Gostei do treino de hoje. Se quiser relaxar a tensão, me procure depois das 22.– S.”
Ele achou que fosse brincadeira. Mas não era.
Naquela noite, apareceu no quarto dela. Saiu de lá quase uma hora depois, sem camisa, com a respiração descompassada e o olhar perdido.
No dia seguinte, na cozinha, enquanto a gente comia pão com ovo, ele murmurou pra mim e pro Bruno:
— Ela... cara... ela chupa como se fosse a última coisa que vai fazer na vida. Juro por Deus.
Bruno gargalhou, achando que era exagero.
— Duvido. Aposto que vocês tão viajando só porque é mais velha e sabe fazer charme.
— Charmosa, sim. Mas é a garganta dela que convence — retruquei, sorrindo de canto.
Bruno riu, descrente. Mas não por muito tempo.
Bruno era o mais cético. Estudante de engenharia, sempre racional, meio cínico. Foi o único que ainda estava num namoro à distância.
Mas a tentação bateu quando, numa sexta-feira à noite, depois de umas cervejas, Selma surgiu na sala com uma blusa branca sem sutiã e uma calcinha preta à mostra por baixo do vestido de tricô.
— Alguém quer experimentar um vinho novo comigo? — perguntou.
Bruno foi. Inocente.
Duas taças depois, ela já estava no colo dele, roçando a boca no pescoço. Quando ele tentou levantar, nervoso, ela se ajoelhou à frente dele e murmurou:
— Eu só quero te dar prazer. Você vai lembrar dessa noite pro resto da vida, mesmo que nunca mais volte.
A resistência de Bruno durou exatos 30 segundos. Depois, ele gemeu tão alto que Caio e eu ouvimos do quarto ao lado. No dia seguinte, acordou sem culpa — e sem namorada. Terminou por mensagem.
— É melhor assim. Ninguém compete com aquilo — disse, encarando o fundo da xícara de café, como se ainda sentisse o eco da língua dela.
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Luan, por outro lado, já tinha sido o primeiro. Mas depois que todos os outros foram fisgados, ele propôs uma coisa ousada numa noite em que a tensão pairava no ar:
— E se... a gente fosse juntos?
— O quê? — perguntou Caio, surpreso.
— Tipo... revezamento. Cada um sente um pouco. A gente não encosta um no outro, só... na boca dela.
Ficamos em silêncio. Depois, todos sorriram.
Selma não só topou — como adorou.
Aquela noite virou um ritual. Um por vez, de pé no quarto dela, recebendo a boca mais viciante da cidade enquanto os outros esperavam em silêncio, ouvindo os sons molhados, os gemidos abafados, e o gole seco com que ela engolia tudo, sem deixar uma gota escapar.
Depois, como sempre, ela limpava os lábios com o dedo, sorria com orgulho e dizia:
— Cada um com seu sabor... cada um com seu momento. Mas todos... meus.
E éramos mesmo.
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Era sábado à noite. Chovia lá fora, fino e constante, como uma cortina que isolava a casa do mundo. O som da água nos telhados era hipnótico. E no quarto de Selma, a tensão era palpável.
Ela nos chamou com um simples aviso no grupo da república:
“Hoje, às 22. Tragam apenas o que está entre as pernas. – S.”
Rimos, nervosos. Mas nenhum de nós cogitou ignorar.
Entramos um a um no quarto. Ela já estava pronta: robe vinho entreaberto, o corpo nu por baixo, sentada na beira da cama com as pernas cruzadas, uma taça de vinho tinto na mão. No canto do quarto, uma vela acesa lançava sombras dançantes na parede.
— Boa noite, meninos — ela disse, como se estivesse começando uma reunião. — Luan propôs... e eu achei deliciosa a ideia. Mas com ordem. Com calma. Um de cada vez. Eu quero sentir vocês todos. Quero saborear. Quero me afogar em vocês.
A voz dela era um sussurro quente, e nossos corpos responderam de imediato.
Luan foi o primeiro. Ela já conhecia cada centímetro dele. Ajoelhou-se diante do rapaz como quem recebe um presente, segurou o membro ereto com carinho e começou devagar, quase carinhosa, chupando com doçura. A língua passeava com intimidade, os lábios faziam pressão no ponto certo. Ele gemeu contido, tentando não tremer, mas a boca dela era certeira. Em poucos minutos, explodiu de prazer. Ela não desviou. Engoliu tudo, lambeu devagar e sorriu:
— Ainda com gosto de juventude, meu bem!
Caio foi o segundo. Ela o tratou diferente. Mais firme, mais intensa. Segurou-o com as duas mãos, batendo a língua na cabeça do pau dele como se estivesse atiçando fogo. Quando ele tentou segurar o ritmo, ela o olhou nos olhos e murmurou:
— Não segura nada. Eu quero tudo.
E chupou fundo, engasgando sem tirar o olhar. Quando Caio gozou, estremeceu inteiro, apoiando-se na parede. Ela deixou escorrer um fio pela boca antes de lamber, provocante:
— Forte. Quente. Feito pra mim.
Bruno hesitou. Não por vergonha, mas por orgulho. Achava que podia resistir mais. Quando ela o puxou pela cintura e o engoliu até a base logo na primeira investida, o corpo dele tremeu.
— Puta que pariu... — soltou, arfando.
Ela brincou com a ponta da língua, soltando estalos, e depois o chupou com ritmo hipnótico. Bruno demorou mais. Mas quando gozou, foi com raiva, com intensidade. Ela aceitou tudo. Engoliu, limpou o canto da boca com o dedo e disse:
— Ácido. Amargo. Tá guardando tensão demais. Vou precisar cuidar mais de você.
E então, ela me olhou. O último.
Matheus. Eu estava ali o tempo todo, vendo tudo, duro, latejando, quase implorando. Quando me aproximei, ela ajoelhou pela quarta vez, sem cansaço, como uma sacerdotisa da luxúria. Pegou meu pau com delicadeza, como se me conhecesse melhor do que eu mesmo.
— Eu deixei você por último... porque gosto do gosto doce no final.
E começou.
Não tinha pressa. A língua passava lenta, saboreando. Ela me olhava, chupando como quem lê um livro erótico com os olhos. Eu sentia que era dela. Só dela. Quando gozei, ela ficou mais tempo com a boca envolta, sugando até o último espasmo. Depois, engoliu, gemeu baixinho e sussurrou:
— Leite condensado. Meu favorito.
Terminou sentando-se na cama, ofegante, satisfeita, os lábios brilhando e os olhos acesos.
— Agora vocês entendem. Isso aqui não é só prazer. É devoção. É meu altar. E vocês... são minha missa.
Ninguém respondeu. Estávamos em transe. Saciados. Viciados. Amarrados por uma boca que nenhum de nós jamais esqueceria.
E todos sabíamos: haveria outras noites.
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Era o último fim de semana antes das férias. Eu tinha passagem comprada pra voltar pra casa, rever minha mãe, comer a comida dela, dar aquele tempo das correrias da cidade. Mas... havia um problema. Ou melhor: uma boca.
Passei os últimos dias hesitante, mal conseguia arrumar a mala. A cada vez que tentava separar as roupas, lembrava da língua de Selma deslizando por mim, dos olhos dela me prendendo, da voz sussurrando minhas fraquezas com gosto. Era mais forte que saudade — era um vício.
Na sexta à noite, bati na porta dela.
Ela abriu com aquele sorriso de canto. Já sabia. Dona Selma sempre sabia.
— Achei que estivesse indo embora — provocou, com a camisola já meio transparente, revelando que não usava nada por baixo.
— Cancelei a passagem.
Ela sorriu mais largo, satisfeita. Me puxou pela camisa, e a porta se fechou atrás de mim.
— Então você ficou... por mim?
— Pela senhora.
— Hmmm... então vem aqui. Deixa eu agradecer como você merece.
Ajoelhou-se sem cerimônia. Meu pau já estava duro antes mesmo de sair da calça. A boca dela o recebeu como velha amiga, quente, acolhedora, envolvente. Fez o que sabia melhor: sugou meus sentidos, lambeu meus pensamentos, e me fez gozar com um suspiro trêmulo, profundo, entregando tudo nela mais uma vez.
Ela engoliu com calma, sem pressa. Depois se levantou, os olhos brilhando.
— Isso é que é fidelidade. Você vai ficar aqui o mês todo pra mim?
Silêncio.
Eu a beijei no pescoço, dei um risinho meio sem jeito, e soltei:
— Então... deu galho.
— Como assim?
— Minha mãe acabou de me mandar mensagem. Tá vindo me buscar amanhã. Disse que eu volto, ainda que puxado pelas orelhas.
O sorriso de Dona Selma sumiu. A expressão dela congelou por dois segundos.
— Você gozou na minha boca... e agora diz que vai embora com a mamãe?
— Não é culpa minha! Ela que é dramática. Já tá vindo de carro, disse que vai me arrancar daqui.
Selma bufou, riu com sarcasmo, e pegou a taça de vinho da mesa de cabeceira.
— Leite condensado ingrato... vai deixar saudade, mas vai deixar ranço também. Dei um passo atrás, rindo, meio envergonhado.
— A senhora ainda vai sentir minha falta.
— Eu vou é te substituir rapidinho.
Ela deu um gole de vinho, lambeu os lábios como se ainda saboreasse minha gozada, e completou:
— Mas, ó... se um dia quiser mamar de novo, é só bater na porta. Desde que venha sem mamãe.
E me deu uma piscadinha.