Boa tarde, queridos leitores. Eu me chamo Geraldo, mas aqui no prédio todo mundo me chama de seu Geraldo. Tenho sessenta e dois anos e trabalho como porteiro neste condomínio desde 1988. Ou seja, já vi esse prédio nascer, crescer e mudar com o tempo. Esta série é sobre as amantes que tive nesse condomínio. Também as que eu comi uma vez só quanto as minhas putinhas fixas.
Fisicamente, tenho estatura mediana, corpo um pouco avantajado na barriga – culpa das cervejinhas no fim do expediente –, mas ainda dou pro gasto. A pele é morena queimada de sol, os cabelos são grisalhos, já raleando aqui e ali, mas ainda dá pra ver que um dia foram pretos. Os olhos são pequenos, ligeiros, sempre atentos. Mãos calejadas do trabalho e um sorriso fácil quando preciso ser simpático. Mas o que ninguém sabe – ou finge não saber – é que por trás dessa cara de porteiro prestativo, eu sou um verdadeiro colecionador. E minha coleção não é de selos, moedas ou figurinhas... é de calcinhas das mulheres que comi.
Mas não se engane, tenho minha ética. Nunca revelo os nomes delas para ninguém. O que acontece entre quatro paredes, fica entre quatro paredes. Além disso, nunca roubo nem pego calcinhas usadas sem permissão. Cada peça que entra na minha coleção foi dada de bom grado, como um presente da dona. É isso que faz a coleção ter valor: a lembrança de que cada uma foi conquistada de forma legítima.
No capítulo anterior, eu contei como comi a Anacleta e descobri sobre o segredo dela: a evangélica tinha se divorciado, mas ainda pagava de casada pra não ser malvista pela ala conservadora do prédio, com quem ela andava.
Desde então, os dias e a vida passaram.
Estava sentado na minha cadeira de sempre, a bunda já acostumada, escutando o Spotify baixinho. A tarde da terça ia morna, como quase todas as outras, até que vi a Sarah entrando pela porta da portaria, vinda do estacionamento.
A mulher era um espetáculo. Sarah tinha aquele jeito de quem não queria chamar atenção, mas chamava de qualquer jeito. Vinha com a roupa de trabalho, uma camisa social azul clara, abotoada até em cima. As mangas dobradas, os peitos bem marcados, duros, empurrando o tecido. A calça era daquelas de tecido fino, cintura alta, agarrando a bunda como uma luva. Coxas firmes, cintura fina. Um salto médio que fazia o quadril dela rebolar só no caminhar. O cabelo solto e a pele morena clara, igual à da prima.
Ela abriu um sorriso simpático, como sempre fazia, e veio até o balcão.
— Boa tarde, seu Geraldo. Chegou alguma coisa do Mercado Livre pra mim ou pro Érico?
Conferi na planilha.
— Pra vocês dois, não chegou nada hoje, não, dona Sarah.
Ela suspirou de leve.
— Ai... que droga. Era uma caixinha pequena, de produto de cabelo. Mas beleza, vou esperar mais um pouco então.
Notei que ela mexia o ombro direito com uma certa hesitação, como quem sentia incômodo.
— Tá com dor aí? — perguntei, apontando com o queixo.
— Hã? Não, é só um... cansaço. Coisa do dia a dia mesmo.
Ela tentou disfarçar, mas eu conheço esses gestos. Já vi mulher demais na vida pra não perceber. Me levantei com minha calma de sempre.
— Isso aí resolve com massagem. Se a senhora quiser, claro.
Ela reagiu meio surpresa, meio desconfiada, mas sorriu. Um sorriso tímido, daqueles que a gente vê quando a pessoa não quer parecer grosseira, mas também não sabe se devia aceitar. Ainda assim, assentiu.
— Sério? Você sabe fazer massagem?
— Aprendi com umas moradoras antigas, mais de vinte anos atrás — falei rindo, enquanto puxava uma cadeira.
Ela se sentou, de costas pra mim, e puxou o cabelo pro lado. Coloquei as mãos nos ombros dela com firmeza, mas sem brutalidade. Comecei a apertar de leve, com o polegar pressionando o músculo.
A pele dela era quente. Sentia o calor subir pelo tecido da camisa. A tensão era visível no jeito como ela prendia os ombros, e foi soltando aos poucos sob o movimento dos meus dedos.
Ela fechou os olhos.
— Nossa... Isso tá muito bom.
A voz saiu mais baixa, quase como um sussurro. Continuei, firme, com a experiência de quem já passou as mãos por muitos ombros. A dor dela foi virando prazer, dava pra notar no ritmo da respiração.
— Onde você aprendeu a fazer assim? — perguntou, com a voz arrastada, quase um gemido discreto.
— Com umas moradoras. Na época, tinha uma que era fisioterapeuta, mas depois outras ensinaram uns truques a mais.
Ela soltou um suspiro longo, daqueles que vêm do fundo do peito. As costas dela afundavam um pouco mais a cada minuto. Não era só dor passando, era outra coisa. E eu sabia. A reação dela não era diferente das mulheres com quem me deitei ao longo dos anos. Aquela entrega silenciosa, aquele arrepio leve na nuca... Mas ela era diferente.
Sarah tinha o quê? 27? 28, no máximo. Corpo jovem, energia viva. Gostosa como a prima, sem tirar nem pôr. Mas ela me parecia mais certinha, talvez. Ou talvez fosse só a minha cabeça dizendo que ela era boa demais pro meu bico.
Segui a massagem até sentir os ombros dela mais relaxados. A tensão sumira. Terminei o toque com cuidado, e ela, devagar, abriu os olhos e girou o pescoço, como testando o novo conforto.
— Uau... melhorou muito. Sério, seu Geraldo... obrigada mesmo.
Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela se virou de leve e me deu um abraço apertado. O corpo dela colado no meu por poucos segundos, mas tempo suficiente pra sentir o perfume e o calor. Retribuí com delicadeza. Quando se afastou, sorriu de novo.
— Até mais, viu? Boa tarde.
— Boa tarde, dona Sarah. Se doer de novo, já sabe onde me achar.
Ela saiu andando, com aquele rebolado involuntário, e eu fiquei olhando até ela virar o corredor.
Dei um gole no meu café e balancei a cabeça. Que mulher. Uma beleza daquelas não devia nem olhar pro porteiro velho e barrigudo, mas ainda assim era gentil, respeitosa e gemia na minha massagem.
Suspirei. Pena que a Sarah não era uma das cinquentonas solitárias do prédio. Tinha só 27, linda demais, um dos maridos mais bacanas do prédio. Por melhor que eu fosse de massagem, não era bobo de achar que teria chance ali.
Um dia passou.
A manhã da quarta tava bem calma na portaria, como costumava ser. Eu tava sentado na minha cadeira, lendo o jornal do dia, que o velho Lucério veio entregar após ter lido tudo pontualmente às 8hrs. Foi quando a porta de vidro se abriu e entrou um furacão loiro de top curtinho e legging colada.
Andréia.
Ela vinha toda cheia de energia, daquele jeito que fazia o coração do velho aqui acelerar. A mulher tinha um corpão de Paola Oliveira, embora mais cheinho na barriga. Bundão empinado, marcado pela legging preta de tecido brilhoso. O top rosa-choque revelando os contornos redondos dos peitos, e os cabelos presos num rabo de cavalo que balançava feito chicote de novela.
— Bom dia, meu gostoso — disse ela, sorrindo daquele jeito safado, entrando na portaria.
— Bom dia, minha deusa — respondi, me levantando.
Nos cumprimentamos com um selinho rápido, como quem já tá acostumado, como quem tem intimidade.
Não fazia muito tempo que a Andréia tava assim, toda animada com a vida, indo pra academia, cuidando do corpo e da cabeça. E eu sabia muito bem quem tinha causado essa mudança: Carolina. Desde que se enroscaram uma com a outra e, comigo também, parecia que a Andréia tinha encontrado um novo fôlego. Era outra mulher. Mais viva, mais presente, mais serelepe.
— Vai treinar pesado hoje? — perguntei, cruzando os braços.
— Hoje é dia de pernas. Quero deixar essas coxas ainda mais fortes.
— Você já tá com essas coxas parecendo uma potra de exposição. Forte e linda.
— E você continua um safado. Mas um safado querido. Dormiu bem? — perguntou.
— Dormi. Só acordei cedo porque estávamos sem porteiro na madrugada, então vim tapar o buraco. E você?
— Maravilhosamente bem.
— Aí sim é que se dorme bem, minha flor — falei, rindo.
Ela também riu, mas depois ficou pensativa, com os olhos um pouco distantes. Vi que vinha alguma coisa aí.
— Seu Geraldo... — disse ela, baixando um pouco a voz. — Cê lembra do ex-marido da Carolina? Aquele traste que morava aqui com ela até o ano passado?
Me encostei melhor na cadeira, coçando o queixo. Aquilo pegou de surpresa.
— Lembro, sim. Ele morou aqui um bom tempo. Cinco anos, talvez. Mas vou te dizer, sei pouco dele, viu? O cara era bem na dele. Raramente trocava palavra comigo. Cumprimentava por educação, mas não puxava papo.
— Você sabe como eles se conheceram? Alguma coisa da história deles?
— Só o básico. Estudaram juntos na mesma turma da faculdade, engenharia elétrica se não me engano. Se casaram pouco depois da formatura. Parecia um casal certinho. Pelo menos por fora.
Ela assentiu, como se estivesse anotando mentalmente cada palavra.
— Teve boato de que ele traía ela? Cê chegou a ouvir algo assim?
— Teve, mas só boato mesmo. Nunca vi nada com meus olhos. E sabe como é, né? Aqui tudo vaza, mas nem tudo é verdade. Agora... sinceramente? Se traiu, foi com muita discrição.
— E você, o que achava dele?
Parei por um instante. Gosto de ser justo, mas também gosto de ser sincero.
— Achava nada. Mal falava com o sujeito. Era educado, mas frio. Nunca me deu motivo pra gostar ou desgostar. Passava, dava bom dia, subia. Só isso.
Ela ficou em silêncio.
— Isso é o suficiente.
— Mas por que a curiosidade, hein?
— Nada não... só tô ligando umas pontas soltas da cabeça.
Ela se afastou, ajeitou o top, puxou a legging mais pra cima, dando aquele show particular pra mim, e me deu outro selinho antes de sair.
— Te vejo mais tarde, gostoso.
— Boa academia, meu tesouro.
Fiquei olhando ela sair, aquele rabo redondo rebolando com firmeza. Pensei no milagre que era um velho porteiro barrigudo como eu acabar no meio de um trisal com duas deusas com a Andréia e a Carolina. Mas aquela curiosidade repentina me fez coçar a cabeça por um bom tempo.
Tudo ficou mais esquisito horas depois. Era fim de tarde. Eu já tinha lavado a entrada, conferido a correspondência, ajeitado os pacotes. Foi quando a porta de vidro se abriu e a Carolina entrou. Ah, minha Nossa Senhora das Coxas Longas... Aquele mulherão me atravessando a portaria era coisa de tirar o fôlego.
Tava com aquele jeito sério dela, mas os olhos mais relaxados. Ela vinha do trabalho. Uma camiseta cropped branca, justinha, agarrando nos peitões dela como se tivesse medo de cair. Terminava logo acima da cintura e deixava um espacinho de pele de fora antes do cós da calça. Uma calça culotte azul-marinho, de cintura bem alta, que pegava o corpo dela com uma elegância sacana, sabe como é? Comprimento até o tornozelo, solta nas pernas, mas ainda assim insinuando aquelas curvas discretas dela.
Era roupa de mulher inteligente como ela bem era.
— Boa tarde, seu Geraldo — disse ela, com aquele sorriso de canto de boca que só aparece quando ela tá mais leve.
— Boa tarde, dona Carolina — respondi do meu jeitão. — Voltando do batente?
Ela assentiu, largando a bolsa em cima da bancada e ajeitando o elástico do cabelo. Nós tínhamos aquele nosso código: mesmo sozinhos, nada de beijos ou cafuné. Era tudo no olhinho, no tom da voz. E no que a gente conversava.
— Hoje foi puxado, mas estou me sentindo bem. Bem de verdade — disse, olhando de rabo de olho pra mim.
Aquilo me deu uma alegria sincera. Ver a Carolina assim, mais solta, mais viva, era como ver uma flor que desabrochou tardiamente. Às vezes, eu achava que ela carregava a vida nas costas. E agora, com a gente, com a Andréia, parecia que ela deixava o corpo respirar.
Conversamos sobre besteira por um tempo. Ela comentou de um livro que tava lendo, eu falei do cachorro do 703 que fugiu ontem e voltou sozinho. Ela riu disso.
— Seu Geraldo...
Ela mudou o tom e se escorou numa das mesinhas de apoio perto da janela.
— Posso te perguntar uma coisa meio... sensível?
— Carolina, nós já tá em outro nível de conversa faz tempo. Pode perguntar o que quiser.
Ela sorriu com uma mistura de vergonha e coragem. Aquele tipo de expressão que ela só mostrava quando se sentia segura de verdade.
— O que você sabe sobre o marido da Andréia?
Aquilo me pegou de leve. Mas não era uma surpresa.
— Olha... Eles dois moram aqui faz uns quinze anos. Mas eu não sei muito dele, não. Sempre foi simpático, daqueles homens certinhos. Mas vive viajando. Trabalha fora, outra cidade, essas coisas. Ficava semanas, meses fora. E, desde sempre, deixava a Andréia sozinha aqui.
— E ela foi nunca fiel a ele?
— Por uns bons dez anos, ela foi muito fiel. Mesmo sozinha aqui. Dava pra ver que ela esperava por ele, fazia as vontades, seguia tudo. Mas solidão é bicho cruel. Mas sabe como é a Odete. Levou anos, mas ela é paciente quando quer tentar alguém. Começou a puxar a Andréia pras diversões... e bom... as coisas foram mudando.
Carolina olhou pra baixo, pensativa.
— Você acha que ele podia ter outra família? Outra mulher em outra cidade?
— Eu não duvidaria, também não poria a mão no fogo pelo sim ou pelo não. Mas nunca vi prova nenhuma. E ele sempre pareceu gente boa, educado, do tipo certinho mesmo.
Ela me olhou com aquele olhar de quem vai cravar o argumento:
— Você também parece gente boa e educado. Mas me come sempre que pode.
Dei uma risada alta:
— Ah, mas eu nunca fui certinho.
Ela soltou um riso abafado e balbuciou:
— É, você pelo menos admite.
Depois suspirou fundo.
— Eu quero convencer a Andréia a pedir logo o divórcio. Esse cara é um encosto. Mas toda vez que menciono ele, ela muda de assunto, finge que não é nada.
Eu me ajeitei na cadeira e fui sincero:
— Mesmo eu concordando contigo, isso é assunto sensível pra ela, viu? Cuidado pra não apertar demais. Às vezes a gente fere quem mais quer ajudar.
Ela mordeu o lábio, pensativa. Depois assentiu.
— É. Tem razão. Preciso aprender a esperar o tempo dos outros.
Não tive coragem de dizer isso, mas pensei que o interesse da Carolina no divórcio da Andréia era o caminho livre pra que as duas pudessem assumir publicamente o namoro.
Conversamos mais uns minutos sobre amenidades. Ela comentou que tava com vontade de cozinhar, talvez alguma massa, que a Andréia gosta. Eu brinquei que queria um prato também.
Ela deu uma risada solta, verdadeira.
— Engraçado... Acho que nem tinha percebido ainda que você e eu já somos amigos... íntimos, né?
— Demorou pra notar? — perguntei, me inclinando pra frente.
Ela deu um passo, me deu um selinho rápido e suave. Uma quebra do protocolo. O gosto do batom era discreto, mas presente.
— Boa noite, seu Geraldo.
— Boa noite, Carolina.
E ela se foi, atravessando a portaria com aquele andar que misturava classe com desafio. Fiquei ali sentado, olhando o rastro dela e pensando...
A quinta de noite foi uma noite de canseira daquelas. Estávamos eu e o Zé Maria ajudando uma condômina a empurrar móveis. No caso, os móveis da Natália. A professora ruiva que era um escândalo de mulher.
Daquelas que passava e deixava rastro de pensamento safado na mente da gente. Cintura fina que fazia o olhar escorregar pros quadris largos, e uma bundona que parecia coisa de cinema: empinada, cheia, firme, desenhada. Os peitos eram no tamanho certo pra encher a mão com gosto, redondos, suados de academia, saltando sob o top preto. As pernas grossas, torneadas, coxas que se encostavam quando ela andava, e panturrilhas que contavam história de treino. Pele lisinha, de dar vontade de passar a mão. Tinha voltado da academia e ainda tava com a roupa grudada no corpo. Top preto, colado nos peitos suados, e uma legging cinza que parecia ter sido pintada à mão no quadril dela. Aquilo moldava cada curva, cada balanço, cada rebolado.
Eu e o Zé Maria tínhamos vindo ajudar a mudar os móveis da sala dela. Sofá, estante, um rack pesado. Trabalho de gente forte. E a Natália preferia pagar para nós, funcionários do condomínio, a recorrer a todos os vizinhos mais jovens que fariam isso de graça e fazendo umas gracinhas com ela.
Ela fazia força junto, limpando o suor da testa, com o top empapado. O Zé nem disfarçava direito quando ela se abaixava. Eu tentava, mas não sou de ferro.
— Espera que eu vou pegar o celular no quarto — disse ela, suada, ajeitando o top nos peitos, que pareciam prestes a escapar.
A Natália virou e saiu rebolando. Eu e o Zé trocamos um olhar. Aquela bunda era um poema. Redonda, empinada, vibrando dentro da legging fina. Sério, dava pra ver o contorno da calcinha enfiada e tudo.
— Ave Maria... — sussurrei.
— Essa mulher ainda me mata, Geraldo — disse o Zé, com um sorrisinho malicioso.
Quando ela voltou, a gente empurrou o primeiro móvel até o canto certo. Nisso, ela tropeçou no tapete. O Zé Maria foi rápido, tentou segurar, mas o equilíbrio foi pro saco. Ela acabou ajoelhada no chão, e numa daquelas coincidências inacreditáveis, a boca dela foi direto roçar na calça do Zé Maria, bem onde o volume começava. A Natália, com a boca entreaberta e ainda ofegante da força que fazia, deu uma leve esfregada ali sem querer. A expressão dela misturava susto e confusão, como se o cérebro ainda estivesse processando o que tinha acabado de acontecer.
Ela ergueu os olhos devagar, visivelmente sem graça, com as bochechas coradas. O Zé tava paralisado, olhos arregalados e as mãos suspensas no ar, como se não soubesse se devia ajudar a levantar ou empurrar.
— Meu Deus, eu... desculpa! — ela disse, se afastando num pulo, levantando-se com a ajuda dele. — Eu tropecei feio dessa vez...
— N-não foi nada, dona Natália... — respondeu Zé Maria, com o rosto mais vermelho do que molho de pimenta.
Eu continuei fingindo que não vi nada, mas por dentro sabia que essa imagem ia me perseguir por muito tempo.
Passaram uns vinte minutos. Empurramos o segundo móvel, depois fomos ajeitar a mesona de jantar. A Natália foi puxar uma extensão da parede e tropeçou num fio.
E caímos os três.
Eu fui de costas no chão. Ela caiu de costas em cima de mim, com tudo. A bunda se encaixou no meu pau como se fosse feita sob medida. E o Zé Maria veio de frente, por cima, com a pélvis encaixada na dela. Era uma pilha humana com um encaixe tão perfeito que dava até vergonha.
Pra piorar, meu pau endureceu na hora. Sentia ele pressionando a bunda da Natália, e o calor dela atravessando a legging fina. O Zé, pelo jeito da cara da moça e pelo leve empurrão que deu com o quadril sem perceber, também tava com o dele duro.
Ela arregalou os olhos e virou o rosto, mas ficou ali. Eu travei, com as mãos meio abertas, tentando decidir se empurrava ela de leve ou deixava. O Zé congelou também, mas os três, sem combinar nada, continuamos meio que nos esfregando. Pouco, sutil, quase involuntário, mas dava pra sentir. O movimento de respiração da Natália fazia o quadril dela roçar mais forte em mim. O Zé apertava sem querer cada vez que apoiava o corpo.
Meu pensamento tava uma bagunça. Parte de mim queria sair dali logo. Outra parte queria que demorasse mais.
Ela olhou pra mim por cima do ombro, com a boca entreaberta, e depois pro Zé. Ninguém disse nada. Deve ter durado segundos, mas o Zé se afastou e estendeu a mão pra Natália, que se virou com cuidado e se ergueu com ajuda dele. Depois me deu a mão e me puxou também.
— Ai, gente... — ela disse por fim, se levantando devagar, ajeitando o top e o cabelo. — Olha, eu tinha prometido pagar vocês, mas era com dinheiro. Não era com xerecard, não...
Eu quase morri de vergonha.
— Desculpa, dona Natália! Foi sem querer, foi o tropeço... — implorei.
— Juro, dona Natália, só tropecei! — emendou Zé Maria, vermelho igual pimentão.
Tínhamos medo dela nos denunciar como assediadores pro síndico. Mas, em vez disso, ela deu uma risada.
— Relaxa. Quem tropeçou fui eu. Tô sempre me arrebentando com essas coisas. Mas vamos deixar isso entre a gente, beleza?
— Com certeza. Palavra de homem — disse, rápido.
Terminamos o último móvel. Ela agradeceu, limpando o suor com a toalha.
— Mandei um pix pros dois. Generoso, porque foi muito esforço.
Olhei o celular e vi o valor. Era melhor do que eu esperava. Teve um extra ali pra pagar pelo nosso silêncio e discrição, com certeza.
Nos despedimos.
— Obrigada mesmo, viu? De coração — disse ela, sorrindo com aqueles dentes perfeitos.
— A gente que agradece — falei, sincero.
Quando a porta fechou, a gente ouviu do outro lado:
THUMP!
— Ai, cacete!
A Natália tinha caído de novo.
No elevador, o Zé logo mandou:
— Geraldo, é só questão de tempo pra eu comer essa Natália.
— Tu tá viajando. Aquela mulher é areia demais pro nosso caminhão. Demais mesmo.
Ele riu.
— É, ela é gostosa demais pro nosso bico. Mas do jeito que é desastrada, uma hora escorrega e a buceta cai bem no meu pau.
Seguimos, rindo, até o térreo.
A sexta foi tranquila e logo estávamos no sábado.
Ainda era manhãzinha, nem 6h30 era ainda. Eu já tava ali na portaria, quieto no meu canto, tomando meu café requentado ouvi o barulho da porta automática deslizando. Virei o rosto e vi as duas vindo: Carolina e Sarah, as duas primas. Pareciam uma dupla de propaganda de academia.
A Carolina vinha na frente, com aquela confiança natural que ela tinha. Estava com um top preto colado, o sutiã de treino empinando os peitos grandes que saltavam por cima como se quisessem escapar. A legging cinza claro entrava fundo na rachadura da bunda e desenhava cada curva como obra de escultura. As coxas dela, discretas mas firmes, davam aquele ar de mulher que malha não pra mostrar, mas pra sentir. E o rosto? Sempre simpático.
Já a Sarah era outra pegada. Um pouco mais baixa, pele ainda mais clara que a da prima, e os cabelos presos num rabo de cavalo que balançava feito pêndulo de relógio. O top dela era vinho, decotado, e deixava à mostra aqueles peitos fartos, ainda mais saltados que os da Carolina, com uma firmeza provocante, como se desafiando a gravidade. A legging, preta e brilhante. A cintura fina, a bunda grande e bem empinada.
Quando passaram, o cheiro de perfume misturado com suor fresco me atingiu como tapa bem dado.
— Bom dia, seu Geraldo! — disse Carolina, sorridente.
— Bom dia, moço! — completou Sarah.
— Bom dia, minhas queridas — respondi, ajeitando o boné. — Já vão malhar cedo assim?
— Vamos dar umas voltas na praça, nada demais — respondeu Carolina.
— Tem que aproveitar o ar da manhã, né? — disse Sarah, me olhando de canto de olho e escondendo um risinho com a mão.
Aquele risinho ali eu conhecia. Não era qualquer risinho. Era aquele que dizia: “Sei mais do que devia”. E o jeito como olhou da Carolina pra mim e de volta pra Carolina? Nem precisava pensar muito. A danada da Carolina contou pra prima que tinha dado pra mim.
Só não dava pra saber o quanto ela contou. Só da primeira transa? A segunda? Será que ela contou que nós éramos amantes? Será que contou do trisal?
Isso era estranho porque conseguia imaginar a Carolina me escondendo como seu segredo mais mortal.
— Cês duas tão lindas hoje — comentei, com um sorriso maroto pra Carolina.
A Sarah mordeu o lábio. A danada sabia. Sabia e tava gostando.
— A gente tenta manter o ritmo né, prima? — disse Sarah, como quem provoca.
— Com certeza — respondeu Carolina, sem tentar entender ou despistar.
As duas saíram, rebolando. A Carolina com aquele andar elegante, quase flutuante. A bunda pequena, redondinha, sambando no ritmo dos passos. A Sarah, por outro lado, andava mais pesado, mais sensual. Cada passada fazia sua bundinha dela balançar de um lado pro outro.
Fiquei olhando até desaparecerem do campo de visão. Segurei o suspiro. No fundo, meu pensamento era só um: o quanto a Carolina tinha contado? Será que Sarah sabia tudo? Será que queria experimentar também? Ou só estava se divertindo com o segredo alheio?
E pensar que aquele sábado mal tinha começado... O resto da manhã e boa parte da tarde foram normais. Tava terminando de varrer ali perto da entrada quando vi, ao longe, o Maurício e o Leandro indo em direção ao estacionamento. Os dois tavam com a roupa de sempre, conversando baixo, nada demais. Aquilo não me surpreendia mais, viviam se encontrando, pegando carona um com o outro... Fiz de conta que nem vi e voltei pros meus afazeres.
Voltei pra portaria e escutei passos. Era o seu Roberto passando, meio desengonçado. Mas o que me chamou atenção não foi o jeito de andar não. Foi a cara. Um sorrisão que fazia tempo que eu não via naquele homem.
— Boa tardinha, seu Roberto! — cumprimentei, encostando o cabo da vassoura no chão.
Ele parou. Me olhou como se tivesse voltado de um sonho bom.
— Seu Geraldo... — disse, a voz mais leve do que nunca. — Hoje... hoje é o melhor dia da minha vida.
— Eita! Melhor que o dia do casamento? — brinquei, sorrindo com um canto da boca.
Ele soltou um riso contido, quase um engasgo. Mas não respondeu.
— Melhor que qualquer outro, seu Geraldo — repetiu. E olhou pro céu, como se agradecesse a Deus.
Dei dois passos pra perto, curioso.
— Uai, aconteceu o quê, homem?
Ele riu de verdade agora, um riso que veio do peito. Nunca tinha visto aquele homem rindo assim. Tava leve. Parecia que tinha tirado um continente das costas.
— Não posso falar. Não agora. Não com palavras. É como se... Deus tivesse me dado uma segunda chance de viver.
Aquilo me pegou. Fiquei quieto um instante, só olhando pra ele.
— Rapaz... Fico feliz pelo senhor. De verdade.
Ele assentiu, emocionado. Tava com os olhos marejados. E não era tristeza não. Era alegria, daquelas puras, raras.
— Vou na padaria. Comprar um sonho. Hoje eu mereço.
— Merece dois, homem. Aproveita.
Fiquei ali parado, olhando ele se afastar. A camisa social clara batendo na cintura, a barriguinha balangando levemente. Mas o passo era outro. Era de homem livre. Encostei na parede e cocei o queixo.
O que teria acontecido? Pensei com meus botões. Aquilo não era felicidade de quem encontrou um troco a mais no bolso não. Era uma coisa profunda, daquelas que vêm do fundo da alma.
Pensei com meus velhos instintos. Uma chave de buceta bem dada podia deixar um cabra assim, leve por dias. Daquelas que fazem o sangue cantar e a alma sorrir. Mas era o Roberto era homem fiel, temente a Deus e, pior, marido da Marieta. Aquela mulher parecia ter sido moldada pelo Velho Testamento, tal a rigidez. Pele pálida, dura como pedra. Rosto sem alegria, sem cor. Um fantasma evangélico. Era mais fácil o apocalipse chegar no sábado à tardinha do que o Roberto trair aquela mulher.
Mas ainda assim... Um homem não sorri daquele jeito de graça. Aquilo não era alegria de compra feita, não. Aquilo era corpo saciado. Era alma lavada. Algo tinha acontecido. Não sei o quê. Mas seja lá o que fosse, torcia pra que se repetisse. Porque o seu Roberto merecia um pouco de felicidade.
Uma hora se passou depois disso e já estava quase hora de largar o meu turno. Eu tinha acabado de ajeitar a mesa da portaria e anotar uns bilhetes pros plantonistas da madrugada. O João tava cochilando lá no quartinho dos funcionários, jogado no colchão como se não tivesse pressa nenhuma pra pegar o batente. Mas tudo bem, ainda faltavam uns quinze minutos pra minha hora bater.
Foi quando as duas apareceram na entrada.
Carolina e Andréia. Lindas que só. Tinham acabado de voltar da academia, mas pareciam prontas pra capa de revista.
A Carolina vinha com aquela calça legging preta brilhante A bunda dela, pequena mas empinadinha. E em cima, um top vinho colado que deixava os peitões dela bem contornados, balançando levemente conforme ela andava. O cabelo preso num rabo de cavalo, o rosto levemente suado...
Já a Andréia tava com uma calça cinza clara, daquelas que não escondem nada. A bunda dela, redonda e carnuda, parecia que tinha vida própria quando ela caminhava. E a blusinha dela mostrava a barriga com os quilinhos a mais que ela sustentava com orgulho e encapsulava os seios.
Mas como a gente tava em público, mantivemos a compostura. Sorriso no rosto, conversa leve, sem nem uma lascívia aparente.
— Boa noite, seu Geraldo! — disse Carolina.
— Boa noite, meu querido! — emendou Andréia, jogando o cabelo pro lado e me fuzilando com aqueles olhos de safada disfarçada.
— Boa noite, minhas princesas... é bom ver que o exercício foi bem feito, viu — falei sorrindo, mas com o olhar no meio das duas.
— Hoje, a turma tava pequena — disse Andréia, esticando as costas propositalmente. — A Eliana tinha um compromisso e a Letícia tinha uma festinha pra ir.
— A Jéssica e a Lorena estavam se arrumando pro arraial da empresa do Rogério — completou Carolina. — E a Sarah mandou mensagem dizendo que tava indisposta. A única que foi com a gente foi a Rebecca, que resolveu ficar mais um tempinho lá.
Eu dei uma risadinha e cocei a barba.
— Eu saio daqui a uns 15 minutos — comentei.
— Olha, lembrei de um probleminha agora — disse Andréia, olhando pra mim e pra Carolina.
A Carolina olhou pra ela. As duas se entreolharam daquele jeito que só elas sabiam fazer. Era um cúmplice de safadeza com pitada de ternura.
— O quê? — perguntei, mesmo já imaginando a resposta.
— Um probleminha de encanamento duplo... — respondeu Andréia, fingindo inocência.
— Ah, é? — perguntei, com um sorrisinho malicioso. — E quando que isso apareceu?
— Vai começar daqui a uns vinte minutinhos — respondeu Carolina.
Assenti, passando a mão na barriga com naturalidade, como quem já se preparava pro serviço.
— Então estarei lá. Com minhas ferramentas.
— A gente vai estar esperando... — murmurou Andréia, mordendo o lábio inferior.
Se despediram com um tchauzinho meigo, mas com aquele andar rebolando que parecia que tavam desfilando numa passarela feita só pra mim.
Eu fiquei ali, na portaria, vendo aquelas bundas se afastando. Aquilo era poesia. Era arte. Era sacanagem pura disfarçada de rotina.
23 minutos depois, estávamos os três pelados e testando a cama da Andréia.
Estava deitado com as costas apoiadas na cabeceira da cama, enquanto a loira anfitriã cavalgava em cima de mim. Começou o movimento bem devagar, mas logo a Andréia foi se acostumando e já tava aumentando o ritmo para testar tanto a cama quanto eu.
Era cada sentada que eu ficava até perdido, o tesão rasgando a minha pica enquanto ela parecia uma britadeira. Estava na cara que queria se exibir pra Carolina e eu não podia deixar barato.
Depois de alguns minutos, por iniciativa dela, ela ficou de quatro. Sem tirar o pau, continuei a comer a buceta dela, agora com uma vista privilegiada do seu rabo.
— Que bunda, Andréia!
Eu fodia até o talo que dava para escutar o barulho do saco batendo. A Carolina estava na dela, deitada ao nosso lado, só assistindo a buceta da amiga/namorada engolindo o meu pau.
Incomodado com a inação da Carolina, mandei ela ficar de quatro ao lado da Andréia e retirei o cacete de dentro da loira. Posicionei as duas lado a lado, aquelas duas bucetas eram uma visão de louco. Duas bucetinhas lindas na minha frente sendo fodidas pela minha pica. Parei até pra tirar uma foto daquela visão. Então, recomecei, enfiando minha pica na Carolina.
Logo, passei a meter de modo alternado, comendo as duas mulheres. Enquanto enfiava o caralho numa, dava tapas na bunda daquela que não tava comendo.
Após alguns minutos nessa brincadeira, decidi que daria à Carolina um exemplo da minha trepada com a Andréia. Ajeitei o pau na buceta da morena e voltou a penetrar aquela buceta. Mas só dando estocada doida. Era cada socada violenta na buceta da Carolina, que fazia muito barulho a cada botada, mas a Carolina aguentava tudo. Suando, mas aguentava e pedia mais.
Mas logo, ela começou a gemer muito alto. Alto o suficiente para ser ouvido fora do apartamento. Pedi pra Andréia fazer algo.
A Andréia nem hesitou e se ajoelhou na frente da Carolina. A loira agarrou a cabeça da amante e a conduziu na direção de sua buceta, a mandando chupar sua buceta.
Logo, as duas estavam gemendo juntas. A Carolina parecia gostar muito de chupar a buceta da Andréia. E aquilo me deixava ainda mais excitado.
A Andréia se deitou debaixo da Carolina para chupar a buceta dela, o meu saco e o meu pau enquanto metia na Andréia. Assim, ficamos os três numa transa múltipla, misturando comida de quatro com um 69 lésbico.
Na hora que senti que não ia mais aguentar, anunciei o gozo, mas a Carolina não disse nada. Assim, não hesitei em gozar com tudo dentro do preservativo. No calor do momento, puxei seu corpo pra mim em um abraço, enquanto apalpava os peitões e tasquei um beijão dentro daquela boca quentinha. Nossas línguas se entrelaçaram, enquanto as últimas jatadas enchiam a camisinha.
— Você é minha putinha, Carolina. Quero te comer pra sempre!
— Então come, vai! Come até eu engravidar!
— Tu quer engravidar de mim, é?
Ela não respondeu. Eu retirei o pau da buceta a Carolina e tirei a camisinha, oferecendo. Tanto a Carolina quanto a Andréia nem hesitaram e foram lamber a porra ainda escorrendo, se beijando e lambendo o meu pau, limpando ele inteirinho. Que cena linda, as duas na minha frente com o rosto disputando o meu cacete. Depois da foda, nos deitamos. As duas peladas, os corpos meio entrelaçados, suadas, satisfeitas. A Carolina tinha uma perna jogada por cima da Andréia, e os cabelos dela tavam grudados na testa.
— Carolina... — falei, com um sorriso enviesado — Se eu te pedisse qualquer coisa, cê faria?
Ela se virou devagarzinho, olhos semicerrados, aquele sorriso que ela fazia quando tá com a guarda abaixada. Se arrastou até mim na cama, subiu de joelhos e, sem dizer nada, me beijou de língua. Com desejo.
Quando ela afastou os lábios dos meus, disse com a voz baixa:
— Qualquer coisa que você ordenar.
Meu pau deu um espasmo. Sorri.
— Então ordeno que faça propaganda minha pra Sarah.
Ela franziu a testa. A Andréia riu.
— Propaganda? — perguntou Carolina.
— É. Propaganda. Fala pra ela como eu sou bom de cama. Que tenho pegada, que sei tratar uma mulher. Que eu meto tão bem que tu até topou ser minha putinha.
Ela riu de leve, balbuciando:
— Cê não presta.
— Presto sim. Presto e dou conta. Mas vem cá, cê já contou pra Sarah que a gente transou, né?
A Carolina se deitou de costas, o peito arfando ainda devagar, e olhou pro teto.
— Contei a primeira vez.
— E o resto?
— Não contei, não. — Ela deu de ombros. — A Sarah nem sabe que eu talvez seja bi.
— “Talvez” é pra me deixar ofendida, querida... — suspirou Andréia.
— Mas quero que cê conte. Pelo menos o tanto que se sentir à vontade. Mas sempre fazendo propaganda. Tipo: “o homem me deixou sem andar direito por dias”.
Ela virou o rosto pra mim, o olhar endurecendo.
— Cê quer comer minha prima?
— Querer, eu quero. Mas sei que é difícil. Casada, certinha.
— Filho da puta! — Ela se levantou de repente, o peito subindo e descendo rápido. — De todas as mulheres desse prédio, você quer comer logo a Sarah? Minha prima?
— Calma, mulher... — tentei argumentar. — Eu só disse que queria. Não tô exigindo nada.
— Claro que quer! Você é tarado! E ainda vem com essa de me mandar fazer propaganda.
A Andréia deu uma risada curta, irônica:
— Calma, Carolina. Ele não tá pedindo pra você entregar a sua prima pra dele. Só quer que você fale bem do serviço. E fala sério, o homem é bom mesmo.
— Não quero causar problema nenhum no casamento dela com o Érico — emendei. — Gosto muito dos dois. Mas eu gosto do jeito como a Sarah olha pra nós dois quando tá com a gente. Ela sabe que tem coisa ali.
A Andréia concordou, pensativa:
— Eu também gosto dela e do Érico. Eles combinam bastante. Mas adorei a ideia de ajudar a “corromper” um pouquinho a Sarah.
— Você é um perigo — disse Carolina, entre irritada e rindo.
— Ei, não é que eu queira transar com a Sarah. Não é isso. Mas seria legal se ela entrasse pro nosso time. O time das liberais. E, convenhamos, transar com o seu Geraldo virou quase um rito de passagem pra esse time aqui no prédio. Eu até aposto que isso faria maravilhas pro sexo dela com o Érico.
Carolina riu, mas logo ficou séria:
— E se isso acabar ameaçando o casamento deles?
— A gente faria o possível e o impossível pra remendar tudo — falei de imediato. — Mesmo que eu tivesse que perder o emprego.
— Não seria pra tanto — murmurou a Andréia, sorrindo de lado.
Ela me encarou. A Andréia se aproximou e passou os braços pela cintura dela.
— Não é sua responsabilidade segurar a pureza da Sarah.
A Carolina respirou fundo, os olhos ainda duros.
— Eu faço a propaganda. Mas só isso. Nada de empurrar, nada de forçar. Se ela se interessar, é entre você e ela. Eu não vou ficar incentivando. A Sarah é minha prima e eu gosto dela.
Assenti. Meu coração se alargou com a vitória.
— Justo. Era isso mesmo que eu queria.
Ela voltou pra cama com um olhar ainda atravessado, mas deitou. Me deu outro beijo, mais contido, e abraçou a Andréia de lado. As duas ali, coladas, pareciam feitas uma pra outra. E eu, um intruso com sorte.
Olhando aquilo, pensei comigo mesmo: ganhei essa batalha. Convenci a mulher a fazer minha propaganda pra prima. Caminho aberto. Mal sabia eu que a Carolina ia dar o troco tão rápido quanto pudesse.
Logo tive que me vestir e me despedi das duas. Entrei no elevador e desci até o estacionamento. Caminhava quando ouvi o ronco de um carro se aproximando devagar. Virei o rosto e vi o farol baixo de um sedan preto entrando devagar na garagem. Não reconheci de primeira, mas logo notei que era o carro do Jonas.
Encostei atrás de uma das colunas, sem pressa. Sempre fui curioso. Não demorou pra porta do motorista se abrir. Saiu o tal do Jonas, professor universitário. Ajeitou os óculos no rosto e passou a mão no cabelo que ainda restava. Tava com a mesma camisa social azul clara de sempre, só que agora com as mangas dobradas e os primeiros botões abertos, mostrando um pouco do peito pálido. A calça de alfaiataria marcava a barriga disfarçada.
Do banco de trás, saiu o Antônio. Grandalhão, universitário, andava com a postura de quem sabe que tem o que mostrar. Tinha cara de satisfeito, daquelas expressões de quem acabou de viver coisa boa. Pelo outro lado do carro, saiu a Letícia. Tinha uns vinte e poucos, mas a bunda dela parecia ter vida própria. E ela andava com um rebolar que parecia coreografado. Cabelo castanho solto. Do lado dela, surgiu a Cinthia. Mulher mais madura, uns quarenta e poucos. Bonita, elegante, mas com um ar meio deslocado.
Eles riam entre si, falavam alguma coisa que eu não conseguia ouvir. Estavam num clima leve, quase íntimo demais pra quatro pessoas que, na teoria, deviam andar em pares diferentes. A Letícia puxou uma gargalhada daquelas que ecoam, enquanto Jonas a olhava como quem sabe exatamente o que fez pra ela estar daquele jeito.
Foi aí que aconteceu.
Jonas se aproximou da Letícia. Segurou ela pela cintura, puxando devagar até colar os corpos. Letícia deixou escapar um sorriso maroto, entreabriu os lábios e inclinou o rosto antes mesmo que ele chegasse. O beijo veio longo, molhado, descarado. A mão dele escorregava pelas costas dela, sentindo a pele quente, enquanto ela gemia baixinho e apertava com força a camisa social dele. O corpo dela se encaixava no dele com naturalidade, e os dois pareciam esquecer que havia mais gente ali.
Do lado, Antônio observava em silêncio. Não com ciúmes, mas com uma espécie de prazer perverso, como se aquilo tudo o excitasse também. Cinthia, a poucos passos, também assistia à cena, os olhos atentos e uma leve mordida no lábio inferior.
Quando o beijo entre Jonas e Letícia finalmente se desfez, com a jovem ofegante e sorrindo como se tivesse roubado um doce, foi Antônio quem tomou a iniciativa. Pegou Cinthia pela mão com uma firmeza calma, puxando-a mais pra perto. Ela foi sem resistência. Ele colocou uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca, e então a beijou. Mas foi outro tipo de beijo. Não era apressado, nem desavergonhado. Era profundo, cuidadoso. Cinthia fechou os olhos, apoiou as mãos no peito dele e se entregou inteira.
Era uma dança, cada casal assistindo o outro, cada gesto carregado de tensão, desejo e uma cumplicidade que beirava o indecente. Fiquei parado, quieto, só os olhos mexendo. Depois dos beijos, os dois casais se separaram como se nada tivesse acontecido. O Jonas levou a Letícia consigo, quase como um troféu, e seguiram juntos em direção ao apartamento dela. Antônio e Cinthia seguiram juntos em direção ao apartamento dele. Ninguém olhou pra trás. Pelo visto, a noite da troca de casais estava consumada.
Fiquei uns bons segundos ali, parado feito poste, até achar seguro sair. Enquanto caminhava pela calçada, deixei o pensamento viajar. Já sabia que o Jonas era um cafajeste. A Letícia, coitada, era tão gente boa e simpática. Torcia para que ela encontrasse alguém mais legal que o Antônio. Agora, a Cinthia, esposa do Jonas, beijando o Antônio daquele jeito, sem culpa, sem hesitação. Eu sabia que ela liberava pro Zé Maria, mas não sabia que as puladas de cerca eram autorizadas.
Talvez fosse só mais um caso desses tempos modernos. Mas, no fundo, senti que tinha algo mais fundo ali. Decidi não contar para ninguém sobre aquilo e segui minha vida pra casa.
As horas passaram e logo eu estava de novo no trabalho. Era a tarde do domingo, sol morno, portaria tranquila. Estava ali sentado na cadeira velha da guarita, lendo uma revista que a Lisandra deixou pra mim, quando a porta de vidro fez aquele barulhinho agudo de sempre. Vi a Sarah vindo em direção à saída.
Rapaz, a mulher tava um escândalo de linda. Trazia uma alegria no rosto que nem parecia a mesma Sarah dos últimos dias. Tava com um conjuntinho de academia cor-de-rosa bem claro, desses que grudam no corpo. Top justo moldando os peitões dela e uma legging que parecia feita sob medida pra bundinha arrebitada e as coxas bem torneadas que ela carrega. O top deixava o umbigo de fora e aquele pedacinho de barriga sarada brilhando de suor fresco. Caminhava com leveza, como quem já tinha ganhado o dia.
— Boa tarde, seu Geraldo! — ela disse, sorrindo, daquele jeito que derrete até o portão.
— Boa tarde, dona Sarah. Indo malhar?
— Tô sim! Preciso manter a sanidade, né? Academia me salva.
Ela deu uma risadinha que me pareceu até meio travessa. Fiquei olhando ela e pensei comigo: será que o Érico deu um trato tão bom nela ontem à noite pra ela tá sorrindo desse jeito?
Nisso, do lado de quem entra, veio entrando a Anacleta. Corpo de tentação e alma de assembleiana. Morena clara com aquele tom dourado que brilha no sol, seios cheios, firmes, com aquela queda natural de quem nunca colocou nada de plástico. Cintura afinada, quadris largos, coxa grossa, bunda alta e redonda. Tava com um vestidinho floral de alcinha, solto, mas curto, que balançava a cada passo. Sandália rasteirinha nos pés, cabelo jogado pro lado, batom discreto, mas lábios carnudos como fruta no ponto.
Já tinha comido ela, mas foi só uma vez e, depois disso, ela fingiu que nunca rolou.
Mas aí, justo quando ia passar pelo batente do portão, a sandália escorregou num pedacinho de papelão que o Zé Maria devia ter varrido. Ela tropeçou e, num baque que me fez levantar da cadeira, caiu com os dois joelhos no chão, o vestido levantando na queda e revelando a calcinha branca rendada.
— Ai, Jesus! — gritou ela.
— Meu Deus! — disse Sarah, largando a garrafinha de água no banco e correndo pra ajudar.
Meu reflexo foi de correr também, mas eu estava dentro da portaria. Quando vi, a Sarah já tinha estendido a mão e puxava Anacleta com firmeza, mas jeitinho. As duas ficaram frente a frente, e o contraste era bonito de ver: a Sarah com aquele look esportivo colado no corpo e a Anacleta naquele vestido florido, decotado e amassado da queda.
— Obrigada, moça... ai, que vergonha. — Anacleta ajeitou o cabelo e a barra do vestido, ofegante.
— Que isso! Você tá bem?
— Tô sim. Foi só um susto.
Foi quando a Anacleta percebeu que não conhecia a moça que a ajudara.
— O nome dela é Sarah — intervi.
— Ahh, prazer! Eu sou a Anacleta.
— O prazer é meu. — Sarah sorriu, estendendo a mão de novo, dessa vez mais social. As duas se cumprimentaram com aquele aperto de mulher que se reconhece. Os olhos brilharam igual. — Eu já te vi algumas vezes, acho. Você mora em qual andar?
— No 402. Mas quase não saio muito, sabe como é. Trabalho, igreja, essas coisas — respondeu Anacleta, sorrindo meio sem jeito, como quem não queria parecer monótona demais.
As duas continuaram conversando um pouco. A evangélica ajeitando o cabelo com os dedos, os olhos cravados nos da Sarah.
A Sarah puxou o celular do bolso e as duas trocaram contatos de WhatsApp ali mesmo. Eu fiquei quieto, observando. Só por fora, porque por dentro minha mente já trabalhava feito louca. As duas mal se conheceram e já trocavam contatos...
Eu fantasiava, mesmo sabendo que não fariam isso, as duas trocando uns nudes. Só de imaginar a Sarah tirando uma foto daquele corpinho enxuto e mandando pra Anacleta, ou a Anacleta mostrando os seios em forma de gota, molhados depois do banho, com aqueles mamilos marrons e durinhos, eu já comecei a sentir um calor subir pelo corpo. A cabeça de cima querendo manter a compostura, a de baixo querendo se libertar.
— Bom, seu Geraldo, vou nessa antes que eu desista da academia — disse Sarah, me dando um tchau com a mão.
— E eu vou subir antes que caia de novo, né? — riu Anacleta.
— Se cuida, viu? — disse Sarah pra ela.
— Você também. Me chama no zap.
Elas se despediram uma da outra com um sorriso. E aí me olharam ao mesmo tempo:
— Tchau, seu Geraldo!
— Tchau, minhas jovens.
Cada uma seguiu seu caminho. A Sarah com aquela bundinha balançando na calça colada. A Anacleta subindo as escadas do hall com o vestido levantando a cada degrau.
Fiquei olhando pra Anacleta por mais tempo. Pensei em como ela fingia ainda ser casada pra não ser malvista na igreja. Pensei na nossa transa no apartamento dela. Talvez a Andréia estivesse certa. Talvez eu devesse ajudar a Anacleta a entrar pro time das mulheres liberais.
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, eu finalmente vou comer a Sarah (ela é a protagonista que eu ia comer neste capítulo, mas adiamos um pouco). Será que também vou conseguir convencer a Sarah a enviar uns nudes pra Anacleta só pelo caos? E como a Anacleta vai reagir a isso? Diga nos comentários o que você torce que aconteça.
Na parte 08 da nossa saga, nós teremos a vingança da Carolina e mais uma calcinha pra minha coleção. O que vocês acham que a Carolina vai aprontar?
NOTA DO AUTOR: Os eventos deste capítulo se passam durante o “Sábado das Surubas”, onde no mesmo sábado as séries do condomínio apresentam diferentes surubas (diferente do crossover anterior, são aventuras independentes). As histórias participantes são:
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 06
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 11
* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas - Parte 06
* No surubão do arraial do hospital, vou tentar comer minha amiga gostosa (ainda não publicado).
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 06 (ainda não publicado).
* Eu, a esposa gostosa do meu chefe e os vizinhos dela - Parte 01 (ainda não publicado).