Três dias se arrastaram numa quietude empoeirada. O silêncio da casa, antes preenchido pela voz grave e risonha de meu pai, adquiriu a densidade de um objeto, um peso que eu sentia sobre os ombros.
Então, na quarta-feira, o brilho azulado do telefone rasgou a penumbra do meu quarto. A mensagem dele era telegráfica, mas cada palavra carregava um afeto denso: “Tudo bem por aqui, filho. Viagem correndo como o planejado. Com saudades de você”.
Reli a frase vinte vezes, sentindo um calor agridoce subir do estômago à garganta, uma mistura de alívio e uma saudade que se alojava fisicamente no peito.
Eu poderia passar horas trocando mensagens, mas sabia que sua jornada exigia foco. Respondi com um simples: “Também estou com saudades, papai. Cuide-se!”. Engoli em seco a vontade de transformá-lo, mesmo à distância, no meu porto seguro.
Com o coração apaziguado, mergulhei no meu refúgio particular. O tempo livre se tornou um oceano de narrativas, e eu naveguei por ele com a sofreguidão de um explorador.
Devorei novamente as páginas amareladas de “As Brumas de Avalon”, perdendo-me nas intrigas de sacerdotisas e cavaleiros, sentindo o misticismo da ilha sagrada impregnar as paredes do quarto. Em seguida, busquei o contraste agridoce de “O Beijo da Mulher-Aranha”, fascinado pela complexa teia de sedução e vulnerabilidade tecida entre Molina e Valentim naquela cela. Eram mundos que me sequestravam, permitindo-me esquecer por horas a fio o peso do meu próprio corpo, transformando minha solidão numa rica e povoada solitude.
No entanto, entre um capítulo e outro, a memória revisitava uma aventura muito mais carnal. A imagem de Pepe, seu peso sobre mim, o cheiro de sua pele, invadia meus pensamentos como uma febre intermitente. A foda com ele fora um divisor de águas.
O espelho, a balança, a sociedade — todos sempre me trataram como um erro, um estigma a ser escondido. Mas nos braços do caçador, sendo seu escravo, encontrei uma liberdade paradoxal. Pela primeira vez, eu não era o Tiago gordo e estranho; eu era um objeto de desejo bruto, um receptáculo para seu poder. E nessa entrega total, a puta faminta que eu sufocava por anos pôde finalmente gritar, gemer e se sentir, pela primeira vez na vida, absoluta e deliciosamente real.
O domingo amanheceu preguiçoso, mas meu corpo vibrava com uma antecipação elétrica. Quando a campainha tocou, meu coração disparou, um tambor desgovernado no peito.
Abri a porta e lá estava ele, uma presença que parecia consumir o ar, músculos definidos sob uma camiseta simples e um sorriso de predador no canto dos lábios.
Sem pensar, lancei-me em seus braços, meu corpo macio se chocando contra sua solidez granítica. “Mestre…”, murmurei contra seu peito, inalando seu cheiro. “Eu estava com tanta saudade… Estou louco para te dar o meu cuzinho, para ser sua vaca de novo.”
Ele soltou uma risada baixa e gutural, um som que vibrou por todo o meu ser.
“Cala a boca, Tiago!”, rosnou, a voz um veludo áspero, afastando-me apenas o suficiente para me olhar com uma intensidade que me fez tremer.
Num movimento fluido e brutal, meu mestre me ergueu, um braço sob meus joelhos, e me jogou sobre o ombro como se eu fosse feito de ar. Fui levado para o meu quarto, o mundo girando num borrão de teto e paredes, e depositado sem cerimônia na cama.
Antes que eu pudesse processar, ele já estava rasgando minhas roupas com uma urgência controlada. Nu e exposto, senti o ar frio na pele, mas o calor que emanava dele me incendiava por dentro. Com minha própria camisa, ele prendeu meus pulsos na cabeceira de madeira, os nós firmes e inquestionáveis.
Então, recuou, despindo-se até restar apenas uma cueca preta e justa, que mal continha a promessa pesada do que estava por vir.
Parado aos pés da cama, Pepe era uma aparição de puro poder. Ele levou a mão à virilha e apertou o volume proeminente sobre o tecido.
“Gosta do que vê, gorducho?”, perguntou, a voz cortando o silêncio. “Gosta de saber que isso tudo vai te arrombar?”
Sem esperar resposta, apoiou uma perna na beirada da cama, flexionando o quadríceps maciço. Suas mãos subiram para o peitoral vasto.
“Olhe isso aqui”, disse, alisando os músculos. “É tudo seu para adorar!”
Com ambas as mãos, ele agarrou a carne do peito, balançando-a lentamente, a pele brilhando sob a luz da manhã, um espetáculo de força masculina encenado apenas para mim.
A tortura deliciosa continuou. Meu mestre deslizou as mãos pelos braços, contornando a curva de seus bíceps, as veias serpenteando como rios num mapa de força. Ele flexionou um deles.
“Olhe o tamanho disso, Tiaguinho! Imagine a força que tem aqui para te subjugar.”
Minha respiração já era um farrapo. Pepe voltou a atenção para o torso, apertando o peitoral mais uma vez. Suas mãos deslizaram lentamente para baixo, percorrendo o caminho esculpido de seu abdômen.
“Cada parte minha…”, ele sussurrou, o olhar fixo no meu, “…existe para te enlouquecer. Para te usar até você não saber mais o seu nome.”
Então, num movimento que me roubou o ar, o caçador subiu na cama e ficou de costas para mim. A visão de suas costas largas e nádegas redondas e firmes foi um soco no estômago. Lentamente, ele se inclinou para a frente, enganchou os polegares no elástico da cueca e a puxou para baixo, revelando sua bunda perfeita.
Ainda inclinado, deslizou as mãos por ela, amassando a própria carne com uma sensualidade calculada. Para meu assombro e deleite, ele usou os dedos para abrir as próprias nádegas, expondo seu orifício rosado e convidativo.
“Pronto para comer o cuzinho do seu mestre, piranha?”, ironizou por cima do ombro, a voz cheia de uma malícia que me paralisou.
Um som gutural, meio soluço, meio gemido, escapou de mim. As palavras morreram, afogadas numa onda avassaladora de tesão. Vendo meu estado, Pepe se virou e se aproximou.
Ele se posicionou sobre mim, de pé na cama, as pernas abertas ladeando meu torso, prendendo-me sob seu corpo imponente. Em seguida, pegou o membro já duro, úmido e brilhante, e começou a se masturbar, a mão se movendo num ritmo constante e hipnótico. Com a outra mão, ele voltou a agarrar o próprio peito, apertando e massageando o músculo denso em sincronia com os movimentos de sua punheta, os olhos fixos nos meus.
Do meu ângulo, subjugado, o predador parecia uma figura colossal. Seu peitoral era uma paisagem de poder: dois continentes de carne pulsante que subiam e desciam com cada flexão de seus dedos. A visão dele se tocando, o som úmido de sua mão em seu cacete, a exibição de seu peito sendo amassado — tudo conspirou para me levar à beira da insanidade.
Ele me olhou com um brilho selvagem e lambeu os lábios. No instante em que seus dedos cravaram no músculo do peito, contraindo-o numa demonstração final de domínio, meu cérebro se partiu.
Não aguentei. Um gozo avassalador e humilhante me roubou os sentidos, meu corpo se desfazendo em espasmos, amarrado e impotente sob o olhar vitorioso do meu mestre.
Continua…