Capitulo 36 - Fuga do inferno:
...
Gabriel:
Não sei dizer ao certo quando tudo começou a desmoronar. Talvez tenha sido depois da morte do meu pai, quando minha mãe passou a trabalhar em dois turnos para sustentar a casa e cuidar de dois filhos sozinha.
Gustavo, meu irmão mais velho, sempre cuidou de mim com dedicação. Mesmo tão novo, ele assumiu responsabilidades de adulto. Preparava meu café da manhã, me dava banho e me colocava para dormir. Nossa mãe mal parava em casa — saía antes de amanhecermos e voltava quando já estávamos dormindo. Eu via mais o rosto do meu irmão do que o dela.
Com o tempo, a rotina pesada e a ausência de adultos foram moldando nossa convivência de maneira confusa. Eu era muito pequeno para entender certas atitudes dele. Achava tudo aquilo apenas uma forma exagerada de carinho. O que sei é que Gustavo era diferente. Sempre com um olhar distante, como se lutasse contra alguma dor invisível.
Naquela época, minha mãe trocou o emprego diurno em uma loja por um plantão em um hospital. Ficou um pouco mais presente, o que me animou. Foi também quando ela conheceu Jair. Ele era tranquilo, gentil, e sempre trazia alguma guloseima quando vinha nos visitar. Gostei dele logo de cara.
No meu aniversário, Jair me deu um videogame. Gustavo e eu passávamos horas jogando juntos. Ele dizia que me abraçava porque me amava — e eu acreditava. Criança vê amor onde há atenção, mesmo quando não entende bem os limites disso.
Às vezes, eu o ouvia chorar à noite. Sentia pena. Achava que era por saudade do nosso pai. Gustavo nunca gostou muito do relacionamento da minha mãe com Jair. Dizia pouco, mas a mágoa era visível.
As coisas pioraram na semana do casamento. Gustavo teve uma crise. Bagunçou a casa inteira, gritando coisas que não combinavam com sua idade. Eu me escondi atrás do sofá, em silêncio, com medo. Quando minha mãe chegou com Jair, tentou contê-lo. Acabou perdendo o controle. Foi a primeira vez que vi minha mãe tão alterada. A cena foi dura. Jair interveio. Levou-me para o quarto e me deixou ali, em segurança, até eu adormecer.
Nunca soube o que minha mãe e Gustavo conversaram naquela noite, mas ele parecia mais calmo no dia seguinte. Parecia cansado. Talvez aliviado por finalmente ter dito o que guardava dentro de si.
O casamento aconteceu. Foi bonito, simples, cheio de esperança. Eu levei as alianças, Gustavo abriu o caminho com pétalas de flores. Pela primeira vez em muito tempo, todos pareciam sorrir de verdade.
Depois da cerimônia, ficamos uns dias na casa do nosso avô, enquanto minha mãe e Jair viajavam. Nesses dias, tudo parecia bem. E, por um tempo, realmente foi.
Jair assumiu muitas despesas. Gustavo voltou para a antiga escola e para as aulas de karatê. A situação financeira melhorou. Minha mãe engravidou de Pedro, nosso caçula. A alegria voltou a frequentar a casa.
Mas havia coisas que o tempo não curava. Dores silenciosas, ressentimentos profundos.
Então veio aquela noite. Minha mãe estava no plantão. Gustavo tinha ido passar o dia na casa de um colega. Eu estava sozinho em casa.
Lembro de estar vendo desenho, quando Jair entrou na sala. Ele parecia diferente, tenso. Sentou-se no sofá e, sem dizer nada, pegou o controle e mudou de canal.
Foi naquele momento que entendi que existiam dores que não se explicam com palavras. E que algumas feridas não cicatrizam nem com o tempo, nem com o afeto....
Isso tudo passava pela minha cabeça enquanto eu abria a porta do quarto com a faca na mão. Eu estava decidido. Colocar um fim naquilo. Acabar com o monstro que tirou minha paz, minha infância, e agora tentava repetir tudo com o meu irmão mais novo.
O quarto estava bagunçado. Os lençóis estavam desforrados e havia manchas que me fizeram congelar. Reconhecia aquelas marcas — eram um lembrete cruel de algo que nunca esqueci, mesmo tentando. No chão, uma peça de roupa infantil, e mais nada precisava ser dito.
A raiva tomou conta de mim. Uma culpa amarga me invadiu por não ter feito nada antes. Talvez, se eu tivesse falado, enfrentado, protegido... Mas agora era tarde. Pedro também havia sido ferido.
Ouvi o som da descarga, e então Jair saiu do banheiro com uma expressão surpresa — e um sorriso distorcido ao notar a faca em minha mão.
— Então o moleque abriu a boca... Ele não é discreto como você, mas é bem mais apertadinho — ele riu, caminhando cambaleante até o criado-mudo para pegar uma cerveja.
Minha mão tremia, não de medo, mas de pura fúria. Eu não era mais uma criança assustada.
Avancei. Ia fazer o que precisava. Só que meu corpo ainda sentia os efeitos da bebida, e Jair era mais forte do que eu lembrava. Ele tropeçou para trás, e eu caí também, perdendo a faca no processo.
– Seu Filho da puta do caralho! – cuspi as palavras sentindo dor ao pronuncia-las – Ele é teu filho! Como teve coragem?
– Já fazia tempo que eu estava de olho naquela bundinha – ele dizia aquilo com toda a naturalidade do mundo – Você é gostoso, Gabriel, mas já está ficando passado. Ia acontecer uma hora ou outra.
– Você é doente! – disse fazendo força para me levantar, mas era inútil.
Ele me agarrou pelos cabelos e me jogou com força. Senti um estalo no braço, o gesso se partindo, e uma dor intensa subiu até meus ombros. Gritei, mas não iria desistir.
— Eu vou te matar! — gritei com lágrimas de raiva nos olhos, tentando levantar.
Mas ele me segurou novamente, agora imobilizando meu braço.
— Você não é de nada! — ele gargalhava, insano.
Foi quando seus olhos se moveram para o chão. Ele viu a faca.
Antes que pudesse pegá-la, tentei me arrastar, mas a dor era insuportável. Então ele chutou meu rosto com força. Vi tudo girar. Jair pegou a faca e se aproximou.
— O que foi? Acabou a coragem? — zombou.
Nesse momento, uma voz gritou da porta:
— Seu desgraçado! O que você fez com ele?!
Era Gustavo. Estava transtornado, os olhos vermelhos de ódio, os punhos cerrados, o corpo tremendo.
— Gustavo... — murmurei. — Acaba com ele. Faz isso por mim... por Pedro...
– Mate ele, Gustavo! – disse com lágrimas nos olhos.
Gustavo fez menção em avançar, mas Jair tornou a me segurar pelos cabelos e me ergueu. Encostou a lamina fria em minha garganta com força para indicar que não estava brincando.
– Se vier eu o mato! – Jair disse com o tom de voz triunfante.
– Mate ele, Gustavo! – repeti sem me importar que ele cravasse aquela lamina em minha garganta – Mate ele agora!
– Eu não posso! – Gustavo disse começando a chorar – Não posso te perder também! Eu chamei a polícia antes de vir para cá.
– Você fez o que? – Jair vociferou – Filho da puta!
– Eles vão te levar Jair – Gustavo disse parando de chorar e começando a rir ironicamente indicando que havia mudado do Gustavo gentil para o malvado – Pedro me contou o que você fez com ele. Eles vão te levar e os caras vão te fazer de mulherzinha na cadeia – Gustavo estava completamente descontrolado – Você vai morrer lá dentro. Vou garantir isso!
— Faz o que tem que fazer porra, Gustavo... — sussurrei.
Ele hesitou por um segundo, mas depois deu um passo à frente.
Jair ficou mais agitado. Gritou alguma coisa que não ouvi direito. Mas naquele instante, reuni todas as forças que me restavam e joguei minha cabeça para trás, atingindo seu rosto com o peso do meu crânio. Ele soltou um grito de dor, largando a faca e me soltando por reflexo.
Caí, tonto, e tudo começou a escurecer. A última coisa que vi foi Gustavo avançando para cima dele, com um grito que parecia vir do fundo da alma.
Acordei com um som ritmado de gotejar. No começo, minha mente embaralhada não entendeu o que era aquilo. Mas aos poucos, as lembranças voltaram: a discussão, a faca, o caos no quarto... Jair, a queda... e depois, Gustavo.
Levantei o tronco com esforço, sentindo cada parte do meu corpo protestar. A claridade da manhã já invadia o quarto. Quanto tempo eu havia ficado desacordado? O que tinha acontecido com Jair? Com Gustavo? E com...
— Pedro! — soltei num sobressalto, tentando me levantar de vez, mas meu corpo dolorido me obrigou a recuar.
O som do gotejar ainda ecoava, vindo de algum lugar próximo. Foi então que ouvi a voz do meu irmão.
— Ele está na sala. Dormindo no sofá. — Gustavo apareceu na porta do banheiro. Sua aparência me chocou. Estava coberto de sangue dos pés à cabeça, mas... sem nenhum ferimento visível. A faca suja repousava a poucos centímetros de seus pés. — Achei melhor não deixar ele ver isso.
— Pedro está bem? — perguntei com o coração disparado.
— Está. — Ele sorriu, os dentes brancos contrastando com o rosto manchado de vermelho. — Eu fiz o que você pediu. Acabou.
O som de gotas se tornou mais nítido. Virei o rosto. Do outro lado do quarto, aos pés da cama, uma poça vermelha se formava no chão. Acima dela, o corpo sem vida de Jair, com a cabeça pendendo para fora da cama. Seus olhos abertos e vazios pareciam me encarar, mas pela primeira vez... sem poder.
— Ele está morto... — sussurrei, levando a mão à boca para conter um grito. — Finalmente...
Comecei a rir. Não de alegria, mas de alívio. Um riso nervoso e descontrolado. Era real. Depois de tudo, ele estava morto. O homem que me feriu, destruiu minha infância e me marcou para sempre... não existia mais.
— Sim — murmurou Gustavo, se aproximando com passos calmos — Ele não vai mais tocar em ninguém.
Ele me abraçou. Seus braços ainda sujos de sangue me envolveram e um arrepio percorreu minha espinha. Algo na forma como ele me segurava fez o medo se infiltrar de novo.
— Você sabe o que ele fazia comigo? — perguntei com a voz baixa.
— Ele me contou — respondeu Gustavo, com um olhar distante. — Fez isso enquanto... antes de eu acabar com tudo. Ele implorou. Gritou. Mas não merecia piedade.
Foi então que percebi o quão ferido Jair estava. Não havia sido apenas uma morte rápida — Gustavo havia descarregado tudo que carregava dentro dele.
— Agora somos só nós três — disse, tentando sorrir, mas havia algo estranho em sua expressão. Um brilho instável nos olhos.
— Sim... — murmurei, fingindo uma calma que não sentia. Eu precisava pensar rápido. Aquele não era o Gustavo gentil. Era aquele outro lado dele. O lado perigoso.
Eu precisava proteger Pedro.
— Estou com fome — Gustavo disse de repente. — Vou fazer nosso almoço. Já passa de uma da tarde.
— Talvez seja melhor tomar um banho antes — falei, tentando manter o tom leve. — Pedro pode se assustar se te vir assim.
Ele olhou para o próprio corpo como se só então percebesse o sangue.
— Boa ideia — respondeu. Se inclinou e me deu um beijo rápido no rosto. — Não demoro.
Ele entrou no banheiro. Assim que a porta se fechou, me levantei o mais rápido que meu corpo permitiu. Fui até a porta, tranquei por fora usando a chave que Jair sempre deixava na fechadura, e corri para meu quarto. Troquei de roupa sem pensar, peguei o pouco dinheiro que encontrei na carteira de Gustavo — algo em torno de R$150 — e fui ao banheiro para lavar o rosto e os braços manchados.
Corri para a sala.
— Pedro, acorda! — sacudi meu irmão com urgência. — A gente precisa sair daqui agora!
Ele acordou confuso, mas não resistiu. Levei-o até o quarto, vesti qualquer roupa nele, e ele me acompanhou segurando seu boneco do Ben 10.
Peguei meu celular e, com Pedro pela mão, tranquei o apartamento e descemos. Pegamos o primeiro ônibus que passou. Quando ele arrancou, olhei pela janela e vi Gustavo na rua, só de toalha, olhando em volta, tentando nos encontrar.
Mas ele não conseguiu.
— Para onde vamos? — Pedro me perguntou com a voz baixa, cansada.
— Pra bem longe desse inferno — prometi.
— Tô com fome, Gabriel — ele disse.
— A gente para em algum lugar. Que tal um McDonald's?
— Tanto faz — respondeu com um dar de ombros que partiu meu coração. Normalmente, ele ficaria animado só de ouvir o nome. Mas agora... nada. O Pedro alegre, cheio de energia, tinha sumido. E era minha culpa.
Ele encostou a cabeça no vidro da janela do ônibus e adormeceu. Fiquei ali olhando pra ele, me perguntando se um dia ele conseguiria voltar a ser o mesmo. A resposta era cruel. Tinha perdido a mãe, sofrido coisas horríveis com o pai, e agora... estava fugindo comigo, o irmão mais velho que não conseguiu protegê-lo. A vida dele tinha virado um pesadelo, igual a minha.
Meu celular tocou. O número era familiar. Meu sangue gelou.
— A gente não vai voltar, falei assim que atendi. — Você nunca mais vai ver a gente.
— Não diria isso, Gabriel, a voz de Gustavo respondeu fria. — Sei exatamente pra onde esse ônibus tá indo. Tô vindo atrás de vocês no carro do Jair.
Virei pra janela, desesperado, procurando por um Fox prateado. Não vi nada. Ainda.
— Mentira.
— Vocês tão indo pra São Leopoldo, maninho. Eu vi você na janela. Vou te encontrar. E quando eu encontrar... vai pagar por me trair.
— Você é doente! — puxei Pedro com força, acordando-o — Vai machucar seu próprio irmão?
— Eu só me importo com você, ele respondeu com um tom que me fez arrepiar. — Nós vamos ficar juntos, querendo ou não.
— Isso nunca vai acontecer! — gritei, puxando o cordão de parada do ônibus.
— Desceu antes do fim da linha, né? Tô ouvindo o alarme. Mas não adianta, Gabriel. Eu vou te encontrar.
— Vai pro inferno! — desliguei e desci correndo com Pedro, sem olhar pra trás.
Não fazia ideia de onde estávamos, mas comecei a correr. Cortei rua após rua, guiado só pelo instinto. Pedro tropeçou algumas vezes, mas não parava. Nós corremos por tanto tempo que quando parei para respirar percebi a arena do Gremio ao longe. Nem sabia como tínhamos chegado ali.
— Tô com sede... — Pedro murmurou.
Comprei duas garrafinhas de água de um ambulante e entreguei uma pra ele. O dia estava frio, nublado, mas nós dois suávamos. Era o desespero, o medo.
A opção mais óbvia seria procurar a polícia... mas e se Gustavo convencesse eles de que eu era o culpado? Eu não conseguia pensar direito.
— Pra onde a gente vai agora, Gabriel?
— Eu não sei! — comecei a chorar. — Eu não sei...
Meu celular tocou de novo. Era ele. Gustavo.
Tive vontade de jogar o celular longe. Mas não podia. Ainda poderia precisar dele.
— Tô com fome — Pedro resmungou de novo, com a voz apagada.
— Eu sei, meu amor. Eu sei...
Encontramos uma lanchonete e ele pediu uma coxinha com caldo de cana. Sentou-se devagar, com dor. Isso me fez apertar os punhos. Eu odiava Jair mais a cada segundo.
Enquanto comíamos, percebi olhares estranhos. Devia estar um trapo — rosto inchado, um olho doendo, o lábio cortado, gesso trincado. Deviam pensar que éramos dois garotos de rua, mas eu não me importava. Tinha tirado Pedro daquele lugar. Agora só precisava garantir que ele estivesse seguro.
Foi quando chegou a mensagem:
“Não adianta ir pra casa do seu namorado. Eu vou te achar lá.”
Era Gustavo. Foi o empurrão que faltava pra eu ligar pro Bernardo.
— Tá tudo bem? — ele atendeu.
— Posso ir pra sua casa? — tentei soar calmo, mas falhei miseravelmente.
— O que aconteceu? O que o Gustavo fez?
— Eu explico tudo pessoalmente. Por favor. Me passa o endereço.
Ele passou. Agradeci. Esperei Pedro terminar a coxinha — ele comeu devagar, quase sem vida — e então:
— Vamos, Pedro. Já sei pra onde a gente vai.
— Pra onde?
— Pra casa de um amigo. Vamos ficar seguros lá.
Ele só assentiu. Seguimos para a estação Anchieta. Quando subíamos a passarela, vi o maldito Fox prateado.
— Corre, Pedro!
Gustavo saiu do carro e veio atrás. Comprei duas passagens correndo e entramos pela roleta. Gustavo tentou pular, mas foi parado por um segurança.
— Eu vou pegar vocês dois! — gritou.
— Não vai, não! Socorro! — gritei, entrando no trem com Pedro.
Gustavo ainda tentou forçar passagem, mas as portas se fecharam bem na hora. O trem arrancou, deixando ele pra trás.
Sentamos num canto vazio do vagão. Pedro arfava, assustado. Eu estava destruído por dentro e por fora.
— Gabriel...? — ele me chamou baixinho. — O Gustavo... ele matou o papai?
Fiquei sem palavras. Abracei Pedro com força.
— De onde você tirou isso?
— Ouvi ontem à noite... os gritos. Ouvi tudo. Tô com medo. Ele vai pegar a gente...
— Não vai. Ele não vai pegar a gente. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Ele ouviu tudo. Meu irmão presenciou mais do que eu imaginava. Era mais do que um menino deveria carregar. E eu sabia: Pedro nunca mais seria o mesmo. Aqueles dois homens tinham acabado com a nossa infância. Mas eu não deixaria eles acabarem com o resto.
Quando chegamos à estação Farrapos, descemos atentos. Nada de Gustavo à vista. Pegamos um táxi até o bairro Moinhos. A cada quarteirão, minhas pernas pesavam mais. Meus olhos ardiam. A exaustão me dominava.
Chegamos ao prédio. O porteiro interfonou, e subimos. No elevador, Pedro segurava minha mão com força.
Toquei a campainha do apartamento de Bernardo. Ele atendeu imediatamente.
— O que aconteceu com você? — ele perguntou, assustado. — Esse é o Pedro?
Essa foi a última coisa que ouvi antes de tudo escurecerNota do Editor
Este texto é uma adaptação que suaviza algumas cenas originalmente mais intensas e pesadas, com o intuito de preservar a experiência do leitor sem perder o impacto da narrativa. Algumas descrições explícitas foram omitidas ou reduzidas, deixando espaço para que cada leitor construa em sua imaginação os detalhes mais difíceis.
A decisão de ocultar essas partes visa respeitar limites sensíveis e focar na força da história, que fala sobre dor, resistência e esperança. A profundidade dos sentimentos permanece intacta, mesmo quando não detalhada completamente.
Agradecemos a compreensão e convidamos você a seguir com o coração aberto para os próximos capítulos.
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Continua...