O asfalto fumegava como uma brasa viva quando matei o motor da Harley. A fumaça do cigarro tremia no canto da boca, e o gosto era amargo como arrependimento mal digerido. O bar à beira da estrada parecia cuspido do inferno: tijolos podres, janelas imundas, e um letreiro de neon agonizando, piscando “Aberto” como se não soubesse que já estava morto.
Entrei. As botas estalaram no chão de madeira como se anunciassem que alguém perigoso tinha acabado de chegar. O cheiro era puro desespero: cerveja choca, mijo seco, cigarro velho e solidão fermentada. O tipo de lugar onde almas quebradas vinham pra se afogar — ou se vender. E foi ali, entre o ranço e a penumbra, que eu vi ela.
Tereza.
Sentada num canto escuro, um copo de uísque na mão, o cabelo azul derramado pelos ombros como tinta. Ela não olhou. Ela sabia que eu estava ali. E quando nossos olhos se cruzaram, foi como se o chão tivesse sumido. Tinha dor ali. Um tipo de dor que implora pra ser usada. Olhar de quem perdeu tudo, mas ainda quer perder mais — se puder escolher quem vai arrancar o resto.
Fui até ela. Não porque quis — porque era inevitável.
— Você parece perdida — murmurei, a voz seca, firme, com um tom que não pedia resposta. Testando. Medindo.
Ela virou o rosto com lentidão, o sorriso no canto da boca. Um sorriso pequeno, sem calor, mas com veneno. Como quem diz: me quebra direito, ou nem se incomode.
— Ou talvez só esperando alguém que saiba me achar do jeito certo.
Desafio aceito.
Pedi uma cerveja só pra manter as mãos ocupadas enquanto analisava. A aliança sumida, mas a marca pálida no dedo ainda lá. Ela era casada — ou já tinha sido. O que importava é que o dono anterior não cuidou direito. E agora ela tava ali, jogada na beirada do mundo, pronta pra ser moldada.
— Você vem aqui pra esquecer, ou pra ser lembrada? — perguntei, sem tirar os olhos dela.
Ela virou o copo de uma vez. Engoliu o uísque como se fosse veneno doce. Só então respondeu:
— Eu venho quando quero alguém que mande em mim melhor do que os outros tentaram.
Ali. Naquela frase. Eu soube. Ela queria se entregar. Mas não pra qualquer um.
Toquei os dedos dela. Quentes, tensos. Ela podia ter recuado. Mas entrelaçou os dela nos meus como se dissesse: toma o controle. Não falei mais nada. Levantei. Ela veio atrás, calada. Subiu na garupa da moto sem pestanejar, grudando o corpo no meu. Eu sentia o peito dela nas minhas costas. E mais do que isso: sentia a entrega. O silêncio dela era obediência.
No motel, ninguém falou nada. Recepcionista não ousou olhar. Peguei a chave e entramos. Quarto sujo. Cama velha. Cheiro de mofo, cigarro e gozo antigo. Perfeito.
Fechei a porta. Tranquei. Ela encostou na parede. Me olhava como se estivesse esperando ordens.
— Tira a blusa — falei.
Ela obedeceu. Lenta. Quase cerimonial. Os olhos nunca desviaram dos meus.
— Agora a saia. Sem hesitar.
Ela tirou. Fiquei ali, só observando. Ela de calcinha preta, peito nu, pele pálida sob a luz amarela e suja do abajur. O mamilo duro, a respiração acelerada.
— Deita. De costas. Pernas abertas.
Ela deitou. Não falou nada. Não perguntou nada. Só obedeceu.
E eu ainda nem tinha tocado nela.
Cheguei perto. Me ajoelhei entre as pernas dela. Tirei a calcinha devagar, rasgando no último segundo. Enfiei o rosto entre as coxas dela e lambi com força, com intenção. Queria que ela soubesse quem mandava ali. A boca trabalhava. A língua entrava, saía, circulava. E os dedos… os dedos cravavam fundo enquanto ela arqueava o corpo, revirando os olhos, sussurrando palavrões entre gemidos abafados.
Ela gozou. Mas eu segurei o pulso dela quando ela tentou fechar as pernas.
— Não terminei. Você goza quando eu mando.
— Por favor… — ela gemeu.
— Não é hora de pedir. É hora de obedecer.
Lambi de novo. E de novo. Até o corpo dela entrar em colapso, até os olhos ficarem desfocados, até a alma parecer escapar da boca.
Levantei. Tirei a roupa devagar. Meu pau estava duro, pulsando, pronto. Ela olhou. Quis tocar.
— Só quando eu deixar — cortei. — Agora vira. De quatro.
Ela virou sem um som. As costas arqueadas, o cabelo azul derramado como mar. Entrei nela de uma vez só. Ela gritou, mas segurou firme. O som da pele batendo, os gemidos cravando nas paredes. Eu metia fundo, segurando os quadris, puxando o cabelo, murmurando no ouvido dela.
— Você gosta de ser usada, né? De ser minha. De saber que agora você não tem mais controle de nada.
— Sim… sim… — ela arfava. — Me diz o que eu sou…
— Você é minha cadela. E vai gozar só quando eu disser.
Ela tremia, se contorcia, implorava. E quando eu senti ela à beira, a segurei firme, a mordi no ombro e deixei ela gozar. Ela desabou com um grito surdo, quebrada, entregue. Gozou como se estivesse se esvaziando.
Eu meti mais umas vezes, e quando o corpo dela ainda tremia, enterrei fundo e gozei dentro, segurando ela como se o mundo inteiro fosse acabar ali.
Caí sobre ela. Os dois suando. Respirando pesado. O quarto parecia menor. Como se tivesse fechado ao redor da gente.
Ela virou o rosto, os olhos marejados, não de dor — de alívio. De alguém que encontrou algo que nem sabia que procurava.
— Eu não me sentia viva há anos — ela sussurrou, e dessa vez tinha verdade na voz.
Abracei ela por trás, ainda dentro. Como se pudesse impedir o mundo de voltar.
E ali, naquela espelunca fedida, no meio do nada, entendi: tinha quebrado ela. Mas ela também tinha levado um pedaço de mim.