Eu não sei exatamente quando percebi que estava apaixonado por ela. Talvez tenha sido naquele retiro, no terceiro dia, quando a gente se olhou no escuro do celeiro improvisado enquanto os outros choravam ao som de “Grandes Coisas”. Ela chorava também. Eu, que sempre fui o cara contido, senti os olhos arderem. Acho que era mais pelo cansaço emocional do que pela música em si. Mas foi ali, naquele abraço que durou mais do que o necessário, com o rosto dela encostado no meu ombro, que alguma coisa se mexeu aqui dentro.
Vanessa não era da minha igreja. O retiro tinha juntado umas cinco igrejas batistas da cidade e de algumas cidades vizinhas, e o tema era “Amar com o amor de Jesus é a minha missão”. Bonito, né? Eu fui mais pela insistência da minha mãe, que dizia que eu tava frio na fé. Eu fui pra agradar. E voltei… diferente. Não só por causa da fé, mas por causa dela.
A gente não se conhecia, mas nos colocaram no mesmo grupo em uma das atividades do retiro. A coisa toda era uma simulação de perseguição religiosa. Tinha que atravessar um trecho de mata, se esconder, orar em silêncio… era tudo um teatro, claro, mas ali no meio, com medo de errar o caminho e “ser perseguido”, a gente acabou se aproximando. Ela tinha o sorriso mais tranquilo que eu já vi. Cabelos castanhos, lisos, cheirando a shampoo, e um jeito meio desajeitado de rir com a mão cobrindo a boca. Me ganhou ali.
Nos falamos mais no último dia, depois da fogueira. Trocamos Instagram, depois WhatsApp. E aí foi rápido: áudios longos, memes gospel, devocionais em dupla, perguntas sobre a vida, chamadas de vídeo depois da célula. Quando percebi, já tava esperando a hora de ela falar “boa noite, dorme bem” só pra ouvir a voz doce dela antes de dormir.
Depois de um mês, nos vimos pessoalmente de novo. Ela veio até minha cidade com uma amiga, e demos um jeito de passar a tarde juntos no shopping. Foi leve. Divertido. E no final, quando a amiga foi ao banheiro, eu segurei na mão dela e disse que ela tinha mexido comigo, que estava gostando dela.
— Você tem certeza, Matias? — ela perguntou, meio surpresa. — A gente nem se conhece tão bem assim…
— Eu quero te conhecer. Melhor. Todo dia, se possível.
Ela sorriu. Aquele sorriso com a mão na boca de novo.
— Então tá. Mas você vai ter que aguentar meu lado difícil.
Seis meses depois, eu tava completamente envolvido. A gente tentava se guardar. Queríamos fazer tudo certo, esperar, manter a santidade. Mas olha… era difícil. Cada beijo durava mais, cada abraço ficava mais apertado. As mãos exploravam onde não deviam, os olhares denunciavam mais do que mil palavras. A gente resistia, mas… nem sempre.
Com três meses de namoro, começamos a ir um pouco além. Primeiro foi só o toque por cima da roupa. Depois veio a mão por dentro da blusa, o arrepio, o calor. Teve uma noite em que ela montou em mim no sofá da casa dela enquanto os pais dormiam. A gente parou antes de passar do limite, mas só Deus sabe o quanto custou.
Foi ali, com ela ainda aninhada ao meu lado no sofá que ela se virou para mim, fazendo um carinho suave no meu peito enquanto um filme passava na TV:
— Matias… posso te perguntar uma coisa meio pessoal?
— Claro, né? — respondi, mesmo sentindo o coração acelerar.
Ela ficou alguns segundos quieta, como se ensaiasse a fala.
— Você é virgem?
Respirei fundo. O momento que eu sabia que ia chegar, chegou. E por mais que eu quisesse parecer natural, minha garganta secou.
— Sou.
Ela não disse nada de imediato. Eu senti o corpo dela enrijecer um pouco, como se algo ali dentro tivesse travado. Então completou, com uma voz hesitante:
— Eu… eu não sou, Matias.
Tive a impressão de que ela estava esperando alguma reação — talvez um silêncio constrangedor, talvez um julgamento, ou quem sabe até eu levantar e ir embora. Mas eu só fiquei ali, sentindo um peso no peito que não era raiva, nem tristeza, só uma espécie de confusão amarga.
— Ah… tá — eu disse, tentando soar tranquilo. — Você... quer falar sobre isso?
Ela levantou um pouco a cabeça, me olhando com olhos vulneráveis. Não vi culpa neles. Vi medo. Medo do que eu ia pensar dela. Medo de eu vê-la de forma diferente.
— Eu tive alguns relacionamentos… antes de entrar pra igreja. Não era nada sério, eu... só achava que sexo era normal, que não tinha nada demais. E depois que me converti, comecei a ver tudo com outros olhos. Me arrependi de algumas escolhas. Não sei… eu tive medo de te perder se te contasse logo no início. Sei lá, você é tão certo, tão… puro.
Fiquei calado. Não sabia o que dizer. Aquilo mexia comigo de um jeito que eu mesmo não entendia. Não era exatamente ciúmes. Era um sentimento de inadequação. Como se eu fosse pequeno perto da experiência dela.
— Eu não queria que você achasse que eu sou... sei lá — ela continuou. — Eu sou sua, Matias. Desde o dia em que disse que gostava de mim. Mas o meu passado ainda tá aqui, e eu não posso apagar. Só posso te prometer que o meu presente — e meu futuro — são teus. Se isso for suficiente…
Eu a interrompi com um beijo no alto da testa. E engoli seco antes de tentar sorrir.
— Eu... só tenho medo de não ser o suficiente pra você. De você perceber que comigo vai ser... tudo novo, meio atrapalhado. Talvez até sem graça no começo.
Ela encostou a testa na minha, com um sorriso acolhedor. Podia notar que ela estava um pouco constrangida, não estava sendo uma conversa fácil para ela também.
— Você não precisa ser perfeito. Não coloca essa pressão em você. Quando a hora chegar, vai ser incrível.
Ali, eu senti algo mais forte do que tesão. Era uma espécie de confiança que se constrói no meio da insegurança. Um tipo de amor que nasce quando as máscaras caem, mesmo que só por alguns segundos.
Nos beijamos de novo. Mais calmo, mais intenso. Ficamos ali por muito tempo, só trocando carícias, como se estivéssemos tentando compensar com carinho o que não sabíamos como dizer com palavras.
A partir daquele dia, as conversas ficaram um pouco mais profundas. A gente continuava se tocando, explorando um ao outro com mais liberdade. Nada explícito demais ainda, mas já não era mais só “segurar a onda”. Era mais como se estivéssemos dançando numa linha tênue entre o permitido e o desejado.
E foi quando ela me chamou para jantar com os pais dela numa sexta-feira.
— Tô com saudade de você — ela disse numa mensagem de áudio. — E meus pais adoraram você, vai ser legal. Um jantarzinho simples, só pra matar a saudade.
Eu topei na hora. Me arrumei com o cuidado de quem vai conhecer sogros pela segunda vez — camisa arrumadinha, perfume leve, até gel no cabelo. Mas quando cheguei lá, percebi que a história era outra.
A casa estava em silêncio. As luzes, baixas. Ela apareceu na porta com um vestido simples, colado ao corpo, um batom mais forte que o de costume e um sorriso maroto nos lábios.
— Meus pais viajaram de última hora… — disse, mordendo o canto da boca. — Mas o jantar tá pronto. Você ainda quer ficar?
Fiquei.
Jantamos à meia-luz, trocando olhares e carícias sutis sob a mesa. Ela ria das minhas piadas, tocava minha perna com o pé, e tinha caprichado na apresentação dos pratos como se estivéssemos num restaurante fora do tempo.
Quando terminamos o prato principal — um fricassê de frango cremoso e bem temperado — fiz questão de elogiar:
— Caramba, amor… tenho sorte de namorar uma mulher que cozinha tão bem.
Ela sorriu, visivelmente satisfeita.
— Hm… bom saber que estou somando pontos. Vou pegar a sobremesa, então.
Ela saiu para a cozinha levando os pratos e, poucos minutos depois, voltou pelo corredor. Mas não trazia nada nas mãos. Usava apenas uma lingerie preta de renda, que contrastava com sua pele clara e realçava cada curva do seu corpo. O sorriso ainda estava lá — agora mais travesso, como se tivesse ensaiado aquela cena e mal pudesse esperar pela minha reação.
— Sua sobremesa, amor.
Disse isso dando uma voltinha lenta, empinando levemente a bunda, antes de me encarar com um brilho provocante no olhar.
Fiquei completamente em choque. Desde que soube que estaríamos sozinhos, pensamentos maliciosos já me rondavam — mas nada me preparou para aquilo. Senti o coração disparar e os olhos simplesmente não conseguiam se desviar dela.
Percebendo meu estado, ela deu uma gargalhada gostosa e veio até mim, caminhando devagar, toda sensual. Sentou-se no meu colo e me beijou com intensidade, os lábios quentes, macios, abrindo espaço para a língua dela.
— Eu te amo, Matias… muito. E quero ser sua hoje. Me entregar de verdade pra você.
De perto, pude ver seu rosto corado, o nervosismo contido nos olhos — e aquilo só me deixou ainda mais encantado. Para não deixar o clima esfriar, tomei a iniciativa. A beijei com vontade, mergulhando na boca dela enquanto minhas mãos percorriam suas coxas, deslizando até sua bunda e, logo depois, acariciando sua buceta por cima da calcinha. Ela gemeu baixinho contra meus lábios, o corpo se movendo com sensibilidade a cada toque.
Nos levantamos entre beijos e carícias, e eu a carreguei no colo até o quarto dela. Ela se aconchegou em mim, rindo baixinho, o rosto escondido no meu pescoço. Quando a deitei na cama, seus olhos brilharam. Ela parecia nervosa, mas decidida. E linda.
Fiquei alguns segundos só a olhando. A luz amarelada do abajur tocava sua pele como se a pintasse de ouro. A lingerie preta realçava cada curva, deixando os seios semi-cobertos e a calcinha rendada marcando levemente a pele da cintura.
Me ajoelhei na beira da cama e comecei a beijar suas pernas, devagar, sentindo a pele arrepiar sob minha boca. Subi pelos joelhos, pelas coxas, até alcançar a borda da calcinha. Olhei nos olhos dela antes de puxá-la com calma. Ela mordeu o lábio, respirando fundo.
Quando minha língua tocou sua buceta pela primeira vez, senti seu corpo estremecer. Ela era quente, molhada e cheirosa. Passei a língua com delicadeza entre os lábios, explorando, escutando cada gemido como se fossem comandos, tentando colocar em prática o que eu sabia somente na teoria. Foquei no seu clitóris com o cuidado de quem quer dar prazer e também causar memória. Ela agarrou os lençóis com força, rebolando contra a minha boca, e quando senti que ela estava bem molhada, parei — queria que nossa primeira vez fosse completa, não só física, mas emocional também.
Subi, e nossos olhos se encontraram. Ela me puxou para um beijo intenso, profundo, e murmurou contra meus lábios:
— Eu quero você agora…
Tirei minha roupa rapidamente, deitando sobre ela, nossos corpos colados, pele contra pele. Encostei meu pau na entrada quente e escorregadia da sua buceta. Ela prendeu a respiração e me olhou com uma mistura de ansiedade e desejo.
— Devagar, tá? — pediu, com um sorriso doce.
— Sempre — respondi.
Coloquei uma camisinha que ela me entregou e fui entrando com cuidado, sentindo seu corpo me envolver pouco a pouco. A sensação era indescritível: quente, apertada, como se fosse feita sob medida pra mim. Ela soltou um gemido longo, os olhos fechando, as mãos cravadas em minhas costas.
Nos movíamos devagar, com delicadeza. Eu me inclinava para beijá-la, ora os lábios, ora o pescoço, ora os seios. Suas pernas me envolveram, me puxando para mais fundo, e aos poucos os movimentos ficaram menos atrapalhados e o ritmo foi aumentando.
Ela gemia no meu ouvido, mordia meu ombro, dizia meu nome entre sussurros e respirações entrecortadas. Nossos corpos se encaixavam como se já se conhecessem há anos, mesmo naquela primeira vez. Sentíamos tudo — a tensão, o prazer, o calor, o carinho. Ela me olhava nos olhos, e era como se dissesse sem palavras: “esse momento é só nosso”.
Eu acariciava seu rosto enquanto penetrava com mais força, e ela me incentivava com gemidos doces e palavras soltas:
— Assim, Matias… continua… eu tô sentindo tudo…
Ela me guiou, pedindo para mudar de posição após um tempo. Montou em mim com um pouco de hesitação, mas logo encontrou o ritmo. Os seios balançavam enquanto ela subia e descia, e eu os segurava com as duas mãos, chupando seus mamilos com desejo. Ela se jogava contra mim com intensidade, o cabelo bagunçado, a boca entreaberta, os olhos semicerrados.
Quando percebi que estava perto, a segurei pela cintura e retomei o controle. Deitei-a de novo, abri suas pernas e penetrei com força e precisão, com estocadas firmes, mas ainda carinhosas, ritmadas com o nosso prazer.
Ela gozou primeiro, arqueando o corpo, soltando um grito abafado enquanto tremia embaixo de mim. Continuei até sentir o calor subir pelas minhas costas. Gozei logo depois, gemendo alto, me enterrando nela, o corpo inteiro tenso, os dedos cravados nos lençóis.
Ficamos ali, ofegantes, suados, abraçados. Nossos corpos ainda colados, quentes, sensíveis. Eu a beijei no ombro, no queixo, na testa, como se agradecesse por tudo.
— Foi perfeito — ela murmurou, os olhos fechados.
— Foi com você — respondi, acariciando seus cabelos. — Não poderia ser melhor.
Quando fui embora naquela noite, o cheiro do perfume dela ainda estava preso na minha roupa. No táxi, com o vidro meio aberto e o vento cortando o rosto, eu fechei os olhos e revivi cada instante. Era como se meu corpo ainda carregasse os toques, os beijos, as palavras sussurradas entre os lençóis.
Nunca imaginei que minha primeira vez seria daquele jeito. Não porque foi perfeita — porque não foi. Mas porque foi nossa. Sem roteiro, sem pressão. Eu tremia mais do que queria admitir, errei o ritmo, me atrapalhei com o preservativo. Ela riu em alguns momentos, me beijou com calma, guiou meus movimentos como se dissesse: “tá tudo bem”.
Não me sentia nem um pouco culpado por termos feito antes do casamento.
Na manhã seguinte, ela me mandou uma mensagem:
“Oi, amor. Acordei com a lembrança do seu cheiro. Foi tudo tão especial… Obrigada por confiar em mim. Te amo.”
Fiquei lendo aquilo umas dez vezes antes de responder. Eu também a amava. Talvez mais ainda agora.
Só que, como tudo que envolve sexo e sentimento, nem tudo era só leveza.
Nos dias seguintes, percebi que meu pensamento começava a se fixar demais em algo que antes só me incomodava de leve. Vanessa tinha sido a minha primeira. Mas eu não tinha sido o dela.
Era egoísta da minha parte pensar nisso? Era. Eu sabia. Mas a ideia de que ela já tinha vivido aquilo com outro cara — talvez até com mais de um — me deixava inquieto. O ciúme não era dela. Era do tempo. Do que eu não vivi com ela. Do que ela viveu sem mim.
Tentei ignorar, deixar pra lá, mas bastava um gesto mais ousado dela na cama — uma virada de quadril mais atrevida, um olhar que dizia “eu sei o que tô fazendo” — e a pergunta voltava como um espinho na mente: de onde ela aprendeu isso?
Foi numa dessas vezes, enquanto estávamos no quarto dela, depois de uma sessão de beijos quentes e mãos aceleradas, que eu deixei escapar:
— Você sempre foi assim… tão segura?
Ela estava com a cabeça encostada no meu peito, os dedos brincando com o cordão da minha cruz. Levantou os olhos devagar, um sorriso de canto nos lábios.
— Assim como?
— Sei lá. Você… sabe o que faz. Parece que já viveu isso mil vezes.
Ela desviou o olhar. Não ficou brava, mas mudou o tom.
— Você quer mesmo saber dessas coisas?
— Quero. De verdade. Eu gosto de você. Do seu jeito. Mas às vezes fico curioso, sabe? Não por mal. Só queria… entender mais de você.
Ela demorou a responder. Levantou o tronco, sentou-se de pernas cruzadas, com a postura mais ereta, de frente para mim. Os olhos dela agora estavam mais sérios.
— Eu não gosto muito de falar do meu passado, Matias. Não porque eu quero esconder, mas porque... eu não me orgulho de tudo. Quando eu entrei pra igreja, uma das primeiras coisas que pedi a Deus foi: “apaga o que não te glorifica”. Então… é um pouco desconfortável ficar falando disso, ainda mais pra você.
— Eu entendo. — me sentei também, segurando suas mãos. — Mas você pode confiar em mim. Eu não vou te julgar. É só que… saber mais de você me faz sentir mais próximo. Até das partes que você esconde. E fico pensando nisso as vezes… preferia saber ao invés de ficar concatenando.
Ela me olhou como se estivesse decidindo se podia ou não abrir aquela porta. Então soltou um suspiro e deitou de novo, virando de lado, os olhos fixos na parede.
— Eu perdi a virgindade cedo, foi com um garoto da escola. Na época, achei que estava apaixonada. Ele era mais velho, fazia faculdade. Mas depois que aconteceu, ele começou a se afastar. Eu fiquei mal, me senti usada, suja… mas em vez de me recolher, comecei a sair com outros caras. Não era por promiscuidade. Era carência. Eu queria me sentir amada. Desejada. Você entende?
Assenti em silêncio. Meu coração apertava, mas não por ciúme. Era um aperto de empatia. Eu a amava. E ouvir aquilo era como encostar na ferida de alguém e sentir a dor dela.
— Depois que entrei na igreja — continuou — as coisas foram mudando. Eu comecei a me ver de outro jeito. A querer algo novo. Na verdade, eu nem estava procurando um relacionamento, queria um tempo para mim primeiro, mas senti algo diferente por você naquele retiro e fiquei interessada em você.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu a puxei para mais perto e a abracei.
— Eu não quero que você apague nada, Vanessa. Seu passado te trouxe até aqui. E eu tô aqui. Com você.
Ela me beijou com calma. A conversa parou ali, mas plantou uma semente. Ainda estava curioso sobre o passado dela, mas sua franqueza me impressionou, só queria ficar ali agarradinho com ela. Foi uma conversa mais difícil pra ela do que para mim, ainda tinha uma certa curiosidade, mas não quis pressiona-la.
Certa noite, depois de um dia inteiro fora com a minha família, consegui passar na casa dela. Os pais estavam dormindo, o que nos dava um raro momento de liberdade. Apesar de serem mais liberais que os meus e me deixarem ficar no quarto dela, nunca avançávamos o sinal com eles acordados — podiam bater na porta a qualquer momento.
Subi para o quarto, nos beijamos com pressa, e ela logo se ajoelhou na minha frente. Nem disse uma palavra. Apenas puxou o zíper da minha calça com uma fome que me fez esquecer do mundo.
— Shhh... — Ela colocou o dedo nos lábios, com um sorriso travesso, pedindo para eu gemer baixo.
Então, olhando direto nos meus olhos, começou a passar a língua da base até a cabeça do meu pau, descendo depois para as bolas, com uma calma provocante. Aquela cena estava me deixando completamente excitado, e foi difícil me controlar.
Soltei um gemido, um pouco mais alto do que deveria, mas ainda contido, quando senti o calor da boca dela me envolver. Ela começou a me chupar com um boquete babado e bem ritmado. Joguei a cabeça para trás e acariciei seus cabelos, me sentindo o homem mais sortudo do mundo.
Não ia durar muito. Já sentia o gozo se aproximando, mas ela parecia perceber também — parou a chupada e começou a passar a língua lentamente pela parte debaixo da minha glande, me fazendo quase me contorcer de prazer.
A vontade que eu tinha era de segurar a cabeça dela e voltar a foder aquela boquinha, de tão desesperado que eu estava para gozar. Mas ela parecia se divertir com isso, querendo prolongar aquela tortura gostosa.
— Quem te ensinou a fazer assim? — perguntei, no calor do momento, com a voz rouca.
Ela parou por um segundo, me encarando com um olhar meio confuso.
— Você quer mesmo saber?
Assenti, com a mão ainda em seus cabelos.
— Era um cara que ficava me pedindo isso o tempo todo. Ele batia com o pau nos meus lábios até eu abrir a boca. No começo eu odiava... Mas ele me dizia o que fazer, como olhar, o ritmo. Com o tempo, fui ficando boa. Acho que aprendi mais do que devia.
Ela voltou ao que fazia, sem esperar minha resposta — só a língua na glande e uma punheta leve na base.
E foi ali que eu gozei como nunca. O corpo arqueou, as pernas tremeram. Um gozo diferente. Intenso. Quase sujo. Incontrolável. Inadiável. Alguns jatos acertaram direto o rosto dela, antes que conseguisse me abocanhar de novo e receber o restante na boca, chupando até o orgasmo terminar e meu pau ficar levemente sensível.
Depois que ela foi se lavar, ficamos em silêncio por vários minutos. Eu recostado na parede, ela sentada ao meu lado, brincando com o próprio cabelo. A atmosfera estava carregada. A gente não queria falar — qualquer palavra pareceria errada.
No fim, ela se levantou e me olhou com um sorriso tímido.
— Você ficou... estranho?
— Não — menti. — Foi bom. Muito.
— Só fiquei com medo de te assustar. Sei que é meio louco ficar falando dessas coisas, mas na hora lá você perguntou de um jeito e eu acabei falando demais, desculpa.
— Não, calma, não precisa pedir desculpas. — respondi. — Só... Sei lá, você falando àquilo mexe comigo de um jeito que eu não sei explicar, mas fiquei excitado, acabei até te sujando toda. Desculpa.
Ela assentiu com a cabeça e veio me abraçar por trás. E ali, com o corpo dela colado no meu, percebi que essa coisa entre a gente estava ganhando uma profundidade nova. Por que saber do passado dela me excitava tanto? Será que era minha falta de experiência, eu era apenas um pervertido ou era o jeito que ela contava? Não sabia explicar, mas sabia que era uma intimidade que não era só física. Era quase psicológica. Como se os corpos fizessem amor, mas as memórias apimentassem a coisa toda.
A cada encontro, a gente se conhecia mais. Não só no toque, mas naquilo que ficava por trás do olhar. Os silêncios começaram a dizer tanto quanto os beijos. E, às vezes, até mais.
Vanessa tinha uma coisa de se entregar por inteiro quando estava comigo. Mas, ao mesmo tempo, havia momentos em que ela recuava, como se alguma lembrança a puxasse de volta. Eu notava quando ela ficava distante. Depois de um orgasmo, por exemplo. Ou depois de uma pergunta mais direta sobre o passado.
Ela se vestia devagar, evitava me encarar, e mudava de assunto com frases leves, tipo:
— Vamos pedir uma pizza?
Ou:
— Você viu que o louvor domingo vai ser acústico?
Mas eu não forçava. Sentia que era preciso ir no ritmo dela.
Até que um dia, a gente estava deitados, nus, na cama da casa da tia dela — que viajou no feriado e emprestou o apartamento — e eu falei algo diferente. Não como pergunta. Mas como confissão.
— Sabe o que me dá mais tesão?
Ela virou o rosto pra mim, o cabelo bagunçado sobre o travesseiro, o peito ainda arfando depois da transa.
— O quê?
— Saber o que você já viveu. Imaginar você com outros, antes de mim. Não sei explicar. Mas… pensar que você foi de outros e agora é minha... isso me enlouquece. Fico com ciúme retroativo, mas também fico com tesão.
Ela ficou em silêncio. Me encarou por alguns segundos, depois passou os dedos devagar sobre meu peito.
— Isso é meio perigoso, sabia?
— Por quê?
— Porque… se você entrar demais nessa fantasia, talvez comece a confundir as coisas. E aí posso te contar alguma coisa e você não gostar ou não saber lidar. Me olhar com outros olhos. Tenho medo disso acontecer toda vez que toca no assunto.
— Eu sei separar. Confia em mim. — fiz uma pausa. — Você confia em mim, né?
Ela sorriu de leve, ainda meio pensativa.
— Confio. É só que... nem tudo no meu passado foi bonito. Nem tudo foi tesão. Teve coisa que foi só… vazia.
— E se a gente só falar do que foi bom? Do que te fez sentir viva?
Ela encostou a testa na minha, fechou os olhos e sussurrou:
— Então tá. Mas você não vai poder me julgar.
— Nunca.
Nos dias que seguiram, ela começou a provocar. Nas mensagens, nos áudios, até nas brincadeiras mais inocentes. Mandava foto de vestido curto com legenda “esse você ia arrancar com raiva” ou “esse ex meu adorava… mas acho que você vai gostar mais”.
Eu fingia que achava ousado demais. Mas no fundo, aquilo me deixava elétrico. À noite, eu ouvia a voz dela na mente antes de dormir.
Numa sexta-feira à noite, estávamos na casa de uma amiga dela, que nos deixou sozinhos por algumas horas. O apartamento era pequeno, silencioso, e as luzes baixas criavam um clima íntimo, quase conspirador.
No sofá, começamos a nos beijar devagar, sem pressa. Já não havia mais medo, só desejo e uma confiança densa, que se dizia nas mãos, nos olhos, no jeito como o corpo dela se encaixava no meu. Ela montou em mim com naturalidade, e nossos beijos foram ficando mais quentes, profundos, molhados. Minhas mãos exploravam suas costas nuas, desciam até a bunda, apertando com vontade. A lingerie foi saindo devagar, entre olhares e provocações silenciosas.
Deitei-a no sofá e comecei a beijá-la por inteiro, da boca até os pés. Tirei sua calcinha com os dentes, olhando para ela com fome. Depois, lambi sua buceta com vontade, sentindo o sabor dela escorrer pela minha língua. Ela gemeu alto, se contorcendo sob mim, as mãos agarrando meu cabelo.
— Puta que pariu, Matias… — arfava, os olhos fechados, perdida.
Quando ela gozou pela primeira vez, subiu em mim e me puxou com força, querendo mais. Penetrei-a devagar, sentindo o calor apertado dela me engolir centímetro por centímetro. Ela rebolava, gemia, me arranhava. O ritmo entre nós foi crescendo com naturalidade, entre estocadas profundas, beijos urgentes e olhares quentes.
No meio da transa, com o corpo dela rebolando sobre mim, o cabelo bagunçado, os seios balançando no ritmo da cavalgada, segurei sua cintura e perguntei, ofegante:
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode… — respondeu entre gemidos, sem parar de se mover.
— Como foi sua primeira vez?
Ela abriu um sorriso de canto, malicioso, e mordeu o lábio inferior. Inclinou-se sobre mim, com a boca colada no meu ouvido, e sussurrou:
— Foi no segundo ano. Num vestiário. Com um menino do time de handebol.
Eu arqueei as sobrancelhas, sem parar os movimentos.
— Ele era mais velho… ficava me olhando nos treinos. Eu tinha uma quedinha por ele e ele sabia bem disso. Um dia me chamou depois da aula. Eu fui. Queria saber como era.
Ela parou por um instante, encaixada em mim, só me olhando de cima.
— Ele me encostou na parede, levantou minha saia e puxou minha calcinha pro lado. Mal teve beijo, a gente não podia ser pego. Só disse pra eu não fazer barulho… e entrou.
— Ele te tratou assim? — perguntei, sentindo algo estranho subir pelo peito. Raiva? Tesão? Ciume?
— Eu tava nervosa, com medo. Doeu. Era meio bruto, meio sem cuidado, mas… era intenso. E eu tava tão molhada, Matias. Tão molhada que ele escorregou fácil. Eu tremia inteira.
Ela passou as mãos pelo meu peito, brincando com os mamilos, voltando a rebolar sobre mim.
— Ele me fodia com força. Me chamava de safada no meu ouvido. Dizia que eu era apertadinha, que meu gemido deixava ele duro. E eu gozei, mesmo sem entender direito o que estava sentindo. A parede tava fria nas minhas costas, e o pau dele me preenchia todinha. Depois ele só se vestiu e foi embora. Achei que ele fosse namorar comigo, mas depois disso ele só me evitou… Isso fez eu me sentir usada, mas foi uma experiência marcante.
— Porra… — murmurei, apertando sua bunda com força, sentindo meu pau pulsar dentro dela. — E você nunca esqueceu?
— Nunca. Mas não por ele. Por como eu me senti. Por como o meu corpo respondeu. Por saber que nunca mais seria a mesma.
Ela desceu o quadril até o fundo, gemendo no meu ouvido.
— Mas com você… é diferente. Eu quero te contar essas coisas. Quero que você me foda sabendo de tudo isso. Quero te deixar maluco, Matias. Quero que saiba que agora quem me faz gozar é você.
Virei-a de costas, a puxei pela cintura e enfiei com força. Ela gritou, empinando a bunda, gemendo alto. Eu a fodia como se quisesse apagar aquela memória antiga com cada estocada nova. Segurei seu cabelo, mordi seu ombro, senti meu corpo inteiro tenso.
— Então sente, Vanessa. Sente o que é ser minha agora.
Ela gozou de novo, o corpo tremendo. Eu a acompanhei segundos depois, derramando tudo dentro dela com um gemido rouco, colado em suas costas.
Caímos no carpete, suados, ofegantes, nus. Eu deitado de barriga pra cima, olhando o teto, o coração batendo acelerado. Ela ao meu lado, sorrindo, os olhos fechados, a pele ainda quente.
— Tá tudo bem? — ela perguntou, com a voz suave.
— Tá. Só… tentando entender o que você faz comigo.
Ela virou o rosto e me olhou.
— Eu te provoquei?
— Você me deixou completamente maluco.
Ela sorriu, satisfeita.
— Era pra isso mesmo.
— Você ficou com quantos… antes de mim?
Ainda sem fôlego, e ela disse:
— Não sei ao certo. Teve esse, depois o meu primeiro namorado. Aí… uns ficantes. E depois um outro namoro curto. Quando comecei a ir na igreja, parei com tudo.
— Você se arrepende?
Ela pensou por um segundo.
— De alguns sim. De outros, não. Tem coisa que me fez crescer. Tem coisa que me fez entender o que eu não queria mais pra mim.
— E o que você quer agora?
Ela me olhou com ternura e respondeu sem hesitar:
— Você.
A essa altura, a gente já não era só namorado. Éramos cúmplices.
Tinha algo nos olhares dela que mudava quando falávamos do passado. Um brilho. Um risco. Como se ela estivesse redescobrindo partes de si que tinha enterrado, mas agora sentia segura o suficiente pra trazer à tona. E eu… eu alimentava aquilo. Pedia. Provocava. Dizia que queria ouvir mais. Queria saber tudo.
Não era só voyeurismo. Era uma necessidade de ser parte da história toda dela. De entender quem ela era, o que a formou. E, sim… de me excitar com isso também.
— Você já deu na praia? — perguntei uma vez, enquanto ela passava óleo nas minhas costas num domingo de sol, na casa de campo de uns tios.
Ela deu uma risada baixa, meio surpresa.
— Nossa, direto ao ponto?
— É só curiosidade — falei, virando o rosto pra ela. — Você me deixa imaginando coisas.
Ela ficou em silêncio por um segundo. Depois respondeu, deslizando as mãos devagar pelas minhas costas.
— Dei… numa barraca, à noite. Quase fomos pegos por uns amigos. Foi meio louco. E um pouco nojento também. Tinha areia em todo lugar depois. Mas foi quente. Muito quente.
Senti um arrepio percorrer minha pele. A forma como ela falava, sem se envergonhar, sem romantizar demais. Ela contava como quem me dava um presente.
— E com ele? Você gozava?
Ela hesitou. Depois falou num tom mais baixo:
— Às vezes. Mas não como com você. Com você é diferente. Tem entrega. Tem alma.
Naquela noite, fizemos amor devagar, como se cada beijo fosse um pedido de desculpa por um ciúme que nem precisava existir.
A partir dali, começamos a experimentar mais. Ela dizia o que tinha feito com outros caras e queria tentar comigo. Às vezes, sugeria algo que não tinha curtido antes, mas que com “você talvez seja diferente”.
A primeira vez que falamos sobre sexo anal, foi ela quem puxou o assunto.
Estávamos deitados depois de transar, ainda nus, os corpos colados, o quarto cheio daquele silêncio morno de depois.
Ela passou a mão pelo meu peito, traçando círculos distraídos com o dedo, e disse com a voz baixa, como quem testa a reação:
— Eu já fiz, sim. Poucas vezes. Mas… com você eu faria sempre.
Aquilo me pegou desprevenido.
— Sério?
Ela virou o rosto e me encarou, os olhos brilhando.
— Com os outros eu não confiava. Era só tesão vazio, sabe? Com você… eu sinto que posso me entregar. Que você não vai me machucar. Nem me olhar diferente depois. Nem usar isso contra mim.
— Nunca faria isso com você.
Ela me beijou, devagar, e sussurrou contra a minha boca:
— Então me promete uma coisa?
— Qualquer coisa.
— Quando a gente fizer… eu quero que você me deseje. Mas também me diga. Quero ouvir. Tudo. Quero que me possua de verdade. Sem pudor.
Sorri.
— Você não sabe o que tá pedindo.
Ela riu baixinho, se deitando de novo no meu peito.
— Sei sim. E é exatamente isso que eu quero.
Na próxima noite que podemos ficar sozinhos, ela voltou do banho só com um roupão amarrado frouxamente e as meias que eu adorava. Parou na porta do quarto e me olhou como se o tempo tivesse desacelerado.
— Hoje… eu sou sua, Matias. Inteira.
Ela deixou o roupão escorregar pelos ombros e cair no chão. A luz quente do quarto acentuava cada curva dela. Os seios firmes, a cintura fina, a bunda redonda e convidativa. Me aproximei devagar, como se estivesse diante de algo sagrado. Toquei sua pele com as costas dos dedos.
— Você tem certeza?
Ela assentiu.
— Me mostra que esse corpo agora é só teu.
Beijei seu pescoço, depois os ombros, depois a curva da cintura. Levei-a até a cama. Deitei-a de bruços, acariciando suas costas com calma. Ela se arrepiava inteira sob meus toques.
— Quero que vá devagar. Mas quero que me fale… quero ouvir o quanto me deseja.
— Eu te desejo tanto, Vanessa… — sussurrei em seu ouvido. — Que fico duro só de lembrar do jeito que você geme. Do teu cheiro. Dessa bunda perfeita…
Ela sorriu, empinando ainda mais.
— Então me usa. Me fode devagar. Me mostra que você sabe cuidar… e dominar.
Peguei o lubrificante e massageei a entrada dela com os dedos, com calma, espalhando o produto e sentindo o corpo dela relaxar. Ela gemia baixinho, o rosto enfiado no travesseiro.
— Isso… assim mesmo… — sussurrou. — Vai me preparando… abre devagar…
Introduzi um dedo, depois dois, com cuidado, ouvindo cada suspiro, sentindo a pressão envolvê-los.
— Você é tão apertada aqui… tão quente, Vanessa…
— E vai ser só seu… — disse, entre suspiros. — Mete, Matias… mete com calma, mas mete tudo.
Comecei a empurrar meu pau devagar, pressionando contra o anel dela, até que a cabeça entrou. Ela gemeu mais alto, os dedos agarrando o lençol.
— Isso, porra… entra… me enche… me fode pelo cu como se fosse tua única chance…
Fui entrando mais, centímetro por centímetro, até estar completamente dentro. O calor, a pressão, a sensação de posse. Era diferente de tudo. Eu mal conseguia respirar de tanto tesão.
— Tá doendo?
— Não… — ela respondeu, ofegante. — Tá bom… Tá tão bom, Matias. Vai… me fode.
Comecei a me movimentar. Devagar no início, sentindo o corpo dela se ajustar. O som da pele se chocando, dos gemidos abafados, da respiração pesada. A cada estocada, o prazer crescia. E ela pedia mais.
— Fala comigo… — ela gemeu. — Me diz que eu sou tua putinha… diz o que você sente…
Segurei firme a cintura dela, estocando mais forte, os gemidos ficando mais roucos.
— Você é minha. Toda minha. Esse cu apertado agora é meu. E eu vou gozar dentro se você deixar.
— Goza, porra… — ela choramingava de prazer. — Goza dentro de mim, Matias… Me fode até eu gozar junto… Fala que nunca vai esquecer disso.
— Nunca. Nem se eu viver mil vidas. Você me enlouquece. Teu corpo me deixa maluco. Esse cu… teu jeito de se entregar… Vanessa, você é minha.
Ela gemeu alto, tremendo inteira.
— Eu vou gozar, Matias… dentro, dentro, continua, porra…
Ela gozou primeiro, com o corpo descontrolado, suando, gritando meu nome. A contração involuntária do corpo dela me levou junto. Eu gozei forte, enterrado até o fim, gemendo com a testa colada nas costas dela, sentindo meu pau pulsar até o último jato.
Ficamos ali, colados, os dois tremendo. Eu saí devagar, e ela se virou de frente, os olhos marejados.
— Foi a primeira vez que eu realmente gostei.
Beijei sua testa, e ela deitou no meu peito.
A confiança virou uma estrada de mão dupla. Ela me dava partes do passado — histórias, traumas, segredos — e eu dava o presente mais intenso que conseguia. Nossos corpos se reconheciam. Mas era nas palavras… que a coisa ficava realmente perigosa.
Porque com ela, falar era quase gozar.
As provocações mais explícitas começaram a sair do quarto.
No meio da tarde, no meio de um papo qualquer sobre faculdade ou culto de domingo, ela soltava:
— Sabia que teve um ex meu que amava quando eu usava esse esmalte vermelho?
Ou:
— Essa playlist que você tá ouvindo… já transei ouvindo ela.
No início, me deixava sem reação. Depois, comecei a responder com naturalidade. Fazia parte do nosso jogo.
— Então faz essa playlist ter outra lembrança agora — eu dizia, puxando ela pra perto.
Numa noite, estávamos no meu quarto, com a janela aberta e uma brisa gelada entrando. Vanessa vestia só uma camiseta minha, sem calcinha. Estávamos deitados, os corpos meio entrelaçados, e eu com a mão repousada na coxa dela.
Ela me olhou com aquele jeito que só ela tinha quando ia dizer algo ousado, testando minha reação:
— Amor… posso te contar uma coisa que me veio na cabeça agora?
Estávamos nus, deitados lado a lado, com a pele ainda quente da última transa. A respiração dela começava a voltar ao normal, mas o olhar tinha aquele brilho perigoso. Eu conhecia. Vinha história.
— Pode — respondi, mas meu coração já acelerava.
— Teve uma vez, com um cara que eu ficava... A gente tava num carro. Eu sentei no colo dele, no banco do passageiro, e ele me comeu ali mesmo. Gente passando na rua, risco de alguém ver. Foi tão louco que eu gozei duas vezes.
Aquilo bateu como um soco. O ciúme subiu seco, amargo. Mas junto dele… um calor subiu pelo meu peito. Um fogo estranho. Sujo. E excitante.
Fiquei olhando pra ela, sem saber o que dizer. A imagem dela sendo fodida por outro cara me deixava furioso. Mas o jeito como ela me olhava — como se confiasse em mim a ponto de dividir aquilo — fazia meu pau começar a endurecer de novo.
— E se fosse comigo, ali no carro… você faria de novo?
Ela mordeu o lábio, se aproximando até colar a boca na minha orelha.
— Com você, eu faria até melhor.
Não esperei mais nada.
Agarrei os cabelos dela, puxando sua cabeça pra trás e colando minha boca na dela num beijo bruto. Mordi seus lábios com força, a respiração já acelerada. Rolei sobre ela e a virei de lado na cama, puxando sua perna por cima da minha. A bunda encaixou perfeitamente contra meu quadril.
— Fica assim. Quietinha.
Minha mão desceu pela barriga dela até entre as pernas. Já estava encharcada. Deslizei os dedos pela buceta quente e escorregadia e ela gemeu, empinando mais.
— Já tá molhada só de lembrar? — rosnei no ouvido dela.
— Sim… — arfou, quase com vergonha.
— Vai ver teu corpo ainda lembra do pau dele — provoquei, com raiva e tesão misturados. — Mas eu vou apagar cada porra de memória.
Segurei firme a cintura dela, posicionei meu pau na entrada e entrei de uma vez. Sem pedir. Ela gemeu alto, o corpo inteiro se arqueando.
— Isso, porra… me fode — gemeu. — Me fode com força.
Comecei a meter fundo, direto, sem carinho. Só vontade de marcar território. A pele batia contra a dela num ritmo sujo, úmido, intenso. O som da carne, dos gemidos, da cama rangendo.
— Diz o nome dele.
— O quê?
Puxei os cabelos dela de novo, puxando sua cabeça pra trás.
— Diz. Quem foi que te fodeu no carro?
— Caio… — ela sussurrou, ofegante.
— Foi o Caio que te usou no banco do passageiro, né? Fez você gozar na rua?
— Sim… — ela gemeu, mas já com a voz falhando.
Aumentei o ritmo. Estocadas secas, duras, com raiva. O quarto inteiro tremia.
— E agora? É o Caio que tá te fodendo?
— Não… é você, porra… só você.
— Então fala. Quero ouvir.
— É você quem me deixa louca. Você me fode como ninguém. Ele nunca me comeu assim… ninguém comeu. Só você.
Ela gemia mais alto a cada palavra, o corpo começando a tremer.
— Então grita. Me diz que essa buceta é minha. Que você é minha vadia agora.
— Eu sou tua! — ela gritou. — Só tua! Me fode, Matias! Me fode até eu esquecer de tudo!
Segurei sua perna, dobrei ainda mais, e comecei a bombar com tudo, sem pausa, socando fundo. Ela gemia, chorava de prazer, apertava os lençóis. A pele suava, grudava, os músculos contraíam em espasmos.
— Eu vou gozar… porra… não para… não para…
Ela gozou inteira, desmoronando na cama. Mas eu continuei metendo, vendo o corpo dela tremer sem controle. Quando senti o gozo subir, agarrei sua cintura, grunhi e enterrei até o fim, gozando dentro dela, os jatos quentes me deixando tonto, o mundo apagando por alguns segundos.
Caímos juntos, ofegantes, suados, em silêncio.
Na manhã seguinte, fiquei olhando ela dormir. Cabelo bagunçado, corpo marcado pelas minhas mãos, o cheiro do nosso sexo ainda no ar. Linda. Entregue.
E ali, deitado ao lado dela, comecei a pensar se esse jogo que a gente fazia era saudável. Mas o fato era que me deixava cheio de tesão e parecia deixar ela também.
Ela começou a se empolgar mais. Mandava áudios enquanto eu estava na faculdade, descrevendo rápido alguma memória. Às vezes só dizia:
— Tô lembrando do jeito que fui usada naquele sofá da casa da minha amiga… queria que fosse você no lugar dele.
E aquilo me fazia parar tudo. Ir pro banheiro, fechar a porta e ficar ali, só com a voz dela na cabeça, até gozar sozinho.
Mas, um dia, aconteceu algo diferente.
Estávamos na casa dela, a mãe fora, o pai viajando. A gente estava no sofá, só nos beijando, sem pressa, trocando provocações e risadas. Foi quando ela resolveu abrir mais:
— Teve um final de semana que você não pôde vir… eu encontrei um ex meu. Foi só sexo, mas não era qualquer coisa.
Olhei pra ela, já com o peito apertado. Ela continuou, a voz ficando mais baixa, quase um sussurro quente:
— Ele me agarrou na sala, me empurrou contra a parede, tirou o vestido num segundo… me lambeu o corpo todo, sem dó. Me fez engolir o pau dele até quase sufocar, gemendo na minha garganta. Depois me deitou naquele sofá velho, me fodeu duro, sem pressa, como se quisesse marcar cada pedaço meu.
Engoli seco. A raiva queimava na garganta, mas meu pau reagia rápido demais.
Ela sorriu com um olhar malicioso e continuou:
— Ele falava no meu ouvido coisas sujas, me mandava chamar ele de dono. Me fez gozar no meio da sala, enquanto eu sentia ele arregaçando meu cu. Eu pensei em você a noite toda, tentando não me perder.
Minha mão que estava na cintura dela parou no ar, o mundo pareceu rodar.
— Como assim? — tentei disfarçar, mas a voz falhou.
Ela percebeu que tinha ido longe demais e mordeu o lábio, os olhos baixos.
— Amor… foi só uma provocação. Achei que ia te deixar com tesão, como na outra vez.
— Vanessa, você tá me dizendo que me traiu? — meu peito doeu, e a voz saiu rouca
.
Ela arregalou os olhos, ficou pálida.
— Não… quer dizer… sim. Mas foi só uma vez. Eu juro. Achei que você ia gostar de imaginar. Não pensei que… não imaginei que fosse te magoar assim. Eu…
Fiquei parado, sem reação, o coração martelando.
A fantasia suja tinha virado realidade.
E, pela primeira vez, doeu de verdade.