Na casa de swing

Um conto erótico de Tika
Categoria: Heterossexual
Contém 1192 palavras
Data: 31/08/2025 23:40:47

Chegamos de mãos dadas, eu e ele, ensaiando o papel de casal — mas, naquele contexto, parecia mais uma senha de acesso, um pacto silencioso. Eu sentia o coração acelerado, como se estivesse entrando em um segredo coletivo, um templo do prazer onde cada corpo era ao mesmo tempo oferenda e oferente.

A casa era ampla, com corredores que se abriam em salões, sofás e penumbras calculadas. A música não era alta, mas insinuante, um convite ao ritmo dos quadris. O ar estava impregnado de perfume, pele e uma eletricidade quase palpável.

“Primeira vez?”, perguntou a anfitriã, uma mulher de vestido vermelho, sorriso afiado e olhar de quem já vira tudo — absolutamente tudo — e ainda assim achava graça. Confirmei com a cabeça, talvez rápido demais. Ela sorriu, como quem saboreia um segredo:

— Então vamos ao tour de iniciação.

Seguimos seus passos enquanto ela nos apresentava os ambientes: o bar, onde casais se aqueciam em risos e insinuações; a pista, onde mãos já se aventuravam além do compasso; as salas privadas, cada porta um convite ao desconhecido.

— Aqui não há certo ou errado — ela disse, quase como uma sacerdotisa enunciando um credo. — Só consentimento. E desejo.

Olhei para ele. Ele me apertou a mão, cúmplice, como quem diz sem palavras: “Estamos juntos nessa vertigem.”

E foi nesse instante, no cruzamento de olhares e na promessa contida em cada canto daquela casa, que percebi: eu não estava apenas entrando em um clube de swing. Eu estava entrando em uma versão mais crua de mim mesma.

Ao atravessar os corredores, nossos passos iam ficando mais lentos, como se cada porta aberta fosse um ímã. Os primeiros cômodos já exibiam corpos entrelaçados, casais que não disfarçavam nada — era sexo mesmo, cru, sem metáforas. E, curiosamente, aquilo não me intimidava; me fascinava.

Chegamos então a uma sala de atmosfera mais sombria: o espaço do sadomasoquismo. Couro, correntes, chicotes pendurados em suportes como quem pendura gravatas. Um homem vendado recebia ordens sussurradas no ouvido, e a cada comando seu corpo respondia como se fosse música. “Nada mal para uma estreia de turismo erótico”, pensei, tentando segurar o riso nervoso.

Logo adiante, encontramos um ambiente de paredes de vidro. Ali, não havia como esconder nada — era exposição pura, um palco transparente. Me perguntei se teria coragem de entrar, e a ideia soou tão absurda quanto excitante.

Mas foi ao final do corredor que o ápice se revelou: uma sala coletiva, onde uma cama gigantesca dominava o centro como um altar. Ao redor, sofás dispostos em semicírculo, perfeitos para os espectadores que preferiam primeiro saborear o desejo com os olhos. Alguns já estavam ali, taças na mão, assistindo como se fosse um espetáculo privado.

Senti a mão dele apertar a minha, mais forte. Não era apenas cumplicidade; era um lembrete: estávamos em território onde o olhar também penetrava.

Passamos pela sala coletiva, sentamos e assistimos. Passeamos pela casa, observamos bastante. Não estávamos tímidos; estávamos apenas escolhendo o melhor momento para deixar de ser plateia e fazer parte daquilo. Quem sabe poderiam aparecer outros casais? Mas logo percebemos que o sexo acontecia entre pares, sem grandes interações.

Voltamos então à sala da grande cama. Ali havia muitos casais se tocando e transando, todos envolvidos por aquela atmosfera deliciosa de prazer. Foi nesse instante que senti a mão dele deslizar pela minha coxa. Eu usava vestido e botas, sem calcinha, é claro, para facilitar meu próprio prazer.

Quando seus dedos subiram, sem barreiras, um arrepio percorreu minha espinha. O simples fato de estar ali, diante de tantos olhos possíveis, me incendiava. Eu era ao mesmo tempo espectadora e espetáculo.

Em pouco tempo, os movimentos dele me levaram ao limite. Era como se cada toque fosse amplificado pela atmosfera da sala — os gemidos alheios, a respiração quente de corpos ao redor, a consciência deliciosa de estar exposta ao olhar de desconhecidos.

Não precisei de muito: a excitação já vinha sendo acumulada desde o primeiro passo dentro daquela casa. Bastou que seus dedos me encontrassem, certeiros, para que a onda me atravessasse. Gozei rápido, mas intenso, como quem explode depois de segurar um segredo por tempo demais.

Fechei os olhos e por um instante deixei que o som dos casais ao redor se confundisse com o meu. Era impossível distinguir onde terminava o prazer deles e começava o meu — e essa fusão me incendiava ainda mais.

Quando enfim recuperei o fôlego, não queria apenas descansar naquela vertigem. Queria retribuir. Queria vê-lo perder o mesmo controle que ele havia arrancado de mim minutos antes.

Ele se sentou no sofá, relaxado, mas com o corpo em tensão evidente. Seu pau estava ereto diante de mim, firme, como se o ambiente todo tivesse conspirado para aquele instante. Ajoelhei-me devagar, em um gesto que misturava devoção e ousadia, como quem assume um papel e o veste por completo.

Comecei com a ponta da língua, lenta, provocadora, percorrendo-o como quem degusta um segredo proibido. Movimentos suaves, cadenciados, que arrancavam dele respirações mais pesadas, olhos semicerrados. Era como se cada resposta dele me alimentasse.

E, naquele jogo, descobri um prazer dobrado: não apenas o gosto e o calor de tê-lo assim diante de mim, mas a sensação de ser sua serva, submissa ao instante, entregue sem reservas à luxúria que pulsava no ar.

Após um tempo — sem noção de tempo e de se as pessoas nos observavam ou não —, fomos até a cama. Ele me dominou como quis. Fez comigo tudo o que desejou, me colocou de quatro e me penetrou com força, arrancando de mim gemidos que nem eu mesma sabia que existiam.

Eu me sentia tão mulher sendo tomada por ele.

Me sentia livre.

Me sentia desejada.

Me sentia a melhor versão de mim mesma.

Não era apenas o prazer que vibrava em mim — era como se cada célula do meu corpo tivesse se acendido, uma constelação íntima. Eu, ali, sob os olhares possíveis, sob o peso dele e sob a vertigem de me entregar sem reservas, era pura luz.

A luz das estrelas, como costumo dizer. Intensa, inegável, impossível de ignorar.

Não sei dizer em números quantos orgasmos tive. Foram inúmeros, múltiplos. Meu corpo estava alagado, entregue a ele por completo. Eu já não tinha forças nem para me manter de joelhos, pedi por descanso — mas não havia como parar.

Ele estava ali, duro, pulsando, me oferecendo ainda mais prazer. Nem hesitei: caí de boca. Mas ele é grande… muito grande. Sua força me invadia até a garganta, e eu engasgava, mas estava entregue, submissa àquele momento.

Percebendo meu corpo exausto, ele tomou o controle. Começou a se masturbar diante de mim e, em poucos segundos, explodiu em prazer. Gozo farto, quente, cobrindo minha boca, meu rosto, escorrendo pelo meu vestido. Eu não sabia de onde vinha tanto, só sabia que era uma delícia me ver banhada pelo excesso dele.

Finalizado o show — que show.

Seguimos juntos até o banheiro, nos recompusemos em silêncio, como quem guarda no corpo os vestígios de um segredo. E então fomos embora, lado a lado.

Cada um recolhido ao seu próprio silêncio, mas unidos na mesma cumplicidade. Um pacto íntimo, invisível, que só nós dois conhecíamos — e que ninguém jamais poderia traduzir.

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