Capítulo 8 – À Vista de Todos

Um conto erótico de Juliana
Categoria: Crossdresser
Contém 1126 palavras
Data: 31/08/2025 10:31:04

Era sábado à tarde e o grupo tinha combinado juntar-se no café do costume, perto da praia, onde passavam os fins de tarde de verão, entre imperiais, batatas fritas e conversas meio tontas.

Júlio chegou… como Juliana.

Vestia uma blusa solta, translúcida, que deixava entrever a renda delicada do soutien. Uns calções curtos de ganga e sandálias de tiras finas completavam o visual. As pernas, bem cuidadas, cruzavam-se com leveza. O cabelo preso num rabo de cavalo alto, maquilhagem discreta, mas firme: lábios cor-de-vinho, olhos delineados.

Juliana sentia-se ela. Inteira. Vista.

Mário estava sentado ao fundo da mesa. Patrícia do lado oposto. Maria e Ana já tinham chegado, Rafael e Alexandre vinham a caminho. Inês ainda não tinha aparecido — e isso punha um leve nervo nos gestos de Juliana.

Ao aproximar-se da mesa, o grupo silenciou por breves segundos. O som das cadeiras, o tilintar dos copos… e o peso dos olhares.

Foi Maria quem quebrou primeiro:

— Estás linda.

Juliana sorriu, com sinceridade.

— Obrigada.

Ana acenou, um sorriso tímido nos lábios.

— A maquilhagem está incrível. Foste tu?

— Inês ajudou.

Patrícia observava-a. Com os olhos semicerrados, um sorriso que não era bem de aprovação, nem bem de crítica. Algo mais ambíguo. Quente. Desafiante.

Mário não disse nada. Mas também não desviou o olhar. Estava ali. Presente. A aceitar.

Rafael e Alexandre chegaram logo depois.

— Ó Júlio… tás mascarado, é? — atirou Rafael, com riso nervoso.

Alexandre soltou um "epá…" e ficou calado.

Juliana manteve-se serena.

— Não. Estou vestida.

— A sério, meu? — Rafael continuou. — Com soutien e tudo?

Patrícia levantou o sobrolho. Inclinou-se para a frente.

— Se não sabes lidar com beleza, Rafael, podes sempre olhar para a tua cerveja.

Risos contidos. Rafael encostou-se à cadeira, sem resposta.

Juliana agradeceu com o olhar. E continuou sentada. Tranquila. Digna.

Minutos depois, Inês chegou.

Viu Juliana. Sorriu. E, sem hesitar, beijou-a na boca. Um beijo suave. Cheio de pertença.

O grupo ficou em silêncio.

Mas já não havia nada a esconder.

Mais tarde, no pátio das traseiras da casa da Maria, o grupo estava disperso. Música baixa, copos meio vazios, cadeiras em círculo.

Patrícia puxou Juliana para o interior da casa.

Entraram no quarto de hóspedes. A porta fechou-se com um estalo.

— Impressionaste-me hoje — disse Patrícia, encostando-se à parede. — Firme. Linda.

Visível.

— Estava na hora.

— E sentes-te bem?

— Sim.

— Então vamos celebrar isso.

Patrícia aproximou-se, os olhos acesos.

— Sabes que ainda te quero. Não como provocação. Nem por ciúmes. Mas porque… há algo em ti que me puxa.

Como mulher. Como homem. Como Juliana.

Juliana encostou-se à cómoda.

— E o que queres?

— Quero provar que consigo fazer-te gozar com um dedo e meia palavra.

O sorriso dela era puro desafio.

Patrícia avançou, e o beijo foi imediato — selvagem, intenso. As mãos subiram pela blusa de Juliana, os seios apertados com firmeza. A boca desceu pelo pescoço.

Juliana gemeu, arfando.

— Hoje… usas tudo o que és — sussurrou Patrícia.

E fê-lo.

Despiram-se sem pudor. Patrícia ajoelhou-se, tocou, lambeu, provocou.

Juliana gemeu alto, depois tombou-a sobre a cama, puxou-lhe os calções, lambeu-lhe as coxas, penetrou-a com força, com prazer, com orgulho.

Ambas gozaram. Duas vezes. Três.

Depois deitadas, nuas, suadas, sorriram.

— Hoje — disse Patrícia, entre beijos no ombro — vi quem tu és. Toda. E não há volta atrás.

Os dias seguintes foram diferentes.

Juliana começou a sair como ela. Não só à noite, nem apenas entre os mais íntimos. Ia ao café com Inês ao fim da tarde, entrava em lojas com Patrícia, até passeava com Maria e Ana, ouvindo-as rir e perguntar com naturalidade sobre maquilhagem, saltos e, claro… sexo.

— E tu preferes que te tratem no feminino sempre? — perguntou Ana, uma tarde.

Juliana pensou por um instante.

— Gosto quando me tratam como me veem. E gosto que me vejam como me sinto… mesmo que nem sempre saiba explicar.

— Tu és quente. Isso já explica muito — atirou Maria, com um sorriso provocador.

Mas nem tudo era leve.

Na noite anterior à viagem, Mário e Inês tiveram a primeira conversa séria desde… tudo.

Estavam na cozinha, os outros já tinham subido.

— Vamos mesmo ignorar que andamos a partilhar a mesma pessoa? — perguntou Mário, direto.

Inês suspirou, sem surpresa.

— Não andamos a partilhar. Estamos a amar… de formas diferentes.

— Mas é o mesmo corpo. A mesma boca. O mesmo gemido no escuro.

— E a mesma alma. E tu sabes disso, Mário.

Ele encostou-se à bancada. O olhar era carregado.

— Eu nunca te vi assim. Tão… calma.

— Porque eu sei que ela me ama. E isso dá-me paz.

Tu estás apaixonado, Mário?

Silêncio.

— Talvez. Não sei o que é isto. Só sei que, quando ela está por perto… não penso em mais ninguém.

— Então ama-a como ela precisa. Mas não me peças para me afastar. Porque eu… sou a raiz dela. E ela, a minha.

O grupo chegou à casa de campo numa sexta-feira de tarde.

O lugar era lindo: uma antiga casa de pedra, recuperada, junto a um rio calmo. Havia um grande terraço com cadeiras e redes, janelas amplas, e três quartos duplos. A cozinha cheirava a madeira e vinho velho.

As divisões foram feitas com naturalidade... até certo ponto.

— Eu fico com a Inês — disse Juliana, com um sorriso leve, já de top e calções curtos.

— Claro — respondeu Ana, como se fosse óbvio.

Maria ficou com Ana, Rafael com Alexandre. Mário… sozinho.

— Posso dormir no sofá — disse ele, mas ninguém respondeu logo.

— Ou… — começou Patrícia, com um sorriso — dormes connosco.

Os olhos de Juliana e Inês encontraram os dela.

— É só para não te sentires… deslocado — completou Patrícia, maliciosa.

Ao jantar, o vinho fluía. As pernas roçavam-se por baixo da mesa. Os olhares tornavam-se mais demorados. A conversa girava em torno de nada… e de tudo. E os corpos falavam muito mais do que as palavras.

Juliana estava sentada ao lado de Inês, a perna nua colada à dela. Mário, em frente, não desviava o olhar. Patrícia, à esquerda de ambos, soltava gargalhadas baixas e tocava no braço de Juliana sempre que podia.

— Isto parece uma dessas novelas proibidas — comentou Maria, a rir.

— E vocês ainda não viram nada — respondeu Patrícia, levantando o copo.

Mais tarde, no terraço, com o céu cheio de estrelas e os copos quase vazios, a tensão era palpável.

Juliana dançava ao som de um rádio antigo. O vestido fluía-lhe pelo corpo, os saltos batendo levemente na pedra. Inês observava, olhos brilhantes. Mário fumava devagar. Patrícia aproximou-se, com o olhar felino.

— Vais incendiar esta noite?

Juliana parou de dançar. Aproximou-se de Patrícia. Tocou-lhe no rosto.

— Talvez. Ou talvez me deixem arder em conjunto.

— O quarto é grande — disse Patrícia, baixinho, com um sorriso.

— E o desejo também.

No quarto, mais tarde, a porta fechou-se.

Três corpos.

Três vontades.

E uma só certeza:

Nada voltaria a ser o que era.

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