Com Você Descobri o Amor-19

Um conto erótico de AYOON
Categoria: Gay
Contém 1264 palavras
Data: 28/08/2025 02:28:14

— Elijah… — chamou, a voz firme, mas carregada de um rancor contido — já está tarde. Precisamos ir embora. Saia da água.

Elijah olhou para ele, ainda com os pés submersos e o corpo molhado, e piscou algumas vezes, confuso.

— Mas… eu posso ficar mais um pouco, só na margem… — disse, a inocência estampada no rosto, sem perceber a tempestade silenciosa em Edgar.

— Não! — respondeu Edgar, abrupto, erguendo a voz apenas o suficiente para cortar qualquer hesitação. — Agora. Saia da água.

Elijah suspirou, relutante, mas obedeceu. Subiu da beira da água, o shorts grudado na pele, o cabelo loiro pingando gotas que brilhavam à luz do sol. Edgar manteve os olhos sobre ele, rígido e impassível, embora por dentro cada movimento do garoto fosse como ferro derretendo em suas mãos.

Eles caminharam de volta pela trilha, o silêncio pesado entre os dois interrompido apenas pelo som da água correndo e dos pássaros ao redor. Elijah sentia o peso das instruções de Edgar, mas não percebia a verdadeira tempestade de emoções escondida atrás dos olhos do homem à sua frente.

Quando finalmente chegaram à cabana, Edgar entrou primeiro, ainda respirando com dificuldade, tentando controlar o nó na garganta que ameaçava traí-lo. O aroma da madeira e da lareira acesa trouxe um breve conforto, mas não diminuiu a tensão que o consumia por dentro.

— Tire as roupas molhadas e se troque, — disse Edgar, afastando o olhar de Elijah e virando-se para organizar algumas coisas dentro da cabana. — Logo jantamos e depois… você precisa descansar.

Elijah acatou silencioso, suas costas molhadas escorregando levemente nas tábuas do chão. Cada passo dele parecia marcar Edgar mais profundamente, fazendo com que seu coração, por mais durão e inflexível que tentasse ser, se contorcesse em silêncio.

Edgar respirou fundo, batendo o punho contra a própria coxa por dentro, tentando afastar o aperto do peito. Entregar a liberdade de Elijah significaria abrir mão do que ele nunca tinha permitido sentir por ninguém — e, por mais que tentasse, sabia que não seria fácil manter a fachada de indiferença.

Elijah entrou no quarto da cabana, ainda com o corpo molhado do passeio na cachoeira. Cada passo seu deixava pequenas poças de água no chão de madeira, e ele se sentiu envergonhado por estar tão exposto diante do olhar silencioso de Edgar, que, embora ocupado na cozinha, ainda parecia absorver cada detalhe sem perceber.

Rapidamente, Elijah tirou o shorts molhado e vestiu uma muda de roupa seca que havia trazido na mochila: uma camiseta branca simples e uma calça leve. Sentiu um arrepio ao passar os dedos pelos cabelos ainda úmidos, e por um momento se pegou imaginando se Edgar perceberia o quanto seu corpo franzino e pequeno parecia frágil.

Na cozinha, Edgar estava diante do fogão, mexendo em uma frigideira com movimentos automáticos. Mas, por dentro, seu corpo estava em alerta, cada som, cada respiração de Elijah ecoava em sua mente. Ele sentiu o calor subir ao perceber Elijah recém-trocado, tão próximo, tão vulnerável, e mesmo tentando manter a postura dura, um desejo inquietante o atravessava.

— Elijah… — disse, quebrando o silêncio — venha sentar à mesa, o jantar está quase pronto.

Elijah obedeceu, suas mãos ainda molhadas do banho, os olhos azuis grandes e atentos observando cada gesto de Edgar. Sentou-se, curioso e tímido, e tentou não corar com a presença do homem à sua frente, embora cada movimento, cada gesto de Edgar provocasse um calor inesperado em seu corpo.

Edgar se aproximou para servir a comida, mas não conseguiu evitar olhar o pequeno corpo de Elijah, imaginando a sensação do toque, a suavidade da pele. Ele respirou fundo, tentando conter o turbilhão de pensamentos, enquanto Elijah olhava para o prato, distraído, mas com um leve sorriso tímido, inconsciente do efeito que causava.

Por um instante, apenas o tilintar dos talheres e o aroma da comida preenchiam o ambiente, mas a tensão entre os dois era palpável. Edgar sentiu a mão de Elijah tocar levemente a dele ao alcançar o copo de água, e um arrepio percorreu sua espinha. Era um contato inocente, mas para Edgar, carregado de uma eletricidade que o deixava inquieto.

— Está com fome? — perguntou Edgar, a voz baixa, quase rouca.

— Sim, senhor… — respondeu Elijah, os olhos desviando, os lábios corando.

Edgar sentiu o nó na garganta apertar novamente. Cada momento com Elijah agora era um teste para seu autocontrole, uma mistura perigosa de cuidado, desejo e… algo que ele não queria admitir nem para si mesmo. Mas ao olhar para os olhos azuis do garoto, tímidos e brilhantes, algo dentro dele se suavizou, mesmo que por pouco tempo.

O jantar continuou com uma estranha dança silenciosa: Elijah inocente, curioso, distraído, e Edgar observando, fascinado, tentando manter o equilíbrio entre proteção e desejo. Cada gesto simples, cada sorriso tímido de Elijah provocava um conflito interno intenso em Edgar, que sentia o calor subir e o coração apertar, sabendo que a liberdade do garoto estava próxima — mas também que cada segundo juntos era precioso demais para ser desperdiçado

Após o jantar, a cabana mergulhou em um silêncio pesado. Edgar permanecia em pé, a postura rígida, mas a mente um turbilhão de emoções conflitantes. Cada gesto de Elijah, tão inocente e desarmado, lhe queimava por dentro; era desejo, cuidado, e um aperto no peito que ele não sabia controlar.

Com um suspiro contido, Edgar pegou um envelope sobre a mesa. Dentro dele estava tudo que Elijah precisaria para começar uma nova vida: documentos falsos, dinheiro, instruções e contatos, incluindo um número de celular. Tudo pronto para que ele pudesse desaparecer de vez da sombra de Jonas e da vida que o maltratara.

Edgar aproximou-se devagar, cada passo pesado de tensão. Estendeu o envelope com mãos firmes, mas o olhar carregado de dor.

— Elijah… — começou, a voz baixa e quase falhando — você… você pode ir.

O garoto olhou para ele, confuso, os olhos azuis arregalados.

— Eu… o que quer dizer, senhor?

Edgar respirou fundo, sentindo o nó na garganta apertar. Cada palavra era um pedaço de si que ele queria arrancar e guardar.

— Aqui… — disse, entregando o envelope — está tudo o que você precisa para começar de novo. Se precisar de carona ou ajuda, o número de Cristina, uma agente, está no celular que está aí dentro.

Elijah pegou o envelope com mãos trêmulas, o coração batendo acelerado. Havia liberdade ali, mas também uma estranha sensação de perda. Olhou para Edgar, tentando entender o homem que sempre estivera ao seu lado, o protetor, o gigante que agora parecia prestes a se afastar.

Edgar, por sua vez, sentiu uma dor aguda, quase física, ao ver Elijah assim. Ele queria dizer que não poderia deixá-lo ir, que cada dia com ele era precioso demais. Mas sabia que não podia mais controlar o destino do garoto — e que precisava permitir que ele fosse livre.

Elijah, sentindo-se pequeno e confuso, segurou o envelope com força, o coração doendo com cada palavra não dita por Edgar. De forma irracional e infantil, como uma criança ferida, correu para o quarto e se trancou, a respiração acelerada, sem dar chance a Edgar de explicar, de dizer qualquer coisa. As lágrimas queimavam seus olhos azuis enquanto ele se jogava na cama, abraçando as poucas roupas e pertences que possuía.

Do outro lado da porta, Edgar permaneceu parado por alguns segundos, o peito apertado, a mente tentando processar o que acabara de acontecer. Aquela trancada súbita parecia dizer tudo que ele mais temia: Elijah queria ir embora. Mas Edgar, incapaz de decifrar o olhar confuso e as lágrimas do garoto, só conseguiu sentir a certeza de que no dia seguinte o jovem não estaria mais ali.

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