Dia após dia, o meu relacionamento com Tarso se tornava mais sério. Nossa rotina era feita de muitos compromissos ligados ao Direito, mas sempre encontrávamos tempo e espaço para a vida de casal. Ter alguém para amar e foder combatia o estresse e nos dava leveza para encarar as muitas demandas da advocacia.
Quando estávamos no escritório, entre uma petição e outra, havia beijos, pegação e, às vezes, algo mais profundo — na garganta ou na bunda. Namorar o meu estagiário mexia demais com a minha libido; vira e mexe, o caralho se animava. Para que o volume dentro da calça não atraísse olhares indiscretos, eu me valia da minha coleção de cuecas bem ajustadas na cintura e nas coxas. Mesmo assim a verga não me dava sossego, ficava dando umas pulsadas ardidas e uns pulinhos rebeldes. No ambiente de trabalho, isso era inconveniente, porém gostoso; eu me sentia um garoto aprendendo a domar a ereção.
Nos fins de semana, eu e Tarso fazíamos muitas coisas juntos. Pela manhã, gostávamos de tomar banho na piscina, caminhar ao ar livre, exercitar os músculos e dar um mergulho no mar. Nas noites de sexta ou de sábado, íamos a restaurantes, barzinhos ou casas de show.
Para nossas fodas, procurávamos variar o cenário. Podia ser na casa dele, na minha, num hotel, num motel, numa pousada de beira de estrada… Em qualquer lugar, a fome de pica se juntava com a vontade de comer cu e Tarso botava para arrombar comigo — o carinha era potente pra caralho. A gente trepava como se o mundo estivesse pegando fogo e gozava como se um estivesse dando a vida para salvar a vida do outro.
Com seus vinte e quatro anos, Tarso era um novinho muito maduro. Sem perder o jeito tranquilão de adolescente, ele encarava com firmeza o relacionamento com um quarentão viúvo. Desde a primeira foda, assumimos uma vida de maridos. No dia a dia, éramos um casal de homens independentes; na cama, eu me entregava na mão dele. Eu sentia um pica tesão em me fazer de submisso para o meu garotão.
Assim era a nossa vida.
Numa sexta-feira, no fim do expediente, Tarso sugeriu fazermos um jantar para aproximar as famílias. Seria natural que isso viesse a acontecer, mas perdi o rebolado diante do sorriso dele.
— Já passou da hora de seu Renan e seu Antero se conhecerem, não acha, Luís?
Em outro contexto, essa ideia me deixaria muito animado; na realidade em que estava vivendo, eu fiquei muito envergonhado. Sem olhar nos olhos de Tarso, tentei parecer tão empolgado quanto ele, mas a voz saiu sem vigor.
— É, você tem razão… Qualquer dia desses, a gente faz isso.
— Qualquer dia, Luís? Pode ser amanhã mesmo, ou no domingo. Vamos fazer uma coisa simples, na minha casa ou na sua. Tenho certeza de que nossos coroas vão se dar muito bem, só espero que não fiquem o tempo todo conversando sobre investimentos. O meu pai tem isso em comum com o seu: adora falar sobre mercado de ações, taxa cambial… essas coisas.
Se ele soubesse que, desde a adolescência, o pai dele conhecia o meu… Tarso era a única pessoa inocente nessa história. Eu dizia a mim mesmo que fiz o melhor para todos nós, mas a consciência me acusava de ser desleal com ele. Dava a impressão de que eu tratava o meu homem como se ele fosse um menino tolo.
Para complicar a situação, eu também me sentia desleal com o meu pai. Ele ficou indignado quando soube que eu e Renan decidimos deixar o passado trancado a sete chaves. Quando lhe contei isso, o doutor Antero tomou logo as dores do genro. Abandonando a postura de homem elegante, ele usou contra mim palavras que raramente entravam no seu vocabulário.
— Você e seu amigo Renan se uniram para fazer uma puta sacanagem com o Tarso. Estão tratando o rapaz como se ele fosse um otário; isso é covardia. No dia em que ele descobrir que foi enganado, vai dar um soco bem dado na sua cara e um merecido chute na sua bunda.
Para falar nesses termos, meu pai devia estar putaço da vida comigo. E o pior é que agora ele seria obrigado a participar da mentira criada por mim e por Renan. Nunca pensei que, por causa de um descuido, a coisa ficaria tão feia para o meu lado. Tive vontade de chutar logo o pau da barraca e acabar com essa palhaçada, mas já estava muito enrolado na mentira. Neste momento, a única coisa a fazer seria montar o teatro.
— Vamos fazer assim, Tarso: convide o seu pai para um almoço de domingo na minha casa. Eu mesmo vou cozinhar.
Feito um menino que acaba de ganhar um presente, Tarso se sentou no meu colo e me deu um beijo. Fazendo a cadeira girar, ele ampliou a minha ideia.
— O doutor Luís vai cozinhar para o sogrão! Valeu, gostei da ideia. Vou dizer a ele que chegue cedo, para a gente dar um mergulho na piscina. Quanto à comida, fique tranquilo, vamos todos para a beira do fogão. Seu Renan tem muito talento na cozinha.
— É, eu sei disso.
— Sabe? Como?
Isso não tinha importância, mas esse ato falho me deixou sem graça. Para disfarçar, segurei nos braços da cadeira e fiquei jogando a cintura para cima, como se estivesse socando a rola na bunda de Tarso. Roçando o meu rosto bem barbeado na barba por fazer dele, falei como se estivesse distraído.
— Não foi ele quem fez o jantar quando eu fui à sua casa pela primeira vez?
— Compramos pronto, eu mesmo fiz o pedido. Você elogiou muito e até perguntou o nome do restaurante.
— Foi mesmo… esqueci. Minha cabeça vive cheia de coisas, uma bagunça da porra.
Rindo das minhas distrações, Tarso começou a girar a bunda em cima de mim — não era a primeira vez que ele demonstrava querer me dar o cu. Com essa provocação, minha pica ficou nervosa; deu até para sentir que estava despejando baba na cueca. Eu me reconhecia como um passivo de nascença, mas fiquei com uma vontadezinha de botar pra foder com o meu machão.
Tarso Marino era o tipo de veado que topa tudo na cama — ele gostava do meu caralho tanto quanto eu gostava do caralho dele. Isso estava perturbando os meus desejos. O futuro advogado tinha uma bundinha gostosa do caralho, daquelas que todo mundo, inclusive as mulheres, querem comer. Não falávamos sobre isso, mas eu ficava com um ciúme bobo quando pensava nos caras que já haviam botado para lascar com ele. Tentando controlar a confusão dos meus instintos, mostrei a hora na tela do notebook.
— Acalme-se, menino. Está quase na hora de você ir para a aula.
Mordendo o próprio lábio e revirando os olhos, ele fez cara de “dane-se a aula”. Dando pulinhos em cima de mim, deixou a minha rola ainda mais nervosa.
— Caralhão duro da porra o seu, Luís.
Com a respiração pesada, deslizei a mão pela frente da calça e fechei os dedos em torno da sua picona.
— Sua tora também está durona… quer uma chupada? Quer? Hum?
No mesmo instante, ele ficou em pé na minha frente e abriu a calça. O tempo era curto, por isso botei logo a língua para trabalhar. Jogando a cintura para a frente e para trás, ele fodeu a minha garganta como se estivesse arrombando o meu cu. Quase sem respirar, resisti à fúria do meu macho e fiz por merecer uma boa leitada.
Assim que terminou de me amamentar, Tarso se ajoelhou entre as minhas pernas e caiu de boca no meu pau. Era só uma rapidinha, por isso não me esforcei para segurar a esporrada.
— Vou gozar… ah…
Virando os olhos para cima, ele botou minha pica para fora da boca, beijou a ponta e deixou que eu gozasse na sua cara. Na sala do advogado mais importante do escritório, a putaria dos casal de veados rolava solta. Com o rosto galado, Tarso deu um beijão na minha boca.
A brincadeira foi boa; agora ele precisava se apressar para ir à faculdade. Um rindo do rosto esporrado do outro, tiramos as roupas e corremos para o banheiro. Em poucos instantes, estávamos de corpo cheiroso e cara limpa. Enquanto nos vestíamos, Tarso voltou a falar sobre o nosso fim de semana.
— Amanhã vou dar um pulo no shopping, estou precisando comprar umas coisas. Queria que você fosse comigo. Depois das compras, podemos dar uma volta por aí. Vou dormir na sua casa; quando acordar, a gente organiza tudo para receber o meu pai.
— Combinado.
Sem disfarçar a cara de machos bem amamentados, saímos juntos da sala. No estacionamento, Tarso me deu um beijo de despedida, colocou o capacete e montou na moto. Assim que ele partiu, peguei o carro e fui a um restaurante.
De volta ao escritório, passei a tarde com os olhos fixos na tela do notebook. Quando levantei da cadeira, estava anoitecendo. Cantando pedaços de um rock inglês, estiquei pernas e braços, arrumei a pasta e dei por encerrada mais uma semana de trabalho.
Em casa, conversei com o meu pai sobre algumas causas que estávamos defendendo. Seu Antero já havia se recuperado do AVC, por isso assumiu a responsabilidade por alguns processos; isso deu um alívio na minha carga de trabalho.
Antes das dez, decidimos ir dormir. Subindo a escada rumo aos quartos, falei sobre o almoço de domingo. Para minha surpresa, ele apenas suspirou fundo e encerrou o assunto.
— Está certo, Luís.
Meu pai já estava cansado dessa história. Eu também estava. Minha história com Tarso era muito verdadeira, mas tinha essa porra dessa mentira no meio. É sempre assim: depois que a gente cria uma mentira, ela não para de crescer — até aparecer alguém capaz de arrancá-la pela raiz.
Estendido na minha cama, bati uma pensando no meu Marino. Desde adolescente sou assim: se não tem foda, punheta é coisa sagrada antes de dormir.
E já acordei de pau duro, mas guardei o tesão para usar com o meu marido.
Sábado era dia de cuidar da mansão Zamora. Pela manhã, enquanto um rapaz dava um trato no jardim e na piscina, duas diaristas fizeram uma faxina geral na casa. À tarde, quando Tarso chegou, estava tudo em ordem. Após dar o meu beijo, ele propôs irmos os três às compras. Seu Antero disse que não queria atrapalhar o nosso passeio, mas ele insistiu no convite.
— Atrapalhar o quê? A gente só vai fazer compras e comer alguma coisa. Vamos nessa, seu Antero. Prometo que eu e seu filho vamos nos comportar bem.
Olhando para mim, o meu pai começou a rir. Ele não resistia ao jeito cativante do meu namorado.
— Já que Tarso insiste, vou me arrumar para a gente sair.
Antes do anoitecer, chegamos ao shopping. Andando ao lado do casal, o doutor Antero exibia sua elegância. De vez em quando, recebíamos alguns olhares disfarçados. Éramos três homens bonitos, de diferentes gerações.
— Acho que algumas pessoas estão tentando adivinhar qual é a relação entre nós três. Devem estar pensando que somos avô, filho e neto.
Meu pai falou isso de um jeito muito divertido. Seu Antero era o pai que todo gay gostaria de ter. Para deixar claro que não era o meu filho, Tarso pegou na minha mão e me deu um beijinho na boca.
Sem nos incomodar com o julgamento dos outros, seguimos em frente e entramos numa loja de roupas. Trocando opiniões, compramos jeans, camisetas e cuecas. Ao sairmos dali, Tarso encontrou uns colegas do curso. Com olhos indiscretos, uma moça me observou por um instante e abriu um sorriso.
— O senhor é o doutor Luís Castillo, não é? Eu me lembro da sua palestra na faculdade.
Pegando na minha mão, Tarso completou as apresentações.
— O doutor Luís Castillo é o meu namorado. E esse aqui é o doutor Antero Zamora, o meu sogro.
Após trocarmos os cumprimentos, um rapaz disse que o famoso doutor Zamora era referência no curso de Direito e perguntou se podia fazer uma foto com ele. Fazendo cara de humilde, meu pai atendeu ao pedido e se tornou uma estrela no meio dos jovens. No fim, eu e Tarso também participamos das selfies.
Ao nos separarmos daquele grupo, fomos à praça. Quando estávamos bem alimentados, voltamos para casa.
Meu pai avisou logo que iria para o quarto. Eu e Tarso decidimos ir para o jardim. A brisa sacudia as plantas e misturava o aroma das flores; isso me transportou para outro tempo. Tarso percebeu que eu estava longe.
— Está viajando, Luís?
— Estava pensando na minha casa em Barcelona. Não sei quando poderei ir lá. Aliás, não sei quando nós dois poderemos ir lá. Acho que só depois da sua formatura, não é?
— Se eu pudesse, a gente iria amanhã, mas a situação está complicada. Cabeça cheia de preocupação com o curso. Quando eu estiver com o canudo na mão, vamos voar para a Europa. Vai ser nossa lua de mel.
— Lua de mel? Gostei.
Esticando o braço, pousei a mão na coxa dele e dei um aperto. Todo animado, ele abriu o zíper da calça e botou o pau para fora.
— Enquanto o meu canudo de papel não chega, pegue neste canudão aqui.
Fazendo carinho na rola dele, continuei a falar sobre tudo que deixei no outro lado do Atlântico.
— Além da casa em Barcelona, tenho um apartamento em Madri e outro em Pamplona. Também tenho um apartamento em Paris; Guillermo adorava a França.
— Você pensa em voltar a morar na Europa?
— Só se você for comigo.
— Fala sério?
— Tão sério quanto é o nosso namoro. Vale lembrar que tenho o meu escritório em Barcelona; você pode começar sua carreira lá. Seremos os doutores Tarso Marino e Luís Castillo.
— Minha mãe queria que eu fosse passar um tempo com ela em Camberra, já estive lá duas vezes. Adoro a Austrália, mas agora prefiro morar na Europa, com o meu marido.
Tarso falou isso de um jeito muito adulto. Apertando seus dedos, puxei-o para mim. Sem largar minha mão, ele deixou a espreguiçadeira e se deitou sobre o meu corpo.
— Eu percebi que você deixou de usar a aliança.
Abrindo as pernas, eu o acomodei em cima de mim e fiquei fazendo carinho nas suas costas. Brincando com os cachos dele, falei mais um pouco sobre nossa vida.
— Guillermo foi um marido maravilhoso, ele vai viver para sempre na minha memória. Mas agora você é o meu marido, Tarso. A história é só nossa.
Sem conter a felicidade, ele meteu a língua na minha boca e compartilhamos a saliva. Depois de saciarmos a sede, ele usou palavras de garotão para expor sentimentos muito adultos.
— Eu não pensava em assumir um compromisso sério, mas foi só você aparecer na minha vida para tudo mudar. Com você, eu me tornei mais homem. Você é um maridão do caralho, Luís.
Testando a resistência da espreguiçadeira, começamos a transar ali mesmo. Roçando-se em mim, Tarso me beijou como se fosse me devorar. Dando-lhe tapas na bunda, mandei que ele se levantasse, para nos livrarmos das roupas.
Nus e banhados pela luz do refletor, nós nos abraçamos. Como se fosse uma disputa, um começou a apertar e a dar tapas na bunda do outro. Escondidos entre os corpos, nossos caralhos já estavam se babando. Depois de mamar em meus peitos, Tarso se ajoelhou atrás de mim e meteu a língua dentro no meio da minha bunda. Desejando ser montado, fiquei de quatro na beira da piscina e comecei a rebolar na cara dele.
— Tarso, aqui mesmo… me fode, vai.
Muito obediente, ele meteu logo a ponta da pica no meu cu e, com as mãos cravadas nos meus quadris, puxou meu corpo para trás, até ficarmos engatados. E a foda já começou em ritmo acelerado. Sob a luz da Lua, o jardim parecia uma floresta. Naquela posição, ao lado de um vaso de plantas, parecíamos bichos copulando.
Dando lambidas e mordidas no meu pescoço, Tarso me varou com gosto. Com as mãos e os joelhos no chão, eu aguentava o peso nas costas e contraía a bunda, fazendo o meu cu mastigar o caralho dele.
— Cuzinho guloso da porra… Vai se foder, Luís…
Passando um braço na frente do meu peito, ele me fez ficar quase em pé e continuou a meter na minha bunda. À procura de apoio, estiquei os braços e abri as mãos. A cada cacetada que eu recebia, o meu corpo saltava para a frente. Eu parecia prestes a pular na água.
Sem parar de me foder, Tarso começou a bater uma punheta para mim. Quase chorando de tesão, deixei o gozo fluir. Inspirado por minha gozada, ele deu mais umas cravadas dentro da minha bunda e soltou um urro. Enquanto o esperma jorrava no fundo do meu cu, ele meteu dois dedos na minha boca, para que eu lambesse o leite despejado por minha rola.
Com um beijo sabor de gala, chegamos vivos ao fim de mais uma foda. Lentamente, ele saiu de mim; no mesmo instante, travei o cu, para preservar o seu gozo. Era uma fantasia de menino veado: eu gostava de me sentir grávido.
A foda foi demorada; passava da meia noite. Com as roupas penduradas nos ombros, eu e Tarso, fomos para dentro de casa. Precisávamos dormir. Pela manhã, meu querido sogro Renan viria tomar banho de piscina e almoçar com a gente.
O domingo amanheceu ensolarado. Antes das dez, Renan chegou — e o teatro foi armado. Com seu sorriso bonito, Tarso se encarregou de fazer as apresentações. Com um sorriso de quem só mostrou os dentes para não sair feio na foto, fiquei num canto da cena. Sem querer se comprometer, seu Antero desempenhou bem o seu papel.
— Bom dia, Renan. Fique à vontade.
Depois de uma breve conversa, fomos para o jardim. Sob o olhar dos nossos pais, eu e Tarso ficamos só de sunga e andamos até a beira da piscina. Como se fôssemos nadadores profissionais, enchemos os pulmões, erguemos os braços e saltamos para a frente.
Enquanto nadávamos, nossos sogros conversavam — provavelmente sobre a bolsa de valores e índices econômicos. A água estava tão boa, que nos esquecemos deles. Em meio às braçadas, praticamos beijos e pegadas.
— Tem lugar aí para mim?
Atraindo nossa atenção, Renan andou até a beira da piscina. Meio displicente, tirou a sunga de dentro da bunda e ajeitou o pau para o lado. Era impressionante como ele e Tarso se pareciam fisicamente: ombros não muito largos, peitos sem pelos, pernas e braços longos, bundas empinadas e rolas compridas. Quem não os conhecesse, imaginaria que fossem irmãos.
Antes que Renan saltasse, meu pai também tirou a bermuda e se colocou ao lado dele. Fiquei cheio de orgulho: não era só Tarso quem tinha um pai bonitão. Do alto dos seus mais de setenta anos, seu Antero tinha a beleza acumulada ao longo de décadas bem vividas. Com barriguinha saliente, rugas no pescoço e nos peitos, bunda larga e pau pesadão, meu coroa era um senhor de aparência gostosa. Apesar das limitações impostas pelo AVC, acho que ele ainda deveria ser bom de foda. Vai ver que ele ainda pegava alguém por aí.
— Gostei de ver, seu Antero! Está melhor que eu!
Como se fosse um adolescente, meu pai respondeu à brincadeira de Renan dando-lhe um soco de mentira no peito. Unidos numa gargalhada, os dois ergueram os braços e saltaram para a frente.
Nadando de costas, nós quatro exibimos as bundas dentro das sungas. Eu estava com uma lilás e Tarso com uma azul marinho. A sunga do meu pai era vermelha; a de Renan, cenoura. Sob o sol do domingo, a piscina da mansão Zamora ficou colorida.
A diversão foi boa. Praticamos diferentes tipos de nado e disputamos para ver quem fazia menos tempo de uma extremidade à outra da piscina. Na brincadeira de um tentar derrubar os outros, recebi um tapa na bunda. Ao tirar a cabeça da água, olhei ao redor e os meus três adversários estavam rindo.
Lembrei-me do tempo em que éramos apenas eu e Renan na piscina. Meu amigo havia se transformado num homem ainda mais atraente; feliz do homem e da mulher que fodesse com ele. Pensar nisso não me incomodava: eu estava pleno e feliz com o filho dele.
Como se tivesse captado o significado do meu olhar, Tarso me abraçou no meio da piscina e me deu um demorado beijo na boca. Quando abrimos os olhos, Renan e meu pai estavam nadando ao nosso redor. O domingo estava lindo.
Passava das duas da tarde quando fomos para a beira do fogão. Renan fez uma suculenta carne assada no forno; eu e Tarso fizemos arroz, farofa e salada; meu pai fez um refrecante suco de abacaxi com hortelã. Quando estávamos comendo, fiz um comentário inocente.
— Está tudo maravilhoso; um almoço para os homens de bundas coloridas.
Com elegância, meu pai ergueu o copo de suco.
— Um brinde a Tarso, que nos uniu.
Num clima de família feliz, brindamos e terminamos de almoçar. Sentados na beira da piscina, Tarso, Renan e eu ficamos conversando bobagens. De pernas cruzadas na espreguiçadeira, meu pai tirou um cochilo.
No fim da tarde, Renan se preparou para ir embora. Antes de entrar no carro, disse que adorou tudo e sugeriu que marcássemos outros encontros. Quando já era noite, Tarso também se arrumou para ir embora. Ao montar na moto, ele sorriu para mim.
— Foi incrível o nosso domingo. Agora só falta apresentar você à minha mãe. Acho que ela vai adorar conhecer você.
Ainda havia Soraia nessa história. E ela já me conhecia.
Sorrindo sem graça, abri o portão. Depois de mandar um beijo para mim, o meu amor baixou a viseira do capacete e partiu.