Meu nome é Sabrina, tenho 24 anos e sou nascida e criada em Campinas, a maior cidade do interior de São Paulo. Sou filha de um dos maiores empresários da cidade, então sempre tive do bom e do melhor. Minha família é uma das mais influentes na cidade e uma das mais ricas. Mesmo com todo dinheiro e poder dos meus pais, eu nunca fui muito apegada a isso. Na verdade eu sempre fui meio rebelde, nada exagerado, mas sempre fiz o que eu queria e não o que os outros achavam que eu devia fazer.
Esse meu jeito meio rebelde sempre causou muitos conflitos entre eu e minha mãe. Ela queria que eu fosse a filha perfeita, mas aos olhos dela, eu sempre fui totalmente ao contrário. Sempre gostei de festas e baladas, então desde a minha adolescência eu já saia com meus amigos e voltava tarde para casa, às vezes nem voltava na mesma noite. Isso era motivo de brigas e mais brigas com minha mãe. Chegou a um ponto que a gente não conseguia mais conviver no mesmo espaço e então, assim que entrei na faculdade, eu saí de casa.
Fui morar em um apartamento do meu pai no centro da cidade. Não saí fugida, eu conversei com meu pai antes e ele me apoiou como sempre. Ele disse que talvez fosse melhor para mim e para minha mãe essa distância, já que a gente só sabia brigar.
Minha relação com o meu pai já era totalmente diferente. Ele sempre conversou comigo desde criança, nunca me impôs o que eu deveria ser, ou fazer, sempre me deu ótimos conselhos e, ao invés de gritar ou brigar comigo quando eu fazia algo de errado, ele sentava comigo e conversava de boa. Acho por isso mesmo que sempre procurei ser obediente a ele; como ele não me impunha regras exageradas, eu procurava seguir elas para não deixá-lo chateado.
Quando falei com ele que queria morar sozinha, ele me ofereceu o apartamento, me deu um cartão de crédito que eu nem sei o limite e apenas me fez um pedido: "estude, forme-se e procure algo que você queira fazer na sua vida. Quando isso acontecer, eu vou te ajudar como sempre, mas se você abandonar os estudos e não se tornar uma adulta responsável, toda ajuda que você tem não vai mais existir". Eu prometi a ele que faria o que ele pediu e que nunca pensei em largar os estudos. Disse que eu só queria viver e me divertir enquanto eu podia, mas de forma responsável.
Eu nunca esqueci o que tinha prometido ao meu pai e, durante minha época de faculdade, eu me esforcei mais que o normal nos estudos. Não que eu não fosse uma aluna ruim no passado, mas com uma motivação a mais eu me saí melhor. Eu nunca deixei de me divertir e sair para festas e baladas, eu amava aquilo. Porém tirava sempre um tempo para estudar e prestava sempre atenção nas aulas.
Eu decidi fazer Administração; eu queria ter algo meu no futuro e achei que era o curso que poderia ser útil para mim. Minha mãe ficou sabendo que eu escolhi fazer Administração e ficou muito feliz. Ela achava que eu tinha seguido seus conselhos e iria trabalhar nas empresas da família como meu irmão mais velho. Porém ela estava muito enganada, nunca passou pela minha cabeça fazer isso. Eu queria seguir outro caminho, construir algo diferente e não cuidar de algo que outras pessoas construíram, já meu irmão já iria fazer esse papel, não era algo para eu me preocupar.
Minha vida amorosa nunca existiu. Perdi minha virgindade cedo e depois sempre tive uma vida sexual ativa. Porém não tive nenhum relacionamento sério ou me apaixonei por alguém. Eu não ficava com vários homens, porém eu tinha meus amigos íntimos e às vezes até saía com um ou outro homem diferente, mas isso era raro, já que eu era bem seletiva. Eu sabia que eu era uma garota bonita e rica. Eram muitos os homens e garotos que viviam tentando algo comigo, mas eu sempre esnobava a maioria; quando algum me interessava eu ia lá, pegava e, depois de uma ou duas noites de sexo, eu descartava. Não que eu tivesse decidida a ficar solteira o resto da vida, simplesmente não achei nenhum que me fizesse meu coração bater mais forte.
Quando me formei eu já não era mais aquela garota rebelde de anos atrás. Eu era uma mulher decidida do que eu queria e como queria. Durante o último ano da faculdade eu pensei muito no que iria fazer da vida e, durante uma conversa entre amigos, uma amiga minha me deu uma ideia que acabou virando meu objetivo. A gente estava falando sobre o que cada um iria fazer no futuro. A maioria iria trabalhar nos negócios da família ou buscar trabalho em alguma empresa grande. Eu disse que não iria trabalhar na empresa da minha família, que queria abrir algum negócio meu, algo que eu gostasse, mas ainda não sabia o que exatamente. Minha amiga de zoeira disse: "você gosta de festa e balada, abre uma boate". Todos riram, inclusive eu, até porque ela não estava errada.
Aquela brincadeira acabou virando uma ideia na minha cabeça. Comecei a pesquisar sobre o assunto, conversar com alguns donos de boate na cidade e com alguns DJs que eu conhecia. No fim do ano eu já tinha decidido que eu queria aquilo. Eu iria ter um negócio lucrativo, trabalharia com algo que eu conhecia e ainda poderia me divertir no meu próprio trabalho. Eu sabia dos riscos, poderia não dar certo se eu não conseguisse público o suficiente, mas eu achava que isso não seria difícil para mim com minha popularidade no meio e, principalmente, com meus contatos.
Quando entrei no escritório do meu pai eu já tinha tudo planejado. Quando falei o que queria ele não fez uma cara muito boa, porém, quando comecei a explicar melhor e mostrei o projeto, ele começou a mudar o semblante. No fim, ele disse que, como eu cumpri minha parte do acordo, ele iria cumprir a dele, mas achava melhor eu resolver tudo com meu irmão, já que ele era mais jovem e poderia me ajudar melhor. Eu o agradeci e disse que por mim não seria um problema resolver com meu irmão. Saí dali toda animada e fui para o escritório do meu irmão.
Sergio era dez anos mais velho do que eu e totalmente diferente de mim. Ele sempre seguiu o que minha mãe queria, não porque era obrigado, era porque era o que ele queria para a vida dele. Sempre foi responsável, estudioso, se casou com uma garota perfeita aos olhos da minha mãe e seguiu os caminhos do meu pai. Eu me dava muito bem com ele, com minha cunhada, que era um amor de pessoa e, além disso, eu amava meus dois sobrinhos. Mesmo com a diferença de idade e maneiras diferentes de viver a vida, eu e meu irmão nunca tivemos problemas; na verdade, tínhamos uma convivência muito boa.
Meu irmão não teve nenhuma dificuldade em me ajudar, pelo contrário. Ele me ajudou até mais do que eu imaginei. Ajudou a localizar um lugar perfeito, um galpão enorme em um local perto do centro. O local era cercado só por prédios comerciais e fábricas pequenas. Provavelmente eu não teria problemas com vizinhos. O galpão seria perfeito para o que eu queria, tinha espaço sobrando para eu construir minha boate. Meu irmão contratou uma ótima empresa de construção que seguiu tudo que pedi e me entregou a chave do lugar com tudo pronto. Ele também me ajudou com toda parte burocrática, me indicou uma ótima firma de segurança e ajudou eu fazer as entrevistas de funcionários. Ele foi incrível comigo.
Depois de tudo pronto eu demorei dois meses para inaugurar. Eu queria tudo perfeito e não tinha pressa. No fim tudo valeu a pena, a inauguração foi um sucesso. Eu administrava tudo com muita responsabilidade. Eu queria viver daquilo o resto da vida e, para isso, eu precisava cuidar de tudo com cuidado.
Mesmo eu gastando muito com segurança e funcionários, meus lucros eram satisfatórios. Eu preferia ter ganhos um pouco menor, mas ter um atendimento perfeito e criar um ambiente seguro, principalmente para as mulheres. Com o tempo isso tornou minha boate o lugar preferido das mulheres da cidade que queriam se divertir e, com um público feminino alto, atraiu também o público masculino. No início houve algumas pequenas confusões, porém a segurança resolveu rápido; as câmeras ajudaram na maioria dos casos a achar os causadores dessas confusões e, claro, todos foram banidos da boate. Com essas atitudes as confusões raramente aconteciam e o lugar estava sempre cheio nos finais de semana, principalmente de mulheres.
Minha vida estava correndo bem, a boate era um sucesso, eu ganhava um ótimo dinheiro já que não tinha que pagar aluguel do lugar e meu pai não quis cobrar nem um centavo do que me ajudou no início. Eu trabalhava bastante, mas tinha tempo para me divertir e fazer minhas coisas, como ir à academia todo dia malhar.
Eu sempre tive um corpo bonito, mas com a academia ficou mais bonito ainda. Juntando um corpo perfeito, com meus cabelos pretos até o meio da cintura, rosto bem feito, um par de olhos verdes que chamava a atenção, eu me sentia a mulher mais gata do mundo quando me olhava no espelho. Realmente eu chamava a atenção pela minha beleza, mas não era só a beleza. Meu estilo também chamava a atenção. Roupas caras e provocantes, braço esquerdo tatuado, um piercing no nariz e cinco em cada orelha. Eu tinha 1,77 de altura, mas com meus saltos 15 eu ficava bem maior. Isso com certeza intimidava alguns homens, mas nem todos; alguns desses corajosos tinham a sorte de passar uma noite ou duas comigo.
Minha mãe odiou quando ficou sabendo que eu abri a boate, meu irmão disse que isso rendeu uma briga feia com meu pai, mas com o tempo ela foi aceitando e por fim nem tocava mais no assunto com ninguém. Eu a via nas reuniões de família na casa do meu irmão ou em festas familiares na casa dos meus pais quando não tinha como eu não ir, tipo o aniversário do meu pai. A gente mal se falava, já que quando ela vinha falar comigo começavam as cobranças e indiretas. Mas acho que ela foi cansando, já que viu que eu não iria mudar e ser a filha que ela queria que eu fosse. No nosso último encontro, ela me chamou para conversar, disse que já tinha desistido de me fazer mudar, que não iria mais me chatear com isso. Eu fiquei aliviada com o que ela disse, talvez a gente pudesse ter um convívio melhor e quem sabe não nos darmos realmente bem no futuro.
Porém, ela me fez um pedido que eu não gostei muito. Ela disse que tinha um filho de um dos sócios do meu pai que era apaixonado por mim, que ele era um amor de pessoa e pediu para eu pelo menos conhecer ele. Eu disse que não estava interessada em conhecer ninguém no momento, mas ela insistiu. Disse que era seu último pedido e que, se não desse certo, não iria mais se meter na minha vida. Era só marcar um jantar e conhecer o rapaz. Eu realmente não queria, mas resolvi aceitar só para ela sair do meu pé. Ela me mostrou a foto do rapaz, ele se chamava Hugo e era um rapaz bonito, provavelmente um pouco mais novo do que eu. Olhando a foto eu realmente até fiquei mais interessada. Pedi para minha mãe marcar com ele e me avisar a hora e o local.
Em uma quinta-feira às 20 horas eu estava entrando em um dos restaurantes mais chiques da cidade para jantar com o Hugo. Ele era realmente muito bonito, mas o papo não era muito agradável, ele praticamente se elogiava em quase todo assunto. Até aí tudo bem, até porque, pelo que eu sabia dele, da família e pelo que eu estava vendo, ele não estava mentindo.
Continuamos conversando, mas quando nossos pedidos foram entregues, as coisas deram errado. Ele disse que o prato que pediu veio errado e chamou o garçon. Até aí tudo bem, o problema foi da forma que ele falou com o garçon, ele foi super grosso, mal educado e muito prepotente. O maître veio já que Hugo alterou um pouco a voz e ele ouviu. Eu não gostei nem um pouco daquilo, assim que o maître chegou eu pedi desculpas pelo comportamento do Hugo e disse que o garçon não fez nada de errado. Me levantei da mesa e nem olhei na cara do Hugo. Tirei uma boa quantia de dinheiro da minha bolsa e entreguei ao garçom. Disse a ele que era para pagar o que consumiu e o que sobrasse era gorjeta para ele. Ouvi Hugo me chamar, mas não dei atenção e saí o mais rápido possível do restaurante. Peguei minha chave com o manobrista e disse que eu mesma pegaria o carro. Dei uma boa gorjeta para ele e fui para o estacionamento. Localizei meu carro e saí dali sem olhar para trás.
Na sexta de manhã minha mãe me ligou, eu já sabia o que ela queria. Resolvi atender para encerrar aquele assunto de vez. Porém ela não estava brava, conversou comigo com uma calma que eu até estranhei. Me falou que Hugo tinha ligado para ela e explicado o que tinha acontecido, pediu desculpas pelo ocorrido e pediu a ela para se desculpar comigo. Que ele disse que estava muito nervoso por estar jantando com comigo a primeira vez, acabou deixando esse nervosismo tomar conta dele e agiu de forma errada. Eu falei para minha mãe que estava tudo bem, que apesar dele ser grosso mal educado, eu o perdoaria.
Minha mãe disse que ele não era assim, que acreditava que realmente ele só estava nervoso e fez besteira. Que ele queria uma oportunidade para provar que foi apenas um momento que ele agiu mal, mas que ele não era daquele jeito. Eu disse para minha mãe que ele não tinha que me provar nada, que estava tudo bem, mas era melhor deixar esse assunto de lado. Mas minha mãe insistiu e me pediu por favor para eu dar mais uma chance a ele. Eu tentei desconversar, mas ela insistiu de uma maneira tão educada e calma, que eu acabei aceitando. Pedi para ela falar para ele ir na minha boate à noite que a gente conversava.
Era 22 horas a boate abriu e logo Hugo chegou. Veio até mim e se desculpou, eu disse que estava tudo bem e a gente continuou conversando. Ele parecia diferente, estava super educado, elogiou a boate e a mim. Parecia outro homem, não se elogiou nem uma vez; eu até gostei, mas algo me dizia que aquilo era algo ensaiado para me agradar. Parecia um comportamento artificial.
Ficamos ali conversando até que fui informada de que tinha começado uma pequena confusão entre duas garotas perto do banheiro feminino e uma das garotas afirmava ser minha amiga. Saí em direção ao local e acessei as câmeras de segurança no laptop. Era difícil reconhecer as duas garotas conversando com os seguranças. Mas parecia que as coisas já tinham se acalmado. Vi que as garotas apertaram as mãos, provavelmente se desculparam por seja lá o que tivesse acontecido. Não reconheci nenhuma delas e, quando pensei em olhar para frente, senti um impacto no meu corpo.
Eu tinha acertado uma garota em cheio e derrubado a bebida dela. Quando fui me desculpar, vi Hugo de novo agir como um babaca. Ele empurrou a garota e gritou com ela. Perdi a paciência com ele e mandei ele sumir da minha frente. Pedi desculpas à garota e vi que sua blusa estava meio vermelha da bebida que voou nela. Pedi à outra garota que estava com ela para esperar um pouco e saí puxando-a para o meu escritório.
Eu estava com muita vergonha pelo que tinha acontecido e queria ajudá-la de alguma forma. Pedi para ela tirar a blusa para eu colocar de molho e disse que ela poderia usar algo meu. Quando ela tirou a blusa, eu viajei nos seios dela, não sei por quê, mas eles eram lindos. Eu nem vi quando a elogiei; a coitada ficou toda vermelha de vergonha. Fui colocar sua blusa de molho e eu sentia seu olhar me seguindo a cada movimento. Eu estava gostando daquilo, eu já tinha visto muitas mulheres me desejando, mas eu só ignorava. Mas por algum motivo eu gostei de ser desejada por ela.
Quando sai do box eu vi ela limpando sua barriga com uma toalha molhada que eu tinha entregado a ela assim que entramos. Ver ela ali se limpando com movimentos suaves me deixou excitada. Achei melhor não ficar olhando e abaixei o olhar. Foi quando vi que meu blazer também tinha manchas de bebida, eu tirei ele e fui até o meu armário para pegar outra roupa. Quando levantei o olhar, ela estava me encarando e mordendo os lábios. Seu olhar parecia magnético e eu senti minhas pernas agir antes de eu pensar direto.
Eu estava ali a poucos centímetros dela, eu sentia sua respiração descompassada. Perguntei se ela estava bem e ela disse que sim, mas que eu estava muito perto. Porém ela disse, mas não recuou. Eu olhei nos seus lábios e eu queria muito beijá-los. Mas lembrei da garota que estava junto com ela e resolvi esclarecer uma dúvida. Quando ela confirmou que a garota era apenas amiga dela eu não perdi mais tempo e a beijei.
Quando nossos lábios se tocaram eu senti uma corrente elétrica percorrer o meu corpo. Senti meu coração disparar, ali naquele beijo, eu tive certeza: algo em mim tinha mudado.
Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper