O Barman e o Confeiteiro 3

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 3068 palavras
Data: 22/08/2025 11:54:34
Assuntos: Amigos, Gay

ADRIANO 3

Aprendi a fazer doces com minha avó, ela era a melhor boleira do mundo, uma verdadeira rainha das sobremesas, quando pequeno adorava ficar na cozinha vendo ela fazer suas receitas. Hoje em dia faço uns bolos e outras sobremesas para complementar a minha renda, mas meu sonho mesmo era viver disso, ter uma cozinha onde eu poderia cozinha meus doces e fazer todas as minhas receitas, não que a cozinha que herdei da minha vó não seja boa, mas é que para viver mesmo disso seria preciso um investimento maior, enfim gosto de pensar que ainda vou realizar esse sonho, no entanto ainda preciso trabalhar no telemarketing para pagar minhas contas.

Quando eu saí para trabalhar o Ykaro já estava dormindo, no call center eu trampo de segunda a sábado, pelo menos tenho os domingos de folga. Segunda a sexta eu entro às dez da manhã e saio às dezesseis da tarde, já no sábado meu horário muda um pouco, eu entro as duas da tarde e fico até às oito da noite, não é o melhor dos horários, porém assim consigo não trabalhar nos domingos, e isso é muito bom. Tudo que preciso fazer é atender aos clientes de um plano de saúde e marcar suas consultas, parece simples, mas nem sempre tem agenda para os lugares que o cliente quer e fazer ele entender isso é muito, mais muito complicado mesmo, engraçado que nessas horas todos viram advogados e sabem de cór as leis da ANS — Agência Nacional de Saúde — só que a interpretação das leis muitas vezes são equivocadas, vai dizer para alguém que se acha no direito dela que ela está enganada, é um tanto estressante.

Já estou nessa empresa a muitos anos, embora já tenha tentado uma promoção algumas vezes o RH tem uma ideia de que a falta de um curso superior no meu currículo é um empecilho para mim para desempenhar outra função que não seja atender ao telefone, mesmo que eu tenha sido responsável por treinar mais da metade das pessoas que estão em cargos acima do meu hoje isso não me qualificar como um profissional capaz — vai entender né! Juro por Deus, se eu não precisasse muito desse emprego, já teria mandado o RH enfiar ele onde o sol não bate.

Aqui temos um supervisor e dois monitores que escutam nossas ligações e nos dão feedback — que não agregam em porra nenhuma — a cada dois meses, o meu supervisor é um infeliz do caralho, ele deu em cima de mim quando entrei na empresa e até me puxou para sua bateria, só que nada nesse cara me atrai, ele é muito padrão pro meu gosto — padrão a gente olha, a gente não pega, é sempre problema pegar padrão — e como todo bom padrão ele não aceitou ser regeitado por mim, desde então esse mala fica no meu pé, engraçado que sou sempre o ultimo na lista de ferias, quando é preciso fazer hora extra paga ele esquece de por meu nome e por conta disso sempre quando é para mim receber é preciso ir no financeiro e comprovar que fiz as horas e toda uma burocracia que faz com que meu extra cai um ou dois meses depois na conta, enfim micro agreçoes que ele faz comigo, e as vezes nem tão micro assim. Já tentei mudar de bateria, só que esse mal amado sempre dá um jeito de chorar pro chefe dizendo que sou o melhor operador e que não é bom para o setor me transferir.

Foi uma vitória eu ter conseguido ficar nesse horário que estou agora, por causa desse arrombado também sou proibido de vender minhas trufas aqui no trabalho, isso me dava uma grana muito boa, mas tudo bem, um dia vou conseguir juntar uma grana e ele vai ser o primeiro a saber quando estiver dando o fora desse inferno. Tirando meu supervisor o restante dos meus colegas são legais e tenho amizade com alguns até, outra coisa que esse cão faz para me irritar é me colocar por último na fila do almoço, só que isso eu só finjo que não gosto, é que sem saber ele me colocou no mesmo horário de almoço do Luan, o que eu adoro porque ele tem um vale refeição com milhões de crédito e por isso paga meu almoço todo dia. No sábado ele não trabalha, mas faz um curso de violão aqui perto — sinceramente acho que ele só faz esse curso para almoçar comigo, até porque trabalhamos no centro da cidade e ele não mora nem um pouco perto.

Luan é o cara mais legal do mundo, claro que meu amigo tem defeitos como todo mundo, só que para mim ele é o maioral. Nos conhecemos na escola, eu sofria muito bullying na época do ensino médio, Luan era um dos poucos moleques da sala que não mexia comigo, um dia no intervalo a “brincadeira” dos caras passou do limite, um dos babacas estava me xingando como sempre, mas eu não estava em bom dia, tinha acabado de perder meu avô e isso me abalou muito na época, quando Victor — o mais babaca de todos — veio me xingar perdi a cabeça e parti para cima dele, só que sou um pingo de gente hoje e na época era ainda menor e franzino, Victor me acertou um soco no olho que me fez ir pro chão na hora, quando pensei que não iria piorar ele começou a me chamar de viadinho e me chutar, tudo que consegui fazer foi me encolher, todos a nossa volta só riam e incentivaram o Victor a continuar me batendo, tive tanto medo, mas ai do nado os chutes param e uma voz ultrapassou todos os risos e os gritos de ódio do Victor, foi como um trovão cortando o ar, uma voz carregada de autoridade e poder.

Resultado, Luan quebrou o nariz do Victor com um sono poderoso bem no meio das fuças, ninguém teve coragem de enfrentar a montanha que o Luan já era na época. Eu sai bem machucado mais, o argumento dos otários amigos do Victor foi que eu tinha começado, daí fomos suspensos os três, Luan, Victor e eu. Tive muito medo dos moleques se juntarem para se vingar pela suspensão, mas no meu primeiro dia de aula pós suspensão Luan sentou do meu lado e puxou assunto comigo, depois disso nenhum dos caras teve coragem de chegar perto de mim de novo.

A mãe perversamente evangelica do meu amigo atormentava ele com mil ameaças de ir para o inferno diferentes, o pobre não podia nem respirar direito que ela já começava com seu discurso do inimigo está querendo arruinar sua vida, serio não sei como ele aguentou essa tortura a adolencencia inteira. para ajuda-lo meu tornei o amigo e outra congregação — uma mentira que deu trabalho para convence-la, tive que estudar muito para me passar por crente e não dar pinta de viado — assim quando ele estava visitando minha congregação era o codigo para sairmos, comigo ele conseguia fazer tudo que tinha vontade mais sua mãe não permitia, a gente via animes, jogava magic, ia para eventos de anime, cinema, jogava RPG e video games, basicamente tudo que uma pessoa normal da nossa idade fazia.

Luan e Caio se odiarão de cara, eles nunca foram amigos isso posso afirmar sem medo, mas por minha causa os dois aprenderam a se tolerar, admito que por conta da criação na igreja meu melhor amigo hetero — Luan — tem uns comportamentos machistas e até homofobicos, ele nunca foi homofobico comigo, mas com Caio não posso dizer que não, levou muito tempo até chegarmos no tratado da boa convivência. Enfim aprendi a conviver com o lado crente ainda muito presente na sua personalidade, não posso perder sua amizade então assim como ele tenta mudar um pouco a cada dia, eu me esforço para ser o melhor amigo do mundo para ele — não que ser seu amigo seja dificil, pelo contrario, Luan é um fofo — o Caio já me questionou uma vez sobre eu está apaixonado pelo Luan, porém depois de refletir sobre o assunto cheguei a conclusão que sim, eu sou completamente apaixonado pelo Luan, mas não de um jeito sexual ou romântico, só que para mim ele é mais que um irmão, eu amo muito esse moleque ele me salvou, foi meu único amigo durante anos e temos os mesmo gostos para quase tudo! Como não ser louco por um cara assim.

Verdade seja dita vendo de fora até pode parecer que a gente namora — no inico isso irritava muito ele, mas não fez com que mudasse comigo, apenas não curtia quando o Caio ou outra pessoa fazia essa comparação — mas como eu falei ele está mudando um pouco a cada dia então hoje em dia até faz piada as vezes dizendo que é meu macho e para ser bem sinsero ele é sim, meu homão da porra, só que a gente não transa — eu sei é confuso para mim também as vezes.

Assim que chego na empresa, bato meu ponto — faço questão de chegar na empresa já quase na minha hora de logar no meu computador só para não passar mais do que o tempo necessário aqui — meu supervisor me chama na mesa dele assim que me ver, respiro fundo e me aproximo dele, só aí vejo um carinha pardo do seu lado, ele é pouco mais alto que eu — não que isso seja difícil — tem o cabelo preto em um corte social, óculos do estilo do Harry Potter e um sorriso tímido que me fez tremer na base, que moleque lindo velho!

— Esse é o Nathan, ele é o novo operador que vai ficar no lugar do Felipe — Felipe foi um sortudo que conseguiu um emprego melhor e saiu desse inferno, todo sorte do mundo por Fê — quero que você treine ele.

— Tudo bem — forço o sorriso mais falso que tenho, esse filho da puta só me fode, mas na hora que precisa de mim é doce pro meu lado.

— Pronto Nathan, ele é o melhor operador que temos aqui, com certeza vai te ensinar muito bem — em pouco tempo percebi que o filho da puta já está soltando suas asinhas para cima do novato, mas tudo que ele está conseguindo é constranger o menino, acho que o Nathan não está curtindo muito esse assédio, mas assim como eu deve precisar desse trabalho, então para salvá-lo aperto sua mão e aproveito para puxá-lo para longe do supervisor filho da puta que a gente tem.

— Sou Adriano, cara qualquer dúvida que você tiver só me pergunte beleza.

— Prazer Adriano, me chamo Nathan — esse sorriso dele me quebra, que menino fofo e gato, meu Deus do céu.

— Olha os treinamentos aqui costumam durar uma semana, nos dois primeiros dias você só vai observar, depois mais dois dias atendendo no meu ponto de atendimento e o último dia você vai ser acompanhado pelo supervisor para saber se te treinei direitinho beleza!

— Valeu — ele não parece confortável com essa última parte do treinamento e nem posso julgá-lo, foi péssimo para mim passar o dia perto desse infeliz.

Nathan tem muitos trejeitos e não dá para negar que ele seja gay, mas não quero chegar tirando o cara do armário assim, então entre uma ligação e outra vou tentando conhecê-lo melhor, meu palpite dele ser um potterhead foi certeiro, encontrando esse ponto em comum entre a gente nosso papo fluiu bem leve e de boas. Aproveitei esse primeiro momento para apresentá-lo ao sistema, gosto de começar a explicar as regras e procedimentos só no segundo dia, ainda mais que teremos o domingo sem nos vermos, é muita coisa para ele assimilar e lembrar, melhor ir com calma e temos tempo, não tem porque ter pressa.

O sacana do meu chefe já na intenção de conquistar o novato liberou ele mais cedo, por ser sábado e também por ser seu primeiro dia — canalha — assim que sai para o meu intervalo Nathan foi para casa, não tem problema é bom para ele, mas espero que fique esperto com essas investidas do supervisor. Quando desço para o meu almoço o Luan já está me esperando na portaria do prédio, com a capa do violão nas costas e uma blusa xadrez, meu amigo é muito gato puta merda, mas muito hetero na forma de se vestir, a sorte dele é que é bonito.

— Me esperou muito?

— Não, cheguei agora — ele diz guardando o celular no bolso — vamos comer?

— Bora!

No caminho até uma padaria grande e deliciosa que fica na praça perto de onde eu trabalho, conto a ele sobre o novato e também das investidas do supervisor para cima dele, Luan assim como eu nutri uma raiva absurda desse meu chefe, só das histórias que eu já compartilhei com ele.

— Foda esse cara devia ser demitido.

— Pois é, mas você sabe que ele é sobrinho do dono, por isso se confia a fazer essas coisas.

— Lá no trabalho não tem essa se ser parente de chefe não, no banco cada um tem que fazer seu trabalho — Luan é um bancário orgulhoso, recém formado em economia é praia dele trabalhar em banco.

— E sua mãe, o que ela falou de você ter dormido fora?

— Só levei bronca por esquecer de avisar que você me convidou para vigília de oração da sua igreja — adoro essa realidade paralela em que somos crentes fervorosos.

— Você escapou por pouco — digo.

— Nada, ela só não me matou porque eu estava orando, mesmo assim estou com os ouvidos doendo até agora.

— Cara sua mãe precisa entender que você é um adulto e que já pode até sair de casa se quiser — não me canso de tentar quebrar esse cordão umbilical que o Luan tem com a mãe dele.

— Cara você sabe como ela é, só vou sair de casa casado.

— Então casa logo com a Stella — brinco e ele me dá um soco leve o suficiente para doer, porém não machucar.

— Tá parei — ele e a Stella tem uma relação para lá de estranha.

— Mesmo que ela quisesse alguma coisa seria comigo, minha mãe jamais aceitaria que eu casasse com alguém que não é da igreja.

— Sério Luan, você precisa viver sua vida macho, até quando vai fazer tudo que sua mãe manda?

— Não posso só sair de casa Adriano, você sabe que é arriscado ela até adoecer — pense numa mulher dramática e manipuladora, pensou agora multiplica por dez para assim chegar perto da mãe do meu amigo.

— Complicado amigo, mas vai, mudando de assunto como foi a noite com a Stella?

— Rapaz foi incrível como sempre é, mas na manhã seguinte quando lembro que menti para minha mãe e que transei com ela de novo sem termos um compromisso — é bizarro como a culpa está enraizada nele.

— Amigo, você sabe que não existe problema em amar alguém, você ama a Stella não ama?

— É ai que tá, eu amo, mas dentro de mim ainda existe aquela dúvida de se a igreja estiver certa, vou está me condenando e condenando ela também.

— Transar com você fora do casamento é uma escolha dela também Luan, você não pode controlar o que o outro faz e também não deve se culpar por ser quem você é.

— Eu sei disso Adriano, só que na minha cabeça é como se eu tivesse em um cabo de guerra entre o que eu quero fazer e o que eu devo — ele leva as mãos ao rosto, esse assunto realmente o incomoda.

— Ei, você é um cara incrível e olha se realmente existir um paraiso tenho certeza que vai ter um lugarzinho reservado para o meu heroi, não conheço ninguém mais doce e apaixonado pela vida do que você Luan, seria meu amigo, você salvou minha vida e não só isso, Luan.

— Adriano, você sempre fala que eu salvei sua vida, mas na real sabe, só estou aqui por sua causa, na igreja tudo era tão sufocante, mas contigo pude respirar e sorrir fazendo coisas que sempre quis fazer, sem você não teria conseguido mudar minha mentalidade, eu sei que é um processo e espero mesmo um dia conseguir me libertar desses pensamentos de culpa e fanatismo que a igreja me imputou.

Luan e um cara incrível e que merece muito ser feliz, ele é caridoso, generoso, empático, e muito integro, só em reconhecer seus erros e querer melhorar já mostra o quanto ele é grande como homem e como ser humano, me orgulho muito de ser seu amigo, salvamos nossas vidas no dia em que ele me salvou, foi por conta dele que pude ver a vida de outra forma assim como Luan conheceu um novo mundo comigo.

Meu almoço acaba e me despeço do meu amigo. Depois do trabalho volto para casa completamente derrotado, na garagem não vejo mais a moto do Ykaro, já dei uma copia da chave para ele e sua mudança se tornou oficial, só espero não me arrepender. Vou direto para o quarto trocar tomar um banho e trocar de roupa, visto uma bermuda folgada e uma camiseta. A fome está grande e tenho um bolo para entregar amanhã de manhã bem cedo então tenho que fazer algo para jantar e também ver se tenho que preciso fazer o bolo.

Na porta do microondas vejo um post it que me chama atenção:

“Valeu mais uma vez por ter confiado em mim, gostei muito da casa e do meu quarto e espero que possamos nos entender, bem fiz umas compras pode ficar a vontade para comer o que quiser…ps deixei uma lasanha que fiz para você no micro ondas, espero que goste!”

Nossa que incrível, essa lasanha caseira está perfeita, preciso dessa receita depois, conferindo os armários e a geladeira e sim Ykaro fez uma feira para gente, acho que Stella estava certa ele é muito gente boa mesmo, para agradecer essa lasanha já sei o que eu vou fazer, vou preparar dois bolos de chocolate, um para ele e outro pra minha cliente, vou só descansar um pouco antes, estou morto por causa da bebedeira de ontem, melhor pôr o despertador — vou por três só por via das dúvidas para não perder a hora, preciso está com esse bolo pronto para quando ele chegar do trabalho com fome e também para minha cliente que vai precisar para amanhã cedo, é aniversário da filha dela que vai comemorar na escola.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 9 estrelas.
Incentive R Valentim a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de R ValentimR ValentimContos: 108Seguidores: 56Seguindo: 3Mensagem não recebo mensagens por aqui apenas por e-mail: rvalentim.autor@gmail.com

Comentários

Foto de perfil genérica

O conto esta bom melhor estruturado, os personagens mais explicados e mais realistas, existe a possibilidade do caio e luan ou do Luan e Adriano, mesmo que fosse um lance casual. Um pau amigo salutar???. Amando acompanhar...

0 0
Foto de perfil de Jota_

Hmmm..

Ykaro lambuzado com chocolate?? Hehehe

0 0