Um casal em reforma - Parte 1

Um conto erótico de Márcio
Categoria: Heterossexual
Contém 5271 palavras
Data: 21/08/2025 08:56:52

Eu sempre achei que casamento fosse uma casa que a gente reforma aos poucos. Troca a lâmpada queimada, pinta a parede riscada, muda um móvel de lugar e de repente aquilo que parecia gasto volta a parecer novo. Só que, com a Luana, a parte do nosso “quarto” ficou num tipo de silêncio que tinta nenhuma resolvia. A gente se dava bem em quase tudo: contas divididas, risadas espontâneas, tardes de domingo vendo série, cuidado com os pais, com os sobrinhos, as pequenas gentilezas do cotidiano. Mas, entre os lençóis, a velha complicidade parecia andar com peso no tornozelo.

Estávamos casados há 5 anos. Luana era uma linda mulata de olhos negros e profundos, cabelos encaracolados que desciam até o meio de suas costas e um corpo esguio, com peitos pequenos, quadril largo, bunda arrebitada. Tudo nela me dava tesão e ela me achava bonito também, mas nossa intensidade sexual raramente batia.

Eu queria intensidade. Não falo de acrobacias; falo de urgência. Do jeito que a pele pede sem pedir licença. Ela, por outro lado, ia ficando contida, quase defensiva, como se qualquer tentativa minha fosse uma cobrança. E eu sei que não é justo colocar tudo nela. Porque quando a coisa emperra, cada tentativa vira muito maior do que é. A gente comprou brinquedinhos, encomendou uma lingerie bem vulgar que demorou duas semanas pra chegar e três minutos pra virar assunto de piada. Baixamos um aplicativo com “desafios” de casal — perguntas, massagem, striptease — e eu juro que tentamos. Mas parecia roteiro. A gente lia as cartas e agia igual a dois atores inseguros, que se olham esperando a deixa.

— Você prometer que não vai insistir — ela disse numa dessas noites. — Só hoje eu queria dormir.

— Eu não tô insistindo — respondi, e na mesma hora me arrependi do tom. Parecia justificativa de adolescente pego no flagra.

A verdade: amo a Luana há cinco anos como quem reconhece a própria casa pelo cheiro, e talvez por isso doía tanto. Não por falta de vontade dela, mas por medo. O sexo foi virando assunto que a gente cercava. Falávamos “amanhã a gente vê” e, no dia seguinte, tinha louça, trabalho, cansaço, e o amanhã virava semana.

Quando a discussão mais recente estourou — “você me quer ou quer sexo?”, “não dá pra separar assim”, “eu fico me sentindo um problema, Márcio” — decidimos que não dava pra ficar nessa ciranda. O combinado foi simples e difícil: falar direito, sem ironia. Meio que um cessar-fogo com armistício assinado na mesa da cozinha. Eu lavei as mãos, ela secou, e ficamos de frente um pro outro com duas canecas de chá que não esfriavam nunca.

— Eu pensei num negócio — eu disse, e só de abrir a boca já senti que ia soar egoísta. — Não me corta de cara. Eu… eu acho que a gente podia tentar… trazer alguém. Uma mulher. Um… um ménage.

Ela ficou me olhando como quem tenta escutar de novo uma frase dita em voz baixa. Não arredou a mão da caneca.

— Uma mulher? — repetiu. — E isso viria de onde?

— Da gente. De uma fantasia. Um gatilho. Uma novidade.

— Uma novidade pra você — devolveu. A voz dela não subiu, mas foi fria o suficiente pra me encolher. — É isso? Você quer outra mulher porque eu não te basto?

— Não é isso. Eu… Lu, pelo amor de Deus, não é isso. — Respirei. Eu sentia minha própria defesa ficar piegas. — Eu te quero. Eu te quero pra caramba. E é justamente por te querer que eu tô propondo alguma coisa que talvez reacenda a gente. Você disse que cada tentativa parece forçada. Talvez, com outra pessoa, a gente… escorregue desse medo.

Ela demorou. Olhou o chão, olhou a louça seca, bateu a unha no esmalte vermelho gasto na ponta do indicador. Quando ergueu os olhos, vinham marejados, mas firmes.

— Tá. — Ela respirou. — Se é assim que você quer tentar, eu também tenho uma condição.

— Diz.

— Só aceito se antes for com outro homem.

Eu demorei um segundo pra entender. Depois entendi. E o impacto veio limpo, como soco que acerta o queixo: um segundo de nada e, então, a dor, o zumbido, a desorientação. Eu já tinha visto filmes assim, lido relatos em fórum, ouvido papo de bar. Na minha cabeça, sempre era outra mulher. Um homem, dividindo a cama comigo, dividindo a Luana comigo… Senti ciúme antes de sentir medo, ciúme e um orgulho ferido que eu mesmo achei ridículo.

— Você tá falando sério? — perguntei.

— Tô. — Enxugou o canto do olho com o polegar e fez um meio sorriso triste. — Se a sua fantasia é dividir comigo com outra mulher, a minha condição é você dividir comigo com um homem. Porque, sejamos honestos, a sua proposta também expõe uma coisa que você quer ver, que quer sentir outra. E se a gente for mesmo fazer um teste, que seja justo.

Eu fiquei calado. Foi bom ficar calado. Porque qualquer resposta rápida ia ser defesa. Eu pensei na casa, na tinta, no que a gente vinha fazendo há anos. Pensei no risco de perder o casamento por algo que poderia ser o que nos salvaria. E também pensei na minha própria responsabilidade: se eu queria que ela se desprendesse de ciúme para dar lugar ao prazer de tentar um desprendimento maior na cama, talvez eu precisasse encarar o meu.

— Tá — eu disse, enfim. A palavra saiu árida. — Eu topo.

Ela me olhou surpresa. Acho que era um blefe, afinal, uma condição que deveria me fazer desistir:

— Mesmo?

— Mesmo. Não porque seja fácil. Mas… se é um caminho, a gente vai junto.

Ela assentiu, e nos abraçamos na cozinha. Não foi um abraço cheio de alívio. Foi um abraço consciente, como quem assina contrato sabendo das cláusulas em letras miúdas.

Procurar alguém, descobrimos, dá mais trabalho do que admitir o próprio desejo. A gente pesquisou feito universitário em semana de TCC: sites de swing, perfis fechados em aplicativos, salas com fotos genéricas e promessas de sigilo absoluto. A Luana tinha um receio maior de exposição; eu também. Nossas famílias são aquele tipo de família que transforma qualquer boato em missa de domingo. Então o nosso critério virou: discrição acima de tudo.

— Não vamos com amigo nem com amigo do amigo — ela reforçou. — Nem vizinho. Nem ninguém da cidade.

— Eu concordo.

— E não vamos virar assunto. Se for pra dar errado, que dê errado e fique entre nós.

Começamos com perfis sem rosto, textos cuidadosos, sem frases de efeito. “Casal estável, buscando experiência pontual com homem discreto. Conversar primeiro. Sem correria.” As mensagens vieram com uma mistura previsível de malícia barata e silêncio absoluto. Teve um cara que mandou foto do abdômen com relógio caro no pulso e escreveu “confia”. Teve outro que parecia decente até começar a exigir “exclusividade”, como se quisesse namorar a gente. Teve um que se apresentou com uma educação impecável e três dias depois apareceu com uma lista de regras digna de condomínio — e não eram as nossas.

Aí entrou o Érico. A foto do perfil mostrava só o ombro e um pedaço do queixo, barba rala bem cuidada. O texto era simples. “Discreto. Moro em outra cidade, trabalho remoto, vou ao Rio às vezes. Experiência pouca no meio liberal. Prefiro conversar devagar. Sem pressa, sem exposição.” Ele não parecia ansioso. Não prometia o mundo. Escrevia frases inteiras, sem gírias de adolescente. E a gente tinha uma vaga lembrança dele de um curso que fiz há uns anos — não era amigo, não era conhecido direto, mas uma ponta de contato que, curiosamente, nos tranquilizou: alguém com CPF, não um fake.

As conversas começaram no aplicativo, foram pro Signal, depois migraram pra uma chamada de vídeo com câmeras ligadas. A Luana conduziu grande parte do papo. Eu falei quando precisou. A gente colocou as cartas na mesa: o porquê, o até onde, o que não fazer, as palavras que a gente usaria caso alguém quisesse parar. Ele não atravessou. Só perguntava e devolvia com humildade.

— Não sou de gravar nada, nem de fazer piada com intimidade — disse ele. — Se um dia a gente fizer, é pra ficar entre nós três. E só. Se vocês disserem “não”, é “não”.

— E se dissermos “chega”, para — acrescentei.

— Óbvio. — Ele riu de leve, quase constrangido. — Gente, eu não quero ser motivo de briga de ninguém. Se for pra somar, ótimo. Se for pra dar confusão, prefiro nem ir.

A decisão foi marcar um encontro neutro, cara a cara, pra tirar a temperatura. Restaurante, vinho, luz baixa, gente falando alto o suficiente pra garantir um ruído protetor. Combinamos uma sexta, oito e meia. Passamos a semana num misto de sangue acelerado e senso prático: arrumar casa, fazer faxina, alinhar “o que é ok e o que não é”.

Na sexta, a Luana demorou mais do que o habitual pra escolher roupa. E eu não reclamei do atraso. Tinha algo de ritual ali. Ela saiu do quarto com um vestido preto simples, alças finas, o cabelo cacheado preso num coque alto elegante, batom cor de boca. A pele dela — morena, de brilho quente — reluzia sob o abajur.

— Tá linda — eu disse, e não era gentileza.

— Obrigada — respondeu, ajeitando a alça no ombro. — Você também tá gato, viu?

Sorri. Peguei a chave, guardei o nervosismo no bolso.

O Érico já estava. Camisa de linho clara, blazer simples, as mãos visivelmente cuidadas, unhas limpas. Branco, olhos esverdeados, mais ou menos da mesma idade que nós dois. Levantou quando nos aproximamos.

— Prazer, enfim, ao vivo — ele disse, primeiro apertando a minha mão, em seguida a dela. — Obrigado por confiarem.

— Prazer — eu disse. — Vamos devagar, tá?

— O único jeito que eu sei.

A conversa começou com banalidades. Trabalho, trânsito, uma anedota sobre um garçom que confundiu dois pedidos na mesa ao lado. O vinho ajudou a desamarrar as frases. Eu percebi que ele olhava a Luana com interesse, mas um interesse controlado, respeitoso. Ela sustentava o olhar e desviava, como quem brinca de perder e se encontrar.

— Eu fico nervosa com a ideia de não me reconhecer — ela disse, honesta. — De achar que virei outra pessoa.

— Eu acho que a gente só dá nome ao que já é — ele respondeu, sem sentimentalismo barato. — Vocês são um casal lindo e estão tateando uma aventura. Não é tão diferente de mim. Acho que queremos as mesmas coisas e temos preocupações bem parecidas, vamos nos dar bem e aproveitar.

Eu ri.

— Boa avaliação. — E, ao mesmo tempo, refrão de bar. Só que, ali, funcionou.

O papo começou a ficar mais picante. Confessamos fantasias, falamos de nossas preferências na cama, do que seria ok ou não fazer. Eles trocaram flertes, eu incentivei. Aí veio o tropeço silencioso que nenhum de nós admitiu em voz alta naquele momento: a curiosidade e o calor começaram a atravessar qualquer bullet point.

A Luana tocou minha coxa por debaixo da mesa, e eu entendi o gesto: estava comigo. Na outra mão, encostou na borda do copo. O Érico não esticou o braço, não “invadiu”. Só falou mais baixo, as palavras quase sussurradas, como se testasse o efeito de cada som. Eu conheço a Luana, sei ler o arrepio no ombro, a flexão mínima da clavícula quando ela se anima. Eu vi ali. E vi o espelho em mim: o desejo e o ciúme dividindo espaço.

Ele propôs um beijo. Já víamos que tínhamos química, o papo fluía bem e o comportamento dele era bem respeitoso. Esse foi um movimento ousado, mas nos encontrou cheios de tesão. Luana só olhou para mim, esperando a minha reação.

Esfreguei as mãos, sentindo aquela ansiedade, sabia que sentiria ciúme, mas estava curioso para ver como ela se sairia:

— Por mim, ok. Acho que estamos indo muito bem…

Acariciei a mão dela sobre a minha coxa e assenti:

— Senta lá do lado dele, amor.

Ela parecia estar sem acreditar que estava mesmo acontecendo. Sorriu e foi se sentar ao lado de Érico, até um pouco tonta. Ele a recebeu com a mão em seu rosto, aproximando-a e a puxando para um beijo caloroso. Diria até apaixonado. Ela acariciou o braço dele e terminou sem fôlego:

— Uau.

Ela conseguiu dizer, sem palavras. E a partir daí a porteira se abriu. Sempre com o meu consentimento, eles chegaram a se tocar de maneira bem ousada em pleno restaurante, até que decidi que precisávamos aproveitar aquele clima. Já estávamos os 3 subindo pela parede.

— A gente pode ir lá pra casa — eu disse, e a frase saiu mais cedo do que deveria. — Se vocês quiserem.

— Vocês têm certeza? — ele perguntou.

Olhei pra ela. Ela assentiu. Não foi um “sim” impulsivo; foi um “sim” que sabia o que custava.

No elevador, o silêncio falou alto. Eu percebia o reflexo de nós três no aço escovado. A Luana ajeitou o cabelo uma última vez, e eu senti um frio na barriga, um medo parecido com o de mergulhar no mar à noite: a água já está lá, você já sabe nadar, mas não enxerga o fundo.

Antes de qualquer coisa, já dentro de casa, eu puxei os dois pra conversa de cinco segundos que a gente tinha combinado que faria mesmo que a vontade batesse forte.

— Última chance de pular fora, sem mágoa — eu disse.

— Eu fico — ela respondeu.

— Eu também — disse o Érico. — E… obrigado.

— Qualquer “para” é pra valer — completei.

Eles assentiram. Coloquei uma música baixa — nada de clima clichê, apenas a playlist de sempre das nossas noites de sexta. A sala ficou mergulhada na luz suave da luminária.

Luana já estava preparada. Por baixo do vestido, usava uma lingerie branca, toda rendada e transparente, que sumia na bunda empinada. Caminhou até mim devagar, mordendo os lábios, me encarando fixo. Segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou fundo, língua quente, saliva misturada. Quando se afastou, deu meia-volta rebolando só pra me provocar e foi até Érico, sentado no sofá. Montou de lado no colo dele, passando a mão pela nuca, e o beijou com a mesma fome, gemendo baixinho.

Se virou pra mim e chamou com o dedo, o olhar cheio de safadeza:

— Vem cá, amor…

Ela começou a alternar beijos entre nós dois, enquanto íamos nos despindo, as roupas caindo pelo chão da sala. Nossas mãos percorriam seu corpo: a cintura fina, a bunda cheia, os seios firmes. O tesão me dominou e falei firme:

— Vamos pra cama.

O ciúme batia só de pensar em outro homem na minha cama, mas o desejo falava mais alto. Luana assentiu com um sorriso excitado. Érico levantou, pegando-a no colo com força. Ela soltou um gritinho animado, rindo, e eu os guiei até o quarto.

Quando ele a deitou no colchão, fiquei observando cada detalhe: os mamilos já duros marcando o tecido da lingerie, a pele toda arrepiada, os lábios úmidos de tanta excitação.

Ela sussurrou, mordendo os lábios:

— Quero chupar os dois paus… agora…

Se colocou de quatro na cama, com a calcinha no meio das pernas. Arranquei a peça e ela já veio com a língua de fora, me engolindo de uma vez, sugando como se tivesse sede. A mão punhetava o pau de Érico, que estava duro e latejando, mas logo ela alternava, lambendo a cabeça, cuspindo, chupando cada um com a mesma vontade.

— Isso, sua putinha boqueteira… — Érico rosnou, segurando firme no coque dela e socando a boca dela até fazê-la engasgar.

Achei que ela fosse se zangar aí e o clima sumir, mas ela tossiu, cuspiu no pau dele e deu uma chupada bem ruidosa, babada, antes de voltar pra mim. Enfiou meu pau inteiro na garganta, se engasgando sozinha, os olhos lacrimejando, como se estivesse se desafiando.

— Olha só como essa vadia se acaba por dois paus… — ele riu, empurrando de novo.

Ela tirou só pra respirar, a boca brilhando de saliva, e me olhou com os olhos ainda lacrimejando, mas completamente safados:

— Amor… eu quero vocês dois… ao mesmo tempo…

A beijei, a boca cheia de gosto de pau, e sussurrei:

— Vai aguentar dois paus de uma vez, putinha?

— Vou sim… — ela respondeu com um sorriso malicioso, virando-se para Érico — Quero cavalgar em você enquanto meu marido esfola o meu cuzinho.

Fui buscar o lubrificante. Enquanto isso, Érico já tinha a virado de quatro e enfiava fundo nela, a bunda empinada rebolando a cada estocada. Os tapas ecoavam pelo quarto e ela gemia alto:

— Isso, mete mais forte, caralho!

Voltei e vi a cena: ela descendo de costas no pau dele, rebolando como uma louca. O corpo suado, os cabelos grudando no rosto. Me chamou com a voz manhosa:

— Ai, amor… tá tão gostoso sentar no pau dele… mete no meu cu também, vai, mete logo!

Encostei devagar na porta apertada do cuzinho dela e fui entrando, centímetro por centímetro. Ela gritou, misturando dor e tesão, enquanto se apertava em cima de Érico.

— Vai dar esse cuzinho pra mim também, vadia? — ele provocou, mordendo o pescoço dela.

— Só meu marido vai comer meu cu hoje… ahhh… vocês já tão me acabando… — ela arfava, gemendo alto, os olhos revirando.

Érico socava forte por baixo, a bunda dela batendo contra o quadril dele. Eu arrombava devagar por trás, sentindo cada contração do cu apertado. O corpo dela tremia entre nós, gemendo sem parar.

— Olha só essa putinha toda aberta… — ele riu, estapeando o rosto dela, sem machucar. Ainda olhei apreensivo, por ela não gostar daquele tipo de interação, mas ela estava totalmente entregue ao prazer.

— Vai, amor, continua, me destrói… quero gozar sendo fodida pelos dois! — ela implorava, sem fôlego.

Nossos corpos entraram num ritmo perfeito. O quarto inteiro cheirava a sexo, o som dos estalos da pele, os gemidos, os gritos de prazer dela. Ela se contorcia, suando, implorando por mais. Até que, num último soco fundo, gozamos juntos, os três, num caos de gemidos, xingamentos e tremores. Completamente em sintonia.

Caímos sobre a cama, exaustos, suados, ela espremida entre nós dois, com um sorriso sujo nos lábios, completamente fodida, descabelada e satisfeita.

Depois, veio o silêncio bom. Aquele silêncio que fica quando o bar termina a música, mas o corpo ainda dança por dentro. Eu senti as pernas pesadas, a cabeça leve. Vi a Luana com o rosto corado, os cachos grudando no pescoço pelo suor. O Érico ficou do lado, sem invadir a intimidade do pós, um respeito que eu agradeci silenciosamente.

— Eu tô… — a Luana procurou a palavra — acabada?

— Eu tô realizado — eu disse, e ri da própria cafonice.

— Eu vou pedir um carro — o Érico falou. — Foi… gostoso demais. Obrigado mesmo. E… desculpa se falei mais do que devia. Acho que a química bateu forte, talvez num próximo seja ainda melhor.

— Você não falou demais — eu disse. — E, ó… a gente foi meio responsável e meio irresponsável, né?

— É — a Luana concordou, mordendo o lábio. — A gente se deixou levar. A gente precisava conversar disso.

— Amanhã — eu propus. — Hoje a gente só… dorme.

Ele se despediu com um beijo no rosto da Luana e um abraço em mim. Nem perto de vulgar, nem distante demais. Fechou a porta devagar, e nós dois ficamos na sala com a meia-luz ainda ligada e o cheiro de corpo ainda no ar.

— Você tá bem? — perguntei.

— Tô. — Ela respirou fundo. — Assustada e… feliz. Eu senti uma coisa que não sentia há muito: um fogo de querer satisfazer dois homens gostosos ao mesmo tempo, não sei… Me deixei bem solta, do jeito que você queria ver, não é, safado?

— Quero você sempre assim.

Eu passei a mão nos cachos dela. Fomos pro banho como quem tira um sal depois do mar. Falamos pouco. Dormimos colados, de um jeito que tinha se tornado raro.

Os dias seguintes foram de digestão. Passei o sábado com um misto de orgulho e susto, um ciúme residual que eu tratei com honestidade, sem dramatizar. A Luana, por sua vez, ficou serena. Não distante — serena. A gente cozinhou, saiu pra comprar pão, trocou mensagens com piadas internas. No domingo à noite, voltamos ao assunto de forma prática, como dois sócios que conversam sobre a continuidade do negócio.

— Você disse que ia ser a minha vez — eu lembrei, sem cobrança. — E eu não quero que isso vire uma contabilidade. Mas… eu quero.

— Eu sei. E eu quero que você tenha — ela respondeu. — Mas a gente precisa corrigir o que a gente errou. A gente não pode, de novo, em hipótese alguma, se deixar levar e esquecer o básico. Camisinha. Limites. Não repetir parceiro. Não envolver conhecido. Umas regrinhas assim, né?

Eu concordei. A menção à camisinha doeu um segundo: um mea-culpa. Nós tínhamos combinado, mas a pressa e o vinho, e o jeito como as coisas aconteceram… Não tinha desculpa. Havia só o compromisso de não repetir.

— Eu vou falar com o Érico — a Luana disse. — Não pra repetir — ela se apressou — mas pra agradecer e pra dizer que foi… pontual. — Pelo jeito com que ele continuou nos procurando, parecia que queria repetir a experiência não uma, mas muitas vezes. — E vou pedir os exames dele, nunca se sabe. E… no mais, eu topo procurar uma mulher com você.

“Uma mulher com você.” O fraseado virou um mantra por alguns dias. A gente refazia o perfil, agora trocando a perspectiva. “Casal estável, procurando experiência pontual com mulher discreta, preferencialmente com experiência no meio.” As respostas vieram diferentes. Tinha de tudo. A maioria, fantasias grandiloquentes, gente querendo palco. A Luana — e isso foi uma surpresa boa — ficou mais à vontade do que eu imaginava. A conversa com mulheres tinha outra temperatura; menos performática, mais objetiva.

Até que apareceu a Clara — ruiva, pele queimada de sol, sarda que a foto deixava ver como uma poeira dourada no nariz. Ela se apresentava como “hotwife” com autonomia, com um marido que às vezes participava, outras não. Experiência, rotina de segurança, limites claros. E uma coisa que me pegou: ela se interessava por casais onde a mulher era parte central, não “figurante”.

— Eu prefiro que vocês dois estejam confortáveis — ela disse na primeira chamada, aberta, com câmera, rosto à mostra. — Eu posso brincar com a Luana, mas não quero que pareça disputa. A prioridade é o prazer de vocês dois, e o de vocês dois inclui a relação de vocês.

— Eu fico com receio de não saber interagir — a Luana confessou. — Eu não… tenho muita referência com mulheres.

— A gente descobre o ritmo juntas — a Clara sorriu, tranquila. — E se não rolar, a gente para. Sem drama.

O combinado: motel. Território neutro, sem vínculo com a nossa casa, sem cheiro de nós depois. E, dessa vez, regra sem negociação: camisinha sempre. Nada de vídeo, mesmo que o marido pedisse. Seria um encontro que não se repetiria. A Clara topou tudo sem cara feia.

No sábado à noite, o quarto do motel tinha a sobriedade quase clínica de quem já viu de tudo. Luz amena, espelho grande que a gente ignorou, uma caixa de som bluetooth com músicas genéricas. A Clara chegou cinco minutos depois da gente, com um vestido verde que acentuava o tom do cabelo. Era bonita de um jeito calmo, sem esforço. Cumprimentou a Luana com um abraço leve, me cumprimentou com um beijo no rosto e riu do próprio nervosismo.

— Eu sempre fico com frio na barriga — ela disse. — É bom sinal. Tira a nossa soberba.

— Eu… tô tremendo — a Luana confessou, e eu vi aquilo como um tipo de vitória. Tremer de tesão é diferente de tremer de medo.

— A gente vai no passo de vocês — a Clara respondeu, firme. Olhou pra mim. — E hoje o protagonista é ela, tá? — apontou o queixo pra mim com uma leveza divertida. — Você me prometeu isso no chat.

A Luana riu.

— Prometi.

Eu também ri. Não era riso de nervoso. Era riso de quem está disposto a não estragar o momento com solenidade.

Começamos como da primeira vez: Luana me beijando com vontade, colada no meu corpo, enquanto Clara veio se juntar a nós, quase se enfiando no meio do beijo. Segurou nossas cabeças com delicadeza e, de repente, estávamos em três línguas se roçando, trocando saliva, um beijo triplo intenso que eu nunca tinha experimentado antes.

Clara tomou a iniciativa de novo, virando-se para cima da Luana. Beijou minha esposa com fogo, abrindo espaço com a língua enquanto puxava o vestido dela para cima. Luana correspondeu, mas com certa hesitação, como quem ainda se acostumava com o toque de outra mulher. Clara percebeu, mas não se intimidou: deu um sorrisinho safado e provocou:

— Vem, amiga… vamos deixar seu homem maluco.

Diminuindo a pressão sobre a Luana, Clara passou a me provocar junto com ela. As duas mãos femininas me explorando, alternando beijos, chupadas no meu pescoço e nos meus mamilos, até que começaram a me despir. Luana, lembrando-se da primeira vez, colou a boca no meu peito, chupando forte meus mamilos, enquanto Clara já se ajoelhava e engolia meu pau, mostrando toda a malícia de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

A ruiva fazia manobras com a língua dentro da boca, rodando em volta da cabeça, engolindo fundo, cuspindo e voltando, me deixando tenso de prazer.

— Vai ter que se segurar pra aguentar nós duas, bonitão… — Clara disse, parando para me olhar com um sorriso malicioso, limpando a boca com a mão.

Voltamos a nos beijar em trio até que elas se deitaram lado a lado no colchão, abrindo as pernas para mim. Me joguei entre elas, passando a língua primeiro em uma, depois na outra, alternando até me lambuzar por inteiro, o cheiro de tesão subindo no quarto. Sabia exatamente como levar minha esposa rápido ao limite, e Luana foi a primeira a gozar, gemendo alto, se contorcendo com minhas lambidas.

Ainda ofegante, ela me puxou pelo braço, me interrompendo enquanto eu chupava Clara, e falou no meu ouvido:

— Vai, amor… mete nela.

Ela mesma conduziu a ruiva para ficar de quatro na cama, abrindo as bandas da bunda dela com as mãos e me chamando com o olhar enquanto eu vestia a camisinha. A visão era de enlouquecer: minha esposa exibindo outra mulher pra mim. Me controlei para não gozar cedo demais e meti fundo em Clara, que gemeu alto logo na primeira enfiada.

— Isso, caralho… mete mais forte! — ela gritou, rebolando contra mim.

Continuei fodendo com força, e quando ela se estabilizou, retribuiu:

— Agora traz a tua mulher… quero ver ela ser fodida também.

Colocamos deitada na beirada do colchão, num frango assado delicioso: eu metendo na Luana com força, e Clara chupando chupando os peitinhos da minha esposa enquanto se masturbava. O quarto inteiro ficou tomado por gemidos, respirações fortes e o som dos estalos da pele.

— Porra… não vou segurar muito tempo não… — eu avisei, já tremendo.

Luana me empurrou de repente, me parando no meio da foda. Se levantou, os cabelos bagunçados, e falou séria, quase mandando:

— Quero que você se lembre bem dessa cena, amor.

Se ajoelhou diante de mim, puxando Clara junto. As duas se posicionaram lado a lado, encarando meu pau latejando. Então, juntas, começaram a dividir ele, cada uma lambendo, chupando, alternando. Às vezes uma engolia até a base enquanto a outra chupava minhas bolas. Em outro momento, Luana babava na cabeça enquanto Clara lambia meu pau inteiro com a língua de fora.

A sensação era insuportável de tão boa. Clara ainda desceu até o períneo, passando a língua pelo meu ânus, o que me fez soltar um gemido forte, surpreso com o prazer.

— Não vou aguentar, meninas… — avisei, com a respiração falhando.

— Goza, amor… — Luana disse, olhando nos meus olhos — Goza olhando pra gente.

O orgasmo explodiu. Gozando na boca da minha esposa enquanto Clara chupava minhas bolas, senti meu corpo dar câimbra de tanto prazer. Luana sorriu santista, foi cuspir na pia do banheiro e limpou a boca com um sorriso.

Caímos na cama. Clara se deitou abraçada em mim, enquanto Luana logo veio se juntar. Não havia clima de desconforto: minha esposa parecia tranquila, como se estivéssemos apenas terminando mais um “trabalho bem-feito”.

Depois de um tempo, Clara nos deu um beijo nos lábios e disse com um sorriso:

— Foi uma delícia. Se nunca mais acontecer, tudo bem… se acontecer de novo, a gente conversa.

Se vestiu e foi embora. Ficamos no quarto no escuro, apenas ouvindo o barulho do ar-condicionado e a respiração ainda acelerada dos dois.

— Eu tô… feliz — eu disse, e a palavra me soou pequena.

— Eu também — ela respondeu, deitada de lado, um braço por cima do meu peito. — E mais tranquila. Eu achei que ia sentir culpa, ou vergonha, e eu… não senti. Eu senti que você tava feliz, e eu fiquei feliz por isso também. Senti ciúme? Senti, mas o prazer foi maior…

— Eu fiquei orgulhoso de você — eu disse. — Do jeito que você conseguiu estar.

— E do jeito que você conseguiu se entregar a experiência também.

Beijamos de leve, sem pressa de sexo, com pressa de carinho. Voltamos pra casa naquela madrugada com uma paz que eu não lembrava de ter. Dormimos juntos, dormimos bem, dormimos depois de ter estado muito acordados.

Dois meses passam rápido quando a vida está boa. Trabalho, pequenos planos de viagem, almoço com família, piada interna que vira senha de casal. E uma vontade mansa de transar que, pra minha surpresa, tinha voltado a morar com a gente. Não igual a um filme sem corte, mas com uma frequência boa, sem agenda, sem aplicativo de desafio.

Atraso. Primeiro, ela falou como quem não quer admitir. “Deve ser estresse.” Depois, como quem precisa confirmar uma hipótese só pra tirá-la do caminho. Eu fui na farmácia, comprei o teste, voltei com água e chocolate. A gente esperou olhando pro nada. As duas linhas apareceram sem dúvida alguma.

— Caramba — eu disse, e o “caramba” foi uma palavra aberta, que cabia medo, alegria, susto, tudo junto.

A Luana chorou. Eu abracei. Choramos os dois no banheiro, sentados na beirada da banheira como dois adolescentes que fizeram arte e descobriram que a arte virou vida. Nos dias seguintes, fizemos exame de sangue, marcamos obstetra, ligamos pra minha mãe e a dela com uma euforia quase infantil. Foi bonito. Foi muito bonito.

E foi aí que a sombra entrou. Não como uma tempestade, mas como uma nuvem que estaciona.

Eu fiz as contas. Ela fez as contas. O primeiro encontro com o Érico, o motel com a Clara, as semanas depois, a data provável da concepção que o médico indicou. A margem de erro cabia na palma da mão.

— E se… — eu comecei, e não consegui terminar.

— Eu sei. — Ela fixou os olhos nos meus, um segundo a mais do que costuma. — Eu já me fiz essa mesma pergunta.

Não foi acusação. Não foi silêncio covarde. Foi a admissão de que a casa que a gente vinha reformando podia ter ganhado uma rachadura nova no alicerce.

— A gente vai lidar com isso juntos — eu disse, como quem tenta construir um chão enquanto pisa. — Sem fofoca. Sem família. Só nós.

— Só nós — ela repetiu, e segurou minha mão. O aperto foi firme. Mas, debaixo do firme, um tremor quase invisível.

À noite, quando a casa dormiu e a cidade baixou o volume, eu deitei de lado e fiquei olhando o teto. Pensei na palavra “pai” como quem encosta a língua numa ferida pequena pra ver se dói. E doeu, mas também havia uma felicidade genuína com a gravidez dela.

Eu não sabia se a nossa reforma tinha sido a causa da corrente que agora batia na porta. Eu só sabia que — por amor, por decisão, por teimosia — eu ia segurar a maçaneta com a Luana. O resto, a gente veria como se vê maré de ressaca: um passo pra trás, outro pra frente, até aprender a altura certa do corpo. Estaríamos preparados para qualquer hipótese?

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Comentários

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Um conto muito proveitoso,com lições,prazeres e momentos bons e turbulentos na vida de um casal. E no fim,o resultado inesperado de toda essas aventuras.

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