Com Você Descobri o Amor-1

Um conto erótico de AYOON
Categoria: Gay
Contém 1330 palavras
Data: 21/08/2025 05:56:19

Elijah tinha apenas vinte e dois anos, mas carregava no corpo e na alma cicatrizes muito mais antigas. Perdera a mãe cedo, e três anos depois o pai, Augusto, se casara com Laura — a amante de longa data.

A infância de Elijah foi marcada pela ausência e pela dor. Laura, sua madrasta, era implacável: tratava-o como um animal, ou talvez pior. Ele cresceu malcuidado, cercado por insultos e castigos, como se a própria casa fosse uma prisão.

Ainda assim, contra toda a crueldade, herdara a beleza suave de sua mãe, Sarah. O corpo era delicado, pequeno, a pele clara marcada por hematomas de cores variadas — cada mancha, um testemunho de violência. Seus olhos, de um azul profundo e cintilante, contrastavam com os fios dourados que caíam sobre o rosto, como se escondessem tanto sua dor quanto sua resistência silenciosa.

Já era tarde da noite quando a voz estridente de Laura cortou o silêncio da casa, chamando por Elijah. Ele já estava deitado, tentando se agarrar a alguns instantes de paz, quando a porta foi arrombada num supetão.

Elijah se assustou, pulando na cama e agarrando-se ao fino edredom como se fosse um escudo inútil.

— Eli! Quantas vezes vou ter que gritar pra você me obedecer?! — rugiu Laura, a voz carregada de fúria.

— Eu… eu não ouvi a senhora… me perdoe… — balbuciou ele, o coração acelerado.

Ela se aproximou com passos duros, o olhar cheio de desprezo.

— Cale a boca! Sempre com desculpas… Você é fraco, inútil. Desde que Augusto morreu, não passa de um peso morto nessa casa.

Elijah engoliu em seco, o estômago revirando. Cada palavra era como um golpe, e a certeza o atravessava como faca: agora, ele estava completamente sozinho diante daquela mulher que o tratava pior que um bicho.

Laura agarrou o queixo de Elijah com firmeza, fazendo-o erguer o rosto para encará-la.

— Amanhã, tome um banho e vista-se bem… — disse, com um sorriso frio e cruel — eu meio que… posso ter vendido você.

O corpo de Elijah tremeu. Cada palavra dela era uma sentença. A sensação de impotência e medo o sufocava, e o quarto, antes seguro e silencioso, parecia agora uma cela apertada, sem saída.

Elijah recuou, mas Laura apertou ainda mais o queixo dele, obrigando-o a olhar nos olhos dela.

— Não tente fugir com o olhar, garoto — rugiu. — Amanhã, você vai estar impecável. E se não estiver… bem, espero que goste do sofrimento.

Ele engoliu em seco, sentindo o gosto amargo do medo na boca. Cada batida do coração parecia gritar que ele estava sozinho, sem ninguém para protegê-lo.

Laura soltou o queixo dele e recuou alguns passos, cruzando os braços.

— Durma agora. Amanhã, você começa sua nova vida… ou o que resta dela.

Elijah se deitou novamente, os olhos fixos no teto, tentando ignorar o aperto no peito. A ameaça dela não era apenas física: era completa. Ele sabia que, quando amanhecesse, sua existência inteira poderia ter sido vendida, entregue a quem pagasse mais.

O silêncio do quarto, pesado e sufocante, era agora mais cruel do que qualquer grito. Ele estava sozinho, completamente à mercê de Laura, e a sensação era insuportável.

Elijah não conseguira pregar os olhos a noite inteira. O silêncio do quarto e o eco das palavras de Laura ainda pulsavam em sua mente.

Sem pensar duas vezes, desceu as escadas descalço, sentindo o frio do piso sob os pés, cada passo um lembrete doloroso de sua vulnerabilidade.

Na cozinha, começou a preparar o café de Laura, as mãos trêmulas, o corpo alerta a cada som da casa. O cheiro do café recém-passado mal conseguiu acalmar o nó no estômago dele; o medo e a ansiedade permaneciam firmes, lembrando-o de que cada gesto seu era vigiado, cada erro poderia ser fatal.

O som de passos ecoou pelo corredor antes mesmo de Elijah terminar de servir o café. Laura entrou na cozinha com a presença imponente que sempre o fazia encolher.

— Bom dia, meu pequeno inútil — disse, tomando o café que ele preparara com um olhar crítico. — Espero que não tenha queimado nada.

Elijah engoliu em seco, evitando cruzar o olhar com ela.

— N-não, senhora… — gaguejou, a voz trêmula.

Ela se inclinou um pouco, apoiando as mãos na bancada, os olhos frios e penetrantes.

— Veja bem, Eli… — murmurou, como se cada palavra fosse um golpe — amanhã você precisa estar pronto.Quem te comprou não quer desculpas, não quer falhas. E eu espero que você seja… perfeito.

O garoto sentiu um arrepio percorrer a espinha. Cada frase era uma sentença, e cada gesto de Laura lembrava que ele não tinha para onde fugir. A cozinha, antes neutra, parecia agora um tribunal, e ele, o réu indefeso, prestes a ser entregue a quem decidisse seu destino.

Elijah terminou de arrumar a cozinha com mãos trêmulas, cada movimento pesado pelo cansaço da noite sem sono. O cheiro do café já não o confortava; só lembrava que, a cada gesto, ele precisava agradar alguém que podia destruí-lo com um simples olhar.

Ele se encostou na parede, respirando fundo, tentando acalmar o nó no peito que teimava em crescer. Cada sombra da casa parecia se alongar, cada rangido do piso sob os pés ecoava como uma ameaça.

Por um instante, fechou os olhos e se imaginou em outro lugar, longe de Laura, longe de tudo isso. Mas a imagem desapareceu tão rápido quanto veio. A realidade voltava com força: ele estava sozinho, pequeno, vulnerável, e cada passo que dava agora podia definir seu destino.

Elijah sentiu as mãos suarem e o coração disparar. Não havia escolhas. Não havia proteção. Havia apenas ele… e o mundo cruel que o esperava.

Elijah subiu novamente as escadas, cada passo pesado pelo nervosismo e pela fome que nem lembrava ter sentido. No quarto, abriu o armário com mãos trêmulas, escolhendo a roupa com cuidado. Cada peça precisava estar impecável — ele sabia que qualquer deslize seria notado e punido.

O espelho à sua frente refletia não apenas seu corpo jovem e delicado, mas também os hematomas e marcas que contavam a história de sua vida. Ele passou a mão pelo cabelo, tentando domá-lo, enquanto o coração disparava. O medo de Laura ainda pairava sobre ele como uma sombra constante.

Ele respirou fundo, tentando encontrar alguma força dentro de si, mesmo que mínima. Cada detalhe importava: sapatos limpos, roupas alinhadas, postura discreta. Não havia espaço para erros. Elijah sabia que, em breve, estaria diante de alguém que o comprara, alguém que poderia decidir tudo sobre ele.

A ansiedade fazia sua respiração acelerar, mas ele não tinha escolha. Precisava sair do quarto, enfrentar o dia, enfrentar o mundo cruel que Laura havia colocado sobre seus ombros. E assim, com passos silenciosos, Elijah se preparou para o inevitável.

Laura levou Elijah até a porta, e ele desceu as escadas com passos lentos, o corpo tenso. Ele estava impecavelmente vestido, como Laura exigira: camisa limpa e bem passada, calça alinhada, sapatos polidos. Cada detalhe refletia a perfeição forçada que ela esperava dele.

— Mais rápido, garoto — ordenou Laura, sem olhar para trás. — Jonas pagou caro por você. Não estrague isso com sua lentidão.

Elijah engoliu em seco, sentindo o peso das roupas formais sobre o corpo frágil e trêmulo. Apesar da aparência impecável, ele continuava vulnerável, consciente de cada sombra, cada olhar, cada passo.

A rua fria cortava seu rosto, e a cidade parecia maior e mais hostil do que nunca. Laura caminhava à frente, conduzindo-o com firmeza, como se ele fosse um objeto. Em poucos minutos, chegaram à Boate Duran. Luzes piscavam, refletindo tons vermelhos e azuis sobre o asfalto molhado, enquanto a música pulsante reverberava pelas paredes.

Ela empurrou a porta da boate com autoridade.

— Jonas está esperando — disse, com um sorriso cruel. — E ele pagou caro por você. Agora é hora de se comportar.

Elijah a seguiu, tenso, os olhos arregalados diante do luxo decadente da boate. Cada batida da música parecia martelar contra seu peito, lembrando-o de que estava à mercê de Laura… e do homem que havia comprado sua vida.

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