São 5h da manhã. Depois de nenhum sinal de vida, ouço um carro chegando e saltos subindo os degraus da minha casa. A porta finalmente se abre e Rebecca surge, já de pé, ansioso e apreensivo, esperando na sala.
Como ela está? Moída. Ruborizada, maquiagem desfeita, vestido desgrenhada, cabelo bagunçado. Ela me olha e sorri, jogando a bolsinha no sofá.
- Ainda acordado?
— Até que enfim, hein... pensei que o barzinho tinha virado retiro espiritual. Não vi nenhuma notificação, postagem, nada.
— Ai amor, o tempo voa quando a gente tá se divertindo... nem vi passar.
-Engraçado... eu vi. Vi cada minuto. E vi também que você não postou nada. Que bar é esse que não tem nem uma storyzinha?
— Ah, hoje eu quis viver o momento... sabe, offline... mais presente.
— Presente pra quem, hein?
— Ué... pra mim, claro. Eu mereço um mimo de vez em quando, não acha?
— Depende do tipo de mimo. Foi ele que te deu?
— Credo, amor... que interrogatório. Tá achando que sou suspeita de quê?
— De ser deliciosa demais pra voltar com essa carinha aí e fingir que só tomou drink.
— Hmm... talvez eu tenha tomado... algo mais forte. - e me lança aquela cara de puta dominadora que só ela sabe fazer.
- Mais forte? – eu já pergunto me arregando de tesão. Estou prestes a ouvir a confissão que finalmente meu tão sonhado chifre chegou?
— Mais forte... mais jovem... mais... intenso.
Passa por mim, sinto seu perfume caro e delicado, misturado a um outro mais barato e marcante. Ela para na cozinha para beber agua, e bebe com sede. Ela está ali — encostada no batente da cozinha, ainda suando, as pernas um pouco afastadas, como quem ainda sente o peso do corpo dele. Você observa cada detalhe. Rebecca sabe disso. E joga com isso.Ela bebe a água em goles lentos. Um filete escorre do canto da boca e desce pelo queixo até o colo. Ela não limpa. Deixa escorrer.
Eu respiro fundo, engole seco. E começo:
— Então... foi com ele?
— Quem?
— Não se faz de boba. O novinho. Aquele que você dizia ser "só amigo". O estagiário da academia.
— Ai, você com essa mania de dar nome pras coisas... às vezes um nome só atrapalha - ri de leve.
— Você foi com ele?
- Você acha que eu fui com ele ? = levanta a sobrancelha, divertida, cúmplice, sabendo que está me dando prazer ao me torturar.
- bom, minha cabeça está doendo....e meu pau... bem... – digo olhando pra baixo mostrando que estou absurdamente duro.
Ela vem até mim com aquele perfume barato de macho pobre. Me abraça, ela é da minha altura, mas fica mais alta de salto.
- Está doendo aqui e aqui? – e dá um beijinho da minha testa, e aperta meu pau de levinho.
- Sim... – eu gemo, sentindo e imploro – me conta, me diz como foi.
— Tô só esticando o voo. Pra que pousar tão rápido, se a turbulência é a parte mais divertida?
- Rebecca, eu sou corno?
— Você sempre vai direto ao ponto, né? Já pensou se perdesse a melhor parte do caminho por pressa de chegar no fim? Se tivesse te contado de forma seca, mandado mensagem, você já tinha gozado. Olha agora o prazer enorme que estamos tendo...
— Rebecca...
E encostando o nariz no meu, diz
— Tava com saudade de você me chamando assim... sério, tenso, mordendo as palavras.
— Eu quero saber o que você fez.
Encostando a boca no meu ouvido e sussurrando
— E eu quero que você imagine. Porque a dúvida... ah, amor... a dúvida tem mais potência que qualquer verdade.
Ela se afasta devagar, caminha em direção ao quarto, rebolando com a naturalidade de quem sabe o que está fazendo comigo. Antes de fechar a porta, ela vira o rosto e lança:
- Venha, senhor detive, venha descobrir o que aconteceu com sua esposinha, gostosa, toda puta, na presença de um novinho de 20 anos....
Vai tirando o brinco, a pulseira, se desfazendo, ainda de salto, as pernas à mostra. Saiu linda e claramente está acabada.
— Você voltou diferente. Não é só cheiro... é o jeito. Os olhos. Você tá vermelha.
— É o corpo voltando pro ritmo de casa. Dá um tempo...sabe quando você fica o dia todo no mar, e depois de sair ainda sente o mar balançando em você. É assim que estou. Ainda sentindo... o balanço... os trancos... o peso.... dele...
Estava acontecendo, ela estava revelando; meu pau explode no pijama, e eu só consigo persegui-la pela casa e colher amostras de tudo o que aconteceu – evidências e certezas.
— Ele fez algo que eu não faço?
— Fez o que eu deixei fazer. E não fez o que eu guardei pra você.
— E o que você guardou?
— Essa pergunta devia vir com um espelho. Pra você ver o quanto sua dúvida te excita – diz passando o dedo na minha boca, comigo encarando-a.
— Você gozou?
Me encara com aquele olhar firme, doce e cruel.
— Gozar tem muitos níveis, amor. Às vezes, a cabeça explode antes do corpo. Às vezes, o corpo entrega tudo, mas o coração fica quieto.(pausa)E às vezes... a gente só treme por dentro e finge que ninguém viu.
— Você tremeu?
ela se olha no espelho, desfaz o coque, deixa o cabelo cair nos ombros. O reflexo mostra algo no rosto dela — não é arrependimento. É algo entre plenitude e travessura. Cumplicidade, como alguém que vai dar um presente.
— Tô aqui. Inteira. Sua. Mas marcada de formas que talvez você nunca veja. Só sinta.
(ela se vira) E mesmo assim... você ainda me quer?
— Quero. Mas do jeito que você voltou.
-Então para de perguntar. Me sente. Me cheira. Me lê.
(sussurra) E aceita que hoje... eu vivi algo que talvez eu nunca te conte. Mas que vai te fazer gozar só de imaginar....
Eu trepido de tesão a avanço sobre ela, voraz, com fome, com raiva, com ciúme, com gratidão, com admiração. Ela se exibe, como uma vitória, como quem diz, “ olha o que e fiz”.
Ela de desvencilha e se deita na cama, pernas abertas.... ajoelha... ela me manda...
Rebecca sorri. Mas não como antes — o sorriso agora é mais lento, mais silencioso. Quase melancólico. Quase cruel.
Ela me olha como quem carrega uma verdade nas mãos… e decide entregá-la inteira.
- Ajoelha e me chupa, porque hoje você não vai comer, porque hoje você vai fazer, finalmente, seu papel de corno, manso.
Está feito. Caio de boca na minha puta traidora.
Ela arqueia e geme... e confessa em aforismos e gemidos.
— “Ele mordeu minha coxa…”
(as pernas dela se abrem mais, como se oferecessem de novo aquela carne exposta)
— “Desceu lambendo devagar…”
(ela arqueia o quadril, busca mais com o corpo do que com palavras)
— “Me segurou forte… não tinha como fugir…”
(as mãos cravam nos lençóis, os dedos se fecham, ela estremece)
— “Enfiou o pau sem dó... o pau... que pau....
(o quadril dela pulsa uma, duas vezes, ritmado, como se marcasse o momento)
— “Eu gritei. Gritei e ele não parou…”
(a cabeça vira de lado, os cabelos colam no rosto, o peito sobe e desce)
— “Ele me chamou de vadia e sorriu…”
(ela morde o lábio, um riso entre prazer e loucura escapa)
— “Me fodeu com fome… com raiva…”
(ela empurra sua cabeça com força, o corpo tenso, trêmulo)
— “Meu gozo veio rápido… tão rápido…”
(as coxas se apertam por um segundo, depois relaxam, molhadas)
— “Eu gozei no caralho dele… gozei mesmo…gozei berrando”
(ela se contrai por dentro, a respiração falha, o gemido foge abafado)
— “E ele ainda pediu mais…”
(ela geme mais alto, o quadril sobe contra sua boca, sem controle)
— “Me virou de bruços… me puxou pela cintura…”
(as mãos buscam o colchão, o corpo tenta se virar — meio gesto, meio memória)
— “Enfiou os dedos, me abriu toda…”
(ela se contorce, o abdômen encolhe, a pele arrepia)
— “Disse que era dele. E eu disse sim. Eu disse sim…”
(as pernas estremecem, a cabeça vira pra trás, a voz quebra)
— “Disse que era dele. E eu disse sim. Eu disse sim…”
(as pernas estremecem, a cabeça vira pra trás, a voz quebra)
Ela está no limite — do corpo, da lembrança, da entrega.
EU sinto cada tremor como um eco do outro.
Mas agora é a minha boca que está nela.
Ela goza e me puxa para o rosto dela, um beijo, um agradecimento e o selo da cumplicidade.
- Quantas vezes você gozou hoje, meu amor?
- Com essa, foram dez.