Capítulo II
Ykaro
— Estou te falando que ele é legal e está procurando alguém para dividir o aluguel — Stella tenta me convencer a aceitar a proposta que um cliente me fez.
— Não sei Stella, não conheço ele muito bem e fora que o cara parece bêbado, não acho que seja sério — bem essa é uma razão, mas a verdade é que já percebi que o cara é gay e não tenho amigos gays, tipo não por preconceito, só não tenho mesmo.
— Você mesmo disse que tem que entregar o apartamento amigo, vai se sentir um idiota por perder essa oportunidade, eles estão sempre aqui e fora que já sai algumas vezes com o colega dele que também está na mesa.
— Beleza, mas tenho certeza que depois que a bebedeira passar ele nem vai lembrar que me convidou.
Bem foi o que pensei, mas depois de levá-lo para casa — pois Adriano nem aguentava ficar de pé sozinho — ele meio que me recebeu muito bem e até foi fácil estabelecer os termos do nosso acordo de colegas de casa. Não posso reclamar ele me deu um quarto com banheiro e a melhor parte é que tanto o quarto quanto o restante da casa já estão mobiliados, pelo preço que acordamos está valendo muito a pena.
Antes de precisar de um lugar para ficar eu vivia muito bem com meus pais, só que quando meu pai morreu em um acidente de trabalho minha mãe passou por momentos muito difíceis e só veio melhorar quando conheceu meu padrasto, o problema é que o cara é um merda e nunca me aceitou, era tanta briga que uma noite eu não pensei, só juntei minhas roupas numa mochila velha e sai de casa.
Tive que largar a escola no último ano, precisava trabalhar, passei meses alternando entre a casa dos meus amigos até arrumar um emprego de garçom em um restaurante caro, a grana era boa e o trabalho não era difícil. Com o tempo fui usando meu dinheiro para fazer cursos de barman e por consequência acabei me tornando barman do restaurante — passei a ganhar ainda mais dinheiro. Tudo ia bem até a esposa do dono começar a dar em cima de mim, de início negou toda e qualquer investida dela, gosto de mulher, mas mulher casada não faz meu tipo.
Fui resiliente até onde deu, mas água mole em pedra dura — pois é já sabe né — passei a ter um caso com ela, Bruna me dava presentes e até chegou a pagar meu aluguel, ao todo passamos seis meses tendo esse caso, não era amor, só sexo, ela curtia e eu já estava me acostumando a ter as coisas que ela me oferecia além de seu corpo é claro. Tudo ia muito bem, só que algumas clientes começaram a dar em cima de mim também — quando se é o barman a mulherada pira — e isso começou a despertar o ciúmes da minha amante, meio sem lógica admito, mas quem entende as mulheres?
As brigas com ela passaram a ficar mais frequentes, eram sempre as mesmas desconfianças, até que uma noite por pura birra, apenas para irritá-la aceitei ir para casa com uma cliente — também casada, mas o marido trabalha viajando e quase nunca estava em casa — isso foi um divisor de águas na minha vida, porque depois da Tânia conheci os prazeres e a rentabilidade de trabalhar como Michê de mulher rica e entediada. Por conta do restaurante foi fácil conseguir as primeiras clientes, só que quanto mais meu segundo negócio cresceu e evoluiu mais a esposa do chefe ia ficando puta comigo, um belo dia quando cheguei para trabalhar fui chamado na sala do dono e ele me demitiu sem muitas explicações a respeito, mas imagino o que tinha falado para ele.
Ainda passei três meses como michê, ganhei muito dinheiro, porém realizar fetiches das mulheres nem sempre é uma coisa boa, uma delas queria me dar o dobro para comer o marido dela também, só que isso para mim é demais. Refletindo sobre isso entendi que não existe dinheiro fácil e que valeria mais a pena voltar a trabalhar com bedia, assim como começou do nada minha profissão de michê se foi do nada da mesma forma. De vez em quando me sinto tentado a aceitar propostas que ainda recebo, porém bastar pensar um pouco para ver que não é uma boa ideia.
Quando fui demitido já tinha bastante experiência como barman então não foi difícil arrumar trabalho, atualmente estou em um bar, não é um salário muito alto, entretanto consigo ganhar a vida com algo que realmente gosto. Tem duas semanas só que comecei aqui, mas estou gostando, conheci a Stella no primeiro dia e ficamos amigos no mesmo instante. Stella é uma gata e claro que a gente transou depois de três dias de trabalho, ela me levou para casa dela e o sexo foi uma loucura, só que na manhã seguinte conversamos e achamos melhor ficar só na amizade mesmo.
— E aí como foi na morada nova? — Stella estava certa, Adriano é um cara legal, até arrumei a casa e fiz uma lasanha para agradecer.
— Foi bom, já devolvi a chave do apartamento e catei minhas coisas de lá — morava só pois tinha a grana dos programas que fazia além do salário de Barman, mas depois que parei de ser michê minha reserva começou a torrar bem mais rápido do que o esperado até chegar no ponto que não dava mais para continuar morando sozinho, mesmo em um apartamento pequeno.
— E como foi como foi as coisas com seu namorado? — Me refiro ao amigo do Adriano.
— Foi como normalmente é, a gente transa e é perfeito, mas aí ele começa a chorar se sentindo mal depois, ele tem uma culpa cristã muito forte — estranho imaginar um cara gigante como ele chorando depois de transar com a Stella.
— Tem certeza que esse cara gosta de mulher? — Stella me encara com reprovação — desculpa, é só que é estranho alguém chorar depois de transar com uma gata que nem você.
— Ele é muito crente, ou pelo menos era, enfim é complicado.
— Você só se envolve com caras complicados Stella — estou rindo da cara que ela faz.
— É, eu tenho o dedo podre mesmo — sua mão bate de leve no meu braço algumas vez e entendo sua indireta.
— Nem vem, a gente resolveu não transar de novo para você não viciar — sempre tiramos onda com o fato de termos transado e agora somos amigos.
— Até parece, antes de mim você nem sabia o que era uma cavalgada descente, deve ser por isso que depois de mim você não comeu mais ninguém.
— Tem duas semanas só — digo em minha defesa.
— Eu já transei — ela joga a prova de seu argumento na mesa e sai vitoriosa desfilando pelo salão.
Stella é a mulher mais gata e inteligente que já conheci, ela é esperta e sabe muito bem o que quer, não gosta de joguinhos e nem fica se fazendo de modesta, curto essa marra toda que ela colocar, a verdade é que a gente só presta para um lance casual, namorar não está nos planos dela e nem muito menos nos meus, de mulher ciumenta na minha vida já basta minha antiga chefe — que até hoje me manda mensagem, mesmo sendo casada ainda com meu antigo patrão. Não respondo suas mensagens, não quero que ela saiba onde estou trabalhando e nem muito menos onde estou morando, ela é bem capaz de aparecer de surpresa.
O bar é frequentado por todo tipo de gente e normalmente lota, ainda mais nas sextas que temos promoção de cerveja. Já estou acostumado a ser cantado por clientes, mas aqui diferente do restaurante acabou levando cantada de muitos homens também e não estou muito acostumado com isso, é meio desconfortável, mas entendo que faz parte do trabalho. O dono não nos impede de ficar com clientes, porém temos que ter consciência e prudência nesses flertes que acontecem durante o horário de trabalho.
— E ai vai ver o seu namorado hoje? — O movimento está mais calmo, estamos perto de fechar e Stella veio me ajudar a abastecer os freezers para amanhã.
— Não, ele está em uma festa e provavelmente vai para casa depois, porque você quer ir lá para casa? — Ele chega bem perto tanto que consigo sentir seu perfume.
— Se você quiser estou livre, só não sei se consigo chorar depois — não vou deixá-la esquecer desse carma tão cedo.
— Você é um fresco, mas sua sorte é ser bonito — ela me dá um selinho e bate na minha bunda antes de sair.
O trabalho acaba e meio que indo no “colar colou” acompanho Stella até em casa e o que era uma piada vai tomando forma, já entramos no apartamento aos beijos e deixando as roupas pelo caminho até o quarto, ela é muito gostosa, meu pau está pulsando só com seu beijo. Chegamos a sua cama com ela completamente nua e comigo de cueca, meu pau está tão duro que já começa a manchar minha cueca com meu pré gozo. Stella deita com as pernas abertas me dando livre acesso a sua buceta molhadinha, amo chupar uma mulher safada que nem ela. Suas mãos seguraram meus cabelos e seus gemidos de prazer preenchem o espaço do quarto inteiro.
— Chupa filha da puta.
Enquanto a língua explora cada curva, cada canto da sua intimidade, Stella se contorce, suas unhas cravando em minha nuca. O cheiro e seu sabor são viciantes. Eu desço e subo, ritmando os movimentos, sentindo o pulso da excitação dela. Ela arfa, sussurrando meu nome entre gemidos, e eu sei que estou no caminho certo. A cada sucção, ela arqueia o corpo, e a vibração em minhas mãos, segurando suas coxas, me diz o quão perto ela está de gozar. O clímax se anuncia com uma série de espasmos, e ela grita meu nome, soltando-se em meu rosto. O sabor doce e salgado era a prova da sua entrega total.
A pele dela, agora úmida e quente, roça na minha enquanto me levanto. Tiro a cueca, sentindo meu pau latejar. Stella me olha de baixo, os olhos semicerrados, um sorriso lascivo nos lábios. Ela estende a mão e me puxa para perto, guiando meu pau já completamente duro para a entrada da sua vagina. Sinto a ponta roçar nos lábios inchados, e ela geme baixinho, um som que me excita ainda mais.
Com um movimento lento, deslizo para dentro dela. O encaixe é perfeito, apertado e molhado. Stella suspira e me abraça forte, enterrando o rosto no meu peito. Fico parado por um instante, sentindo nossos corpos unidos, o calor dela me envolvendo por dentro. O cheiro dela, agora misturado ao meu, toma conta do quarto.
Começo a me mover devagar, entrando e saindo, sentindo a textura macia e quente da sua vagina me apertar a cada movimento. Stella acompanha meu ritmo, movendo os quadris de encontro aos meus, os gemidos aumentando de intensidade. Suas mãos passeiam pelas minhas costas, apertando meus ombros enquanto aprofundo as investidas.
O ritmo acelera, nossos corpos se chocando com mais força, o som dos nossos gemidos e dos nossos corpos se encontrando ecoando pelo quarto. Sinto que estou perto, a pulsação aumenta, e Stella grita, as pernas apertando minha cintura. Dou mais algumas estocadas profundas e sinto o prazer me invadir, um espasmo incontrolável que percorre todo o meu corpo. Juntos, atingimos o ápice, nossos corpos tremendo em sincronia.
Ficamos abraçados por um tempo, ofegantes, nossos corações batendo forte. O silêncio do quarto é preenchido apenas pelas nossas respirações. Lentamente, nos separamos, nossos corpos ainda colados pelo suor. Stella me olha com um sorriso cansado, mas satisfeito.
— Você é foda, Ykaro — ela sussurra, passando a mão pelo meu rosto.
— Você também não é nada mal, Stella — respondo, beijando sua testa.
Nos enroscamos nos lençois, o cansaço tomando conta de nós. O sexo com Stella é sempre intenso, uma explosão de prazer que nos deixa exaustos e incrivelmente conectados. Sei que somos apenas amigos com benefícios, mas nesses momentos, sinto algo mais forte, uma cumplicidade que vai além do físico. Mas amanhã, provavelmente, voltaremos à nossa rotina, às brincadeiras e à amizade descompromissada. Por agora, aproveito o calor do seu corpo junto ao meu e o conforto do momento.
Aparentemente morar com Adriano vai ser fácil, já que ele trabalha no horário em que estou em casa e quando saio para o meu trabalho é a vez dele de está em casa. Ao que parece iniciamos uma tradição de deixar comida um para o outro, pois encontro um delicioso bolo de chocolate dentro da geladeira. Vou pensar em algo para deixar ele quando voltar. Dormi na casa da Stella, quer dizer que estive lá até agora, dormir mesmo é o que pretendo fazer agora.
Meu novo quarto é perfeito para dormir esse horário, pois não pega sol o que o deixa bem fresco e com a janela fechada fica bem escuro também, tem também o bônus de morarmos em uma rua demasiadamente silenciosa — Stella acertou muito quando me fez aceitar essa proposta, mas nunca vou admitir isso a ela, ou então vai ficar com toda se achando por um bom tempo. Quando acordo já são duas da tarde, Adriano deve voltar para casa lá pelas cinco, ele trabalha em uma callcenter ou seja só seis horas, entre as dez da manhã e sai às dezesseis, leva um certo tempo até chegar aqui por isso estou colocando que ele estara em casa as cinco. Esse é o exato horária em que tenho que está no bar, entramos às cinco para deixar tudo em ordem, abrimos as dezoito e funcionamos até às duas da manhã, só aos Sábados que o chefe nos paga a mais para trabalharmos até às cinco, no domingo ele chama outro barman e eu fico com a folga no domingo e segunda, ele nos dá a opção de folgar esses dois dias e o que seria nossa diária desse dia vai para os folguistas, quem quiser pode trabalhar, mas eu meio que já me acostumei a ter o domingo e a segunda de folga e no final do mês não vai pesar na minhas contas, minha diária é bem interessante já e sou um cara organizado com meus gastos.
Amanhã talvez eu passe mais tempo em casa já que é minha folga e o Adriano deve trabalhar, porém vou estar em casa provavelmente quando ele voltar. Ainda estou com um pouco de sono, mas preciso comer alguma coisa, pois estou com fome e também dia de sábado não temos muito tempo para comer, até tenho uma hora de intervalo, mas na prática meu descanso só é tirado no início do expediente ou já no final, isso quando não tiro direto sem ter meu intervalo.
Faço uma macarronada de linguiça mesmo, por ser mais prático, já faço em uma quantidade que dê para o meu colega de casa comer quando chegar do trabalho. Ele deve voltar com fome e imagino que é sempre bom já ter um jantar esperando em casa. Aproveito umas duas horinhas que ainda tenho para dormir e assim matar completamente meu sono, hoje vai ser puxado no trabalho, eu "tou" é vendo. Ainda bem que consegui descansar. Saindo de casa vejo o Adriano chegando, nos cumprimentamos com aceno de cabeça, ele entra em casa e eu sigo meu rumo para o trabalho.