Primeiramente gostaria de agradecer o carinho que eu tenho recebido. Espero que continuem gostando.
Depois do shopping, deixei o Lucas em casa. Já passava das seis da tarde, o céu começava a ganhar tons alaranjados. Ainda tive tempo de cumprimentar a dona Débora. Dei um selinho no Lucas antes de ir embora — era a primeira vez que fazia isso na frente de alguém, e me senti leve, feliz. Mas antes que eu pudesse sair, dona Débora me chamou:
— Você pode entrar um minutinho? Depois eu te levo em casa.
— Claro — respondi.
Voltei e entrei na sala. Lucas se jogou no sofá e puxou minha mão, me fazendo sentar ao lado dele.
— Bem, meninos, acho que chegou a hora de uma conversa mais séria — começou ela, com aquele tom de mãe que não dá espaço pra escapar.
Ela olhou diretamente pra mim:
— David, você me disse lá no dojo que queria namorar o Lucas.
Lucas virou o rosto pra mim, surpreso. Depois olhou pra mãe.
— Sim, dona Débora. Eu quero namorar o Lucas… se a senhora permitir.
— Bom… — ela cruzou os braços — isso quem tem que dizer é ele, né?
Me virei pro Lucas, peguei na mão dele e perguntei, olhando nos olhos:
— Lucas, você quer ser meu namorado?
Ele sorriu daquele jeito que fazia os olhos se fecharem. Uma das coisas que eu mais gostava nele era justamente isso: o sorriso. Era encantador.
— Sim. Eu quero.
— Muito bem — disse dona Débora, assentindo com a cabeça.
Ela era uma mulher de uns quarenta e poucos anos, morena clara, cabelos castanhos ondulados que caíam sobre os ombros. Muito bonita, apesar de carregar no olhar e nas mãos os sinais de quem já tinha enfrentado muita coisa na vida.
— Eu vou permitir o namoro de vocês. Mas com algumas condições, tá? — continuou, com a voz firme. — Vocês podem ficar aqui em casa ou na casa do David. Nada de ficarem namorando por aí na rua. Tem gente maldosa, vocês sabem disso. Não quero ninguém se metendo com vocês. Sempre estejam em casa ao anoitecer.
Ela seguiu listando regras, conselhos, cuidados… algumas mais leves, outras mais rígidas. Mas uma, em especial, me chamou atenção:
— David, eu já conheci sua mãe, mas quero conversar com ela de novo. Vamos marcar um jantar aqui em casa, com os pais de vocês. Quero que a gente se conheça melhor. Tá bem?
Assenti com a cabeça, meio nervoso, mas feliz. Aquilo tudo parecia um sonho. E o mais incrível: estava só começando.
Depois de mais alguns minutos de conversa, dona Débora me levou em casa. Dessa vez, Lucas foi comigo, colado do meu lado, abraçado, com a cabeça apoiada no meu peito. Eu fazia cafuné nos cabelos dele, sentindo o perfume suave que parecia já ter virado minha nova droga favorita.
Quando chegamos, dei um beijo de despedida nele, acenei para dona Débora e saí do carro. Ela só arrancou depois que me viu entrar pelo portão.
Ao abrir a porta, encontrei meus pais na sala, assistindo a um filme que meu pai tinha alugado na locadora. Reparei que, apesar do frio que fazia lá fora, os dois estavam suando, ofegantes, esparramados no sofá com aquela cara de “não estamos fazendo nada, juro”. O cheiro no ar não deixava muita dúvida.
Aproveitaram a tarde fria, com o filho fora de casa, pra transar. Fiquei meio constrangido no começo, mas logo bateu uma sensação boa. Meus pais também mereciam um momento só deles.
Pensei em falar do jantar com a dona Débora, mas deixei pra outra hora.
— Oi, pai. Oi, mãe.
Minha mãe ajeitou o cabelo, tentando disfarçar o embaraço.
— Ah, oi, David! Tem comida no forno pra você, viu?
— Obrigado… podem continuar namorando, vou pro meu quarto.
Falei rindo, meio provocador, e saí antes que eles tivessem tempo de responder. Subi com o coração leve, uma vontade boa de viver e o sorriso do Lucas ainda grudado na minha memória.
O domingo foi preguiçoso. Acordei tarde, fui até o orelhão da esquina e liguei pra casa do Lucas. Ele atendeu dizendo que ia sair com a mãe, então voltei pra casa e fiquei vendo TV mesmo, zapeando entre os canais abertos.
Antes do almoço, comentei com meu pai sobre o jantar com a dona Débora. Ele achou uma boa ideia, deu até um meio sorriso. Almoçamos juntos, e depois fui com ele assistir a um jogo de várzea no campinho perto de casa.
Notei, já ali, um certo afastamento dos amigos de sempre — tanto dos meus quanto dos dele. Como se a gente carregasse um aviso colado na testa. Edésio foi o único que veio falar com a gente.
— Oi, seu Lídio. Oi, David. Achei que vocês nem iam aparecer hoje.
— Por que, Edésio?
Eu até era meio intermitente nesses jogos de domingo, mas meu pai não — era figurinha carimbada.
— É que… o pessoal tá comentando, né, David. O “showzinho” de ontem lá no negócio do karatê já repercutiu.
Tinha me esquecido completamente disso. Algumas pessoas do bairro estavam no dojo e viram quando eu beijei o Lucas. A ficha caiu ali, junto com um peso no peito.
— Pai, desculpa…
Ele olhou pra mim com firmeza.
— Ei. Não se desculpe pelo que você não se arrependeu. Nem pelo que você não deve.
Antes que eu pudesse responder, veio um sujeito meio cambaleando, já bêbado. Um desafeto antigo do meu pai, desses que guardam rancor por esporte.
— E aí, Lídio… deixa o viadinho longe dos nossos filhos. Ele é má influência pros garotos.
Meu pai ignorou, virou as costas e continuou bebendo sua cerveja, impassível.
— Tô falando contigo! — disse o homem, puxando o ombro dele com força.
Meu pai se desvencilhou num gesto seco e firme.
— Vamos embora, David.
Comecei a segui-lo, quando ouvi o grito do Edésio:
— Cuidado!
Virei instintivamente — só deu tempo de ver a garrafa estilhaçando contra o rosto do meu pai.
Foi um caos. A turma separou a briga, alguns segurando o agressor, outros tentando acudir meu pai. O pai do Edésio, que estava por perto, se ofereceu para levá-lo pro hospital. Fui com Edésio pra casa, tinha que contar pra minha mãe.
No caminho, me senti um lixo. A culpa escorria por dentro de mim, pesada. Edésio até tentou me distrair com umas piadas sem graça, mas minha cabeça era só barulho e medo.
Assim que cheguei e contei tudo, minha mãe e eu saímos correndo pro hospital. Para nosso alívio, meu pai estava consciente. Levou alguns pontos no supercílio, mas estava liberado.
Quando vimos ele no corredor, minha mãe o abraçou forte, chorando. Ele, como sempre, tentou disfarçar, mas deu pra ver nos olhos dele: ainda que machucado, ele continuava firme. Por mim.
No dia seguinte, não fui pra escola. Meu pai saiu cedo pra registrar o boletim de ocorrência na delegacia. Eu fiquei em casa, calado, remoendo tudo.
No começo da tarde, a campainha tocou. Era o Lucas com dona Débora. Ele parecia preocupado. Ela, tensa.
— Oi, David… viemos saber como seu Lídio tá — disse Lucas, meio sem jeito.
— Tá melhor. Foi só o corte, mas… foi pesado — respondi, dando passagem.
Entraram. Minha mãe veio da cozinha, secando as mãos.
— Boa tarde — disse Débora. — Queria ter conhecido vocês de outra forma.
— Eu sei… a gente também — respondeu minha mãe.
Sentamos na sala. Lucas ficou perto de mim, mas não disse muito. Dona Débora olhava em volta, inquieta.
— Esse tipo de coisa assusta. A gente cuida, protege, mas tem coisa que escapa — ela falou, quase mais pra si mesma.
Houve um silêncio curto. Lucas me lançou um olhar de culpa contida.
— Eu fiquei com medo… — murmurou.
Peguei na mão dele, discretamente.
— Eu não me arrependo.
Dona Débora suspirou. Se levantou logo em seguida.
— Depois a gente fala sobre o jantar. Foi bom saber que ele está bem.
Ela fez um aceno de cabeça pra minha mãe e saiu. Lucas ainda me deu um abraço apertado antes de seguir com ela. Fiquei ali, parado na porta, com a cabeça cheia e o peito mais ainda.
No dia seguinte, na escola, eu não sabia como agir. Andava de mãos dadas com o Lucas ou fingia que ainda éramos só amigos? Todo mundo já sabia o que tinha acontecido — tanto no dojo quanto com meu pai.
Na saída, três garotos se juntaram para nos confrontar. Eram os mesmos que jogaram a toca do Lucas no chão no dia em que nos conhecemos.
— Olha só, os dois Bambis… estão aí — um deles debochou.
Fechei a cara, mas, diferente da outra vez, não consegui intimidar ninguém. O líder do trio se aproximou, me encarando.
— Já te respeitei, David. Até descobrir que você é bichinha.
Não pensei. Tava puto. Aproveitei a proximidade e dei uma cabeçada no meio da boca dele. Ouvi o som seco dos dentes quebrando e senti o corte abrindo na minha testa.
Os outros dois vieram pra cima. Lucas, mesmo com medo, reagiu. Girou o corpo num chute rasteiro, com a perna colada ao chão, derrubando um deles de bunda no meio-fio. O cara caiu chorando, gritando de dor no cóccix. O terceiro arregalou os olhos e saiu correndo.
Quando olhamos ao redor, uma rodinha de alunos já tinha se formado. Todos em silêncio, assustados.
Levei o Lucas até em casa, só pra ter certeza de que ele chegaria bem. Dona Débora não apareceu — talvez não estivesse em casa.
Voltei pra minha, com a testa ardendo e a cabeça ainda mais. Sentia como se tudo aquilo fosse culpa minha. Por ter beijado o Lucas em público. Por ter escolhido não esconder.
Mas lá no fundo… eu sabia que não me arrependia.
Mais tarde, já no fim da tarde, dona Débora apareceu na minha casa. Estava claramente irritada. Lucas não a acompanhava.
Minha mãe a recebeu na sala, mas ela foi direta:
— David, eu soube da briga. E quero explicações.
Fiquei em pé, sem saber se sentava ou fugia dali.
— Eu sabia da sua fama no colégio — ela continuou —, mas preferi não ser preconceituosa. Quis dar uma chance. Lucas nunca brigou na escola. Nunca. Sei que vocês estão enfrentando desafios, mas violência não é solução. Dois dias de namoro… e meu filho recebe uma suspensão por causa de briga?
A voz dela tremia.
— Estou seriamente pensando em rever minha permissão para esse namoro.
Respirei fundo.
— Dona Débora, o Lucas nunca brigou na escola porque nunca reagiu ao abuso que sofria. Sempre calado, sempre apanhando quieto. Aqueles três... são os mesmos que humilharam ele no dia em que nos conhecemos. Eu entrei no meio naquela vez, e entrei de novo agora.
Ela cruzou os braços, mas não disse nada. Continuei:
— Sei que violência não resolve tudo. E a gente errou, sim. Mas de uma coisa eu tenho certeza: depois de hoje, esses caras não vão mais mexer com ele. Tem hora que a gente precisa se defender. E, se a senhora conhece mesmo o filho que tem, sabe que ele só brigaria se não houvesse outra saída.
Houve um silêncio tenso. Então, de repente, ela desmoronou. As lágrimas vieram sem aviso.
— Eu só… — a voz saiu trêmula — eu só não quero que aconteça com o Lucas o mesmo que aconteceu com a Tiffany.
E eu entendi. Aquilo não era só sobre briga, nem sobre mim. Era sobre algo que ela já tinha perdido… e não podia perder de novo.
Eu não quis cutucar mais a ferida. Só me sentei ao lado dela em silêncio. Minha mãe, com aquele jeito calmo dela, se aproximou e a abraçou sem dizer nada.
Entre prantos, dona Débora desabafou:
— Eu não quero mandar o Lucas pra longe também… eu quero meus filhos perto de mim. Mas… — ela respirou fundo, tentando conter o choro — se for pra escolher, eu prefiro eles longe e seguros… do que perto de mim correndo perigo.
Ficamos ali, quietos, todos engolindo a dor do que foi e o medo do que ainda podia ser.
Já estávamos perto das férias de julho e, com a suspensão de uma semana, decidimos emendar tudo. Tanto eu quanto o Lucas estávamos com notas boas o suficiente pra isso. A escola que nos perdoasse.
Ajeitamos com dona Débora de passarmos alguns dias num sítio da família dela. A ideia era simples: dar um tempo, respirar longe dali e deixar os acontecimentos recentes esfriarem na memória das pessoas.
Meu pai tinha tirado alguns dias de atestado por causa do corte no supercílio, mas precisaria voltar antes pro trabalho. Então iríamos minha mãe e eu, Lucas e dona Débora. Só nós quatro.
O sítio era dela, mas quem morava lá mesmo era um casal de caseiros idosos. Segundo dona Débora, gente de confiança, que já estava com a família há décadas. Um lugar simples, afastado, mas com tudo o que a gente precisava: silêncio, natureza e distância.
Por um instante, parecia que as coisas iam acalmar. E, pela primeira vez em semanas, isso soou possível.
A viagem até o sítio, em Guararema, durou pouco mais de duas horas. Fomos num carro só, minha mãe e dona Débora na frente, conversando baixo, enquanto eu e Lucas íamos atrás, dividindo os fones do walkman. O tempo estava nublado, mas a estrada era bonita, cercada de mato alto, cheiro de terra molhada e aquele clima típico de inverno no interior — frio sem exagero e um céu preguiçoso.
De vez em quando Lucas encostava a cabeça no meu ombro, e a gente trocava olhares cúmplices, como quem dizia: “Estamos longe de tudo agora”.
Ao chegarmos, fomos recebidos pelo casal de caseiros. Ele se chamava Francisco, mas todo mundo chamava de tio Chico. Era um senhor magro, encurvado, de fala mansa e sorriso fácil. Sua esposa, dona Almerinda, nos recebeu com café passado na hora e um bolo de fubá ainda quente.
O sítio era simples, com uma varanda grande de madeira, redes armadas e o som constante dos pássaros ao fundo. Um silêncio bom, diferente, que parecia lavar a alma.
Era exatamente o que a gente precisava. Um pouco de paz.
Nós ajeitamos minha mãe e eu em um dos quartos de hóspedes. Lucas já tinha seu próprio quarto ali no sítio, assim como dona Débora. O lugar era espaçoso, simples, mas aconchegante.
O sítio tinha uma piscina, mas estava frio demais pra isso. Então decidimos fazer um churrasco. Tio Chico ajudou com o fogo, dona Almerinda ficou na cozinha preparando umas farofas, e as mães acabaram bebendo um pouco a mais do que o previsto. Dormiram as duas no meio da tarde, no sofá da varanda, cobertas até o queixo.
Lucas e eu ficamos conversando amenidades, jogados nas espreguiçadeiras de madeira. O sol tímido dava uma sensação de paz. Foi aí que percebi que estávamos completamente sozinhos.
— Lucas… posso te perguntar uma coisa?
— Pode — respondeu ele, virando o rosto na minha direção.
— O que aconteceu com a sua irmã?
Ele demorou um pouco para responder. Respirou fundo, os olhos fixos em algum ponto do mato lá longe.
— Ela estava no primeiro semestre de Odonto, na UBC. Voltava pra casa de trem, todo dia. Da estação até em casa, tinha que passar por um posto de gasolina, onde sempre paravam carretas. Um dia, dois caminhoneiros perceberam que ela era trans. Achando que ela fazia programa, tentaram forçar alguma coisa. Quando ela recusou, bateram nela. Só pararam porque o frentista — que era conhecido nosso — chegou e separou.
Ele engoliu seco. Eu não disse nada, só ouvi.
— Mas ela já estava muito machucada. Passou dias no hospital. Isso foi uns dois anos antes do meu pai falecer. Ele… ele culpou ela. Dizia que, se fosse “homem como devia ser”, isso nunca teria acontecido. Assim que ela teve alta, ele mandou ela pro Japão, pra morar com o irmão dele.
Fiquei em silêncio, tentando digerir aquilo.
— Mas meu tio é diferente. Mais compreensivo. Recebeu ela como ela é. Desde então, ela mora lá. Tá terminando a faculdade… e diz que, quando se formar, quer voltar.
Olhei pra ele. Havia um peso nos olhos do Lucas que não combinava com o sorriso doce que ele sempre tinha. Um pedaço de dor antiga, não curada, que ele carregava calado.
— Ela vai voltar, Lucas — eu disse, quase como uma promessa. — E vai encontrar um lugar melhor.
Ele assentiu, sem dizer nada. Mas naquele silêncio, eu soube que precisava proteger ele — e tudo o que ele amava — com o que eu tivesse.
Para aliviar o peso de uma conversa triste, puxei Lucas para o meu colo e lhe dei um beijo leve, demorado, sentindo o calor de seus lábios. Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse se entregando a um momento de paz. Deslizei a mão por sua coxa, subindo lentamente por dentro da bermuda, sentindo sua pele fria arrepiar-se ao meu toque até alcançar sua virilha.
— Tá muito frio — murmurei, com a boca ainda próxima à dele. — Vamos nos esquentar lá dentro.
Ele assentiu com um sorriso tímido, e nos levantamos sem pressa, deixando o vento da tarde e as lembranças pesadas para trás. Entramos na casa e fomos para seu quarto. Quando ele se virou para trancar a porta, abracei-o por trás, beijando suavemente seu pescoço. Minhas mãos deslizaram por sua cintura e barriga, explorando com calma. Ao ouvir o clique da chave, sinal de que estávamos sozinhos, deixei minha mão, provavelmente fria, escorregar para dentro de sua calça. Senti seu membro retrair-se com o choque térmico, mas logo ele começou a crescer em minha mão, uma sensação quente e pulsante.
Eu já estava rígido, encaixado perfeitamente atrás dele. Comecei a acariciá-lo com movimentos leves, enquanto Lucas rebolava sutilmente, roçando suas nádegas contra mim. Com a mão esquerda, abaixei sua bermuda, mantendo a direita ocupada em massageá-lo. Foi um pouco difícil, mas consegui. Quando fiz menção de me afastar, ele segurou minhas mãos, impedindo-me de sair, e, com um gesto ousado, abaixou minha calça de moletom junto com a cueca. Pela primeira vez, senti sua pele quente contra a minha, nossos corpos se roçando em um ritmo lento e provocante.
Com a mão esquerda, comecei a pincelar a entrada de seu ânus com meu membro latejante. Ele virou o rosto pela primeira vez desde que entramos no quarto, os olhos brilhando de desejo e uma ponta de nervosismo, e perguntou:
— Vai doer?
— Vou ser gentil com você, meu amor — respondi, surpreso com a naturalidade com que as palavras saíram. Nunca havia chamado alguém assim, e o sorriso que ele me deu fez meu coração acelerar.
Lucas caminhou até a cama, apoiou os joelhos no colchão e inclinou o corpo, um convite irresistível. Não hesitei. Aproximei-me e comecei com a boca, explorando seu ânus com a língua, mergulhando o mais fundo que podia enquanto massageava seus testículos. Depois, tracei uma linha com a língua entre seu ânus e o saco, arrancando um gemido mais alto. Com uma mão, alisava e apertava suas nádegas, enquanto a outra preparava-o para o que viria. Introduzi um dedo, fazendo movimentos circulares para relaxar os músculos. Quando ele se acostumou, adicionei um segundo dedo, chupando seus testículos com calma. Ao inserir um terceiro dedo sem resistência, soube que ele estava pronto.
Posicionei-me de joelhos atrás dele e pressionei a cabeça do meu pênis. Ele se retraiu levemente, talvez com medo, mas acariciei suas costas e sussurrei:
— Calma, meu amor, pode relaxar.
Segurei sua cintura com as duas mãos e o puxei devagar, até sentir suas nádegas encostarem em minhas coxas. Tirei quase completamente, deixando apenas a cabeça, e o puxei de volta. Ele soltou um gemido de prazer, meu sinal para começar um movimento de vai e vem, acelerando aos poucos até que eu estava investindo com toda a força. Lucas gemia, dizendo meu nome entre suspiros:
— Isso, que delícia, David... Aí, David!
Ouvi-lo gemendo meu nome enquanto eu o possuía me deixou louco de tesão. Nunca senti tanto desejo em uma transa. Quando senti o clímax se aproximando, avisei, e ele pediu:
— Goza na minha cara.
Fiquei surpreso com a ousadia daquele garoto tímido, mas atendi seu pedido. Gozei em seu rosto, que exibia uma expressão safada, com a boca entreaberta. Não resisti e o beijei, mesmo com meu sêmen escorrendo no canto de sua boca. Ele sorriu, satisfeito. Percebi, então, que me empolguei tanto que esqueci de fazê-lo gozar. Antes que eu pudesse reagir, ele disse, com um tom provocador:
— Acho que agora é a minha vez.
Fiquei surpreso — nunca tinha sido passivo. Mas, depois do orgasmo incrível que ele me proporcionou, não podia negar nada a Lucas. Sorri e disse:
— Divirta-se.
Deitei na cama, abrindo as pernas. Ele desceu, beijando minha barriga, lambendo meu pau ainda mole. Ergueu meus testículos para ter uma melhor visão e caiu de boca, repetindo os mesmos movimentos que eu havia feito nele. Mas Lucas queria mais. Após me deixar molhado, posicionou seu membro pequeno e bonito na entrada do meu ânus e forçou. Talvez pelo tesão ou pelo tamanho dele, não doeu; entrou com facilidade. Ele começou a se mover devagar, olhos fechados, completamente entregue. Apesar de ser uma experiência nova para mim, eu estava adorando. Ver Lucas em êxtase por mim era incrivelmente prazeroso.
Ele anunciou que iria gozar, e eu respondi:
— Pode gozar dentro.
Ele deu aquele sorriso que fechava os olhos, que eu adorava, reservado para momentos de pura felicidade. Senti dois jatos quentes dentro de mim, uma sensação aconchegante. Exausto e suado, ele caiu ao meu lado.
Nos vestimos rapidamente para evitar sermos pegos por nossas mães, mas adormecemos abraçados, envoltos na intimidade daquele momento.