O outro cap 48 Uma Surpresa para Júlio

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 5390 palavras
Data: 09/07/2025 19:45:42
Última revisão: 09/07/2025 21:45:16
Assuntos: Gay, Brigas, Chantagens

O outro 48 Uma surpresa para Júlio

Os gritos de Vanessa despertaram a atenção de Júlio, que percebeu que Luciano se aproximava de Leandro armado com um canivete.

Ágil, Júlio segurou Leandro pela cintura, puxando-o para si e girando para tirá-lo da direção de Luciano, derrubando-o ao chão.

Rubens correu o mais rápido que pode e conseguiu deter Luciano, envolvendo os seus braços nos ombros do jovem, que se debatia como um animal feroz, sedento pelo sangue de Leandro.

_ Você está bem, meu amor?_ Júlio perguntou a Leandro, preocupado e ao mesmo tempo aliviado pelo amado estar em segurança. Tocava carinhosamente em seu rosto.

_ Me solta!_ Leandro gritou, levantando-se.

Júlio percebeu que Rubens não daria conta de deter a fúria de Luciano e correu para retirar o canivete das mãos do namorado.

_ Vanessa, entre no carro agora!_ Júlio ordenou.

A menina em pânico não sabia como reagir. Permaneceu parada olhando a cena.

_ Entra, Vanessa!

A voz de Júlio soou tão grave que provocou tremores na jovem. Sem pensar, entrou no carro e se encolheu.

_ Me soltaaaaa! Eu vou acabar com esse desgraçadooooo! Eu vou acabar com ele!

Leandro olhava para Luciano transtornado e não conseguia compreender o motivo de o jovem o odiar daquela forma. Estava tão assustado que se viu sem reação.

Em questão de segundos, Júlio e Rubens arrastaram Luciano de volta para o carro e partiram.

...

Por volta das 14:35, Abner despertou do cochilo pós-almoço ao som da campainha. Levantou-se do sofá vestindo apenas uma cueca preta boxer e foi atender a porta sonolento.

Para a sua surpresa, Leandro se atirou em seus braços. Parecia estar muito assustado, buscando um pouco de conforto e proteção naquele abraço.

_ Meu amor, o que aconteceu?_ Abner perguntou puxando Leandro para dentro do apartamento e fechando a porta.

Leandro estava pálido e trêmulo. Sentou-se no sofá e narrou todo o ocorrido, quase ofegante. Abner ouvia sentindo o ódio crescer e tomar força dentro dele. Mas, procurou se conter para não assustar Leandro ainda mais.

Deu a Leandro um copo com água e acariciou o seu rosto para acalmá-lo.

_ Ele parecia um ser bestial vindo em minha direção! Ele queria me matar, Abner! Foi um horror! O que mais temo é pela Vanessa naquele apartamento com aquele louco!

_ E por que você a deixou ir com ele? Deveria ter impedido, porra!

_ Eu fiquei sem reação, Abner! Quando me dei conta eles já tinham partido! Eu não sei o que eu faço! Não quero a minha filha perto daquele maluco!

Abner pôs as mãos na cabeça, apoiando os cotovelos nos joelhos. Respirava fundo, tentando conter a raiva.

_ O Júlio é muito filho da puta! Com certeza ele tá fazendo a cabeça daquele desgraçado do Luciano! Ele está pondo o infeliz contra você, assim como fazia comigo. Júlio tá usando o Luciano para te prejudicar. Não só a você como a mim também. Lembra que ele falsificou aquelas mensagens para dizer que eu estava correndo atrás dele? Que merda!

_ A única coisa que me preocupa é a Vanessa. Eu vou lá buscá-la.

_ Não vai mesmo. Tá maluco? Eu não vou deixar que você vá para a cova dos leões.

_ Abner, ela é a minha filha e Luciano é um louco! E se ele fizer algo de ruim a ela?

_ Não vai fazer. Se Luciano quisesse machucar a Vanessa, tinha feito isso naquele dia. Ele só armou para afastar a Vanessa da casa. Ele sabe que se fizer mal a ela o Júlio não vai perdoar. Isso pode prejudicar o relacionamento deles. E além do mais, você vai estar com ela na segunda-feira.

_ Amanhã é a festa do meu aniversário. Júlio é tão filho da puta que vai proibi-la de ir.

Percebendo a tristeza de Leandro, Abner o abraçou.

_ Amor, não é justo nada disso que está acontecendo contigo. É nojento demais o Júlio usar a Vanessa para te prejudicar.

_ Eu não aguento mais isso, Abner! Até quando esse tormento vai durar?!

Leandro não quis mais segurar as lágrimas. Desabou sobre o colo de Abner, libertando todas as lágrimas possíveis.

_ Eu só quero a minha filha na minha festa de aniversário! É pedir demais? Júlio não tem esse direito! Não tem!

Abner o puxou para si e o abraçou novamente. Em pensamento, prometeu a si mesmo que Júlio não ganharia aquela batalha. Faria o que fosse necessário para que Vanessa comparecesse a festa de Leandro. Ah faria! Júlio querendo ou não, ela iria! Quem ele pensava que era para impedir uma filha de ir à festa de aniversário do próprio pai?

_ Amor, se acalme!

_ Como eu vou me acalmar, Abner?! O Júlio tá transformando a minha vida num inferno!

_ Eu sei! Mas você precisa ser forte! Eu tô aqui para te ajudar.

_ Por mim cancelava essa porra de festa!

_ Claro que não! Não vamos dar esse gostinho para o Júlio! A Val está preparando tudo com muito carinho e investiu dinheiro. Ela vai ficar muito chateada se você cancelar.

_ Eu não tô com cabeça pra nada.

_ Vamos fazer o seguinte: você toma um banho e pega uma roupa minha emprestada. Fica deitado na minha cama enquanto eu preparo um lanchinho para nós dois.

_ Abner, eu tô uma pilha de nervos! Não vou conseguir pôr nada na boca.

_ Então só tome um banho e um daqueles seus remédios para dormir. Relaxe.

_ Eu não trouxe remédio nenhum saí de casa às pressas. E não tenho receita médica para comprar.

_ Não se preocupe. Eu tenho um amigo que trabalha numa farmácia daqui perto. Ele desenrola pra mim sem receita. Agora só relaxa, minha vida.

Abner o beijou do jeito mais carinhoso que poderia. Pôs os lábios sobre os de Leandro e deu um selinho demorado. Em seguida, beijou a sua testa.

Mesmo a contra gosto, Leandro seguiu o conselho de Abner. Tomou um banho e vestiu um short de pijama do namorado. O medicamento chegou alguns minutos depois.

A princípio, foi difícil adormecer. Mesmo com todo conforto do quarto e o ar condicionado deixando a temperatura agradável, a cena de Luciano furioso vindo em sua direção o perturbava. Sem contar que a preocupação com Vanessa o deixava com o coração acelerado. Rolava na cama tenso, o que deixava Abner agoniado.

O medicamento fez efeito alguns minutos depois, o que o levou a adormecer profundamente.

...

Leandro despertou assustado depois de ter um pesadelo com Vanessa. Demorou alguns segundos, deitado sobre o travesseiro olhando para janela até que se recordasse onde estava.

Ao olhar para o lado, não viu Abner na cama e gritou por seu nome, mas o apartamento continuou silencioso.

Levantou, ficando sentado na cama. Apanhou o celular e ligou para Vanessa.

Para a sua desagradável surpresa, foi a voz de Júlio que ouviu do outro lado da linha.

_ Eu quero falar com a minha filha. Leandro exigiu, demonstrando raiva na voz.

_ Ela está de castigo e teve o celular confiscado. O que você quer?

_ Júlio, eu quero falar com a minha filha e você não pode me negar esse direito! Eu não confio a minha menina sob o mesmo teto que o seu namorado maluco.

_ A Vanessa está mais segura comigo do que na sua casa, onde ela convive com um michezinho de quinta, posta fotos com roupas indecentes nas redes sociais e vai parar na balada com um namorado vagabundo. Você não era assim, Leandro! A convivência com o seu amante está te deixando desmiolado e eu não vou permitir que isso afete a minha filha.

Leandro não conseguiu controlar o ódio intenso que sentia. O seu rosto ficou vermelho e uma veia do seu pescoço alterada. Aumentou o tom de voz de um jeito que poderia ser ouvido de longe.

_ Seu filho da puta! Quem você pensa que é para falar assim comigo? Você não passa de um merdinha! É uma bosta de pai! Negligencia a própria filha por causa de macho, é imoral promíscuo e ainda quer me julgar? Você se recusou a passar o carnaval com ela para poder viajar com o seu sugar baby! Tirou a sua filha de casa por causa de macho e jogou toda a responsabilidade para mim! Eu sempre cuidei da Vanessa desde que ela era pequena. Enquanto você usava o trabalho como desculpa para a sua ausência, o que na verdade você estava de putaria na rua! Júlio, se esse desgraçado do Luciano tocar num fio de cabelo da minha filha, eu juro que mato vocês dois! Eu acabo com vocês!

_ A Vanessa está bem, Leandro.

_ Eu não confio em você. Eu exijo falar com ela.

_ Aqui você não exige nada!

Júlio desligou sem aviso, o que deixou Leandro ainda mais furioso. Perdendo totalmente o controle, Leandro atirou o celular na cama.

Uma onda de nervosismo invadiu o seu corpo, libertou um choro preso e gritava de agonia. Jogou o seu corpo sobre a cama chorava desesperado.

Ao entrar no apartamento, trazendo em mãos uma sacola parda, Abner se assustou com os gritos do namorado. Pôs a sacola na mesa da sala e correu para o quarto.

A cena de Leandro aos prantos na sua cama o deixou extremamente preocupado.

Abner se aproximou de Leandro correndo. Sentou ao seu lado, segurando o seu rosto.

_ O que aconteceu, meu amor?

_ O Júlio...como eu odeio aquele homem! O que eu mais quero na vida é vê-lo mortooooo! Morto!

_ O que aquele desgraçado fez desta vez?

Leandro relatou a conversa ao telefone, o que deixou Abner ainda mais bravo.

_ Leandro, você precisa se acalmar.

_ Que mané me acalmar, porra! É a minha filha que está com aquele cretino! E se ele fizer algo contra ela? Se ele surtar e fizer mal a minha filha só para me atingir? Eu não posso ficar aqui de braços cruzados, enquanto aquele maluco está perto dela.

_ Leandro, a sua mãe está vindo para cá ficar com você. Eu vou ter que sair e...

_ Como é que é? O mundo está desabando na minha cabeça e você tá pensando em sair?! Porra, Abner! E que papo é esse de minha mãe vindo pra cá?

_ A sua mãe está vindo pra cá, porque é a única pessoa disponível para cuidar de você no momento. A Val está ocupada com os preparativos da festa e a Patrícia tá cuidando da livraria.

_ Ah é? E o senhor, aonde vai?_ Leandro perguntou em tom de deboche. Estava com muita raiva com o fato de Abner inventar uma saída durante aquela situação.

_ Eu vou buscar a Vanessa.

Leandro arregalou os olhos, surpreso.

_ Como? Se o Júlio não quer entregá-la a mim, acha mesmo que vai entregá-la a você? Ficou maluco?

Abner pôs as mãos nos ombros e de Leandro e o olhou no fundo dos olhos de um jeito tão terno que transmitia segurança.

_ Amor, eu só te peço que confie em mim. Eu vou trazer a Vanessa para a sua festa de aniversário. É um direito seu ter todas as pessoas que ama a sua volta nesta data. Eu juro que vou fazer isso sem causar nenhuma confusão. Só preciso que você confie em mim. Me dá esse voto de confiança?

Leandro hesitou um pouco. Não via possibilidade de Abner levar Vanessa sem causar nenhuma confusão. Mas, acabou cedendo, pois não via outra possibilidade.

Não demorou muito para que Angela chegasse ao apartamento. Foi recebida por Abner e cumprimento entre os dois foi de um jeito frio, o que demonstrava que ela não tinha por ele nenhuma simpatia.

Ao ver Leandro com os olhos vermelhos e inchados, denunciando os longos momentos de choro o abraçou.

_ Oh, meu filho. Me parte o coração te ver deste jeito. Ah, se aquele desgraçado tivesse conseguido te machucar, eu juro que o mataria.

Leandro não tinha forças para responder. Apenas voltou a se sentar no sofá, se ajustando a manta fina que cobria o seu corpo.

_ Bom, eu já estou indo. Não vou demorar._ Abner disse, dando um selinho em Leandro, se despedindo._ Angela, fique a vontade e...

_ Não se preocupe comigo._ Angela respondeu de um jeito áspero.

Abner saiu deixando os dois a sós.

_ Meu amor, você está péssimo. Precisa dormir um pouco para tirar essas olheiras e também dar um jeito nesse cabelo desgrenhado.

_ Mãe, eu não vou dormir enquanto a Vanessa não estiver aqui.

_ Pelo que te conheço, você não deve ter comido nada. Vou pedir um café da manhã descente para você. Garanto que nesta casa não deve ter nada de saudável.

Angela olhou em volta com desprezo, o que deixou Leandro irritado.

_ Eu sei que você não gosta do Abner, mas pelo menos tente ser gentil com ele. Eu não preciso de mais um confronto agora.

Angela o olhou sem dizer nada. Em seguida retirou o celular da bolsa e entrou no aplicativo do Ifood. Pediu um farto café da manhã numa padaria.

_ Mãe, não precisa pedir nada. Eu não estou com fome.

_ Você vai comer, Leandro. É isso não é um pedido. E daqui a pouco, a Vanessa vai estar aqui com Abner. Vamos todos tomar café da manhã juntos.

_ Mas, mãe...

_ xuuu! Isso é inegociável._ Angela disse sorrindo e o abraçou em seguida

....

Não foi nada fácil conter a fúria de Luciano. O extremo ciúme o tirava do seu estado racional. Júlio odiou os escândalos gerados por esse tumulto. Detestava a possibilidade de ter a vida exposta para os vizinhos.

Já estavam no apartamento quando discutiam sobre o ocorrido.

_ Você enlouqueceu?! Como pode atacar o Leandro daquela forma?!

_ Como você ousa a defende-lo? Eu ouvi você o chamar de meu amor!

_ Luciano, você está louco! É um desequilibrado que sai atacando as pessoas com um canivete e ainda por cima ouve coisas que não foram ditas!

_ Eu ouvi, Júlio! Eu ouvi!

Vanessa preferiu se afastar daquela discussão e ir para o quarto. Sentou na cama e cobriu os ouvidos com as mãos, enquanto as lágrimas caiam. A única coisa que queria era poder voltar para a casa de Leandro e se abrigar nos braços do pai.

Alguns minutos depois, Júlio entrou no quarto, sorrateiramente. Encontrando a filha deitada.

_ Precisamos conversar._ Júlio disse sério, sentando ao seu lado.

_ Você viu o que ele fez. Agora você acredita em mim?

_ Acredito.

_ E o que você vai fazer quanto a isso?

_ Primeiro, te pedir desculpas. Eu não deveria ter duvidado da você.

Vanessa sentou enxugando as lágrimas.

_ Eu sinto muito, meu amor. De verdade.

_ Você vai terminar com ele? Esta casa vai voltar a ter paz, pai?

Júlio respirou fundo, aliviando a tensão dos ombros. Direcionou a filha um olhar de piedade, o que a deixou ainda mais irritada. Delicadamente, pôs a mão sobre a mecha do cabelo dela, pondo atrás da orelha.

_ Querida, eu sei que o Luciano pode ser um pouco temperamental, mas ele não é uma pessoa ruim e...

Vanessa sentiu todo o ódio dominar o seu corpo. Como Júlio poderia defender Luciano depois de todas as atrocidades que ele cometeu?! Não queria aceitar o que estava ouvindo. No entanto, estava emocionalmente exausta para discutir.

_ Pai, me deixe sozinha. Eu não quero ouvir mais nada.

_ Você não pode me julgar. Sendo que a errada aqui é você. Como pode ir a uma balada com aquele vagabundo? Você me desrespeitou. Mas a culpa é todo do Leandro que...

_ Para!_ Vanessa gritou revoltada._ Eu não vou admitir que você diga uma palavra se quer contra o meu pai! Ele não sabia que eu fui á balada com o Pedro. Eu fui escondida e assim que ele soube, foi me buscar. Não diga o que você não sabe!_ Eu não sei porque vocês esconderam de mim!

_ E você se importa? Onde você estava? Ah, viajando com o seu namoradinho desequilibrado! Você só se importa com o seu próprio umbigo, pai! Se não fosse o meu pai Leandro, eu estaria totalmente abandonada! Você não é diferente dos meus pais biológicos, você também me abandonou! Só que não ligo a mínima para eles, mas o seu abandono me machuca!

_ Vanessa, eu...

_ Pai, me deixa em paz. Não quero te ouvir agora. A gente só vai acabar brigando e ninguém vai chegar a lugar nenhum. Me deixa sozinha.

Júlio teve que concordar com a filha. Não estava nem um pouco disposto a iniciar mais discussão com Vanessa e decidiu sair do quarto.

Não foi nada fácil conter a fúria de Luciano. O extremo ciúme o tirava do seu estado racional. Júlio odiou os escândalos gerados por esse tumulto. Detestava a possibilidade de ter a vida exposta para os vizinhos.

Já estavam no apartamento quando discutiam sobre o ocorrido.

_ Você enlouqueceu?! Como pode atacar o Leandro daquela forma?!

_ Como você ousa a defende-lo? Eu ouvi você o chamar de meu amor!

_ Luciano, você está louco! É um desequilibrado que sai atacando as pessoas com um canivete e ainda por cima ouve coisas que não foram ditas!

_ Eu ouvi, Júlio! Eu ouvi!

Vanessa preferiu se afastar daquela discussão e ir para o quarto. Sentou na cama e cobriu os ouvidos com as mãos, enquanto as lágrimas caiam. A única coisa que queria era poder voltar para a casa de Leandro e se abrigar nos braços do pai.

Alguns minutos depois, Júlio entrou no quarto, sorrateiramente. Encontrando a filha deitada.

_ Precisamos conversar._ Júlio disse sério, sentando ao seu lado.

_ Você viu o que ele fez. Agora você acredita em mim?

_ Acredito.

_ E o que você vai fazer quanto a isso?

_ Primeiro, te pedir desculpas. Eu não deveria ter duvidado da você.

Vanessa sentou enxugando as lágrimas.

_ Eu sinto muito, meu amor. De verdade.

_ Você vai terminar com ele? Esta casa vai voltar a ter paz, pai?

Júlio respirou fundo, aliviando a tensão dos ombros. Direcionou a filha um olhar de piedade, o que a deixou ainda mais irritada. Delicadamente, pôs a mão sobre a mecha do cabelo dela, pondo atrás da orelha.

_ Querida, eu sei que o Luciano pode ser um pouco temperamental, mas ele não é uma pessoa ruim e...

Vanessa sentiu todo o ódio dominar o seu corpo. Como Júlio poderia defender Luciano depois de todas as atrocidades que ele cometeu?! Não queria aceitar o que estava ouvindo. No entanto, estava emocionalmente exausta para discutir.

_ Pai, me deixe sozinha. Eu não quero ouvir mais nada.

_ Você não pode me julgar. Sendo que a errada aqui é você. Como pode ir a uma balada com aquele vagabundo? Você me desrespeitou. Mas a culpa é todo do Leandro que...

_ Para!_ Vanessa gritou revoltada._ Eu não vou admitir que você diga uma palavra se quer contra o meu pai! Ele não sabia que eu fui á balada com o Pedro. Eu fui escondida e assim que ele soube, foi me buscar. Não diga o que você não sabe!_ Eu não sei porque vocês esconderam de mim!

_ E você se importa? Onde você estava? Ah, viajando com o seu namoradinho desequilibrado! Você só se importa com o seu próprio umbigo, pai! Se não fosse o meu pai Leandro, eu estaria totalmente abandonada! Você não é diferente dos meus pais biológicos, você também me abandonou! Só que não ligo a mínima para eles, mas o seu abandono me machuca!

_ Vanessa, eu...

_ Pai, me deixa em paz. Não quero te ouvir agora. A gente só vai acabar brigando e ninguém vai chegar a lugar nenhum. Me deixa sozinha.

Júlio teve que concordar com a filha. Não estava nem um pouco disposto a iniciar mais discussão com Vanessa e decidiu sair do quarto.

O relógio ainda não marcava oito horas da manhã, quando Vanessa batia na porta do quarto de Júlio.

_ Pai! Pai! Acorde!

Júlio despertou sonolento e um pouco assustado. Já Luciano, ao seu lado, resmungou, sem abrir os olhos, puxando a coberta para si.

_ O que houve, Vanessa?_ Júlio perguntou um pouco irritado, por ter sido despertado tão cedo.

_ Você vai me levar para a casa do meu pai Leandro? Hoje eu preciso chegar mais cedo para ajudar nos preparativos da festa de aniversário dele.

Júlio arqueou uma das sobrancelhas e disse:

_ E você está mesmo achando que vai naquela festinha de merda?

Vanessa sentiu o corpo inteiro tensionar. Não queria acreditar que Júlio a impediria de ver o pai justo no dia do seu aniversário.

_ Como assim? Você não pode tá falando sério.

_ E por acaso eu pareço estar contando uma piada pra você?

_ Mas pai, é o aniversário dele! Você não pode ser tão cruel!

_ Não é crueldade. Só estou te protegendo. Abner não é uma boa influência pra você. Enquanto Leandro estiver perto daquele prostituto de quinta, você não chega perto.

_ Abner não é nenhuma má influência pra mim! Você que é!_ Vanessa gritou.

_ Abaixe o tom de voz, Vanessa!

_ Não! Não! E não! Você não passa de um invejoso! Está com recalque porque o meu pai está feliz com o Abner, porque eles se amam e o Abner está dando ao meu pai o valor que você não deu!

Com muito ódio, Júlio grita:

_ Saia da minha frente, ou eu não respondo por mim.

_ Você vai ouvir sim! Você é foi um péssimo marido, só fez o meu pai sofrer, e também é um péssimo pai! Você é cruel, mesquinho, mentiroso e manipulador! Antes eu tinha orgulho de você e hoje eu tenho nojo!

Vanessa o encarava olhando no fundo dos olhos, o que deixava Júlio ainda mais irado.

_ Não importa o que você diga. Você não vai nessa festa e ponto final. Agora vá pra o seu quarto!

_ Eu te odeioooooooo!

Vanessa correu para o quarto, se jogou na cama, abraçou o urso de pelúcia e começou a chorar, soluçando. Os seus gritos eram tão altos, que impediam Luciano de voltar a dormir.

_ Merda! Pelo jeito vai ser esse inferno o dia inteiro! Deixa logo ela ir pra casa do merda do outro pai!

_ Luciano, não se mete nisso!

_ E vou ter que suportar esses gritos histéricos o dia inteiro?

_ Depois ela para. Vai cansar.

Júlio retornou para a cama, com a intenção de voltar a dormir. Mas, os gritos de Vanessa o impediram. Levantou bravo.

_ Aonde você vai? Perguntou Luciano.

_ Dar uma volta na praia...ficar longe dos gritos dessa garota, antes que eu perca a minha cabeça.

_ E eu vou ter que ficar aqui aturando isso?

_ Faça o que você quiser.

_ Eu quero ir com você.

Júlio revirou os olhos para cima e respirou fundo. Naquele momento, não queria a companhia de ninguém.

_ Eu preciso respirar sozinho! Dá um tempo, Caralho!

_ Como você é grosseiro!

Júlio foi ao closet, em seguida, ao banheiro, trocou o pijama por uma bermuda preta esportiva, uma blusa azul de algodão e um par de tênis. Saiu do quarto sem despedir de Luciano, como se o namorado não existisse, o que deixou o jovem entristecido.

Ao chegar no elevador, Júlio ligou para Rubens, que o atendeu no mesmo instante.

_ Tá fazendo o que, veado?_ Júlio perguntou.

_ Não me venha empurrar trabalho, Júlio. Hoje é sábado.

_ Não é nada disso. Estou precisando desabafar, conversar com um amigo. Me encontre naquele bar de sempre, perto da praia.

_ Só se você for pagar a conta.

_ Tudo bem, mas não se acostuma.

Entre gargalhadas e bebidas Júlio e Rubens passavam o tempo juntos. Estavam relaxados e felizes, ao ponto de Júlio esquecer dos conflitos que havia deixado em casa.

No entanto, a sua alegria foi interrompida com o toque do celular, que aparecia o nome de Luciano na tela. Júlio tentou ignorar diversas vezes, mas o jovem insistia.

_ Eu se fosse você atenderia essa ligação. Do jeito que essa bicha é louca, não duvido nada, que daqui a pouco ela aparece por aqui quebrando o barraco contigo.

Júlio revirou os olhos para cima. Mas, sabia que Rubens tinha razão. Corria o risco sim de Luciano aparecer no bar e o que ele menos queria era uma cena ridícula de exposição pública.

Atendeu a ligação a contra gosto.

_ Fala, Luciano._ Júlio disse expressando tédio.

_ Eu não aguento mais esta situação. A sua filha está com o som as alturas. Está tornando o ambiente um caos. Os vizinhos já estão reclamando.

_ Manda ela desligar a merda do rádio.

_ Ela está trancada no quarto. A filha é sua. Você tem que resolver isso, não eu. Você sabe que vai receber multa do condomínio por isso.

Venha pra casa agora e dá um jeito na sua filha.

_ Tá bom... tô indo.

Júlio desligou antes que Luciano dissesse mais alguma coisa.

_ O que houve desta vez?_ Rubens quis saber.

_ A Vanessa está fazendo pirraça, porque eu a proibi de ir no aniversário de Leandro. Ela está com o som as alturas. Eu não aguento mais essa perturbação. Quando não é a Vanessa, é o Luciano. Não vejo a hora de me livrar dele.

Rubens o olhou com espanto

_Como assim?

_ Ele é um louco! Totalmente desequilibrado! Você viu a confusão que ele arrumou com o Leandro. Fora as brigas com a Vanessa e sem contar nos barracos em Cancún. Eu já estou de saco cheio dele.

_ E o que você pretende fazer? Você acha que o Luciano vai aceitar um término assim?

_ Foda-se o que ele pensa! Eu não tô bem aí. Na hora certa, vou me livrar dele.

...

Assim que pôs os pés para fora do elevador, Júlio ouvia o som das músicas vindo do seu apartamento. Revirou os olhos pensando no que iria ter que encarar.

Para a sua surpresa, encontrou Marcinha e Lúcia (relembrar o nome dela) sentadas no seu sofá. Luciano estava ao lado, com a cara fechada.

_ Boa tarde, Júlio._ Cumprimentou Lúcia, levantando e dando três beijos no rosto dele.

_ Boa tarde, querida. A que devo a honra das visitas de vocês?... primeiramente, quero pedir desculpas pelo caos. A Vanessa deve estar naqueles dias e vocês sabem como é.

_ É sobre isso mesmo que viemos falar com você. A minha mãe vai fazer um almoço lá no sítio da família e eu gostaria de te pedir se a Vanessa pode ir junto. Eu juro que eu vou vigiar essas duas. Elas não vão aprontar. Eu te prometo.

_ Nós vamos nos comportar, tio Júlio. Eu preciso muito que a Vanessa vá comigo. Vai ser bom pra ela.

_ E aquele moleque vai estar lá?

_ Se você se refere ao irresponsável do Pedro, eu te garanto que não. Eu mesma já proibi a Marcinha de ficar perto desse menino.

_ Então, tudo bem. Assim também me livro por hoje dessa garota insuportável.

Lúcia e Marcinha estranharam o jeito brusco que Júlio se referia a Vanessa, mas preferiram não comentar nada.

Júlio foi até o quarto de Vanessa e abriu a porta com a chave mestre. Encontrou Vanessa deitada na cama, com os olhos vermelhos de tanto chorar.

Ele desligou o som e ela o olhou revoltada.

_ Eu não quero falar com você. Eu quero o meu pai! O meu pai de verdade! O único que se importa comigo.

_ Para de palhaçada! Pode ir se arrumando que você vai sair.

_ Só vou sair se for para a casa do meu pai.

_ Você vai sair com a Lúcia e a Marcinha. Pode se arrumando. Você tem dez minutos. Arrume uma mala também. Você só voltará amanhã.

_ Não vou!

Marcinha entrou no quarto.

_ Com licença. Vamos, amiga.

_ Marcinha, não é nada contra você. Mas não é justo que uma filha seja proibida de ir no aniversário do próprio pai.

_ Amiga, vamos conosco para o sítio da minha avó. Você vai gostar.

Marcinha a olhou erguendo uma das sobrancelhas e Vanessa entendeu que esse era um dos códigos secretos delas. Sabia que havia algo por trás do plano de ir para o sítio.

_ Tudo bem.

Em menos de dez minutos, Marcinha e Vanessa saíram do quarto. A menina ainda estava triste e usava uma mochila contendo roupas e objetos pessoais.

_ Então vamos, meninas?_ Lúcia disse mantendo um sorriso no rosto para tentar conter o clima pesado da casa.

_ Se comporte, Vanessa. Não quero ouvir uma reclamação sua.

Vanessa respondeu com um olhar de ódio e saiu do apartamento sem dizer uma palavra.

...

Durante o percurso, Vanessa estranhou Lúcia entrar no shopping. Ao chegar no estacionamento, ela parou o carro piscou o farol.

Para a surpresa de Vanessa, Abner saiu de dentro do carro que estava estacionado em frente.

Lúcia abaixou os vidros do carro.

_ Vamos, Vanessa. Vim te buscar para ir para o aniversário do seu pai.

O sorriso tomou conta do rosto da menina, deixando Lúcia e Marcinha igualmente felizes.

...

Naquele início de noite, não havia a menor possibilidade de Júlio sair do quarto. Ficou aliviado por Vanessa não estar em casa e Luciano ter aceitado o convite de Rubens para ir ao cinema.

Júlio apreciou o silêncio e paz no ambiente, enquanto via um filme deitado em sua cama.

No entanto, o som do interfone o deixou cabreiro. Quem poderia ser naquela hora da noite? Sentiu um pressentimento ruim. Mas, foi atender assim mesmo.

_ Seu Júlio, boa noite._ o porteiro o cumprimentou com a voz um pouco aflita.

_ Boa noite.

_ Tem uma moça aqui querendo falar com senhor. Disse que se chama Tamara e que não arreda o pé daqui, enquanto não for atendida.

Júlio sentiu o pânico tomar conta do seu corpo. Como aquela mulher infeliz conseguiu o seu endereço? Não era possível que aquilo estava acontecendo.

Não havia mais escapatória. Caso não a atendesse, ela poderia fazer um escândalo, o que seria terrível. Naquela hora, ficou ainda mais aliviado por não ter ninguém em casa.

_ Diga que ela pode subir.

_ Sim, senhor.

...

O som da companhia o irritou profundamente. Sabia que era a hora de encarar um dos seus piores pesadelos. Júlio abriu a porta com a cara fechada e sentiu ainda mais ódio por ver aquela mulher sorrir.

_ O que você está fazendo aqui, sua vagabunda?

_ Nossa, Júlio! É assim que se recebe uma velha amiga? Tão hostil. Você deveria ser mais educado. Não vai me convidar para entrar?

_ Entre. Não quero que os vizinhos te vejam.

Tamara entrou olhando tudo ao redor, com uma expressão de surpreendida.

_ Caramba! Você mora bem, hein! Meu deus, que luxo!

_ Como você conseguiu o meu endereço?

_ Tenho os meus contatos.

Tamara sentou no sofá cruzando as pernas.

_ Não vai me oferecer nada? Rico desse jeito, você deve ter até champanhe em casa.

_ Para de palhaçada e me diga logo o que você quer.

_ Você sabe o que eu quero. Dois milhões de reais.

_ Tá maluca?! Eu não tenho essa grana toda! E o dinheiro que eu te dei?

_ Aquela mixaria acabou. Qual é você é rico!

_ Escuta aqui, oh piranha! Eu não vou te dar nenhum centavo.

_ Sendo assim, eu vou ter que abrir está linda boquinha que Deus me deu e contar pra todo mundo que você comprou a minha filha. Como será que ela vai reagir? Creio que não será bem.

Júlio a olhou com todo ódio que poderia sentir. Respirava fundo e fechava a mão em punho.

Notas do autor: Olá, pessoal. Finalmente voltei. Passei por uma crise braba e problemas de saúde física e mental e isso me deixou com bloqueio criativo. Mas, já passou. Estou de volta. Os capítulos serão postados semanalmente.

Agradeço a todos pela paciência e que tenham uma boa leitura.

Só tenho um pedido a fazer, podem me ajudar no enganemento? Tipo, curtindo e comentando.

Abraços.

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Comentários

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Maravilhoso como sempre já estava com saudades.

Amigo ainda bem que já estás melhor com a graça de Deus.

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Que bom vê-lo de volta, meu amigo! Espero que as coisas na sua vida estejam se ajeitando e que com isso, você volte a escrever. Não é nenhuma cobrança viu, logo eu que vive em hiatos hahahaha.

E claro, não poderia terminar o capítulo de outra forma com esse gancho no final de quero mais.

Um grande abraço.

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Seja bem vindo de volta, que bom que estar bem melhor. Esse conto é babado. Lerei de tudo. Muita plosttwist e babado. Volte logo.

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