As ruas já estavam mais vazias quando Aline olhou o relógio, segurou no braço de Júlia e disse em voz baixa:
— Agora vem comigo, amor. É rapidinho. E só entra você, tá?
Luiza ficou ali parada, observando as duas atravessarem a esquina de uma ruazinha lateral estreita, quase como um beco escondido. Na fachada, apenas o nome em letras vermelhas foscas: "Sex-Shop". Uma campainha tilintou suave quando a porta foi aberta. E logo fechada atrás delas.
O interior da loja era envolto num perfume doce, como baunilha misturada a látex. Luzes vermelhas e rosas banhavam as prateleiras com seus produtos insinuantes. E ali, atrás do balcão, ereta, estava Denise.
Ruiva natural, pele clara salpicada por sardas, lábios carnudos em vermelho vibrante, um piercing no lábio inferior e outro no nariz. Braços tatuados, seios fartos quase saltando de um corset preto justo. A calça? Uma legging de vinil, marcando tudo. Ao ver Aline e Júlia entrando, Denise abriu um sorriso torto.
— Olha só quem veio se divertir... — disse ela, com voz baixa e rouca. — A patroa trouxe a menina travessa?
Júlia baixou os olhos imediatamente. Aline riu com aquele ar de “sim, e hoje ela vai pagar”.
— Hoje ela foi boazinha. Mas lembra daquilo que conversamos? Quero algo especial. Presente. Aniversário dela, digamos.
Denise não perguntou mais nada. Apenas deu a volta no balcão com naturalidade e puxou Júlio pela mão, como se ele fosse uma bonequinha.
— Vamos começar devagar… ou prefere algo que vibre e castigue de uma vez?
Aline cruzou os braços e respondeu por ela:
— Começa com os plugs. Mas quero dois modelos diferentes. Um bem largo. E outro... — ela fez um gesto com os dedos — …com vibração e controle remoto. E me mostra também um cinto de castidade. Quero testar um novo modelo.
Antes que Denise se virasse, Aline se inclinou levemente e sussurrou algo bem baixo em seu ouvido. Um segredo rápido, com um leve aceno de cabeça em direção à rua.
Denise arqueou uma sobrancelha, entendeu de imediato e respondeu apenas com um sorrisinho cúmplice.
— Ai, já sei qual vai ser...
— Ai, já sei qual você vai gostar — disse Denise, puxando uma caixa que tilintava. — Esse aqui é aquele que prende bem rente, impossível de tirar. Até pra fazer xixi vai ter que se sentar.
Júlia estava com o rosto vermelho. Tentava esconder, mas a humilhação a percorria como um arrepio quente. Denise percebeu e aproveitou:
— Ah, você ainda tá tímida? Jura que vai deixar essa boneca presa? Com essa carinha de “me usa mais”... — E riu baixinho, como se provocasse para ver até onde Júlio aguentava.
Aline se aproximou por trás e sussurrou no ouvido de Júlia:
— E nem começamos o presente ainda. Isso é só o aquecimento, amor.
— Denise — continuou Aline, agora mais séria —, me separa também aquele lubrificante que esquenta. O mais forte. E uma vela de cera quente. Hoje à noite vai ser longa.
Denise fez um gesto com a língua estalando no céu da boca:
— Essa merece...
E então, como se fosse um ritual conhecido, Denise estendeu uma sacola preta de vinil, pesada, com os itens já selecionados. Mas antes, entregou um pequeno pacote à parte, com um sorriso malicioso.
— Isso aqui é um mimo meu. Sei que ela vai gostar. Depois me conta como foi.
Aline olhou, sorriu e não respondeu.
Na calçada, do lado de fora, Luiza ainda olhava distraída a vitrine de uma farmácia. Quando Aline saiu da loja com Júlia, ambas pareciam calmas — mas Júlia andava mais devagar. Como se soubesse que naquela noite, seu corpo já não lhe pertencia.
Luiza notou, mas não perguntou. Ainda.
[CONTINUA...]
Obrigada aos comentários. É muito importante pra mim ler o comentários e saber se estão gostando. Bjsss 💋 💋 💋