Oito horas da manhã era o horário em que Sofia sempre chegava ao seu trabalho. Ela comandava o departamento de desenvolvimento de software da Inova, uma Fintech que revolucionava o mercado de ações com soluções inovadoras, projetadas por ela. Sua dedicação e talento eram reconhecidos a ponto da empresa blindar qualquer investida da concorrência. Para alguns, ela era fria, absorta em seu trabalho. Para outros, um talento raro, com uma beleza discreta sob o olhar analítico de seus trinta e oito anos.
Dos vários andares do setor de desenvolvimento, o seu tinha acesso restrito, sendo só possível entrar com verificação biométrica. Sua sala, relativamente grande, tinha o painel envidraçado da fachada ao fundo, cuja transparência era controlada por uma veneziana. Havia alguns poucos móveis e sua mesa de madeira maciça era grande. Cabiam algumas pilhas de papéis organizadas, dois monitores grandes e ainda sobrava espaço.
Seu olhar, normalmente rígido, ganhou desenhos de espanto, ou talvez de horror, assim que abriu as pastas do seu computador.
No auge de sua carreira, Sofia trabalhava exclusivamente numa nova ferramenta da empresa. O projeto Ísis seria uma inteligência artificial voltada para o público. Ela cruzaria dados do mercado de ações com informações coletadas via internet do noticiário de várias editorias, desde o político ao clima. Ao processar todas as informações, conseguiria prever movimentos do mercado e gerir ativos com eficiência. Era um projeto secreto, que poucos na empresa conheciam. Assim, que abriu os diretórios do projeto, viu que tudo sumiu.
Não havia nada nas pastas de projeto, nem nos backups. Procurou logs do sistema para encontrar acessos suspeitos, mas até essa informação havia sido apagada. Sofia quase desmaiou, ao sentir o peso daquela responsabilidade. A Inova investiu milhões naquele projeto, onde ela assumiu a responsabilidade exclusiva pelo seu desenvolvimento. As demais equipes trabalhavam em partes do projeto, sem entenderem do que se tratava. Somente Sofia conhecia o Ísis e, em seu sumiço, ela seria responsabilizada.
Uma agonia profunda tomou conta de Sofia enquanto ela tentava entender o que havia acontecido. Não saiu de sua sala nem para almoçar e, quando se deu conta de estar fazendo as mesmas buscas repetidas vezes, decidiu buscar ajuda.
Assim, ela procurou o setor de segurança da informação, sendo atendida pelo seu chefe, Rafael Costa. Pelo sigilo do projeto, ela não podia dizer muito no telefone, mas exigiu sua presença. A ansiedade por uma solução contrasta com o tempo que ele demorou para aparecer. “Já se passou uma hora e nada dele vir. Posso perder qualquer chance de recuperar Ísis com essa demora.”, pensou. Com a chegada dele, o visual despojado de calça jeans e uma camiseta básica de algodão e a barba por fazer passaram a ela a imagem de alguém irresponsável. Suas esperanças de recuperá-la diminuíam.
Sem muita escolha, porém, Sofia relatou o que aconteceu, mas com cuidado, não falou da natureza do projeto e nem do potencial de Ísis, se limitando somente a se tratar de um roubo de projeto onde a segurança falhara.
Rafael ignorou a insinuação, dizendo que encontraria o projeto perdido. Ele levou o notebook para a sala dela, onde ambos trabalhariam juntos por horas. O foco dos dois continuou absoluto até que a luz do sol parou de entrar pela fachada envidraçada e somente a lua e as telas dos computadores geravam luz naquele recinto.
Apesar de não ter explicado por completo a gravidade da situação, Sofia ficou impressionada com a dedicação de Rafael, ao ficar ao lado dela pelo resto do dia e em boa parte da noite. Ter alguém trabalhando ao lado dela era reconfortante e fazia a sensação de agonia diminuir, principalmente por conseguir fazer avanços com ele, mesmo que fossem poucos. Apenas com ele começou a ter esperança. Foram horas de silêncio onde somente se ouviam o bater dos teclados e algumas poucas frases, o bastante para nascer uma sintonia entre eles. Ambos se sentiam à vontade naquela quietude e gradualmente se expressavam um pouco mais. A camiseta básica, azul escura, que antes era um símbolo de desleixo, já era observada de outra forma, pois o corte ajustado deixava alguns músculos evidentes.
Sofia se surpreendeu positivamente quando Rafael teve a ideia de verificar as trocas de dados do sistema em busca de alguma anomalia. Foi um alívio para ela, pois ao olhar os mesmos dados de várias formas diferentes, não conseguia fazer progresso. Rafael tinha de fato uma inteligência peculiar para procurar falhas em qualquer lugar onde houvesse dados. Com a noite avançando, Sofia dava seus primeiros bocejos enquanto Rafael parecia estar plenamente focado. O sono dela, porém, passou ao encontrar algo.
— Rafael, vem aqui — disse ela ao se levantar e apontar para a própria tela. — Olha essa lacuna de horas sem atividade no servidor principal da Ísis. Isso é normal?
Rafael deu a volta na mesa e se aproximou do computador, se debruçando sobre a mesa enquanto olha atentamente para a tela. Seu braço se encosta no de Sofia, sendo perceptível a maciez de sua pele. O perfume dela impregna seu nariz e quase o faz esquecer do motivo de estar ali. Olhando de perto a expressão severa dela, notou o quanto era charmosa. Havia algo sensual naquele cabelo castanho preso em um coque. O terninho cinza que ela vestia se ajustava perfeitamente ao seu corpo, cujas curvas pareciam bem cultivadas com bastante atividade física.
— Dá para ver que se trata de um projeto grande pela quantidade de dados que ela trocava, mesmo em períodos menos ativos. Até parece uma IA. Essa interrupção me parece uma parada abrupta, sem o protocolo de desligamento.
Sofia abriu um raro e discreto sorriso pela perspicácia de Rafael em dimensionar o projeto só pelo volume de dados. Tinha receio de dar a ele mais informações, mas, ao mesmo tempo, se sentia estranhamente curiosa em saber se aquele rapaz tão inteligente deduziria mais. Naquele momento, parecia não se importar com o sigilo sobre o projeto.
— Sim, mas sem registro de comando. Ninguém com esse nível de acesso faria algo sem deixar rastro.
Rafael retribuiu o sorriso, na mesma medida de discrição. — Talvez alguém conheça um “atalho”, um comando secreto ou qualquer coisa fora dos protocolos conhecidos.
Os dois se olharam e as maçãs do rosto de Sofia coraram. — Tem alguma hipótese sobre esse atalho?
O especialista olhou para a tela — Entendo somente de fechaduras, Sofia. Nós nos fechamos da melhor forma que podemos, mas nossas trancas sempre têm falhas. Mesmo as mais seguras têm portas de entrada inesperadas. — disse, ao voltar o olhar para os olhos dela.
Sofia sentiu seu rosto queimar e um sorriso um pouco menos discreto brotou no seu rosto. Ela não acreditava em si, que no meio de toda aquela turbulência, estaria flertando com alguém que acabara de conhecer. Estava cansada, com fome e extremamente nervosa. A presença charmosa de Rafael ao longo do dia a acalmou, principalmente por ser alguém que parecia falar a mesma língua que ela. Os dois se entendiam, mas ela queria tê-lo conhecido em outra ocasião.
Ela, então, se sentou de volta à cadeira e continuou a investigar aqueles dados, para cortar aquela química. Rafael, entretanto, não saiu daqui, observando com atenção os movimentos na tela.
— Espere! Volte aqui! — disse ele ao se debruçar mais uma vez, aproximando o rosto do de Sofia. — Olha essa transferência de dados. Foi logo depois de uma atualização da segurança.
— Me lembro disso. Foi você que liderou essa implementação, não foi? Detectaram algum problema?
— Sempre detectamos, mas eles são corrigidos ou explorados. É uma questão de encontrar a vulnerabilidade certa, não é?
A insinuação de surpresa roubou mais um sorriso de Sofia, que manteve seu olhar preso à tela. Ainda, sim, a voz sussurrante em seu ouvido a arrepiava enquanto ela descruzava e cruzava as pernas.
— Rafael, por favor, precisamos achar a Ísis.
— Esse projeto é tão importante assim para ficar tão nervosa?
Sofia respirou fundo. — Se há uma brecha, como você disse, então todos os dados da empresa estão em risco. Precisamos descobrir isso logo!
— Com certeza. Pode ficar tranquila que encontrar brechas é minha especialidade. Quanto mais desafiadoras forem de encontrar, mais me animo para continuar tentando. Se existe uma backdoor disponível, eu vou encontrar.
Sofia respirou fundo, tentando não sorrir, sem sucesso. Ela virou-se para ele e percebeu o rosto bem próximo do seu. A troca de olhares mais intensa entre os dois, iluminados somente pela tela do monitor, os hipnotizou. Naquele momento, ocorreu a Sofia que estivesse dando acesso demais a Rafael sobre Ísis, ou talvez sobre si mesma.
— Rafael, já está muito e estou cansada demais para continuar trabalhando. Amanhã pedirei sua ajuda mais uma vez — disse Sofia ao se levantar e começar a arrumar suas coisas. Rafael, com um sorriso constrangido, se despediu e saiu daquela sala com o notebook na mão.
Quando ele cruzou a porta, Sofia olhou para o chão, soltando o ar de seus pulmões. Eram poucas as oportunidades que a vida lhe oferecia e sempre as desperdiçava. Se acostumou tanto à frieza das máquinas que se afastava o quanto podia da complexidade humana. Apesar disso, ela não era fria como seus colegas fofocavam. Sofia estava excitada, com as insinuações de Rafael. Deu alguns passos até a porta de entrada e virou a chave. Após o chefe da segurança da informação sair, não havia mais ninguém naquele andar e o silêncio se tornara absoluto.
Caminhou até o fundo envidraçado da sala e olhou a cidade e o fraco movimento dos veículos. Tirou o blazer e começou a desabotoar a camisa branca. Com os botões quase todos soltos e os seios expostos, olhou mais uma vez para fora. Mordeu os lábios e fechou as persianas. Com o computador desligado, a escuridão era total. Terminando de desabotoar a camisa, soltou o sutiã. De frente para sua cadeira de escritório e, atrás dela, as persianas fechadas, Sofia se recostou na beira da mesa e iniciou uma lenta massagem nos seios. O calor das próprias mãos a excitava enquanto, em sua respiração lenta, pensou que aquelas poderiam ser as mãos de Rafael.
Os botões da calça logo foram abertos, abrindo espaço para uma mão mergulhar ali. A respiração ficou pesada, se misturando a gemidos. Com uma mão no seio e outra na boceta, Sofia rebolava no mesmo lento ritmo de sua respiração. Um sorriso espontâneo, largo e extremamente malicioso brotou em seu rosto e, com ele, a calça e a calcinha foram retiradas. Alisou a pele nua, imaginando-se possuída por aquele homem que parecia investigar sua intimidade enquanto procurava falhas de segurança. Andou até o canto da sala onde havia um gaveteiro e, acima dele, sua bolsa. De lá, tirou uma chave, a qual usou para abrir uma gaveta trancada em sua mesa. Dentro, havia somente um dildo rosa, num formato de pênis de tamanho considerável. Com os olhos fechados, deu um beijo na ponta e enfiou apenas a cabeça na boca. Depois, lambeu a cabeça inteira antes de colocá-la na boca e iniciar um lento vai e vem enquanto alisava a boceta. O Dildo, babado, foi esfregado ao clitóris lentamente, provocando gemidos mais fortes. Sozinha naquele andar, podia gemer à vontade que ninguém a ouviria.
Sofia abriu os olhos e encarou a persiana fechada. Abriu um sorriso sapeca devido a alguns pensamentos, mas se convenceu a deixar aquilo como estava. Montou, então, sobre sua grande mesa, apoiando-se com os joelhos próximos à beira. Com a bunda virada para a persiana fechada, apoiou o dildo no tampo da pensa e deslizou a boceta sobre ele para encaixá-lo dentro de si. Girou os monitores para o lado, ganhando mais espaço. Rebolou lentamente, montada sobre a mesa, sentindo aquele falo sintético entrando e saindo de si. — Vem, gostoso, me fode! — gritava, sem se preocupar em ser ouvida. Continuou rebolando enquanto chupava dois dedos de olhos fechados.
— Seu safado! Falando as minhas “portas inesperadas”… você quer a minha “backdoor”, não é? — disse Sofia, antes de levar os dois dedos babados ao ânus e soltar um gemido manhoso. — “Brecha”, é? Tenho uma brecha apertadinha para você — disse, enquanto subia e descia o quadril no dildo, como os dedos entrando e saindo do cu.
— Vem, safado, me invade gostoso! — gritou. Ela tirou os dedos de trás para acelerar os movimentos do quadril, engolindo o dildo com mais intensidade. Ela gozou, gemendo alto, enquanto desabava sobre a mesa. O tampo frio, em contraste com o corpo quente, não a incomodava, pois seu corpo tremia de prazer. Não se importou nem em tirar o dildo de si enquanto sua respiração não voltasse ao normal.
Recuperada, saiu de cima da mesa e se sentou em sua cadeira, nua. Foi um dia tenso onde experimentou intensamente diversas emoções às quais não estava acostumada. O orgasmo a ajudou a colocar a cabeça no lugar e pensar tudo claramente. Rafael era charmoso, provocante e seria um companheiro perfeito se não precisasse dele para resolver o sumiço de Ísis. Enquanto não encontrasse os arquivos do projeto Ísis e o responsável pelo seu sumiço, ele seria uma distração. Talvez ela fosse uma distração para ele. Parecia claro que, para aquela investigação dar certo, Sofia precisaria de mais ajuda.