[Saga da Esposa Corrompida] - Capitulo 8 - Silêncio, Corpo e Contradição

Um conto erótico de Roux
Categoria: Heterossexual
Contém 1425 palavras
Data: 30/07/2025 19:56:33

Capítulo 8 — Silêncio, Corpo e Contradição

A conversa na manhã seguinte, a luz era suave e atravessava a cortina do quarto, criando um clima quase etéreo que contrastava com a tensão latente entre Nayra e Jeffi. Ainda nus, cobertos apenas pelo lençol amarrotado, o silêncio reinava como se ambos evitassem verbalizar o que sabiam estar prestes a explodir.

Nayra virou-se lentamente, com aquele olhar entre o julgamento e a curiosidade, e quebrou o gelo com a voz ainda rouca:

— Jeffi... você não sentiria ciúmes se eu estivesse com outro homem?

Jeffi piscou lentamente. O coração bateu mais rápido, mas ele manteve o semblante neutro. Já esperava essa pergunta. Respirou fundo.

— Ciúmes? Não... Não se for algo separado do que a gente tem. Amor é uma coisa. Tesão, desejo... é outra.

Nayra arqueou uma sobrancelha, como se ouvisse uma língua alienígena.

— Isso não entra na minha cabeça. Como alguém consegue separar essas coisas? Pra mim, sexo sem conexão é vazio. Sem amor, é só... sei lá... sujeira.

Jeffi sentiu um arrepio que não era de frio. Ali estava o perigo. O buraco era fundo.

— Eu entendo o que você sente. Só que tem gente que sente diferente. E... o fetiche, Nayra... não é sobre falta de amor. É sobre explorar o proibido. A tensão.

Ela não respondeu de imediato. Mordeu levemente o lábio, encarando o teto.

Jeffi, internamente, estava em alerta total. Se Nayra fosse por esse caminho sem preparo emocional, ela poderia acabar cruzando uma linha invisível. Uma coisa era fantasiar. Outra bem diferente seria viver. Ele não podia perdê-la pra um homem qualquer.

O medo começava a fazer sombra no tesão.

E pela primeira vez desde que começou o plano, Jeffi se viu tendo que planejar não apenas como libertar Nayra, mas como segurar sua alma ao lado dele, caso o corpo dela escolhesse outra direção.

Nayra puxou o lençol até o peito e virou-se de lado, com o olhar firme:

— Todo homem sente ciúmes. Você sempre foi ciumento. E agora vem com esse papo de fantasia... Cê não me ama mais?

Jeffi sorriu com delicadeza, tocando suavemente a mão dela.

— Claro que amo. Isso aqui... é fantasia, Nayra. Algo pra gente explorar junto, se quiser. Não tem a ver com não te querer. Pelo contrário. Te quero tanto que minha mente vai longe, entende?

Ela não respondeu de imediato. Havia uma batalha entre a mulher moralista, criada num lar onde desejo era pecado, e a mulher adulta, que estava descobrindo que talvez o mundo fosse muito mais colorido do que haviam contado.

— Eu... não vou mentir. Aquilo que você mostrou ontem foi pesado. Me chocou. Mas eu fiquei pensando... Se tem gente que curte, deve ter um motivo. Não quer dizer que eu concorde, mas...

Ela deixou a frase morrer no ar. Jeffi entendeu. Era o primeiro sinal de que ela havia separado a moral da existência. Nayra não estava dizendo sim. Mas também não estava mais dizendo não com a mesma veemência. Estava refletindo. E isso, pra Jeffi, era ouro.

A conversa, apesar do tema explosivo, seguiu madura. Não houve briga. Não houve cena. Nayra estava tentando entender o universo do marido sem perder sua identidade.

E Jeffi, como bom estrategista, não pressionou. Deixou a poeira assentar.

No entanto, dois meses haviam se passado desde a conversa tensa sobre o fetiche. Desde então, Nayra não voltou ao assunto. Quando Jeffi ensaiava qualquer aproximação nesse terreno, ela desconversava, ria, ou jogava uma indireta seca. Claramente houve uma regressão nesses meses. A postura dela era firme: aquilo não fazia sentido. Aquilo não era ela.

Mas Jeffi percebia que alguma coisa tinha mudado. Nayra passava mais tempo no quarto, no notebook. Quando ele entrava, era comum ela baixar a tampa rápido, como quem troca de janela ou apaga o que não devia. Não era como se ela estivesse escondendo uma traição real — Jeffi conhecia bem os sinais. Era outra coisa. Algo mais interno.

Isa brincava na sala. Nayra, trancada no quarto, dizia estar vendo séries ou lendo. Mas Jeffi não ouvia som de Netflix nem Kindle sendo virado. O som era de teclado.

Num desses dias, Nayra sentou-se ao lado de Jeffi no sofá e deitou a cabeça no colo dele. Estava silenciosa. Ele acariciava os cabelos dela enquanto a televisão falava sozinha. Não era um silêncio de conforto. Era um silêncio de quem estava em outro lugar.

— Amor? — ele arriscou.

Ela respondeu com um “hm?” vago, sem abrir os olhos.

— Tá tudo bem mesmo?

Ela demorou a responder.

— Só cansada.

Mentira mal contada. Jeffi não insistiu. Mas tomou nota mental.

Numa noite qualquer, durante o sexo, Jeffi resolveu testar o terreno.

Eles estavam bem. Nayra mais entregue que o costume. O corpo dela parecia mais solto, as pernas mais abertas, os olhos menos tensos.

Num impulso calculado, ele murmurou perto do ouvido dela:

— Já pensou em como seria se outro homem estivesse aqui agora?

Ela travou. Os olhos abriram como um susto. Por um segundo, tudo congelou.

Mas ela não empurrou Jeffi. Não o censurou. Apenas fechou os olhos de novo, virou o rosto pro lado e ficou em silêncio.

Jeffi recuou com cuidado. Continuou com beijos e carícias, deixou o clímax vir com suavidade. Ela gozou. Ele também. Mas o que ficou depois não foi cumplicidade. Foi um muro.

Ela virou de costas e pegou o celular. Jeffi ficou encarando o teto, com o coração acelerado.

Nos dias seguintes, Nayra seguiu esquisita. Aérea. Irritadiça. Uma panela que esquentava sem ferver.

Jeffi, no modo estrategista, achou que tinha identificado a fonte: o fetiche. Atravessado na garganta dela.

Num fim de tarde, ele entrou no quarto enquanto ela digitava algo no notebook. Nayra fechou a tampa rápido.

— Tava resolvendo umas coisas para o meu pai. — mentiu.

Jeffi sentou na beira da cama, encarou ela com leveza.

— Nayra, olha... se aquilo que eu falei te incomodou, a gente pode conversar melhor. Eu não quero que você se sinta pressionada.

Ela cruzou os braços. Franziu a testa.

— De novo isso?

— Eu achei que você tava meio distante...

— E tudo pra você tem a ver com sexo, é isso?

Jeffi foi pego de surpresa.

— Claro que não, eu só...

— Meu pai tá endividado, Jefferson. Ele não quis me contar, descobri pelo meu tio. Ele tá vendendo coisa de casa pra pagar agiota. E eu fiquei mal, é só isso. Mas você acha que tudo que me afeta é por causa dessa maldita fantasia.

A voz dela subiu. Jeffi sentiu o soco.

Ela levantou da cama, virou de costas, depois olhou pra ele de novo.

— Eu sou mais do que um fetiche, Jeffi. Tem coisas que me doem que não têm nada a ver com moralidade sexual. Se toca.

Ele ficou em silêncio. Pela primeira vez, desarmado.

Levantou, se aproximou devagar.

— Me desculpa. De verdade. Eu fui insensível. Eu não sabia e deveria ter perguntado. E se eu puder ajudar teu pai, eu ajudo. Você sabe disso.

Ela não respondeu. Mas os olhos dela amoleceram. Aquilo foi um baque. Não só pela dor que sentia pelo pai, mas pelo susto de ver Jeffi sem defesas, sem truques. Pela primeira vez, ele não rebateu. Não tentou virar o jogo. Pediu desculpas.

Os dias seguintes foram silenciosos. Nayra agradeceu a ajuda com o pai, mas o clima entre eles ficou suspenso. Jeffi não tocou mais no assunto. Ela tampouco.

Ele passou a reparar que ela evitava proximidade íntima, mas sem frieza. Parecia que ela estava digerindo algo maior. Um mundo interno colidindo.

No quarto, ela lia mais. Dormia antes. Jeffi respeitava.

Mas ele também pensava. Pela primeira vez, ponderava se tinha passado do ponto. Se aquela obsessão podia, de fato, ferir o que eles tinham. Ou se Nayra só precisava de mais tempo.

Numa manhã qualquer, Nayra saiu com Isa pro mercado. Jeffi aproveitou pra acessar o notebook dela. Não por desconfiança, mas pra resolver uma pendência de boletos do carro dele, que ele vinha ignorando.

Ao abrir o navegador, acessou o Google e digitou "como..." e antes de digitar a próxima palavra, o Google completou automaticamente:

"como saber se gosto de ver meu marido com outra"

"como contar ao marido que tenho vontade de estar com outro”

“como funciona o fetiche cuckold”

Jeffi congelou.

Não clicou em nada. Não fuçou o histórico. Apenas ficou parado, encarando a tela. Não sabia se sorria, se ficava com medo, se chorava de alívio.

Nayra, que dizia odiar aquele fetiche. Nayra, que lhe deu uma bronca. Nayra, que virou o rosto no sexo.

Estava pesquisando.

A semente estava viva.

Mesmo que enterrada em negação.

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Comentários

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Agora sim...uma questão de tempo para Nayara se entregar aos prazeres da vida!

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O negócio tá rendendo e logo logo vai dar um lucro enorme

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Foto de perfil de admlis

É isso devagar ainda mais no caso dela, no momento ela esta entre os dois mundo.

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