Era uma sexta-feira. Anna acabara de sair do trabalho e, como de costume, passaria em casa para trocar de roupa antes de ir para a academia.
Aos 27 anos, formada em Contabilidade, levava uma rotina regrada de treinos e alimentação saudável. Seu corpo era alvo de elogios e olhares — especialmente por parte das amigas, que a chamavam carinhosamente de "Tanajura", por causa do bumbum grande e empinado. Tinha cintura fina, seios médios, cabelo preto que caía até a metade das costas e olhos verdes tão intensos que pareciam esmeraldas. Com 1,65 de altura, seu conjunto era de tirar o fôlego.
Anna trabalhava em uma construtora de segunda a sexta. Já somava mais de sete anos na empresa — começou como recepcionista, mas graças à sua competência, subiu degrau por degrau até se tornar gerente do setor financeiro.
Casada com Gustavo, um engenheiro de software de 32 anos que trabalhava remotamente para uma empresa canadense, vivia uma vida confortável. Gustavo era branco, magro, tinha 1,70 de altura e um estilo meio nerd, com cabelos loiro-escuros e um jeito introspectivo.
O casamento dos dois parecia sólido. Anna era apaixonada por Gustavo, e ele fazia o possível para vê-la feliz. Na cama, ela se mostrava ousada, quase insaciável. Gustavo, por outro lado, precisava se esforçar para acompanhar o fogo da esposa. Apesar de tímido, aceitava — com alguma resistência e muitos suspiros — o jeito provocador de Anna, que adorava atiçá-lo em lugares públicos. Em algumas noites, a tensão sexual era tanta que o carro se tornava o único lugar possível para aliviar o desejo antes mesmo de chegarem em casa.
O relacionamento estava estável e envolvente, típico de um casal que já estava junto há cinco anos. Até que, certa noite, o telefone tocou. Era a mãe de Gustavo, pedindo um favor: seu irmão João havia se separado e precisava de um lugar para ficar por alguns dias. Lembrara-se que na casa do filho havia um quarto vago.
Gustavo não hesitou. Ele adorava o tio e disse que ele poderia ficar o tempo que precisasse. Anna concordou. João era um homem querido pela família, e todos estavam aliviados por ele ter se livrado de um relacionamento conturbado.
João tinha 54 anos. Era o irmão mais novo da mãe de Gustavo. Tinha cabelos grisalhos, pele parda, olhos castanhos e uma barba bem cuidada. Magro e elegante, possuía aquele charme maduro que chamava atenção — um “coroa bonito”, como diriam.
O quarto reservado para João ficava ao lado do quarto do casal. Quando ele chegou, foi recebido calorosamente. Fizeram um jantar especial, abriram uma garrafa de vinho e, mais tarde, sentaram-se na beira da piscina para conversar e aproveitar a noite quente.
João se mostrou um cara divertido, cheio de histórias e piadas. A conversa fluía naturalmente, recheada de risadas. Com o calor abafado daquela noite, Anna comentou que ia se refrescar na piscina e entrou em casa para se trocar.
João estava no meio de uma frase quando parou de falar, subitamente, ao ver Anna voltando. Ela usava um biquíni discreto, mas seu corpo — torneado e firme — fazia qualquer roupa parecer provocante. Gustavo não percebeu o olhar paralisado do tio, porque ele também estava vidrado na beleza da esposa.
Anna percebeu. Sentiu os olhares dos dois percorrendo seu corpo e, por um instante, algo diferente acendeu dentro dela. Não era a primeira vez que usava biquíni na frente de outros homens, mas havia algo naquela noite — talvez o vinho, talvez o olhar de João — que despertava uma excitação inusitada.
Ela entrou na água com leveza e continuou conversando com os dois. O tecido fino do biquíni deixava os mamilos discretamente marcados, e tanto João quanto Gustavo lutavam para manter os olhos no rosto dela.
A essa altura, já era a terceira — talvez quarta — garrafa de vinho. Ninguém contava mais. Gustavo começava a enrolar as palavras, visivelmente bêbado, enquanto Anna se mostrava cada vez mais solta. Conversava com João de forma leve, mas com uma intimidade que não passava despercebida. Gustavo ainda tentava interagir, mas logo adormeceu na espreguiçadeira, vencido pelo cansaço e pelo álcool.
Anna e João se entreolharam por um segundo mais longo que o necessário. E ali, sob a luz amarelada do jardim e a penumbra de uma noite abafada, algo havia mudado — mesmo que nenhum dos dois ainda tivesse coragem de admitir.
A água da piscina envolvia o corpo de Anna como um lençol de seda. Ela deslizava suavemente de um lado para o outro, com os cabelos soltos escorrendo pelas costas, agora molhados, colando-se à pele como uma extensão do próprio biquíni. Seu corpo parecia brilhar sob o reflexo das luzes ao redor da piscina, e João, calado, a observava com a atenção de quem assiste algo raro.
— Tá gostando do vinho, João? — ela perguntou, com um leve sorriso, parando perto da borda onde ele estava sentado.
— Tá excelente… — ele respondeu, com a voz um pouco rouca, desviando o olhar rapidamente para a taça, como se o cristal pudesse esconder o calor que subia por dentro dele.
Anna não percebeu de imediato o efeito que causava, mas à medida que falava com João, notava como ele a escutava com uma intensidade diferente. O olhar não era desrespeitoso, tampouco explícito, mas havia uma admiração silenciosa ali, uma atenção que ela não estava acostumada a receber — pelo menos não assim, de alguém tão... experiente.
Ela se esticou para alcançar a garrafa de vinho sobre a mesinha ao lado, ainda dentro da piscina. O gesto simples, no entanto, fez com que o biquíni deslizasse sutilmente, revelando ainda mais a curva dos seios e deixando parte do bumbum exposto fora da água. João prendeu a respiração sem perceber.
Anna se virou para ele com a garrafa na mão.
— Serve mais um pouco?
— Por favor... — respondeu ele, e estendeu a taça, evitando a todo custo olhar diretamente para o corpo molhado à sua frente.
Anna sorriu de leve. Sentia-se leve. Solta. Não havia bebido tanto assim, mas a combinação de vinho, noite quente e aquele olhar discreto — que agora ela sabia que existia — despertava algo nela. Uma vaidade, talvez. Ou uma necessidade inconsciente de se sentir desejada.
Ela passou os dedos pelos cabelos, jogando-os para trás com um movimento que parecia ensaiado, embora não fosse. As gotas escorreram por seu pescoço, descendo entre os seios até o umbigo. João desviou o olhar para a água, como se ela pudesse apagar o fogo que começava a consumir seus pensamentos.
— Você tá bem quieto, João... — disse ela, agora nadando lentamente de costas. — A noite te pegou ou tá só cansado da viagem?
— Só... absorvendo — respondeu ele, após um breve silêncio. — Faz tempo que eu não me sentia tão... bem-vindo.
Anna sorriu, de verdade agora. Sentiu algo na resposta dele que mexeu consigo. Não era apenas charme. Era uma confissão. Um pedido de aconchego. E isso a desarmou.
— Que bom... você é da casa agora.
Ela saiu da piscina devagar, escorrendo água por todos os poros. Pegou a toalha com movimentos suaves e começou a se secar, sem muita pressa, de costas para João. Mesmo sem vê-lo, podia sentir o olhar dele em sua nuca, nas costas, nas coxas.
Talvez fosse impressão. Talvez não.
Vestiu um robe leve por cima do biquíni, mas o tecido fino grudou na pele molhada como se nem estivesse lá. Deu uma última olhada para Gustavo, que dormia profundamente, com o rosto virado de lado. Depois se virou para João, que estava parado com a taça na mão, quase imóvel.
— Acho que vou tomar um banho e ir dormir. Boa noite, João.
— Boa noite, Anna... — disse ele, com um leve sorriso nos lábios. — E... obrigado mais uma vez.
Ela assentiu, caminhou para dentro da casa e desapareceu no corredor. João permaneceu ali por alguns minutos, tentando organizar os pensamentos — ou talvez apenas adiando o momento em que teria que admitir para si mesmo o que começava a sentir.
Naquela noite, nada aconteceu.
Mas os dois sabiam: alguma coisa havia mudado.
Anna caminhava devagar pelo corredor escuro da casa. O som abafado dos pés molhados contra o porcelanato, o robe colado à pele e o calor da noite grudando em seu corpo criavam uma atmosfera densa, quase elétrica. O vinho deixava tudo mais macio. Os pensamentos, os sentidos… o corpo.
Entrou no quarto e encostou a porta sem trancar. Acendeu apenas o abajur, que lançou uma luz amarelada sobre o quarto. Parou diante do espelho. Ainda molhada, com os cabelos grudados na pele, o robe fino revelava mais do que escondia.
Ela não sabia explicar exatamente o que sentia. Não havia feito nada demais — nenhum gesto fora do comum. Só havia sido... ela mesma. Mas, pela primeira vez em muito tempo, notou o impacto do próprio corpo nos olhos de outro homem.
E não era qualquer homem. Era João. O tio de Gustavo. Alguém mais velho, vivido. Alguém que a olhava como quem aprecia um segredo, e não como quem apenas deseja possuí-lo.
Anna apertou os lábios, tentando conter um sorriso involuntário.
Havia algo no modo como ele a olhava. Não era vulgar. Era... intenso. E isso a tocava de um jeito que ela mesma não compreendia. Talvez porque, nos últimos tempos, sua beleza fosse vista como natural demais. Já era esperado que ela chamasse atenção. Mas ser notada, de verdade, com reverência silenciosa, fazia algo dentro dela pulsar.
Sentou-se na beira da cama. Suas coxas ainda úmidas brilharam sob a luz do abajur. Passou as mãos lentamente pelas pernas, como quem tenta dispersar a tensão, mas o toque apenas realçou o que já ardia sob a pele: o calor. A excitação.
Não era desejo por João. Ainda não. Era mais profundo. Era o desejo de ser desejada. De perceber que ainda havia magnetismo nela. De saber que, mesmo sem tentar, era capaz de despertar sensações. De provocar, ainda que de forma involuntária.
Pensou em Gustavo. Dormindo na espreguiçadeira, vulnerável, alheio ao jogo silencioso que acontecera ali fora.
Não era culpa. Anna não sentia isso. Era apenas um conflito sutil entre o que sabia que era certo — e o que seu corpo começava a desejar, mesmo sem permissão.
Levantou-se, soltou o robe e o deixou cair no chão. Ficou apenas de calcinha diante do espelho, observando as próprias curvas. Tocou o pescoço devagar, descendo até os seios. Os mamilos ainda estavam rígidos, sensíveis.
Suspirou.
— Que merda... — murmurou baixinho, entre os dentes.
Estava excitada. E sabia que não era só pelo vinho. Era pelo olhar. Pelo silêncio. Pela tensão de algo que quase aconteceu — mas não aconteceu.
Apagou o abajur e se deitou. Tentou não pensar, tentou apenas dormir. Mas entre os lençóis, sentiu cada centímetro da pele acesa. O corpo pulsando como se pedisse mais.
Fechou os olhos.
Na escuridão, não era Gustavo que aparecia em sua mente.
Era João.
E isso a assustava.
Mas, de um jeito estranho, também a fazia sorrir.