Cheguei mais cedo do trabalho. No caminho, comprei as flores que ela gosta — não que eu seja um cara romântico o tempo todo, mas às vezes sou. Fui criado por mulheres, isso marca um homem. Uma mãe forte. Uma tia presente. Irmãs mais velhas, sobrinhas, primas... Aprendi cedo a sentir. A observar.
Entro em casa em silêncio. Na cozinha, minha mulher está de costas, distraída, mexendo algo no fogão. Usa uma camisa minha — branca, larga — e um short preto que mal cobre a curva da bunda. Cabelo preso num coque bagunçado. Pés descalços no chão frio.
Aquilo me irrita. Ela pode gripar. Mas ao mesmo tempo... é um lembrete de que eu sou um cara de sorte.
Me aproximo sem fazer barulho, até sentir o calor do corpo dela me chamando. Chego no cangote e solto o que eu chamo de bafo do Drácula: um sopro quente, lento, bem no lóbulo da orelha. E com a voz mais baixa que consigo, sussurro:
— Cheguei. E encontrei minha esposa... descalça. Você sabe que, se ficar resfriada, eu não vou cuidar de você, né?
Ela se vira, sorrindo, me dando um beijo doce. Responde com aquele deboche cheio de afeto:
— Até parece. Você nem cuida de si mesmo.
— Trouxe um presente... mas vejo que a senhora Milani não está se comportando.
— Eu, obedecer? — Ela ri alto, com os olhos marejando de tanto rir. — Você se gaba tanto de ter sido criado por mulheres, mas às vezes eu duvido, viu?
— Ah, minha querida... você pode mandar em tudo aqui. Na casa, na vida... mas no quarto... quem é que manda?
Eu pergunto isso no seu ouvido, a voz baixa, enquanto seguro seu pescoço com firmeza. Não machuco. Só aperto o suficiente pra ela sentir que tem alguém ali. Que eu tô ali.
— Eu não sei... — ela diz, o olhar vidrado, o pescoço exposto aos meus lábios.
— Vamos ver, então.
Eu corto a distância entre nossas bocas devagar, com precisão de bisturi. Não meto a língua de cara, não. Só os lábios. Rente aos dela, segurando o inferior entre os meus, depois o superior. Lento. Firme. Pra lembrar que beijo também é domínio.
A mão que estava em seu pescoço sobe pra nuca, massageando com os dedos pesados de desejo. A outra vai pra cintura, puxando seu corpo contra o meu, como se eu tivesse o direito de colar nossa carne antes mesmo de tirar a roupa.
Quando finalmente uso a língua, é com calma. Como quem explora uma terra antiga. Passeio pelos dentes, pelo céu da boca. Chupo sua língua e, antes que ela reaja, mordo o lábio dela de leve, puxando.
Saio da boca e desço para a mandíbula, depois o lóbulo da orelha. Mordo. Sopros quentes invadem o ouvido dela. O bafo do Drácula outra vez. Ela estremece. Os olhos se fecham. A pele arrepia.
— Abre o olho — eu digo.
Ela obedece. Pupilas dilatadas, bochechas vermelhas, a boca inchada do beijo. Sorrio. A fome cresce em mim.
Desço até o pescoço, paro antes da clavícula e volto até a boca. Mas não encosto. Deixo a minha perto da dela, tão perto que a pele formiga. E então, beijo de novo. Agora com mais ritmo, mais pressão, mais gana.
— Ai — ela geme surpresa quando a ergo e a sento na bancada da pia.
Suas pernas me laçam a cintura e uma das mãos agarra minha nuca com força, puxando minha cabeça pra trás. Exibe o pescoço como quem oferece um campo de batalha. Eu entendo o recado.
Arranho com a barba, beijo, mordo. Beijos molhados, intensos, só pra marcar território. A outra mão segura firme sua cintura, a impedindo de escapar da minha pegada.
Volto à boca dela, beijo como quem reinicia um incêndio, depois desço até a clavícula e paro onde a camisa me bloqueia.
Largo a nuca e vou com as duas mãos até a barra da camisa. Olho nos olhos dela. Ela não desvia o olhar. Puxo devagar. Bem devagar. Usando o toque fantasma: dedos roçando quase sem tocar, só os pelos do braço se arrepiando no caminho. Ela estremece.
E aí, a surpresa:
— Sem sutiã, meu amor? Tava me esperando?
— Não. Você sabe que gosto de me sentir livre em casa.
— Eu sei. Só tô te provocando.
Volto ao pescoço, descendo até a clavícula outra vez. Agora minhas mãos sobem pelas costelas, polegares desenhando círculos na base dos seios. A boca vai descendo junto. Mordo, beijo, lambo.
Chego à aréola. Sopros quentes, depois língua leve, como pena. O mamilo está duro. Chupo. Mordo. Beijo.
A outra mão não esquece o gêmeo solitário. Brinco com os dedos: pinça, peteleco, carinho. Um seio inteiro na boca, outro na mão.
Enquanto ela suspira, uma das minhas mãos desce pela barriga, até a cintura. Brinco com o cós do short.
— Tiro ou não tiro? — pergunto, encostando a boca no seu ouvido.
Ela responde com os olhos. Pedindo. Implorando.
Eu sorrio e volto a apertar seu pescoço, com os olhos cravados nos dela.
— O que a minha putinha quer?
— Eu quero você.
— Você já me tem. Mas o que quer que eu faça?
— Me faça gozar.
— E se eu não quiser?
Ela hesita. Eu rio, e afrouxo a mão no pescoço.
— Mas como eu sou bonzinho... me diz. Quem manda na cama?
— Você, amor.
— Boa menina.
Pego ela no colo. A camisa aberta escorre pelos ombros, e o cheiro da pele nua bate no meu nariz. O cheiro dela me bagunça por dentro. Não tem perfume no mundo que supere a mulher limpa e quente depois de um dia comum.
Deito ela no meio da cama.
— Levanta o quadril.
Ela obedece. Tiro o short devagar, sentindo a pele dela escapar dos meus dedos. A última peça sai.
E ali está ela. Aberta. Linda. Minha.
Começo pelos seios de novo. Como se estivesse com saudade. Mordo, chupo, aperto. A carne dela se molda na minha mão. As costas se arqueiam sem que eu peça. Ela sente. Eu sinto.
Desço com beijos úmidos, quentes, deixando um rastro até a virilha. Mas não vou direto. Desvio. Vou pra coxa. Chupo a lateral. Mordo onde ela não espera. Depois desço até a panturrilha, só pra torturar.
Subo de novo. Pulo a buceta mais uma vez. O desejo dela pulsa. Eu ouço.
Quando ela suspira alto, me viro com ela. Viro de bruços. Beijo sua coluna inteira, da nuca até a lombar.
— Empina pra mim.
Ela entende. Levanta a bunda, as costas ainda na cama. Eu coloco um travesseiro sob o quadril dela e abro as pernas com as mãos.
Uso o toque fantasma pelas costas, só a ponta dos dedos, sem peso. O corpo dela se arrepia inteiro. Passo a mão pelas nádegas, separo as bandas com carinho sujo. A visão me deixa duro, pesado, latejando.
Começo a lamber. De baixo pra cima. Subo devagar do centro da bunda, passo pelo cuzinho com a ponta da língua e só paro quando coleto o mel quente escorrendo da buceta.
Ela geme algo entre prazer e desespero. E eu desço mais, até o clitóris. Chupo como quem bebe por um canudo. Com fome. Com vontade.
Lambuzo a boca nos lábios grandes, nos pequenos. Chupo, lambo, mordo leve. Faço um caminho pela virilha, pela coxa. Volto ao centro e enfio um dedo.
Devagar.
Com a polpa virada pra cima.
Quando entra todo, eu viro a mão. Faço aquele movimento de "vem cá", como aprendi com os sexólogos.
Enfio o segundo dedo. A outra mão passa pelas costas, vai até o púbis. Faço pressão por cima, como se minhas duas mãos fossem encontrar o ponto G entre carne e osso.
E quando acho...
Ela explode.
O corpo todo contrai. As pernas tremem. A respiração falha, profunda. Os músculos da barriga se encolhem. A boceta pulsa, viva, molhada, perfeita. Os gemidos são baixos e úmidos, quase soluços.
Nada no mundo é mais bonito que uma mulher gozando de verdade. Não é filme. Não é pose. É corpo. É alma.
Mas eu não paro.
Continuo. Masturbo com precisão de relojoeiro, boca no clitóris, dedos no ponto exato. E ela goza de novo. E de novo.
— Quantos quiser, amor. Você merece todos.
Eu digo isso rosnando, como quem não vai dar trégua. Porque o corpo dela pede mais, e eu vou dar.
Quando ela goza pela terceira vez, o corpo dela parece desligar. Mas eu sei que não acabou.
Viro ela de costas, de novo. O rosto afundado no travesseiro, as costas nuas brilhando de suor. Eu subo por ela, beijando cada vértebra da coluna, até chegar à nuca.
— Hoje você vai sentir cada parte sua. Até as que você não conhecia.
Ela não responde. Só respira fundo.
Eu me levanto, pego a venda preta na gaveta da cabeceira.
— Fecha os olhos.
Ela obedece. Eu amarro.
— Agora você perdeu um sentido. Isso vai deixar os outros mais vivos.
Acendo velas afrodisíacas e deixo o cheiro tomar o quarto: canela, baunilha, um toque de pimenta doce.
Coloco uma música lenta no celular — grave, quase tribal.
Três sentidos, nocauteados: visão, olfato, audição.
Sobram dois: paladar e tato.
Subo de volta nela. Começo com o toque fantasma, deslizando os dedos pelo corpo, sem encostar direito. As coxas tremem. Os braços se arrepiam. Os mamilos endurecem só com a antecipação.
Massageio os ombros, o pescoço, as costas, os glúteos, a parte de trás das coxas.
A pele dela está elétrica.
O cérebro dela, em curto.
E é agora que eu ataco.
Com a boca, volto pros seios, mordendo com mais intensidade. Ela solta um gemido abafado. Me ajoelho entre as pernas dela, abro com as mãos, e passo a língua firme, direto na buceta. Agora sem piedade.
Depois de alguns minutos, eu paro.
— Não... — ela sussurra, quase em protesto.
— Calma, amor. Tenho uma surpresa.
Pego o vibrador pequeno, lavo, e coloco bem no clitóris. Grudo ali.
Depois, pego uma vela. Ergo alto.
— Relaxa. Confia em mim.
Deixo cair uma gota de cera quente na coxa dela. Ela dá um sobressalto.
Outra, perto do quadril.
Outra, entre os seios.
Uma perto da virilha.
Ela geme mais forte.
E o vibrador continua.
Começo a masturbá-la com firmeza. Lento, mas com pressão. Faço o dedo dançar por dentro dela, enquanto a cera seca quente na pele.
A mulher está em transe.
— Goza pra mim, amor.
Ela goza. De novo.
Agora sim, é minha vez.
Solto os pulsos dela, tiro a venda, encaro seus olhos. Ela sorri, exausta, entregue.
— Você tá pronta?
— Vem. Entra em mim.
Eu posiciono. Uma das pernas nos meus ombros, a outra dobrada. Entro devagar, sentindo cada centímetro ser engolido por ela.
E quando estou inteiro lá dentro, começo a rebolar o quadril, não só meter.
— Isso... assim... — ela sussurra, com os olhos fechados.
O vibrador continua no clitóris. O prazer dela é contínuo, como uma onda que não quebra.
Quando sinto que estou perto, mudo a posição: deito o corpo sobre o dela, pressionando, com as pernas dela juntas.
A fricção aumenta.
— Quero gozar com você. Olha pra mim.
Os olhos dela me encontram.
Eu beijo. Beijo com raiva e amor, com gozo e ternura.
Os corpos colados, suados, quentes.
O último orgasmo vem. Forte. Pesado. Denso.
Eu me derramo dentro dela. Enterro o rosto no pescoço, respirando sua pele, sentindo o mundo ficar em silêncio.
Ficamos assim. Um tempo sem tempo. Só carne e respiração.
Depois a puxo pra cima de mim.
Faço carinho em suas costas, beijo a testa, sussurro besteiras e promessas.
E dormimos assim. Nua sobre mim. Suados. Vivos.
Eu ainda duro por dentro. Não pela ereção, mas por ela.
Pela sorte de amá-la com essa fome.