Nunca fui exatamente recatada. Mas também nunca fui de buscar prazer em sites de contos eróticos. Meu erotismo sempre foi mais íntimo, mais imaginativo que explícito. Só que naquela madrugada — uma daquelas em que o silêncio pesa, e o corpo pede mais do que sono — acabei clicando num link que apareceu quase como uma armadilha doce: Casa dos Contos.
O nome do conto era um convite travesso: “in6º lugar”. Velado sob um título criativo, convidativo e enigmático. Dei um clique. E mergulhei.
Era uma história escrita com uma precisão quase cruel. Nada ali era gratuito. Cada linha carregava o peso do que não se diz, e ainda assim era impossível parar de ler. A mulher era madura, refinada, contida. O jovem, sensível, silenciosamente faminto. Mas o mais perturbador: Ela era a mulher que o criou. Que o ensinou a andar, a comer com talheres, a segurar um livro. Que o viu crescer, e mudar de voz, de cheiro e de olhar.
E foi exatamente isso que me paralisou: o tabu não estava na transgressão física, mas no afeto desviado. No carinho que virou toque, no cuidado que foi se curvando em desejo até quebrar completamente a fronteira entre o maternal e o carnal. Entre o afeto e o sexo.
Eu senti algo que raramente sinto lendo ficção: pudor de estar excitada. Mas não conseguia parar. A escrita era deliciosa... impecável. Não era vulgar. Era poesia suja. Era ternura que apertava o ventre. A autora, assinando como “Escritora Angélica”, tinha um domínio da narrativa que me deixou, sem exagero, ofegante.
Quando terminei de ler, estava nua sem ter tirado a roupa.
Rolei até o fim da página e vi a opção: “Comentários”. Mandei, movida mais pelo instinto do que pela razão:
"Nossa, você tem uma sutileza deliciosa nas palavras!"
A resposta veio menos de meia hora depois:
"Obrigado pela mensagem no meu conto. Fiquei feliz com seu comentário elogioso!
Desculpa se decepciono por ser um homem, mas a temática incestuosa me fascina! E é uma delícia poder expressar esses pensamentos com alguém! Ainda que anonimamente!
Prazer! Me chamo André!"
Meu coração bateu num lugar que não era mais o peito.
André. O homem por trás da mulher que me deixou molhada com palavras. Ele falava com inteligência, sem precisar se provar. Tinha charme, sim, mas daqueles que escorregam pelas frases, discretos, e deixam marcas. Começamos a conversar. Primeiro pelo site, depois pelo WhatsApp. E dali, tudo desabou de um jeito doce e urgente.
Ele escrevia como se tivesse o mapa do meu desejo. Sabia exatamente onde doía, onde ardia. Me mandava áudios sussurrados de madrugada. Textos que pareciam escritos para mim. Só para mim. Cada mensagem trocada era uma peça de roupa a menos.
Com ele, a conversa nunca era só conversa. Era toque. Era cheiro. Era minha mão entre as pernas, sozinha, no escuro, com o nome dele preso na garganta.
Um dia, ele escreveu:
"Te leio toda noite. Agora quero te escrever com os dedos."
E eu, sem pensar, respondi:
"Vem!"
Após mais algumas mensagens e uma ligação de vídeo, partimos ao nosso destino comum. Nos encontramos num hotel belíssimo escolhido por ele. Pontual, ele chegou primeiro e me enviou umaensagrm avisando que já estava lá.
"Quarto 708, não precisa parar na recepção. Pegue o segundo elevador e suba direto. A porta está aberta."
O elevador parecia lento de propósito. Meu corpo vibrava com aquela tensão que não vem do medo — mas da entrega prestes a acontecer. Cada andar subindo era um grito contido entre as coxas. Eu sabia o que ia fazer. Não era ilusão. Não era romance. Era suor, desejo e coisa suja. Eu queria ter em mim o homem que me fez gozar com palavras. Nada menos.
A porta realmente estava entreaberta.
Entrei. Ele estava em pé, encostado na parede. Camisa branca, bem passada, mangas dobradas, aquele olhar de quem já me tinha. Não disse nada. Nem eu. Por segundos, o silêncio foi absoluto. Apenas o som do meu salto contra o piso frio. O quarto cheirava suavemente a flor de cerejeira. E logo depois, a nós dois.
Ele veio até mim devagar. Me tocou o rosto com a ponta dos dedos, como se estivesse confirmando que eu era real. E então me puxou pela nuca e me beijou como se quisesse me rasgar por dentro. Beijo molhado, sem doçura, sem introdução. Língua cheia de volúpia, respiração pesada. Me afoguei ali.
— Tira a roupa — ele sussurrou, com a boca colada na minha orelha. — Agora.
Obedeci sem teatrinho. Sem charme. Só tesão.
Fiquei nua em menos de um minuto. Ele me olhava com fome, mas não era pressa. Era fome. Como se tivesse esperado aquilo por séculos. Como se cada palavra trocada antes tivesse sido uma carícia longa demais. E agora, finalmente, era carne.
Ele ajoelhou. Me abriu com as mãos. Me lambeu como quem reza. Sem técnica ensaiada — era intenso, como se quisesse beber de mim. A língua dele era quente, molhada, urgente. Me fodia com a boca. Eu gemia, me agarrava nos cabelos dele. Até que explodi em chamas antes do que eu podia imaginar ser possivel. Quando gozei, tremi com as pernas abertas, sem pudor, arfando alto, sem vergonha nenhuma.
Mas ele não parou.
Me virou de costas. Me botou de joelhos na beirada da cama. Passou a mão pelo meu cabelo e disse baixo:
— Você já é minha. Desde a primeira mensagem. Só não sabia ainda.
E me penetrou de uma vez, como quem fode com paixão.
Gemi alto. Quase gritei.
Ele era grosso. Quente. Entrou fundo, com raiva contida. Aquele tipo de raiva boa — a que só existe quando a gente quer muito alguém e não sabe como dizer. O barulho dos nossos corpos batendo ecoava pelo quarto. Ele me pegava com força, com brutalidade quase carinhosa. A mão dele segurava minha cintura com firmeza, e quando ele bateu com força na minha bunda, senti o som estalar dentro da minha barriga.
Aguentei ele me foder como um animal. Quase não me reconheci agindo selvagem com aquele homem faminto e adorando isso. Aguentei ele me virar, meter de novo de frente, me olhar nos olhos enquanto entrava fundo, e dizia que eu era a putinha dele agora. Que ele ia me usar até a última gota. E eu me abria. Mais. Sempre mais.
Não lembrando da proteção. Nem cogitamos camisinha. E tudo foi melhor assim. Ele gozou dentro de mim, segurando meu rosto, olhando dentro dos meus olhos, dizendo meu nome baixo, com uma voz rouca que eu jamais vou esquecer.
Depois, caímos lado a lado. Nossos corpos suados, grudados. O quarto inteiro cheirava a sexo e algo que não tem nome — algo que vem quando duas pessoas se reconhecem no escuro, não pelos olhos, mas pela pele.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
Ele me olhou. A mão dele ainda descansava na minha coxa. E tinha aquele sorriso de quem sabe o que acabou de fazer. De quem sabe que o que aconteceu ali não era só sexo — era transgressão consentida, rasgada, desejada.
— Ainda quer que eu te escreva? — ele perguntou, com aquela voz rouca que parecia recém-saída de dentro de mim.
Demorei dois segundos para responder. Estava com os lábios ainda meio trêmulos, as pernas bambas, o peito ainda exposto. E então, sem encará-lo diretamente, falei baixo:
— Quero, sim... Mas agora... quero que me chame de um jeito específico, quando escrever. Quando falar comigo.
Ele arqueou uma sobrancelha, curioso, meio divertido.
— Que jeito?
Respirei fundo. O calor subiu pelo meu rosto, mas não de vergonha. Era fogo. Um fogo antigo, escondido, que finalmente queria ser aceso inteiro.
Virei o rosto e olhei pra ele, firme:
— Me chama de "minha irmã".
O quarto congelou por um segundo.
O silêncio não era mais confortável — era denso. Ele me olhou com os olhos mais escuros do que antes. Quase perigosos. Uma mistura de surpresa, tesão e algo mais primitivo que eu não sabia nomear.
— Repete — ele pediu.
— Quero que me chame de irmã — sussurrei, mais uma vez. — Quando me escrever. Quando me comer. Quando gozar dentro de mim. Quero que seja assim. Quero que o que a gente viveu hoje não seja só proibido... quero que seja imperdoável.
Ele não disse nada de imediato. Só passou a mão devagar pela minha cintura, como se estivesse reconhecendo um novo território. O toque dele ficou mais lento. Mais possessivo. Como se, naquele instante, alguma coisa entre nós tivesse mudado de forma — e de cor.
E então ele disse, colando a boca na minha nuca:
— Minha putinha... minha irmãzinha delícia...
Minha pele inteira estremeceu.
E eu soube, naquele momento, que o que começara com palavras não tinha mais volta. Que eu tinha cruzado a linha.
E gostado.