Na empresa, a Rebeka se mostrou muito esperta. Ela colocou a Manú para negociar diretamente com os clientes, devido ao seu carisma e a todas as suas qualidades, que ajudam a convencer e cativar as pessoas. Ela treinou muito bem a Manú e, no começo, as duas chegaram até a fazer algumas viagens juntas para visitar alguns clientes muito importantes. E a Fabíola ela deixou no setor financeiro/jurídico, e ela trata mais do financeiro do que do jurídico.
Com a gravidez da Manú, a Rebeka colocou a Meghan colada na minha esposa, para não ter quebra de continuidade, quando a minha esposa se ausentar.
Teve um lance há uns dois meses atrás. A Manú estava tão adaptada ao trabalho que a colocaram para cuidar de alguns clientes grandes e ela estava cuidando dos negócios de exportação de máquinas pesadas e já estavam indo para a terceira reunião com um importante cliente, quando nos encontramos nos corredores e a Manú me apresentou ao empresário, o George. O cara era todo galã, falante e persuasivo. É herdeiro de uma das maiores fortunas dos Estados Unidos, pois as indústrias de sua família fabricam e exportam máquinas pesadas para construção e agricultura, como tratores, colheitadeiras, escavadeiras, motoniveladoras, empilhadeiras, equipamentos de pavimentação de asfalto, caminhões articulados entre outros.
Dava para ver que ele queria se aparecer e estava louco pela minha esposa. Apesar de grávida, de cinco meses na época, ele nem disfarçou, enquanto lambia os lábios olhando para a bunda da Manú.
A Manú também já havia notado o interesse dele e, quando ele a convidou para ir a um show, ela disse que só iria se eu fosse também. Ela me disse claramente que nunca sairia com aquele cara se eu não estivesse ao seu lado.
Ele lhe disse que só tinha mais um ingresso para esse show e ela bateu o pé, dizendo que só iria comigo. Na última hora ele falou para a Manú que alguém não poderia ir a esse show e que agora ela poderia levar uma amiga para acompanhá-la.
Ela pegou o ingresso e me levou.
Era um show da Rihanna, na maior casa de espetáculos da região. E olha que, achando que iria se dar bem com a Manú, ele conseguiu um belo camarote.
Ficamos só nós três no camarote, que era para cinco pessoas. Imaginem a cara dele quando me viu entrando no camarote com a minha esposa.
A Manú só deu atenção para mim. E eu fiquei o tempo todo encarando aquele babaca. A Manú só me pediu encarecidamente para que eu não batesse naquele babaca (se bem que ela não falou nada contra jogá-lo lá de cima daquele quarto ou quinto andar em que estávamos.
E, bem frustrado, o conquistador barato (que de barato não tinha nada) alegou algum imprevisto e foi embora no meio do show.
Eu aproveitei que estávamos sozinhos no camarote e dei um encoxada na Manú, que estava apoiada no parapeito, encantada com o show. A abracei e comecei a esfregar o meu pau no meio da bunda dela. Ela estava apetitosa, naquele vestido soltinho, com sua barriguinha de grávida e de saltos médios que faziam sua bunda empinar ainda mais. Sempre adorei aquelas coxas grossas e aquela bunda empinada e durinha me deixavam louco.
O negócio foi esquentando e eu aproveitei que o camarote era escuro e me abaixei para beijar a sua bunda. Aproveitei para tirar a calcinha dela e a coloquei no bolso e notei que ela estava molhadinha. Tirei o pau para fora e coloquei no meio de suas pernas. O medo de sermos descobertos fazia aquela brincadeira mais deliciosa ainda.
Falei no ouvido dela: “— Tá com saudades da minha rola, putinha?” — Ela não disse nada, só concordou com um balanço discreto da cabeça. Quem olhasse de fora pensaria que ela estava concentrada no show. Ela só jogou a bunda mais para trás e murmurou: “— Enfia logo essa pica em mim!”.
Não precisou pedir duas vezes. Transamos ali, em pé mesmo.
Coloquei devagar. A Manú é apertadinha e eu não queria chamar a atenção. Só que aqueles movimento que inicialmente eram mais lentos logo foram ficando mais rápidos, o pau foi entrando mais fundo. A Manú esqueceu até do show, me jogou para o fundo do camarote e transamos ali mesmo.
Delicia!
Não é só a Manú que conquista corações. Eu também tenho sofrido um pouco de assédio. Nesse projeto que estou, só da CALTECH são 19 bolsas de estudo, para professores, pesquisadores, alunos de pós-doutorado, doutorado e mestrado. E entre eles tem uma estudante de mestrado, que assim como eu, é engenheira de telecomunicações, e que está muito interessada em mim. É a Gaia Olsson, uma sueca, loirinha, de 23 anos. Ela não está no mesmo grupo que eu, que estudamos tecnologias existentes. Ela participa de um grupo de pesquisa que trabalha mais no mundo das ideias, tentando criar algo novo e assim empurrar a fronteira do conhecimento. Mas, mesmo assim, como estudantes, participamos juntos de algumas atividades aqui em São Francisco ou na CALTECH, em Pasadena. Acontece que, na primeira vez que conversamos, ela já foi falando que eu não parecia brasileiro, pois era totalmente diferente do Neimar e Ronaldinho Gaucho e que eu parecia mais um jogador de futebol americano. Ela é uma loirinha que não tem nem 1,60m de altura, toda magrinha, peitinho pequeno, linda e com um rosto de menina de uns 16 anos, que deve ter a maior dificuldade em entrar em festas, pois ninguém deve acreditar que ela tem 23 anos. Para quem gosta de uma ninfetinha ela é um prato cheio. Então eu sacaneei com ela, dizendo que quando vi o nome dela na lista pensei logo que era uma sueca enorme, uma viking gigante como a atriz Ragga Ragnars e não uma barbie. Ela só deu um sorriso sem graça e disse que a Ragga Ragnars não era sueca, e sim islandessa.
Só que não acabou aí, ela me falou que gosta de homens grandes e vive me convidando para sair, principalmente quando vamos para Los Angeles. Como eu já disse, a vida já nos ensinou muito e eu já contei isso para a Manú e já dei vários cortes na Gaia. Inclusive teve uma vez que ela foi mais enfática e eu falei para ela tomar cuidado, pois ela já conhecia a minha esposa e que ela não aguentaria um tapa da Manú. Depois disso ela acalmou um pouco. E ela sabe quem é a Manú, pois nas nossas idas e vindas de e para Los Angeles eu já viajei no mesmo voo que a Gaia umas seis vezes e, em duas dessas vezes a Manú estava comigo e elas se conheceram assim, com a Manú lançando olhares fulminantes para ela. Depois elas se encontraram mais duas vezes, em outros eventos.
Há sim, o negócio do conquistador barato não terminou ali. Fiquei sabendo que, dias depois, o George foi conversar com o Maurice, dizendo que havia fechado o negócio com eles. E que depois ele perguntou para o Maurice onde ele havia encontrado aquela negociadora gostosa e falou que só não fechou o negócio na primeira reunião, pois queria passar mais tempo com a “funcionária” do porto e, finalmente disse ao Maurice que a funcionária deveria ganhar muito bem, pois ele ofereceu para ela todo o dinheiro do mundo e ela o recusou. Quem presenciou essa conversa disse que nunca viu o Maurice tão transtornado, parecia que ele ia voar no pescoço do George, mas ele se limitou a dizer que a “funcionária” era a sua neta e que o conquistador tinha apenas um minuto para sair da empresa dele.
Assim que chegamos aqui já voltamos para a academia. Vamos na academia que é de propriedade da família da Manú, que é coisa de primeiro mundo. Fazemos musculação, pilates, yoga e natação. Não nos desgrudamos dentro da academia. Na musculação nos revezamos em várias máquinas e, quando não estamos fazendo o mesmo exercício sempre estamos um perto do outro. A Manú, sempre cativante, faz sucesso com todo mundo. Ela, sempre gentil e atenciosa, acaba quebrando a resistência até das pessoas menos simpáticas. As velhinhas a adoram e dizem que ela é a aluna mais linda de lá (e olha que ninguém sabe que ela é neta do dono). E agora que está grávida ela faz mais sucesso ainda. Quando um de nós, por algum motivo não vai treinar ou chega mais tarde, todo mundo nota e nos pergunta o motivo.
A nossa professora de natação é ótima, ela inclusive já foi finalista olímpica no nado borboleta, estamos adorando as suas aulas e a Manú está se dando muito bem com ela. Ela aprende muito rápido e eu tenho certeza que, depois que ela ganhar nenê e voltar a nadar, vai ser difícil acompanhar ela nesse nado. Eu só tenho que controlar o meu foguetinho, pois muitas vezes ela esquece que está com um barrigão. Por enquanto vou brigando para ela nadar mais devagar e se dedicar mais ao pilates e à yoga
No final de março participamos de um torneio master de natação, que foi sediado na piscina olímpica da USFCA. Era um circuito de competição para manter os amantes do esporte em atividade. Para participar da competição o atleta precisava ter mais de 25 anos e não estar participando de circuitos de alto rendimento — participavam inclusive muitas pessoas que aprenderam a nadar depois dos 40, 50 e até 60 anos). Para mim foi interessante, pois eu voltei a competir nas piscinas depois de mais de 10 anos e eu sempre adorei a adrenalina desse esporte.
Fiquei impressionado, pois nunca participei de uma competição em que haviam tantos nadadores. As provas eram divididas por idade: de 26 a 39 anos e depois de 10 em 10 anos (ex: de 40 a 49 anos, de 50 a 59, até os acima de 80 anos). Eram provas só de 50, 100 e 200 metros e cada nadador poderia competir em apenas três provas. Como estou treinando para provas longas, acabei nadando os 100m livre (eu deveria ter escolhido os 200m livre) e também optei pelos nados de peito, que é a minha especialidade (apesar de não estar treinando muito esse estilo) e, assim, me inscrevi nos 50m e 100m nado peito.
Até que não fui mal: fiz um 8º lugar nos 100m livres (eram mais de 100 nadadores nessa prova e foram 14 baterias), fiz um 4º lugar nos 50m peito e belisquei uma medalha de prata, sendo o segundo colocado na prova de 100m peito. Já a Manú arrasou. Mesmo já com uma barriguinha aparente (na brincadeira ela até escreveu na frente do maiô: “Baby on Board”), ela engoliu as gringas, ganhando a medalha de ouro nos 50m livres (fez uma prova perfeita e com um tempo espetacular), pegou o segundo lugar na prova de 50m borboleta (com o melhor tempo da vida dela) e na prova de 100 metros livre ela pegou outra medalha de prata, perdendo “só” para a monstruosa Missy Franklin (monstruosa não só por ser uma gigante, inclusive mais alta até que a Fernanda, mas também por ser campeã olímpica e mundial e uma atleta que teve que se aposentar muito cedo por causa de uma dor crônica no ombro e que agora só nada por diversão), que nessa competição também ganhou os 100 e 200 metros costas. A Missy Franklin ganhou a prova com quase um corpo na frente das outras e atrás dela chegaram umas cinco nadadoras que terminaram praticamente juntas e entre elas a Manú, que chegou centésimos de segundo na frente das outras. A Missy foi receber a medalha com a filhinha de uns quatro anos no colo e eu até conheci o marido dela, que também estava nadando na competição. Até hoje meus ouvidos doem de ouvir a Meghan de um lado e a Fabíola de outro, gritando desesperadamente para incentivar a minha maravilhosa esposa.
E realmente, tenho que reforçar que a Manú está uma grávida linda. E está com um corpão maravilhoso, pois estamos malhando e nadando praticamente todos os dias na academia do avô dela. Fora que ficamos horas no quarto fazendo amor. Quem reclamava da taradisse da Manú é a Fabíola, só que agora ela está estudando a noite, fazendo um curso de administração e marqueting e ficamos mais livres durante algumas noites em que a Fabíola está fora. A Fabíola se achou aqui. Acredito que dificilmente ela volta para o Brasil. Ela têm um fogo, que acho que ela vai conseguir o que quiser da vida.
Mas não estamos tendo todas as noites só para nós dois, pois a Manú começou a fazer aulas de canto, e eu adoro ouvi-la cantar. Ela é especial e eu a amo incondicionalmente.
Além de nadar, também estou fazendo triathlon e corrida de rua. Comecei a correr junto com a Manú, ainda no Brasil. Fizemos umas corridas de 5 e 10 quilômetros e estávamos treinando para a primeira meia maratona e o primeiro triathlon que faríamos juntos, só que com a gravidez ela deu uma parada com a corrida e só eu continuei. Agora ela não está participando das competições, mas me acompanha e é a minha grande torcedora. E olha que estou melhorando muito nessa brincadeira. Ano passado fizemos uma prova de triathlon, aqui mesmo em São Francisco, chamada “Fuga de Alcatraz” (Escape From Alcatraz) com a distância olímpica da prova (1500 metros de natação, 40 quilômetros de ciclismo e 10 quilômetros de corrida) e semana passada eu fiz outra prova no mesmo percurso e melhorei meu tempo em 14 minutos, com direito a um beijo da Manú na reta final.
E tem o fato da Sophia ser a primeira bisneta. O Maurice trata a Manú como uma princesa, com todo o cuidado do mundo. Apesar de sempre me falarem que o Flávio é o neto preferido dele, acredito claramente que essa preferência está mudando para a minha esposa. Ele fez questão de montar todo o quarto da Sophia de acordo com os desejos da neta. Estamos muito empolgados, já pintamos o quarto da Sophia e agora a Manú está pintando painéis na parede. E eles estão ficando lindos, pois a arte que ela faz é emocionante e cheia de vida, fora que eu simplesmente adoro seus traços e a palheta de cor que ela escolheu
Do lado paterno da Manú a Sophia também vai ser a primeira bisneta, tanto que o seu Antônio e a dona Célia já estão com passagem comprada para virem nos visitar no final de setembro, juntamente com meu sogro e minha sogra. A Manú inclusive está esperando que a Renate a leve para conhecer a família de sua avó, que vive na região de Chicago. E eu também estou louco para fazer esse passeio.
Eu não sei quando vou ao Brasil. A Manú pretende ir somente quando a Sophia fizer seis meses. Ela que ir passar uns dias em São José, para ver pessoalmente como ficou a reforma da nossa casa, depois ele quer visitar o Flávio e o tio, em São Paulo, e então se mandar para Belém, para apresentar a nossa herdeira para o restante de sua família. Talvez eu só faça um bate e volta, em dezembro, para o casamento da minha prima/irmã Flávia (prima por força do hábito)
Um dia desses a Carmem me cobrou, dizendo que eu lhe devia um strogonoff de frango. Ao ouvir aquele pedido a Manú já ficou com desejo e eu tive que fazer um para a galera toda. Reuni todo mundo no terraço lá de casa e deu quase 30 pessoas. Além do strogonoff (com direito a batata palha contrabandeada do Brasil), aproveitei para assar uma carninha e foi um sucesso só. Mesmo fazendo as contas de uns 20% a mais de comida para cada pessoa, não sobrou nada do strogonoff. De sobremesa eu fiz um bonèt e um brigadeirão, que ficaram deliciosos. Ficamos até de madrugada e foi nesse dia que o Maurice dormiu no apartamento do primeiro andar.
O strogonoff fez tanto sucesso que até o James (o primo da Manú) me cobrou um pouco, quando nos encontramos lá no rancho, dizendo que a Meghan havia adorado. A Meghan era parecida com a mãe, mas o James puxou a aparência da avó, tanto que ele tinha as feições muito parecidas com as da Manú e Fabíola. Fisicamente ele parecia mais irmão delas do que o Flavio, que é realmente irmão delas.
Ele é um cara muito bonito, confiante, boa pinta, alto, corpo bem definido, divertido e tem um bom papo. E tem pelo menos umas 15 pequenas tatuagens espalhadas pelo corpo. Como ele está fazendo faculdade de medicina veterinária na cidade de Davis, que fica a poucos minutos do rancho, em praticamente todo final de semana ele vai para lá, para cuidar dos animais. Ele é um daqueles caras que as mulheres correm atrás. Já me falaram que, antes de começarmos a ir para o rancho, todo final de semana ele levava uma ou duas garotas para passar o final de semana com ele.
Eu já peguei no ar uns lances e tenho quase certeza que a Fabíola já dançou encima da rola do primo. Contei isso para a Manú, que achou estranho. Ela sempre me disse que a Fabíola era pegadora, mas só saia com os caras, dava uns beijos e uns amassos, porém não ia para os finalmentes e, também, ela não acreditou que a irmã transaria com o primo. A Manú chegou a questionar a Fabíola quanto a isso mas esta negou.
Quando nos mudamos para cá a Fabíola ainda chegou a dar umas insinuadas para o meu lado. Ela sabe que é bonita e gostosa e adora atiçar os meninos e eu a cortei logo e deixei bem claro que a minha relação era com a irmã dela. Isso acabou reforçando ainda mais a nossa amizade. Eu adoro a minha cunhada pimentinha. Vejo alguma coisinha da Nanda nela, principalmente a impulsividade e a falta de filtro que, no caso dela é pior, pois enquanto a Nanda é calada (ou pelo menos era quando estudávamos juntos) a Fabíola é uma matraca. E ela vai testando os limites. Um dia desses estava vendo TV com a Manú e ela já chegou do nosso lado dizendo que o sorriso no rosto da Manú é porque havíamos transado (e nisso ela não errou).
Enxotamos ela de lá e no intervalo a minha esposa foi na cozinha e a Fabíola veio rebolando para o meu lado, entrou na frente da TV, dançando com aquele corpo perfeito, trajando apenas um shortinho minúsculo, que estava sendo engolido por sua bunda, e uma camisetinha básica, que além de deixar parte da barriga de fora, ainda destacava seus grandes e belos seios, que pareciam até maiores, mesmo presos dentro do sutiã e apertados dentro da camiseta. Eu já vi a Fabíola de biquíni e sei que seus peitos, além de grandes, são durinhos e suculentos. Fui salvo pela Manú, que chegou dando uma palmada na irmã e exorcizando o demônio da minha frente.
Ela saiu revirando os olhos para a irmã, mas não sem antes me lançar um sorriso maroto, pois havia alcançado o objetivo de irritar a Manú. Passada uma meia hora o demônio voltou. Assim que a Meghan chegou em casa, a Fabíola saiu do seu quarto e entrou na frente da TV (na minha frente) novamente, trajando um vestidinho preto, de alcinha, bem levinho e soltinho, que mal chegava no meio de suas coxas. Deu uma voltinha e perguntou se estava bom. O olhar da minha cunhada era de pura perversidade e ela fez isso só para provocar a irmã.
A Fabíola é aquela ninfeta confiante e cheia de si, que sabe que é gostosa e adora provocar com seu jeitinho inocente e imaturo. Após o costumeiro puxão de orelhas e um belo sermão, a Fabíola e a Meghan foram para uma festa. Não sem antes a Fabíola reclamar que a Manú estava mais chata que a mãe delas. Realmente o passa tempo favorito da Fabíola é irritar a irmã.
Não se impressionem com esse último relato, isso tudo é briga de irmãs. Elas se adoram. Acho que o problema é que a Manú é a irmã certinha e a Fabíola quer ser como ela e vê como isso é difícil, fora que, agora morando juntas e longe dos pais, a Manú meio que assumiu o papel de “responsável” pela irmã mais nova, que odeia ser controlada.
O Maurice, usando sua influência e o seu dinheiro, conseguiu para a Fabíola cursar Administração e Negócios, na Universidade da Califórnia — Berkeley, que dizem que é um dos melhores cursos que existe e ela está empolgada. Ela começa o curso no próximo semestre.
Eu adoro a curiosidade da minha cunhada. Quando eu começo a trabalhar em alguns circuitos ela já aparece do meu lado, perguntando tudo. Acho que ela sente o cheiro da solda derretida e já vem correndo. Até já perguntei, brincando, o que ela havia feito com a Fabíola de verdade e ela respondeu que se me contasse teria que me matar. Dei umas aulas de eletrônica básica para ela e outras de arruíno. E a Fabíola acabou criando um projetinho para contar automaticamente todas as vezes que o chefe dela fala a palavra “OK” durante o dia. O chefe dela, o Ted, é um texano bonachão e a toda hora solta um “OK” bem longo e a Fabíola conseguiu programar o sistema até para diferenciar a pronúncia dele das demais pessoas. Também a ensinei a usar a rede tor e acho que estou criando uma discípula.
Em uma de nossas recentes idas ao rancho o James se apaixonou por um dos desejos da Manú, que basicamente eu poderia descrever como o canto de telhado de um templo (ou casa) japonês. Ele gostou tanto que quer esse desejo tatuado em seu corpo. A Manú até deu o desenho para ele, só que o James quer que a Manú o tatue, e a minha esposa nunca sequer pegou em uma máquina de tatuagem. Semana passada ele voltou com essa história, disse que conversou com a tatuadora dele, e ela vai ceder o local, o equipamento e ainda vai ficar de supervisora para Manú fazer essa tatuagem. Não sei como essa história vai acabar, pois o desenho vai ser enorme, vai pegar todo o ombro, o braço dele, e parte do peito e escápula. E a barriguinha de seis meses de gestação da Manú já a incomoda até de ficar sentada por muito tempo.
E ainda teve o negócio dos bitcoins. Naquela maluquice toda, que foi o primeiro semestre do ano passado, eu acabei esquecendo totalmente daqueles 45 bitcoins e, no final de janeiro a Manú achou o comprovante da carteira dos bitcoins, enquanto procurávamos um documento para finalizar o meu processo de aquisição do meu Green Card (que é o cartão de residência permanente nos Estados Unidos, que funciona como um visto permanente e sem vínculos, que dá para o estrangeiro praticamente todos os direitos de um cidadão norte americano). Por ser casado com uma cidadã americana e com a influência e os advogados do Maurice o meu processo foi bem tranquilo. Eu optei por não pedir a cidadania, pois não achei saudável eu, ainda novo, ser cidadão de um país que vive constantemente em guerra.
Mas voltando aos bitcoins, quando a Manú achou o comprovante da carteira dos bitcoins eu até falei para ela que teríamos que nos livrar daquele dinheiro e ela me disse que não, pois ela iria guardar para deixar de herança para os nossos filhos. E olha que é um bom dinheiro pois, naquela data, cada bitcoin estava valendo mais de 105 mil dólares e aqueles 45 bitcoins valiam mais de quatro milhões e meio de dólares.
Ela ainda me falou que eu só faço as coisas pensando nos outros e era a hora de fazer algo pensando em mim, em nós... nos nossos filhos. E acabou que esse foi o único dinheiro com que ficamos. Logo que voltamos a ficar juntos a Manú doou as últimas cotas do dinheiro, que ficou para ela, para os meus familiares, que foram atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul (minha mãe é gaucha e ainda tenho alguns parentes que moram por lá). Além da minha tia, também haviam parentes mais afastados, como primos e tios da minha mãe. Na época também doamos muitas roupas, alimentos e até dinheiro nosso para ajudar os nossos irmãos gaúchos.
Na semana passada aconteceu que, eu entrei no quarto e a Manú estava no meio de uma seção on-line com a terapeuta. Eu me desculpei, cumprimentei a Suzi e saí. Não sem antes ouvir a seguinte frase da minha esposa: “— ... depois que eu descobri, se ele aparecesse na minha frente eu o estrangularia com as ...”.
Eu saiba de quem ela estava falando.
Desde que a conheci eu adorei a Suzi. Pelo menos uma vez por mês eu e a Manú fazemos uma consulta de casal com ela. E a Manú faz de duas a seis seções por mês, sempre de forma on-line, pois a Suzi mora em São José. Eu sei por que o boleto vem para mim (pago de três a sete seções todo mês). O normal é a Manú conversar com ela a cada 15 dias, porém às vezes ela precisa de umas seções extras.
Assim que voltamos a Suzi conseguiu um terapeuta para mim. A principio fiquei muito reticente em ir, porém adorei o tratamento. Acho que se o Olavo fosse daqueles que só ficassem me olhando e questionando eu não teria ido nem para a segunda consulta. Porém ele sempre mandou a real para mim e levei muito sermão dele. Também, eu contei tudo o que aconteceu, falei sobre a minha dor, meus medos e incertezas e seus conselhos foram muito úteis. Eu odiava aquele Beto que nasceu após aquele apagão (capítulo 70), quando a Manú me contou que foi seduzida pela Millene. Fique só seis meses com ele, e o Olavo me deu alta, contanto que eu continuasse a terapia de casal junto com a Manú. O que eu nunca perguntei para ele foi se eu era um caso perdido ou se ele não achou uma camisa de força que me servisse.
Nesse dia que interrompi a consulta da Manú, eu fui para o meu escritório improvisado, que fica colado à cozinha e resolvi dar uma olhada nas contas de e-mail do Anderson.
Antes do caso da Manú com a Millene eu as acessei várias vezes, a fim de plantar dados falsos, induzindo alguém que pudesse estar monitorando essas contas a pensar que o acesso estava sendo feito de locais próximos a Moscou.
Fiz todos os procedimentos de segurança e, quando acessei a segunda conta de e-mail, o assunto de um dos e-mails recebidos me chamou a atenção, pois era: “Agradeço ao meu bom anjo da guarda”.
Ele havia sido enviado há três meses, resolvi ver do que se tratava e fiquei chocado com o conteúdo! Que dizia:
“Não sei de onde você me conhece, o quanto me conhece ou se sequer me conhece, mas saiba que você ajudou muito esse velho lobo do mar.
Desde que aquele desgraçado do Deputado Pena Cardoso abusou da minha filha eu não tinha mais sossego. Fiquei três anos pensando em milhões de formas de matar aquele estuprador. Mas o que um pobre dono de um pequeno restaurante poderia fazer com alguém poderoso como ele?
E através de você, meu anjo iluminado, eu tive a resposta. Parece que estava escrito nas estrelas que eu iria matar aquele desgraçado. E hoje paguei a última parcela para os rapazes que me ajudaram! Nunca gastei o meu dinheiro com tanto prazer.
Na época até chorei quando eu recebi a sua mensagem, pois teria as provas que a minha filha foi violentada por aquele bandido. E o destino sorriu novamente para mim no dia seguinte, pois um amigo que trabalha no aeroporto me disse que o deputado havia acabado de chegar em Maceió, de jatinho, e ouviu ele dispensado os seguranças, pois não queria chamar a atenção de ninguém para a sua presença na cidade.
Eu quase choro quando ouvi isso. Na mesma hora conversei com dois conhecidos e paguei 15 mil reais para eles pegarem aquele cabra safado pra mim. Dei cinco mil na hora e mais 10 parcelas de mil.
E eles pegaram aquele vagabundo na casa dele e me ligaram, dizendo que estavam com ele e não tinha mais ninguém lá. Fui com os meus dois filhos. Descontei toda a minha raiva naquele filho da puta. Bati muito, mas deixei ele consciente, pois eu queria vê-lo morrer sufocado com as próprias bolas enfiadas em sua garganta. Depois, meu filho ainda descarregou o revolver encima dele, só por garantia.
Mais uma vez gostaria de agradecer. Não imagino quantas pessoas ele prejudicou em sua vida. E você foi o anjo que permitiu que esse velho voltasse a dormir menos preocupado.”
Eu é que agradeci a ele, no breve texto que lhe enviei.
Em seguida apaguei o email recebido e também excluí totalmente as contas de email.
Aquilo para mim estava encerrado.
E eu acho que com isso terminamos minha história.
Não sei do futuro! Apesar de amar o meu país, não sei se vamos continuar aqui ou se vamos voltar para o Brasil. A Manú ainda tem mais de dois anos de licença do trabalho e ainda faltam pelo menos três anos para a conclusão do meu doutorado. Como dizia a minha avó “muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte”. Pode ser que a Manú volte para o emprego no Brasil ou continue a gerenciar as empresas do seu avó ou até que ela resolva curtir a maternidade e dê um tempo na carreira para cuidar da Sophia... como eu disse vamos aguarda para ver como será o nosso futuro.
Sabemos que, quando a Sophia nascer, muita coisa vai mudar na nossa vida. Até lá estamos aproveitando muito essa fase da nossa vida, que esta terminando. Estamos aproveitando até para dormir a noite toda.
Ainda falta um ano para o Maurice se aposentar e distribuir a herança para seus descendentes (ele quer fazer isso no seu aniversário do ano que vêm) e não temos a menor ideia de como ele vai fazer isso ou se os netos receberão algo. Eu particularmente não sei se a Manú vai querer voltar para a nossa vida tranquila no interior, para lá criar a nossa filha no Brasil ou vai querer continuar aqui. Acho que o importante é que ela se sinta realizada com o que estiver fazendo. Estamos totalmente integrados à cidade e fazendo amigos. Na semana passada formos até num bar mitzvah e ouvimos muito a palavra “l'chaim”, que é um brinde judeu e significa “à vida” e é uma ótima coisa para se brindar: prosperidade não só financeira, mais também a prosperidade na vida, como saúde, independência, amor... Nesse dia, depois da festa, a Manú disse que quer usar o meu sobrenome. É algo a mais para nos unir. Ela já me adiantou que quer manter todo aquele nome dela, que já é grande, e incluir no meu sobrenome no final. Já estou até cogitando (ainda não decidi) em retirar o Rossi do meu nome (é o nome de família da minha mãe) e colocar no lugar o sobrenome dela (Malcher) antes do Bassetto.
A minha situação hoje é bem confortável, pois posso até dar o luxo de escolher onde eu quero trabalhar. E não descartei abrir uma nova empresa, aqui mesmo, num futuro próximo, afinal para quem já foi empreendedor no Brasil, acho que aqui se consegue nadar de braçadas. Não sei se volto para o Brasil. Parece que a podridão tomou conta do País. As noticias que chegam de lá só falam em violência, corrupção, desgoverno e censura. O governo cobra impostos altíssimos e não oferece nada em troca para os pagadores de impostos (falar em contribuinte é uma piada). Infelizmente o “establishment” nunca esteve tão forte e a elite, a imprensa e os pseudo-intelectuais são cegos para os reais problemas da população e fazem vistas grossas para os desmandos das autoridades, fazendo com que o nosso país se apresente como um Estado Democrático, mas no fundo se tornou uma ditadura, onde não se tem nem liberdade de expressão. Fora que os poderosos fazem tudo ao seu bel prazer. De fato, no Brasil o crime compensa! É algo podre que está acima de ideologias, partidos ou pessoas. Não vou desenvolver isso para não dar palco para macaco dançar, mas é a minha opinião e tudo que está acontecendo vai contra a minha formação moral e ética.
Se eu realmente for abrir a minha empresa no futuro, tenho que levar em consideração que o americano pensa diferente do brasileiro. Eu já sabia disso, pois trabalhei muito tempo com os alemães e eles também pensam diferente dos brasileiros, da mesma forma que os alemães também pensam diferente dos americanos, enfim, é algo importante a se considerar.
Por isso, se acontecesse alguma coisa hoje, acho que o nosso plano “B” (ou plano “C” no caso) seria ir para a Europa e talvez conseguir a cidadania para a Manú por lá. Talvez a cidadania Italiana devido ao seu casamento comigo ou talvez a cidadania Francesa, ou a Inglesa por causa dos seus avós. Já me falaram várias vezes que nesse projeto de pesquisa em que estou e a orientação do meu doutorado são uma mina de ouro e, quando terminar tudo, as empresas vão me disputar no tapa, então acredito que eu não teria dificuldades em conseguir emprego nesses países ou até na Alemanha ou na Suíça. Recentemente fiz umas consultorias aqui nos Estados Unidos e até viajei para a China e Japão nesse trabalho e gostei muito do oriente. Adorei a China, amei os chineses, eles são simpáticos e bem parecidos com os latinos, já não gostei tanto dos Japoneses.
Para vocês terem uma ideia de tratamento, vou só dar o exemplo do hotel. Fiquei cinco dias na China e quatro dias no Japão, e usei hotéis da mesma rede nos dois países. Por causa do trabalho e dos lugares turísticos que resolvi visitar eu não tinha hora para chegar ou para sair. Na china eles limparam o meu quarto e trocaram a roupa de cama todos os dias, independente da hora de eu saí. Já no Japão eu tive que pedir para eles trocarem os meu lençóis no terceiro dia, e eles só fizeram isso. O quarto não foi limpo nenhuma vez em todo o período em que eu fiquei lá.
Acho que o que importa é que eu amo o meu trabalho. E amo a Manú!
Mas eu realmente não sei o que o amanhã nos trará. Apesar de todos os percalços, chegamos até aqui como se o destino nos mostrasse o caminho. Acho que nosso futuro juntos está escrito nas estrelas, pois já sobrevivemos a histórias que as pessoas nem imaginam.
Desde a primeira vez que vi a minha esposa, no fundo eu já sabia que não havíamos nos encontrado ao acaso. Não queremos nada demais, só uma vida tranquila e confortável. Hoje só quero curtir a minha esposa e minha filha que está para nascer e ser feliz. E, quem sabe, nosso amor resista ao teste do tempo e envelheçamos juntos.
Vou terminando por aqui, pois o capítulo já está com o triplo do tamanho que eu imaginava que teria. Mais uma vez obrigado a todos e até a próxima.
FIM