Tudo começou numa noite qualquer, entre o tédio e a curiosidade, numa daquelas salas de bate-papo da UOL que pareciam esquecidas no tempo. Eu entrei sem grandes expectativas — só mais um nick no meio da multidão. Mas ela… Ketrin. O nome brilhou entre as mensagens como um convite proibido.
Disse que era de Corumbá, Mato Grosso do Sul. "Mestiça", escreveu com orgulho, "sangue de índia com o povo boliviano". Bastaram algumas palavras para que eu sentisse o calor do Pantanal invadir minha tela.
As conversas, que no início eram leves, rápidas, logo começaram a tomar outros caminhos. Ela tinha uma sensualidade crua, direta, sem rodeios. Em poucos dias, já trocávamos confissões picantes, nudes tiradas com a ousadia de quem sabia provocar, vídeos onde ela se tocava com um desejo quase tribal — os olhos fechados, os lábios entreabertos, e aquele jeito de gemer baixinho, como quem sussurra segredos à noite.
Uma madrugada, ela apareceu usando apenas uma calcinha de renda vermelha, o tecido esticado sobre os lábios úmidos que ela fazia questão de mostrar com um toque lento, quase hipnótico.
— "Finge que é tua língua aqui… bem aqui", murmurou, puxando a peça pro lado e deixando que a câmera captasse cada detalhe. Os dedos deslizaram devagar, e a tela quase suava junto comigo.
Na noite seguinte, foi diferente. Ela me pediu pra comandar.
— "Me diz o que fazer", disse, mordendo o canto do lábio, os olhos cravados na lente.
Eu a guiei como se minhas palavras fossem mãos. Mandei que ficasse de joelhos na frente da câmera. Que se virasse de costas. Ela obedeceu, arfando, arqueando o corpo enquanto os dedos sumiam entre suas curvas. O som molhado, os gemidos contidos, o jeito como ela tremia ao obedecer... era como se meu domínio atravessasse o sinal da internet.
Outra vez, quis me provocar diferente. Espalhou óleo pelo corpo, deixando os seios brilhantes, escorregadios, e apertou-os em torno de um dildo que simulava meus movimentos. Era como se estivesse me montando ali, em plena tela. Rebolava devagar, subia e descia com uma cadência que me fazia perder o fôlego.
— "Se tu me visse agora, ia me prender contra a parede, né?", sussurrou. "Ia me deixar de pernas bambas… toda molhada… gemendo teu nome na tua boca."
Passamos muitas madrugadas conectados, ela com seus peitos firmes à mostra, a câmera tremendo enquanto seus dedos deslizavam entre as coxas. E eu… eu com a respiração pesada, o desejo latejando na pele, gozo solitário guiado por sua imagem viva na tela.
— "Quero sentir teu cheiro. Quero te cavalgar até o dia amanhecer", ela disse numa dessas noites, o rosto suado, os olhos selvagens.
Era como se Corumbá fosse logo ali. Como se a distância entre nós pudesse ser vencida só com mais uma chamada, mais um toque, mais um orgasmo compartilhado.
Mas dentro de nós dois, uma certeza crescia silenciosa: aquele prazer virtual, por mais intenso que fosse, precisava de um desfecho real.