Nos Capítulos anteriores:
Júlio vive uma vida dupla — discreto por fora, mas com um universo feminino pulsante por dentro. Quando Sofia, a vizinha curiosa e confiante, descobre o seu segredo, nasce entre eles uma relação intensa, dominadora e profundamente libertadora. Júlio torna-se Juliana, a sua identidade feminina ganha corpo, desejo e voz. Juntos exploram a praia, a entrega, o poder, os limites. Miguel, um terceiro elemento, entra no jogo e transforma a relação num triângulo sensual. Juliana cresce, experimenta ciúmes, ousadia, prazer e domínio. Mas o amor também balança. A confiança entre os três começa a sofrer rachas — e Juliana, agora mais segura de si, questiona as regras. A transição de submissa a dominante está a acontecer… e ninguém sabe ao certo o que virá a seguir.
- A Viragem -
Havia algo diferente em Juliana naquela noite. O olhar estava mais direto, a postura mais firme. A dúvida ainda existia, claro — fazia parte dela —, mas havia uma energia nova, como se algo tivesse acordado e estivesse a reclamar espaço.
Sofia notou isso assim que ela entrou na sala, usando uma camisa de linho branca dela própria, com as mangas arregaçadas, sem soutien, sem maquilhagem carregada — mas com o olhar mais feminino e penetrante que jamais mostrara.
— Posso… propor algo? — disse Juliana, parando diante dos dois, que estavam sentados no sofá com copos de vinho.
— Tudo o que quiseres. — respondeu Sofia, erguendo uma sobrancelha.
— Hoje... quero mandar eu.
Sofia não respondeu de imediato. Olhou-a com intensidade, como se a estivesse a ler de dentro para fora. Miguel virou-se, curioso. Juliana respirou fundo.
— Quero inverter. Quero ver-vos… obedecerem-me. Nem que seja só uma vez. Quero saber como é ter vocês nos meus olhos. Quero ser a dona. Mesmo que só por uma noite.
O silêncio que se seguiu foi pesado… e depois veio o sorriso. Primeiro em Sofia. Depois em Miguel.
— Então… domina-nos, Juliana — disse Sofia. — Mas lembra-te: dominar não é gritar. É saber tocar onde dói… ou onde dá prazer.
Juliana assentiu. Caminhou até ao centro da sala, onde pousou lentamente uma caixa preta — a mesma onde guardava as suas peças mais íntimas. Tirou de lá uma coleira — como aquela que já usara — e duas vendas de cetim.
— Ajoelhem-se. Agora. Os dois.
Eles obedeceram.
Ver Sofia ajoelhar-se, com a cabeça baixa, foi como assistir ao mundo inverter-se com elegância. Miguel seguiu o gesto, os músculos firmes em posição de respeito.
Juliana circulou-os. Os saltos marcavam o compasso da sua nova energia. Prendeu as vendas. Ajustou as coleiras.
— Hoje, vocês são meus brinquedos. Só vão gemer se eu deixar. Só vão gozar se eu quiser.
A voz dela era calma. Firme. Séria. E carregada de desejo.
Ela começou com Miguel. Prendeu-lhe as mãos atrás com um lenço de seda. Beijou-lhe o pescoço. Fez questão de provocá-lo com beijos leves na virilha, sem nunca lhe tocar onde ele mais queria.
Depois, foi a vez de Sofia. Beijou-a. Mas sem carinho — com controlo. Mordeu-lhe o lábio. Puxou-lhe o cabelo.
Juliana estava embriagada. Não de poder. Mas de reconhecimento.
Ela estava finalmente ali: desejada, obedecida, admirada — como mulher. Como dominadora. Como centro.
Quando decidiu que Miguel a merecia, montou-o de frente, puxando os cabelos dele enquanto o penetrava devagar, guiando o movimento com o próprio anca.
— Fica quieto. Quero ver se consegues não gozar.
Sofia observava vendada, a boca entreaberta, a respiração tensa. Juliana então empurrou-a contra a almofada e sentou-se no rosto dela, dominando-a com o peso do prazer.
— Tu, minha Senhora... agora és só minha. E vais fazer-me gozar como eu quiser.
E ela gozou. Forte. Montada no rosto de Sofia, com Miguel dentro dela, com a imagem do corpo inteiro espelhada no teto, as pernas abertas, o poder absoluto a escorrer-lhe pela pele.
Quando terminou, desatou os olhos deles, ainda a tremer, mas vitoriosa.
Sofia abriu os olhos e sorriu com genuína admiração.
— Tens noção da mulher em que estás a tornar-te?
Juliana deitou-se entre os dois, o corpo ainda ardente.
— Tenho. E quero mais.