Um novo começo 7

Da série Um novo começo
Um conto erótico de Muito mais do que apenas sexo
Categoria: Heterossexual
Contém 2341 palavras
Data: 28/07/2025 01:06:16

# Um Novo Começo – Capítulo 7

*“Gabriel... você quer...?”*

A pergunta de Ana ficou suspensa no ar úmido da noite, mais perigosa que qualquer correnteza do rio. Seus olhos, escuros e profundos, me devoravam sob a luz da lua. *Será que era a decisão certa?* Meu amigo estava em uma cama, quebrado, sofrendo, e eu aqui, com o pau duro como pedra, pronto para me divertir? Mas, sendo sincero comigo mesmo... eu transar ou não com ela aqui, no meio do nada, não mudaria em nada a situação dele. A culpa era um luxo que talvez eu não pudesse me dar agora.

“Eu...” A voz saiu rouca, um fiapo. Engoli em seco, o desejo lutando contra a lealdade. O desejo venceu. “Eu... quero, Ana. Eu quero.”

Um sorriso estranho, quase zombeteiro, surgiu no rosto dela. “Quer?”

“Sim, eu...”

“Bem, ainda bem que você quer,” ela disse, se afastando de repente e se virando para pegar uma pequena bolsa térmica no fundo do barco. “Minha mãe embalou rápido, mas tá muito gostoso.”

Levei um segundo para processar. “Sim, gostoso... Pera aí! Como assim?”

Ela tirou uma marmita da bolsa e abriu, o cheiro de frango com arroz subindo no ar. “A comida, ué. Vamos comer logo. Ainda bem que você tá com fome, essa conversa me deixou faminta. Kkkkkkkkk!”

A gargalhada dela ecoou pelo rio, quebrando toda a tensão que havia construído. Eu fiquei ali, o pau ainda latejando na calça, me sentindo o maior idiota do mundo.

“Você só pode estar de brincadeira,” eu disse, incrédulo. “Ana, sério isso?”

“Kkkkk, me desculpe!” ela disse, tentando controlar o riso. “Mas, fala sério, você não achou que eu teria minha primeira vez na porra de um barco desses, achou? E pior, colocando nossas vidas em risco, já que não podemos nos descuidar nessas águas. Kkkk, morrer transando... que ridículo.”

“Fala sério...” Respirei fundo, sentindo o sangue voltar a circular no meu cérebro. “Mas você tem razão. Eu me deixei levar pelo tesão. Seria perigoso.”

“Sim, seria,” ela concordou, me entregando um garfo. “Mas relaxa. Você é homem. Kkkkk.”

*Ela sabe mesmo como me provocar,* pensei, pegando a comida. *Se não bastasse a Kyle, agora a Ana também tá me fazendo de idiota. A guerra não era tão cruel quanto essas mulheres.*

## Casa de Carla e Ana – 06:12h

A luz pálida da manhã entrava pelas frestas da janela quando Ivone chegou.

“Eu vim ver o gringo. Ele melhorou?” ela perguntou em voz baixa a Carla.

“Está estável. Mas só vai melhorar de verdade quando eles voltarem com os remédios.”

Os olhos de Ivone foram para Kyle, que tinha adormecido em uma cadeira, a cabeça apoiada na beira da cama onde Andrews dormia, a mão dela ainda segurando a dele.

“Tadinha... Ela passou por poucas e boas quando chegou aqui. E agora, mais essa.”

“Mas ela é forte,” Carla afirmou.

“Sim, é verdade...” Ivone suspirou, se aproximando de Carla. “Eu ouvi os detalhes do que aconteceu... Parece que o gringo não aguentou as provocações do Alberto. Algo relacionado a ele não conseguir engravidar a Kyle.”

Carla ergueu uma sobrancelha. “Sério? Ele é infértil?”

“Pelo que estão fofocando... O Alberto teria insinuado que o rapaz novato, o...”

“Gabriel?”

“Sim, esse mesmo. Insinuou que ele poderia fazer o ‘trabalho’ pro gringo. Ou até ele mesmo faria. Foi aí que o Andrews perdeu o controle.”

“Esse homem é um demônio,” Carla sussurrou, o nojo evidente em sua voz.

“Mas você sabe como as coisas são,” Ivone continuou, o tom conspiratório. “Alguns pescadores já acham que está acontecendo algo entre a Kyle e esse tal Gabriel.”

“Por quê?”

“Porque o gringo nunca caiu nas provocações do Alberto antes. He sempre engoliu seco. Mas dessa vez, com o Gabriel aqui... foi diferente.”

“Esse povo tem que começar a cuidar da própria vida!” Carla disse, a voz subindo um pouco. “Por que, ao invés de fazer fofoca, um deles não tentou ajudar o gringo? Bando de covardes.”

“Sim... mas não seja ingênua, Carla. Você sabe o que aconteceria com a família deles se fizessem algo assim. Não são todos que têm um segredo sujo do Alberto para usar contra ele... como você.”

A expressão de Carla endureceu. “Não quero falar sobre isso. Você sabe que não foi culpa minha. E esse ‘segredinho’ custou a vida do meu marido.”

“Eu sei, minha querida. Só não se apresse em julgar os outros.” Ivone deu um tapinha no ombro de Carla. “Bem, vou indo, tenho que cuidar da escola. Sem a Kyle, estou sobrecarregada.”

“Claro... você é sempre bem-vinda.”

Assim que Ivone saiu, Carla murmurou para si mesma, olhando para a porta fechada. “Cobra imunda...”

Nesse momento, Kyle começou a se mexer, acordando com o pescoço doendo.

“Acordando cedo, professora?” Carla disse, forçando um sorriso. “Melhor descansar mais um pouco.”

“Já dormi demais...” Kyle respondeu, a voz rouca. “Acha que eles já estão perto da cidade?”

“Kkkk, não, não. Muito pelo contrário. Ainda tem muito rio pela frente.”

“Como você fica tão tranquila? Não se preocupa com a Ana?”

“Claro que me preocupo. Mas ela está aonde queria estar. E confio que o Gabriel é capaz de mantê-la segura.”

“Sim... ele é.” Kyle concordou, olhando para Andrews. “Deus, eu estou um nojo.”

“Toma um banho, professora. O banheiro fica ali do lado. Pega um vestido meu ali no quarto, sei que você não quer ficar muito longe do seu marido.”

Kyle agradeceu e foi para o banho. Ela não se preocupou em fechar completamente a cortina de plástico. Enquanto jogava água sobre o corpo com um balde, Carla, sem querer, olhou na direção do banheiro e viu a silhueta dela através da cortina. As curvas generosas, a cintura fina, os seios fartos.

*Meu Deus,* Carla pensou, com um riso interno. *Dá pra entender o motivo de toda essa confusão. Garota, que corpo é esse?*

Kyle, ouvindo o risinho, sorriu rapidamente para si mesma, antes de continuar o banho.

## Armazém – 11:00h

Alberto chegou ao armazém muito mais cedo que o normal, o nariz ainda inchado e roxo.

“Vitor Luis!” ele chamou, o tom falsamente amigável. “Meu velho amigo. Me diga, como está nosso amigo gringo? Ele tá melhor?”

“Ele está sendo cuidado, Alberto,” Vitor respondeu, seco.

“Sim, sim, eu soube. Soube que o jovem Gabriel foi à cidade comprar uns remédios... Por que não me pediram? Eu tenho muitos remédios lá em casa. A Carla sabe bem disso, ela já foi algumas vezes em minha casa buscar... kkkk, ah, bons tempos.” A insinuação venenosa ficou no ar. “Bem, vou indo. Hoje farei uma visita à jovem professora. Desejar melhoras ao marido dela. Kkkkk.”

Assim que Alberto saiu, Vitor Luis correu, chamando um dos pescadores de mais confiança. “Corre! Pega um barco e vai o mais rápido que puder. Avisa a Carla pra tirar a Kyle e o gringo da casa dela. Fala com a Ivone, ela vai saber o que fazer!”

O pescador saiu em disparada. Vitor então reuniu os outros homens.

“Viram? Vocês ficam culpando o Gabriel, mas era isso que o Alberto queria desde o início! Isolar o gringo, criar o caos! Esse verme queria exatamente isso! Vamos nos unir! Vamos cobrir nosso companheiro que foi avisar a Carla, vamos pescar por ele, pelo gringo, e torcer pra que tudo dê certo!”

Um murmúrio de concordância se espalhou pelos homens, os rostos antes hostis agora unidos pela raiva contra o verdadeiro inimigo.

## Barco – 14:33h

“Sua mãe é bem pra frente mesmo,” eu disse, terminando de comer.

“É, ela é,” Ana concordou. “Mas me diz, Biel. Por que você veio pra cá?”

“Ah, isso... Assunto complicado.”

Ela me encarou, os olhos sérios. “Matou alguém?”

O garfo parou a caminho da minha boca. Fiquei em silêncio.

“Já tivemos alguns assassinos por lá,” ela disse, sem julgamento. “Você não seria o primeiro. Minha mãe, ela acha que você é militar.”

“Como ela descobriu?”

“Kkkkk, nem te conto. Espera...” Ana parou de repente, o corpo tenso, olhando para o horizonte. “Tá ouvindo isso?”

Foquei minha audição. “Sim... barulho de barco.”

Num movimento rápido, Ana correu e desligou o motor do nosso barco, nos deixando em silêncio, à deriva.

“O que foi?”

“Piratas,” ela sussurrou. “Eles navegam por essas águas procurando barcos pra saquear. Quando é um barco de pesca grande, só levam os peixes. Mas barcos pequenos, como o nosso... eles matam os donos e roubam tudo.”

Lembrei da minha arma, guardada na bolsa. Cinco balas no pente. Na pressa, não peguei mais. O barco deles era maior, pelo som. Um confronto ali, com a Ana... eu não poderia garantir a segurança dela.

“Ana, tem alguma rota de fuga?”

“Eu... eu não sei, eu...”

“Calma,” segurei o ombro dela. “Pensa. Você conhece essas águas. Você consegue. Se concentra.”

“Eu... Bem, tem um lugar,” ela disse, a voz trêmula. “Mas é arriscado. Pegando por entre aquelas árvores na esquerda, a gente chega num canal.”

“E ele leva aonde, Ana? Fala, não temos tempo!”

“Leva até a fazenda do Alberto,” ela disse, me encarando. “Mas é perigoso. Primeiro, porque tem chance da gente bater o barco. E segundo... os homens do Alberto fazem a segurança da propriedade. Os piratas... eles já nos ouviram. Estão vindo devagar pra nos pegar de surpresa.”

“Sim, eles vão vir por trás,” concordei, avaliando. “Você sabe navegar nesse canal?”

“Eu só fui duas vezes com um amigo. Mas era um barco a remo, bem menor... a gente planejava...” Ela se calou.

“Ana, você consegue. Os piratas não devem nos seguir tão a fundo num lugar que não conhecem.”

“Mas se fizermos isso, vamos chegar na propriedade do Alberto! E muito provavelmente não vamos mais conseguir pegar os remédios pro gringo!”

“Merda...” A prioridade era sobreviver. “Vamos. Eu confio em você.”

Ana tomou a direção do barco, acelerando em direção ao canal. Eu fiquei em silêncio, tenso, ouvindo o som do outro barco se aproximando.

## Casa da Senhora Ivone – 16:11h

Alguns homens carregavam Andrews na maca para dentro da casa de Ivone, um lugar mais seguro e discreto. Kyle vinha logo atrás, com uma bolsa de remédios.

“Aquele verme miserável! Eu odeio ele, odeio ele!” Kyle soluçava de raiva e medo.

“Se acalma, Kyle...” Carla tentava consolá-la.

De repente, Andrews começou a se contorcer na maca, os olhos revirando.

“Carla! O que tá acontecendo?”

“É uma convulsão! Pega minha bolsa, rápido!”

Kyle entregou a bolsa. Carla agia rápido, tentando segurar Andrews.

“Amor, fica firme! Amor, meu amor!” Kyle gritava, desesperada. Vendo que ele não respondia, o pânico tomou conta dela. “Irmão! Irmão, não me deixa! Por favor, não me deixa!”

Carla parou por uma fração de segundo, os olhos se arregalando com a palavra. *Irmão?*

Após alguns minutos, Carla conseguiu estabilizar Andrews. As duas caíram sentadas no chão, exaustas.

“Obrigada, Carla,” Kyle disse, ofegante.

“Eu só tô fazendo o que posso, professora...” Carla a encarou. “Por que você o chamou de irmão?”

Kyle gelou. “Eu... eu não... Você se confundiu, é muita coisa na cabeça.”

“Não, Kyle. Você o chamou de irmão, várias vezes,” Carla disse, a voz sem julgamento. “Olha, eu não estou te julgando. Mas... isso explica muita coisa.”

“Como assim?”

“Quando vocês chegaram... podiam viver melhor, mas se conformaram com essa vida. Parecia que faltava um motivo real... Incesto. Isso nunca me passou pela cabeça.”

Kyle desabou em lágrimas. “Por favor, Carla, não conta pra ninguém. Eu sei que é errado, mas... por favor.”

Carla a abraçou. “Pode ficar tranquila. Não é da minha conta. E, sinceramente, já vi coisas mais bizarras nesse lugar.” Ela sorriu um pouco. “Me explica. Temos muito tempo disponível.”

E Kyle contou. Contou tudo.

“Eu... eu era apaixonada pelo Gabriel. Meu amor era ele. Mas ele sempre foi muito burro, bruto... kkk. E burro. O Andrews e eu éramos próximos... até demais. Eu gostava de provocar os dois. O Andrews, pra ver a cara de bobo. Mas o Gabriel... eu queria deixar ele louco por mim. Uma vez, eu esperava que ele me chamasse pro baile de formatura. Mas ele levou outra garota. Uns dias antes, eu tinha provocado ele, disse que não queria nada... mas era só jogo. Eu queria que ele me quisesse mais.”

“Aí ele chamou outra?”

“Sim. E eu fiquei puta. Possessa. Naquela noite, o Andrews se ofereceu pra ir comigo, mas eu não quis. Não ia suportar ver o Gabriel com outra. Ficamos em casa... e eu decidi brincar um pouco com o Andrews. Provocar... mas...”

“Mas não soube quando parar,” Carla completou.

“Sim... A raiva que eu sentia do Gabriel, o tesão do momento... eu estava por cima dele, me esfregando no pau dele. Eu de calcinha, ele de cueca. Ele pediu pra gente tirar... Eu sabia que era errado, mas atendi. Eu fiquei esfregando minha buceta no pau dele, sem penetrar... até que percebi ele empurrando, direcionando a cabeça do pau dele na minha xota. Eu senti a pressão... eu queria parar, mas as palavras não saíam, só gemidos. E então... entrou. E em vez de fazer força pra sair... eu empurrei meu corpo pra baixo, deixando tudo entrar. Perdi minha virgindade com meu irmão, na cama dele, pensando no melhor amigo dele.”

Carla ficou em silêncio, apenas ouvindo.

“Depois daquele dia, foi um vício. Transávamos em todo lugar da casa, às escondidas... e meus sentimentos pelo Gabriel?” Kyle riu, um som sem alegria. “Pensei que tinham acabado. Até que ele foi aceito no exército. Ele se declarou pra mim. Eu perguntei por que ele não me chamou pro baile... ele me lembrou do dia em que eu disse que não queria nada com ele.”

“E por que vocês não ficaram juntos?”

“Porque já não era só sexo com o Andrews. Tinha algo a mais. Eu não queria quebrar o coração dele. Ele era meu par... e meu irmão.”

Carla a encarou, fazendo a pergunta final, a mais perigosa de todas. “Mas o sentimento... era seu? Ou era dele?”

Kyle abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. A dúvida, a verdade, o peso de anos de segredos a engoliram inteira.

Continua no próximo capítulo...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Mais do que apenas sexo... a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil genéricaMais do que apenas sexo... Contos: 7Seguidores: 5Seguindo: 0Mensagem

Comentários

Foto de perfil de Passivo 10

Putz, quanto tempo que um conto não me prendia tanto quanto esse!!..Parabéns!!

Personagens que até o momento a gente adora mas não sabe o que tem por trás. Um leitor já comentou uns contos atrás que torcia por Gabriel e Kyle,eu tô gostando muito da Carla...e Ana correndo por fora.

Mistérios atuais e principalmente do passado. Cenas de sexo narradas de forma básica, sem aquelas enrolação usando palavras rebuscadas e que até tira o tesão!

E quantas coisas pra explorar, a morte do pai do Gabriel, a volta pros EUA da mãe da Kely e do Andrews, a morte do marido da Carla, a história do Alberto e outras que posso não estar lembrando agora!

Aguardando próximos capítulos..e parabéns novamente!!

0 0