Os meses passaram como um borrão de desejo e segredo. Ricardo e Lucas viviam uma relação intensa, mas nunca assumida publicamente. No apartamento do Brooklin, as noites eram marcadas por sexo selvagem — Lucas experimentando lingeries das caixas de Clara, cada peça mais provocante que a anterior, e Ricardo liberando uma fome que ele nunca imaginara possuir. Fora do apartamento, porém, mantinham a fachada de chefe e funcionário. Lucas, ainda lutando contra o medo de se assumir, trocava olhares discretos com Ricardo no escritório. Ricardo, aos 59 anos, aprendia a navegar essa nova versão de si mesmo, cada vez mais à vontade com a liberdade que descobrira. A conexão entre eles crescia, alimentada por conversas, risadas e uma química que parecia inquebrável, mesmo que escondida.
Com o fim da pandemia, São Paulo voltou a pulsar. O escritório Almeida & Associados retomou as atividades presenciais, mas Ricardo adotou um sistema híbrido: os funcionários passavam dois ou três dias por semana trabalhando de casa. Isso dava a ele e Lucas mais oportunidades de se encontrar no apartamento sem levantar suspeitas. No escritório, eram profissionais, com olhares furtivos carregados de segredos. No apartamento, Lucas passava noites inteiras, a bunda empinada marcada pelos tapas de Ricardo, gemendo alto enquanto o negão o fodia com a rola grossa de 25 cm. Era uma vida dupla, mas, por enquanto, funcionava.
A relação, embora não oficial, tornava-se mais profunda. Lucas sentia-se seguro para confessar desejos que nunca compartilhara com ninguém, enquanto Ricardo se surpreendia com o quanto gostava daquela liberdade. Inspirado pelas conversas com seus filhos em Brasília, que viviam sem amarras, ele começava a imaginar um futuro com Lucas — mesmo sem saber como dar esse passo.
Um dia, Ricardo recebeu uma ligação de Thiago, seu filho do meio, agora com 36 anos.
“Pai, vou pra São Paulo semana que vem pra uma audiência. Posso ficar no teu apê uns dias?” A voz de Thiago era descontraída, como sempre, mas Ricardo sentiu um frio na barriga. Thiago sabia de Lucas, da noite na banheira, e Ricardo não tinha certeza de como seria ter o filho por perto com tudo o que estava acontecendo.
“Claro, filho. Vem pra cá, a casa é tua,” respondeu Ricardo, mantendo o tom leve.
Ele desligou o telefone e olhou para Lucas, que trabalhava na sala de jantar, revisando um contrato. “Lucas, o Thiago vem pra São Paulo semana que vem. Vai ficar aqui em casa.”
Lucas ergueu os olhos, com um sorriso curioso tingido de nervosismo. “O Thiago? Aquele que disse pra você ‘arregaçar o novinho’?” Riu, mas havia uma ponta de ansiedade na voz. “Vai ser interessante.”
Ricardo soltou uma risada grave, balançando a cabeça. “É, ele é sem filtro. Mas relaxa, vai dar tudo certo.”
Na semana seguinte, São Paulo vibrava com a energia renovada do pós-pandemia, o trânsito caótico e as ruas cheias marcando o retorno à normalidade. Ricardo e Lucas mantinham sua rotina híbrida, dividindo o tempo entre o escritório e o apartamento, onde o desejo parecia só crescer. Quando chegou o dia da viagem de Thiago, Ricardo foi buscá-lo no aeroporto de Guarulhos. Thiago surgiu no portão de desembarque, alto, negro, com o mesmo charme descontraído de sempre, carregando uma mala pequena e um sorriso largo.
“E aí, pai? Tô em casa!” disse Thiago, dando um abraço forte em Ricardo. “Como tá São Paulo? E aquele novinho, hein? Ainda tá na jogada?”
Ricardo riu, meio sem jeito, mas com um brilho nos olhos. “Calma, Thiago. Vamos chegar em casa primeiro.”
Ele sabia que a chegada do filho traria uma nova dinâmica, especialmente com Lucas por perto. Ainda assim, sentia uma excitação misturada com curiosidade sobre como Lucas lidaria com Thiago — e como a presença do filho poderia mexer com o equilíbrio delicado da vida dupla que vinham construindo.