Quando cheguei à universidade, o auditório já estava lotado. Com muita simpatia, um professor me recebeu no saguão e me conduziu a uma cadeira reservada na primeira fila. Do palco, a organizadora do evento me deu um sorriso de boas-vindas — eu era a estrela daquela tarde. Prezando pela pontualidade, ela andou até o púlpito, ajustou o microfone e deu início aos trabalhos.
— Para encerrar a nossa semana acadêmica, temos a honra de receber um grande nome do Direito Internacional. Formado pela Universidade de Barcelona, mestre e doutor por essa mesma instituição, o nosso convidado possui inúmeros trabalhos publicados e já ministrou aulas nas universidades de Madri e de Pamplona. De volta ao Brasil, trouxe na bagagem um imenso acervo de conhecimentos. De forma generosa, ele se dispôs a compartilhar com nossos estudantes e nossos professores um pouco da sua experiência.
Um a um, ela citou os meus títulos. Eu me sentiria melhor se fosse apresentado somente como um advogado formado na Espanha disposto a trocar experiência com os estudantes de Direito no Brasil. Mas as universidades têm seus ritos e não seria eu a pessoa que os destruiria. Para aumentar a expectativa do público, a minha colega advogada fez uma pausa; depois anunciou o meu nome.
— E agora, com muita honra, convidamos ao palco o ilustre doutor Luís Zamora Castillo.
Antes que eu me levantasse, uma chuva de aplausos inundou o grande auditório. Com tranquilidade, subi os degraus, agradeci à doutora Heloísa pelas palavras dirigidas à minha pessoa e passei sobre o público um olhar de reconhecimento. Todas as atenções estavam voltadas para mim, mas isso não me intimidava. Eu não era mais o jovem tímido que, para se curar de um amor não correspondido, foi embora do Brasil.
Eu estava com dezenove anos quando, por causa de uma rejeição, decidi ir morar com minha avó na Europa. Nos últimos vinte e quatro anos, vivi na Espanha. Lá, estudei, trabalhei, casei com um homem maravilhoso, fiquei viúvo e herdei um bom patrimônio. Agora, de volta ao país onde nasci, apesar de todas as perdas, eu era um homem ainda jovem e cheio de autoconfiança. Algumas pessoas me consideravam frio, mas eu apenas mantinha uma postura reservada, para evitar decepções.
Quando acabaram os aplausos de acolhimento, peguei o microfone e, num tom seguro e agradável, dei início à minha palestra. Seduzido por minha figura altiva e por meus conhecimentos, o público ficou em absoluto silêncio. Andando pelo palco, olhando metodicamente nos olhos de uma ou de outra pessoa sentada no auditório, passei a discorrer sobre os novos desafios do Direito internacional.
Por mais de uma hora, falei sobre o tema. Quando estava me encaminhando para o fim da apresentação, meus olhos esbarraram nos olhos de um estudante sentado na terceira fila. O espanto foi enorme; por um instante, perdi o fio do discurso. Aquele jovem era Renan, o meu melhor amigo da adolescência — o homem que rejeitou o amor que eu sempre quis lhe dar. Para ele, o tempo não havia passado.
Eu já havia chegado aos quarenta e três anos. Renan, que era dois anos mais velho que eu, continuava na casa dos vinte. Só havia uma explicação para isso. Olhando para ele, bebi um copo de água e retomei o discurso. Quando finalizei, recebi aplausos ainda mais vigorosos que aqueles do início.
Ao descer do palco, fui cercado por estudantes. Com o entusiasmo típico dos jovens, eles me deram elogios, agradeceram por meus ensinamentos e pediram para tirar fotos comigo. Eu precisava me desdobrar em não sei quantos para atender a todos, mas estava feliz entre eles. Era muito bom me sentir acolhido por pessoas do meu país.
Quando já havia atendido a todos, eu me dirigi à saída do auditório. No saguão, um jovem se afastou de um grupo de amigos e andou ao meu encontro. Com um sorriso que eu bem conhecia, estendeu a mão para mim.
— Doutor Castillo, muito obrigado por sua palestra. Anotei vários pontos da sua fala. O senhor me deu muita luz para um trabalho que estou fazendo.
Ao apertar a mão dele, eu me senti como se também tivesse voltado aos vinte anos. Olhando de perto, eu sabia que ele não era Renan, mas a semelhança era incrível. Devolvendo o sorriso, eu disse estar feliz por ter ajudado.
— É sempre uma alegria compartilhar conhecimentos com os futuros colegas. Se precisar de alguma orientação nesse ou em outro trabalho, estou à disposição.
Apertando meus dedos, ele se mostrou muito extrovertido.
— Precisar, eu preciso muito, mas não quero incomodar o senhor.
O jovem com quem eu estava de mãos dadas era muito cativante. Por trás dos óculos, seus olhos castanhos brilhavam muito; no rosto ainda adolescente, a barba bem feita tinha um aspecto macio; e os lábios eram grandes e rosados — iguais aos de Renan.
— Será uma satisfação ajudar um jovem colega de profissão. Você quer o meu contato?
Arregalando os olhos, ele soltou meus dedos e pegou o celular.
— Caralho! Eu não imaginava que essa palestra seria tão proveitosa para mim. Diz aí, doutor, qual o número?
Caralho… Renan também falava muito essa palavra. Até nisso eles se pareciam. Quando salvou o meu número, o rapazinho abriu a câmera do celular.
— O senhor pode tirar uma foto comigo?
Como havia feito com vários de seus colegas, eu fiquei ao lado dele e abri um sorriso para a selfie. Também sorrindo, ele encostou a cabeça na minha e ergueu o celular. Olhando para nossos rostos sorridentes na tela, precisei me esforçar para que as lágrimas do passado não corressem.
Depois de fazer a selfie, ele pegou novamente na minha mão e se despediu com um sorriso.
— Muito obrigado, doutor Castillo. Depois eu mando um oi para o senhor.
Antes que ele soltasse minha mão, perguntei como era o seu nome.
— Eu sou Tarso, mas também me chamam de Marino, que é o meu sobrenome.
Marino… esse sobrenome foi a confirmação daquilo que eu já sabia. Tarso era o filho que Soraia estava esperando de Renan quando eu fui embora para Barcelona. Ele parecia um clone do pai.
Já havia anoitecido quando deixei a universidade e chamei um carro para me levar de volta à casa. Enquanto o veículo rodava pelas ruas do Rio, eu pensava no meu impossível primeiro amor.
Eu e Renan nos conhecemos ainda meninos. A gente morava no mesmo condomínio e fazíamos muitas coisas juntos. Banhos na piscina, bolas na quadra, conversas na praça. A gente não estudava no mesmo colégio, mas fazia as tarefas de casa juntos. Éramos tão amigos, que parecíamos irmãos.
Na adolescência, tudo mudou. Renan começou a arranjar namoradas e eu comecei a sofrer. Eu ainda não entendia aquele sentimento, mas ficava magoado toda vez que ele me falava sobre alguma menina que havia conquistado. Antes, ele era só meu, agora tinha pouco tempo para ficar comigo. E, quando estávamos juntos, ele só falava sobre mulheres.
Por sermos muito amigos, ele me confidenciava tudo o que fazia com elas. Forçando um sorriso, eu ouvia calado. Por dentro, ficava cada vez mais triste e confuso. Eu tinha inveja das meninas que namoravam Renan.
Desde pequeno, eu tinha ideias e sentimentos que não podia compartilhar com ninguém. Na solidão, eu me reconheci: eu era gay. E meu amigo Renan era o homem que eu gostaria de ter.
As primeiras punhetas, eu bati pensando nele. Eu sonhava com o caralho de Renan. Queria chupar, queria que ele metesse todo na minha bunda, queria que ele gozasse no fundo do meu cu. Mas ele nunca demonstrou perceber os meus desejos.
Renan sempre ficou muito à vontade comigo. Às vezes, ele até trocava de roupa na minha frente. Quando via o caralhão dele batendo nas coxas, eu ficava aflito. Sentia sede, fome e vontade de chorar. Olhando para a bundona desbotada dele, eu tinha vontade de morder.
Quando tomávamos banho na piscina, eu aproveitava para esbarrar nele e tocar em seu corpo. Com naturalidade, ele me dava empurrões e até passava a mão na minha bunda, para me deixar enraivado. Ele não percebia o prazer que isso me dava.
Uma vez, fui dormir na casa dele, para assistirmos a um filme. O televisor ficava no quarto, a gente assistiu deitado na cama. Antes que o filme terminasse, ele pegou no sono. No escuro, passei a mão no seu pau e rocei os meus lábios nos dele. Com medo de que ele acordasse, fiquei quieto, mas minha pica não parava de arder. Morrendo de vontade de tomar no cu pela primeira vez, demorei muito para adormecer.
A cada dia aumentava o desejo de que Renan me fodesse, mas ele se distanciava mais e mais; só pensava em mulheres. Com um amigo dele, eu perdi a virgindade. Foi bom, fizemos mais algumas vezes, mas sempre no sigilo, porque ele tinha namorada.
Essa história só acabou porque o sacana contou tudo justamente para Renan.
Um dia, sentados na beira da piscina, Renan deu um soco no meu peito e falou no mesmo tom que usava para me fazer suas confidências.
— Aí, Luís, estou sabendo. Quer dizer que Douglas pegou você de jeito, não foi?
Morrendo de vergonha, eu não soube o que dizer. Como se meus sentimentos não valessem nada, ele continuou a falar o que Douglas havia lhe contado.
— Ele falou que você chupa até o talo. É verdade? Disse que você é o veado mais gostoso que ele já comeu.
Indignado, eu não sabia onde enfiar a minha cara. Meu desejo era sair correndo e ir me trancar em casa, mas até para isso me faltavam forças. Com sincera preocupação, Renan me deu um conselho.
— Douglas é um cara legal, mas tome cuidado com ele. O cara come tudo o que vê pela frente. E, para piorar, a namorada dele é ciumenta pra caralho. Se ela descobrir alguma coisa sobre vocês dois, é capaz de armar um escândalo em praça pública.
Ouvir isso foi uma grande humilhação para mim. Com muito esforço, fingi não me importar com nada disso e voltei para casa. Durante alguns dias, evitei conversar com Renan. Com Douglas, cortei relações para sempre.
E surgiu Soraia na história. Pela primeira vez, Renan estava namorando sério. Completamente apaixonado por ela, ele pouco me procurava. Até que um dia, ele me chamou para conversar e destruiu de vez minhas ilusões.
— Luís, meu amigão, tenho uma surpresa para você.
— Surpresa?
— Vou ser pai! Soraia está grávida. Foi um descuido nosso, mas estamos curtindo demais essa ideia. A gente não é obrigado, mas vamos casar. A gente nasceu para viver junto.
Como se não tivesse entendido, fiquei olhando para ele. Renan mal tinha feito vinte e um anos, era muito cedo para casar e ter filho. Mas ele estava mesmo muito feliz. Por mais que me esforçasse, eu não conseguia disfarçar a sensação de derrota. E ele percebeu.
— Que foi, Luís? Não ficou feliz por seu amigo? Cara, você faz parte de tudo. Você é o meu parceirão.
Meu silêncio o deixou perturbado e seu entusiasmo diminuiu. Pegando no meu ombro, ele falou comigo de homem para homem.
— Luís, por que você ficou assim? Você tem alguma coisa contra Soraia? Tem algum problema eu me casar com ela?
Com a voz tremendo, eu só consegui dizer que precisava ir embora. Segurando no meu braço, ele não me deixou ir. Foi ridículo, mas minhas lágrimas começaram a correr.
— Renan, por favor, me solte. Eu preciso ir embora.
Diante do meu choro, ele ficou assustado. Com voz terna, tentou me acalmar.
— O que está acontecendo? Fale, Luís. A gente é amigo. Nunca tivemos segredos um com o outro. Eu fiz alguma coisa errada com você?
Não sei se foi loucura ou falta de amor próprio, mas coloquei meus sentimentos para fora.
— Você nunca percebeu nada, não é, Renan? Nunca me olhou de verdade. Eu estou cansado de ser ignorado. Sou louco por você. Há tanto tempo, eu quero ser seu. Já fiz tudo pra você notar, mas você parece cego.
Como se tivesse levado um tiro no peito, ele escancarou a boca e soltou meu braço. Realmente, Renan nunca tinha percebido. Para ele, eu era apenas o seu melhor amigo, tanto que nunca se incomodou com o fato de eu ser gay.
— Cara, nada a ver. A gente é amigo, Luís. Eu gosto de você pra caralho, mas só como amigo. Nós somos brothers. Não vamos complicar as coisas. Vem cá, dê um abraço, esqueça isso. Eu quero ter você sempre comigo, como meu amigão.
Quando ele me abraçou, eu perdi o juízo. Minha boca avançou contra a dele e minha língua forçou a entrada. Ele não repeliu, mas não correspondeu. Depois de muito tentar despertá-lo para o nosso beijo, percebi o quanto aquilo era humilhante. Afastei-me dele e, sem enxergar nada na minha frente, procurei um caminho para seguir. Com um olhar que eu não sabia se era de nojo, vergonha ou medo, ele passou a mão nos próprios lábios e colocou a surpresa para fora.
— Luís, você enlouqueceu? Desculpe, mas comigo isso não rola. Não dá. É estranho demais. Por favor, tire isso da cabeça. Vamos manter nossa amizade.
Aos dezenove anos, meu coração já estava estraçalhado. Naquele tempo, eu era muito dramático. De cabeça baixa, eu lhe dei as costas e segui meu rumo. A partir daquele dia, não vi mais Renan. Ele sempre mandava mensagens, perguntando como eu estava. Eu respondia com uma ou duas palavras e me fechava cada vez mais para ele.
Enquanto Renan tratava do casamento, eu resolvia minha viagem. Era um sonho do meu pai que eu fosse morar com minha avó, em Barcelona. Antes, eu não queria isso, agora estava ansioso para partir. Queria começar uma nova vida longe do meu primeiro amor. E queria que ele fosse muito feliz ao lado de Soraia e do filho que estavam esperando.
Uma semana antes do casamento, ele me mandou o convite. Numa mensagem reforçou o pedido para que eu comparecesse. Respondi que desejava toda felicidade do mundo para ele e a esposa.
Na véspera do casamento, meu pai me levou ao aeroporto. Enquanto aguardava para fazer o check-in escrevi uma mensagem para Renan.
“Renan, estou indo embora do Brasil. Desculpe por eu amar você. Seja feliz.”
Assim que enviei essa mensagem, desliguei o aparelho. Quando já estava nos ares, virei o rosto para a janela e decidi ser feliz mesmo sem Renan.
No aeroporto de Barcelona, fui recebido pelo sorriso carinhoso da minha avó. Ao entrar no carro com ela, liguei o celular. Renan havia mandado uma mensagem.
“Luís, desejo que você seja muito feliz na sua nova vida. Você sempre será o meu melhor amigo. Desculpe por eu não ser capaz de amar você.”
Era noite. As luzes de Barcelona eram lindas. Com a cabeça no ombro da minha avó, eu pensei na vida e compreendi os sentimentos de Renan. Ele era um homem hétero, não podia mudar sua natureza para me amar. Da mesma forma, eu também nunca seria capaz de mudar para corresponder ao amor de uma mulher.
Estava doendo muito, mas eu não podia ficar magoado com meu amigo Renan. A única coisa que eu podia fazer por nós dois era ficar longe dele, até esquecer que o amava.
Minha avó percebeu que eu estava chorando e pegou na minha mão. Como se soubesse o que eu estava sentindo, ela falou uma coisa que nunca esqueci.
— Para começar uma nova vida, Luís, é preciso deixar a outra bem guardada.
Foi isso que eu fiz. Guardei a minha história com Renan e vivi muito na Espanha e em toda a Europa. Eu só não imaginava que, ao voltar para o Brasil, em vez de reencontrar Renan, eu daria de cara com o filho dele.
Pensando nessas coisas, eu me distraí muito. Quando dei por mim, o carro já estava entrando na rua onde ficava o casarão da minha família. No andar de cima, uma luz estava acesa; meu pai já deveria estar na cama. Mesmo doente, ele gostava de ler bastante antes de dormir.
Mal entrei em casa, a enfermeira partiu. Durante a noite, eu mesmo cuidava do meu pai. Desde que sofreu o AVC, ele precisava de muitos cuidados. Foi por isso também que, mesmo sem vontade, eu retornei ao Brasil. Minha mãe estava morta há quase dez anos, eu era filho único, doutor Antero Zamora não poderia ficar entregue aos empregados.
Depois de tomar banho e jantar, fui ao quarto do meu querido pai. Ao me ver ele fechou o livro e bocejou. Dei-lhe um beijo na testa, sentei na cadeira ao lado da cama e comentei sobre a palestra. Com um sorriso orgulhoso, ele adormeceu.
Eu amava muito o doutor Antero, mas tinha algumas mágoas. Ele não teve muita dificuldade para se aceitar pai de um rapaz gay, mas nunca me perdoou por eu ter casado com um homem mais velho que ele. Nas duas vezes em que os dois se encontraram, ele mal disfarçou a insatisfação por ser sogro de um homem que até poderia ser o meu avô.
Quando nos casamos, eu estava com vinte e quatro anos e Guillermo tinha sessenta e três. Ele foi o melhor marido que eu poderia ter encontrado. Com ele, eu vivi muito e me tornei um homem de verdade. Mas meu pai não conseguia ver as qualidades do genro; só enxergava a idade.
Se eu lhe dissesse quanto prazer aquele sessentão bonito e charmoso me dava na cama, talvez meu pai não acreditasse. Guillermo me fodia com tanto amor e com tanto tesão, que, a cada gozada, eu me sentia engravidar dele. Com a mente fechada para o mundo dos homens que tomam leite um do outro, doutor Antero nunca entenderia que eu e meu marido adoraríamos poder lhe dar um neto.
Deixando meu pai dormir sossegado, apaguei as luzes e fui para o meu quarto. Nu, joguei-me na cama, estiquei as pernas e comecei a brincar com o caralho. Guillermo havia morrido há mais de oito anos, mas eu sentia muita falta dele. Pensando nas nossas fodas, acelerei a punheta e passei a apertar meus peitos.
Meu marido adorava chupar meus mamilos. Enquanto metia a pica em mim, ele sussurrava palavras de amor nos meus ouvidos, dizia que eu era lindo, que eu era o menino, o filhinho dele. A gente gostava de fantasiar que éramos pai e filho. Às vezes, brincávamos de ser avô e neto. Nossas safadezas eram gostosas demais. Ele dizia que só iria morrer depois de encontrar um jeito de fazer um filho em mim, para não me deixar sozinho. O câncer, porém, foi mais rápido que o desejo dele.
Pensando nas nossas loucuras, a punheta esquentou. Minha pica enfureceu e muita porra foi despejada. Quando meus sentidos voltaram ao normal, fui ao banheiro me limpar. Ao voltar para a cama, liguei o celular e dei de cara com uma bela foto: unidos num sorriso, eu e o jovem Tarso no saguão de um auditório. Com essa selfie, ele mandou também uma mensagem.
“Boa noite, doutor Luís Castillo. Quando for possível, vamos trocar umas ideias. Foi muito bom a gente se conhecer.”
Tarso, o filho de Renan… Ele até poderia ser o meu filho. A vida era surpreendente. Sem pensar muito, mandei uma resposta que, talvez, soasse sugestiva.
“Oi, Tarso. Também gostei muito de conhecer você. Vai ser ótimo trocarmos ideias. Adorei nossa foto, ficamos lindos.”
Depois de desligar o aparelho, guardei Guillermo na mente, voltei a fazer carinho na pica e fiquei esperando o sono.